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Novos Anjos Parte 13

5298 palavras | 6 |4.63
Por

Senti que estava no melhor sono da minha vida, um sono gostoso e provavelmente com algum sonho maravilhoso, mas raramente eu me lembrava dos meus sonhos. Apesar de tudo acordei abruptamente com uma suave mãozinha acariciando meu rosto me chamando repetidas vezes. Demorei para perceber que se tratava da realidade e não de um sonho e realmente foi difícil notar a diferença, mas com a insistência daquela leve mão me chamando fui despertando bem aos poucos.

Paulo, acorda anjinho- seu celular não para de tocar, é o Luca que está te ligando- Arthur me chamou carinhoso.
Hein? O que foi? Fui abrindo os olhos sonolento e ouvindo o barulho do meu celular já em cima da cama. Peraí, vou atender.
Atende aí, já é a terceira vez, deve ser importante- ele disse.
Alô, Luca, tá tudo bem com você? Atendi depressa.
Paulo tô aqui embaixo no pátio- respondeu com a voz pesada- esqueci a chave, abre pra mim por favor.
Peraí, estou indo- desliguei rápido o celular- Já volto rapidinho, dei um selinho no Arthur- pode voltar a dormir mais um pouquinho, tá?

Saí pela porta do meu quarto devagar, aparentemente todos ainda dormiam, ainda faltavam alguns minutos para as 6:00 da manhã e num sábado depois de festa imaginei que ninguém ia mesmo levantar tão cedo, mesmo assim medi bem meus passos para ir devagar, abri lentamente a porta da sala e me deparei com o Luca sentado numa das cadeiras do pátio, parecia até que estava cochilando.

Luca, ei Luca- chamei puxando sua mão- você tá dormindo aí?
Hã? sim, acho que cochilei um instante- nossa, como você demorou- ele disse- eu já tava pensando que você não ia atender.
Pior que nem ia mesmo- falei rindo- agradece ao Arthur que acordou com o meu celular tocando e me chamou.
Ah, eu vou agradecer mesmo- foi se levantando lentamente- tem alguém acordado já?
Não, parece que ainda tá todo mundo dentro dos seus quartos, acordados ou não ninguém saiu ainda. Respondi.
Ainda bem, se a mãe descobre que cheguei quase as 6:00 ela me mata.
Hahaha- ri- não é adulto agora dono do seu nariz?
Você sabe que não é bem assim assim, né?
Sim, claro- vem, bora entrar- chamei. Luca… você não bebeu né? Tô te achando meio acabadinho.
Me ajuda aqui, só bebi um pouquinho pra experimentar, juro. Não vai contar pra mãe ou pro pai, vai? Perguntou preocupado.
Claro que não conto, mas me promete que não vai nunca exagerar? Você sabe como são essas coisas né? Olha o caso do pai do Arthur- olhei sério para ele enquanto já estavamos no meio da sala.
Eu prometo, eu só quis mesmo experimentar algumas coisas, mas nunca tinha bebido antes, acho que algumas misturas não deram muito certo, ainda mais porque… silenciou.
Aconteceu alguma coisa? Me voltei preocupado.
Me ajuda aqui a subir as escadas, vamos pro meu quarto que eu te conto tudo.

Subimos degrau por degrau as escadas bem devagar para não fazer muito barulho, chegamos ao seu quarto e ele imediatamente deitou em sua cama.

Luca, você tá bem mesmo? Perguntei de novo- você vai deitar assim? Desculpa falar mas você tá suado e com um cheiro horrível, sabia?
Tô exausto maninho- ele disse- e esse cheiro é porque já botei toda a bebida pra fora numa lixeira lá na calçada de fora.
Meu Deus Luca, você vomitou? Me assustei.
Pois é, e minha cabeça tá explodindo, isso que se chama de ressaca eu imagino- começou a rir-
Não é pra rir não, seu besta- vem tira essa camisa- comecei a desabotoar os botões da frente.
Ai, vai devagar- reclamou- tô todo grudento.
Tira essa calça- falei.
Tirar a calça? O que vai fazer? Quer abusar de mim porque estou fraco? Deu uma longa risada.
Deixa de ser besta menino, quer que eu mesmo tire? Vou te botar pra tomar uma ducha bem gelada, já li em vários lugares que isso ajuda bastante, além do mais você não faz nadinha o meu tipo sabia? Resmunguei.
Tá bom, tá bom, não precisa ficar bravo, me desculpa, sei que você tá só querendo me ajudar- disse ele tirando abrindo as calças enquanto eu rapidamente puxei seus sapatos e meias.
Vem logo- puxei ele só de cueca até o box do banheiro. Agora tira aí essa cueca que vou ligar o chuveiro.
Ei, você vai me ver pelado agora é? Riu debochado.
Engraçadinho, até parece que nunca vi o que você tem aí né? Vai logo, já disse que você não faz meu tipo- devolvi o sorriso debochado.
Tá bom, pronto- respondeu tirando a cueca- coloca aí dentro da cesta de roupa suja. Eu sei bem quem faz o seu tipo- não esperou e ele mesmo ligou o chuveiro deixando toda a água cair com força e fazendo eu me afastar.

Fechei a porta do box e deixei ele lá se recuperando, mas agora fiquei com a pulga atrás da orelha, será que ele sabe mesmo qual é o meu tipo? Qual vai ser o tamanho da decepção dele ao descobrir que o primo dele não é machão, que não gosta das menininhas? O que ele vai pensar de ter um primo/ irmão gay?
Meu Deus, ele sempre me quis tão bem, me trata como irmão, não como primo, o que vai acontecer? Vou ser rebaixado de novo a primo? Depois a apenas filho da tia, até parente distante e ser esquecido num canto? Depois de tudo isso cadê toda aquela minha confiança? Fiquei meio pra baixo, me deitei pensativo na cama e pelo cansaço acabei adormecendo.
Acordei o que penso ter sido alguns minutos depois com o Luca me chamando já de banho tomado e vestindo um short e uma camisa limpos.

Ei Paulo, você tinha toda razão, esse banho gelado fez milagres- ele disse, mas você me deixou sozinho hein? E tá aí na maior preguiça, foi dormir tarde eu aposto.

Abri de uma vez os olhos e sentei me espreguiçando em sua cama, me voltei para seu rosto e vi que estava realmente incrivelmente melhor do que antes, graças a Deus que a bebida não fez tanto efeito ruim nele, ou ele bebeu pouco mesmo, enfim… ele parecia totalmente normal agora.

Agora sim você tá parecendo gente de novo- tripudiei fazendo graça- Mas logo ao lhe encarar mais alguns segundos voltei a ficar pra baixo e não consegui esconder.
Ei, o que foi Paulo?- sentou ao meu lado na cama- eu tô bem mesmo- agora você vai ficar assim tristinho porquê?

Sem responder nada apenas afundei meu rosto nos seus ombros e me pus a chorar baixinho, era um choro baixo mais volumoso em lágrimas que logo escorreram nos seus ombros. Ele surpreso e totalmente sem ação apenas me apertou mais forte for alguns infinitos segundos e ficou me fazendo cafuné. Finalmente quando percebeu que eu me acalmei um pouquinho de nada começou a falar.

Ah, maninho, não fica assim- me acalentou- não precisa se preocupar comigo não, olha eu prometo que nunca mais vou beber nadinha, eu juro que nem gostei do sabor daquelas bebidas lá não, foi só pra experimentar como era, não chora não.
Me perdoa, me perdoa- chorei mais ainda- tenho tanto medo, tanto medo.
Medo de quê meu irmãozinho? De eu beber um monte e me acharem numa sarjeta todo vomitado- ele riu. O que me fez chorar mais ainda e com mais lamento.
Ahhhh, para, para com isso, eu tenho muito medo de te perder, de perder os tios, os meninos, o vovô e a vovó, todo mundo.
Minha nossa, porque isso justo agora? Só eu que bebi aqui, ou será que teve uma segunda festa aqui depois que eu saí?
Claro que não- respondi tentando enxugar as lágrimas e recuperar o fôlego.
Então, o que aconteceu? Perguntou
Nada- tentei mentir descaradamente.
Assim você não engana ninguém, tudo isso pra dizer um “nada”?
É dificil, não sei, não sei- abracei ele mais forte.
Paulo, vem cá, olha pra mim- me puxou pra sua frente e enxugou minhas lágrimas que escorriam sem parar. Vai, olha pra mim, por favor, levanta essa cabecinha.
Não consigo- solucei- sou um idiota, sou covarde, fraco, não consigo te dizer.
Covarde? Fraco? O que é isso Paulo? Você é o menino mais forte que eu conheço, enfrentou tudo que passou na sua vida, quando sua mãe morreu, quando morou na rua passando fome, você é um guerreiro irmão.
Tenho medo que você me odeie, que me deixe- murmurei.
Odiar você? Nunca, agora já apareceu mais um medo? Me diz porque, vai? A gente nunca teve segredos, você sempre me contou tudo de você, desde as coisas mais felizes as coisas mais dolorosas.
Sim…falei baixinho…
E eu sempre me abri totalmente com você, lembra como eu tinha ciúmes ?
Lembro, você me socou, quase quebrou meu nariz- dei um sorriso forçado tentando melhorar o clima.
E você tem ideia de quanto eu me arrependo e sofri muito tempo com isso? Disse com os olhos cheios d’agua.
Tenho, você sempre me disse isso- sinto muito.
Pra mim é difícil me abrir, você sabe como eu sempre fui… mas eu sei como foi bom ter conseguido falar isso com você numa boa.
Desculpa… murmurei- é algo tão novo na minha vida, não sei como poderia falar…
Chega aqui Paulo, vem- Ele encostou minha testa na dele. Eu não sei se vou facilitar ou dificultar pra você as coisas agora, mas… vou ser mais direto… eu te amo muito, nunca vou deixar de te amar, não importa as suas escolhas, não importa mesmo, eu vou sempre querer você como meu irmãozinho.
Como assim? Meu coração começou a bater mais forte.
É o Arthur não é Paulo? Ele disse tão sério e tão na lata que fiquei totalmente desnorteado por quase um minuto inteiro com os olhos arregalados em sua frente.
Hã? Bem… quer d-dizer… Luca…eu… me enrolei tanto mas tanto que não conseguia formular uma única frase de mais de três palavras.
Eu já sabia maninho- ele disse docemente para me acalmar- claro que primeiro eu só desconfiava, mas eu fui vendo você e ele cada dia tão mais grudados, você todo feliz junto dele, eu te conheço há muito tempo, e sei um pouquinho sobre as coisas da vida mesmo só tendo 18 anos, dá pra notar pelos seus olhinhos brilhando toda vez que você vê ele e fala com ele, você tá apaixonado por ele, não é?
É tão óbvio assim? Perguntei num lamento.
Tão óbvio talvez seja exagero, só sei que eu percebi- ele falou- E agora? Você realmente sente que algo mudou ou vai mudar entre a gente seu bobo?
Não muda? Perguntei ainda relutante.
Nunca, nunquinha mesmo seu besta- me beijou carinhosamente na bochecha.
Eu te amo muito- abracei fortemente voltando a chorar mas dessa vez de alívio.
Tá tudo bem, tá tudo bem- ele acariciava meus cabelos e me dava beijos reconfortantes.
Mas e a titia? Os meninos, o vovô, a vó, o meu tio… e todo mundo?
Calma, uma coisa de cada vez- ele disse enquanto arrumava meus cabelos- tudo vai dar certo, todos aqui te amam, você sabe disso. E eu vou estar sempre, sempre ao seu lado te apoiando.
Obrigado- falei- você é o melhor irmão do mundo todo.
Sou é? Então me faz um favor, enxuga essas lágrimas e bota um sorriso nesse rosto, se continuar chorando demais vai acabar ficando todo deformado- começou a rir.
Hahaha, fiz um pouquinho de força para rir mas consegui. Tá bom, vou tentar seguir tudo o que você disse, agora me sinto mais aliviado, com mais forças eu acho, pra enfrentar as coisas daqui por diante.
Bom saber disso, fico feliz demais por você, que tal se a gente descer e tomar um bom café? Aposto que ainda tem um monte de coisinha gostosa da festa de ontem a noite.
Tem mais uma última coisa que você precisa saber- o segurei mais um instante sentado na cama.
Pode dizer.
Na verdade é melhor eu te mostrar- levantei e fui até sua gaveta onde peguei o tubo de gel.
O que você pegou aí na minha gaveta? Perguntou se virando pra mim.
Você já vai saber, olha- coloquei o tubo quase vazio em suas mãos.
Ah, isso é… é o que eu estou pensando não é?
É sim- respondi- ficamos sozinhos no quarto na hora de dormir, acabou rolando todo clima, sabe? E aconteceu…
Tudo bem cara, tudo bem… mas só pra você saber você sabe que vocês ainda são novinhos demais né? Não estou julgando nem dizendo que não devam ter curiosidade e experimentar as coisas, só digo que o sexo é apenas uma pequena coisa de um relacionamento, existem muitas outras coisas, então não deixe nunca que seja só sexo, explore tudo que puder num relacionamento, entendeu?
É acho que sim, balancei a cabeça positivamente. Vamos comer alguma coisa então?
Vamos, e depois você leva algo no quarto pro Arthur, vou poder ter uma conversinha com o meu cunhadinho. Riu marotamente.
Ai, não começa, você vai me matar de vergonha, coloquei as duas mãos no rosto.
Relaxa mano, só vou conversar com ele pra que saiba que tá tudo bem entre a gente, mas por enquanto deixa ele lá dormindo mais um pouquinho, aposto que foram dormir bem tarde da noite.
Nem foi tanto assim, acho que no máximo umas 3:00 da madrugada.
Quem sou eu pra dizer alguma coisa, ainda nem dormi, e acho que já devem ser quase umas 7:00, será que alguém já acordou?
Vamos descendo e damos uma olhada- falei já 100% recuperado.

Nos dirigimos até a cozinha, dito e feito, já estava minha tia preparando o café, ela nunca teve costume de acordar tarde, nem sábados nem domingos e feriados, sempre gostava de estar ativa e se ocupando com alguma coisa, era o seu jeito.
Adeus docinhos e salgadinhos das sobras- pensei- Nunca que minha tia deixaria a gente comer docinhos e salgados fritos no café da manhã, capaz de ela já até começado a pensar e distribuir para a vizinhança.

Bom dia meninos- ela se voltou a nós dois- Acordaram tão cedo no sábado?
Bom dia tia- lhe beijei o rosto, seguido pelo Luca que fez o mesmo- é que acordei morrendo de fome, tem alguma coisinha que sobrou da festa de ontem? Tentei ver se colava.
Sobraram algumas coxinhas e docinhos, mas não vai comer isso no café da manhã não senhor- respondeu me dando um cutucão.
Por favor tia- fiz cara de manha-
Nada disso, veja, já estou preparando uns sanduiches bem quentinhos, tem café, tem suco, e o Arthur, já acordou? Você pode levar algo para ele no quarto se não fizerem bagunça.
Ele tava dormindo que nem pedra- falei enquanto notava Luca meio de lado ainda calado- vou colocar umas coisinhas na bandeja e levo já, já. Vamos indo Luca? Meio que o cobri.
Ah, Luca, eu não me esqueci de você- apontou enquanto ele saía, não chegou muito tarde não é?
Não cheguei não mãe- respondeu na maior cara de pau- desculpa se tô meio sonolento ainda.
Vão comer alguma coisa e descansar então, eu e seu tio tiramos o dia de folga ontem e hoje tem um monte de coisas pra botar em dia, ele já até foi pro hospital, eu vou ficar trabalhando no escritório, por favor meninos, sem bagunça e só chamem se for muito importante, provavelmente vou ter que realizar uma reunião online daqui a pouco.
Sim, senhora- falei enquanto saia com uma bela e cheia bandeja em direção ao meu quarto.

Subimos e ao chegar no quarto que consegui finalmente soltar uma gargalhada abafada e dei um tapinha nas costas do Luca lhe fazendo entrar mais rápido.

Hahaha- seu sacana, eu vi tudinho que você fez, mostra aí o que você conseguiu- puxei seus braços.
Você notou foi? Riu de volta- Mas trabalhou direitinho distraindo a mamãe. Olha quanto salgadinho e docinho eu consegui, mostrou 2 bandejinhas cheias.
Caraca, você conseguiu um monte, se ela notar vai matar a gente- sentei na minha cama.
Ué, cade o Arthur? Ele apontou pro colchão vazio me fazendo finalmente reparar.
Tô aqui no banheiro- ouvimos a voz do Arthur lá de dentro vindo em nossa direção. Bom dia Luca.
Bom dia dorminhoco- ele respondeu
Bom dia meu bebê- lhe dei um beijinho na boca que o deixou assustado e completamente balançado.
Paulo, o Luca tá aí- me empurrou assustado.
Relaxa Arthur, o Luca já sabe, ele já sabia já desde um tempo- lhe beijei novamente.
Hã? Como? Onde? Quantos dias eu dormi? Perguntou confuso.
Eu não exatamente já sabia Arthur- começou a contar- Mas já percebia vocês dois bem grudados um no outro, mesmo com o outro amigo de vocês por perto eram vocês dois que eu notava num grude só.
Ah, é? Droga a gente dá tanta bandeira assim? Indagou Arthur- Desculpa…quer dizer… tá tudo bem pra você?
O principal aqui é estar tudo bem pra vocês Arthur, não vou começar com rodeios, eu sei e você com certeza também sabe das dificuldades que isso infelizmente causa ou vai causar um dia. Preconceito? Não tenho nenhum, de verdade, se você faz meu irmão feliz isso já basta.
Nossa… suspirou Arthur mostrando grande alívio- Você tem a cabeça bem aberta mesmo, se eu já gostava de você antes acho que agora vamos ser amigos de verdade.
Eiiii- reclamei abraçando Arthur, você é meu, tá dando em cima do Luca agora é? Caímos na gargalhada.
Hahaha. Agora já tá parecendo que o ambiente voltou ao normal- disse Luca passando a mão em meus cabelos- Vamos parar de falar de coisas mais pesadas por enquanto? Vamos aproveitar toda essa comidinha gostosa aqui antes que esfrie tudo.
Vamos sim- e começamos a arrumar o café em cima da mesinha que eu tinha ao lado da minha cama.
Sem barulho nem bagunça, certo? Falou Luca- viu o que a mãe falou, se ela achar uma migalha no quarto vai esfolar a gente vivos.

Felizmente os salgados a mais que o Luca resgatou nos salvaram pois tinhamos mais fome do que eu imaginava, vai ver que sexo gasta muita energia que agora precisamos repor, eu pensei. Ainda bem que o Luca estava totalmente bem de sua noite, apesar de ter recusado os doces alegando enjôo, logo terminamos tudo e deixamos a bandeja limpa em cima da mesa satisfeitos.

Nossa, comi demais- eu disse me encostando na cama- tô satisfeito.
Eu nunca comi tanta coisa gostosa na minha vida toda- falou Arthur, acho que vou explodir.
Não sei vocês, mas eu tô acabado demais- retrucou Luca- preciso dormir- leva a bandeja lá pra cozinha por favor?
Peraí, falta uma coisinha- eu disse enquanto cutucava o Luca. Você quando chegou disse que aconteceu alguma coisa de noite, o que andou aprontando hein?
Já não basta ter chegado aqui meio bêbado? Ele riu- isso já é aprontar até demais, espero que a mamãe nunca saiba disso.
Mas você ficou lá querendo experimentar bebidas, aconteceu alguma coisa pra isso?
Nada não- disse.
Ah, vai, você mesmo me deu um sermão enorme ainda mais cedo sobre isso de dizer “nada”, me conta.
Não é isso maninho- ele começou a rir- é que literalmente não aconteceu nada mesmo- tá eu ia contar mas não foi mesmo absolutamente “nada” interessante, bem…pra resumir eu levei um pé na bunda da menina que eu tava afim, hahaha.
Nossa, então você bebeu pra afogar as mágoas? Perguntou Arthur espantado, não faz isso não cara, foi assim que meu pai começou. Ah, quer dizer…desculpa falar assim todo intrometido na sua vida.
Fica frio- não me ofendi nem um pouco- respondeu. Você tem toda razão, fiz besteira mesmo e já prometi pra esse aqui e pra mim mesmo que não vou mais beber nunquinha, quer saber? Achei horrível os sabores, e essa tal ressaca? Nunca mais quero sentir novamente.
Poxa Luca, mas que pena- me virei pra ele- sinto muito por você.
Deixa pra lá, outras virão, e quer saber? Fico feliz mais ainda de ver vocês dois juntos e se dando tão bem.
Bem, um pé na bunda dele eu sei que não vou levar, mas outras coisas com certeza.
Pauloooooo…Arthur deu um gritinho muito engraçado e colocou as mãos no rosto- como você faz um comentário desse tipo na frente do Luca, ai, que vergonha.
Hahaha, relaxa Arthur- Luca botou as mãos em seus ombros- Você ainda não percebeu que a gente é assim mesmo tudo meio maluquinho? Ele fala assim comigo porque sabe que temos muita intimidade de irmãos, só toma cuidado que esse loirinho aqui é manhoso, vai querer que você faça todas as vontades dele.
Mais do que eu já fiz? Se virou e me deu um beijo- Mas obrigado pelo conselho, eu vou cuidar muito bem do meu anjinho.
Anjinho é? Já tem até apelidos? Qual é o seu?
Ele é o meu Bebê- falei na esperança de deixar Arthur envergonhado enquanto o abracei suavemente.
Vocês tão muito fofinhos assim, hein? A conversa tá boa e eu juro que ficaria até de tarde nela, mas realmente agora chegou a hora de eu tentar dormir um pouquinho, levem lá as coisas pra cozinha, mais tarde a gente se fala de novo.

Dei um último abraço seguido com um – te amo- em Luca que logo se deitou se despedindo novamente. Deixei as coisas na pia da cozinha enquanto Arthur me esperava de volta em meu quarto. Ao retornar deitamos juntos em minha cama de mãos dadas.

Nossa, seu irmão é demais- falou Arthur quebrando o silêncio. Ele levou tudo numa tranquilidade tão grande que eu jamais poderia imaginar.
É mesmo, eu nem sei porque me preocupei tanto em relação a ele, de todos o Luca sempre foi o mais próximo de mim desde que minha mãe morreu e vim morar aqui, nem com o meu avô que eu amo de paixão ou com a Tia Julia pra quem eu devo toda minha vida e me abro tanto como para com o Luca.
Isso é tão lindo- falou- eu sempre quis ter um irmão sabe? Foi meio solitário passar a infância toda sem ninguém que eu pudesse me apoiar tanto como você e ele.
Bem…na verdade no começo foi um pouquinho dificil, pode não parecer mas o Luca é bem mais sensível do que parece, a gente tem muita história juntos.
Ah, é? Me conta alguma então- falou enquanto agora ficamos abraçados de conchinha com ele por trás de mim.
Ah, quando eu vim morar com eles o Luca se mordia demais de ciúmes de mim, mas muito mesmo.
Jura? Eu não consigo imaginar ainda ele com cara de bravo.
Porque você nunca viu- ri- ele fica todo vermelho e com os olhos tremendo, parece um pimentão, hihihi. Mas então… tá vendo aquele boneco ali do Homem de Ferro na minha prateleira? Apontei- Por causa daquele boneco ele me socou até meu nariz sangrar, hahahah.
Meu Deus Paulo, e quantos anos você tinha quando veio morar com eles? Perguntou assustado.
Uns 4 pra 5 anos, acho que te falei uma vez.
Ele fez 18, você tem 12 então são uns 6 anos de diferença né? E ele bateu numa criancinha tão pequena como você era?
Ahhhh, ele teve uma certa razão, eu era mimado demais, meu avô logo que cheguei ficou louco por mim, até queria que a tia Julia deixasse ele me criar, sabia? Mas ela nunca deixou, alegando que além de ele já ter uma certa idade o ambiente com outras crianças seria o melhor pra mim, eu ainda tava bem abalado por causa da minha mãe.
Eu imagino…perder uma pessoa tão queria e sendo tão novo, deve ter sido devastador.
É, mas o tempo e muita terapia ajudam a superar qualquer coisa- troquei de lugar com ele agora ficando por trás.
Mas então, como terminou essa história? Ele perguntou
Deu uma bela confusão no começo, eu chorava muito, achava que por ter feito o filho da minha tia ficar bravo iam me expulsar da casa deles e tal…
Nossa, e como acabou tudo isso?
Claro que a minha tia me deu apoio, ele que errou, mesmo sendo filho dela ela não ia nunca permitir uma injustiça. Mas pra resumir, no final fizemos as pazes e o Luca ficou muito arrependido, desde então ele não larga no meu pé- dei um sorriso. Acho que no final das contas foi bom, deixou a gente mais próximos, mais unidos, ao menos acho que daí que começou.
Ah, ele é muito gente fina, que bom que ele gostou de mim, já imaginou se tivesse ciúmes de mim com você? Quem ia apanhar primeiro nessa história?
Hahaha, bobo, isso foi coisa de crianças, ele amadureceu muito depois desses anos, agora ele é adulto né? Mas então… vai ficar elogiando ele toda hora é? Assim quem fica com ciúmes sou eu- reclamei.
Claro que não meu Anjinho, é você que eu amo- ficamos frente a frente abraçados e ele me dei vários beijos. Além do mais, você viu o que ele falou né? Da menina que ele tava afim, ele me parece ser 120% hetero com toda certeza.
É mas infelizmente essa parece que ele não vai comer, hahaha.
Não seja maldoso anjinho, tadinho dele acho que ficou mais triste porque era aniversário dele. Posso te perguntar uma coisa?
Claro que pode- falei- manda aí.
Será que ele já… quer dizer…você sabe se ele já perdeu a virgindade?
Nossa, que curiosidade é essa, hein? Agora vou mesmo ficar com ciúmes- tentei parecer emburrado.
Não, desculpa, juro que é só curiosidade mesmo.
Sei… até parece né? Debochei de leve- Mas é ingenuidade sua achar que ele com 18 anos ainda seria virgem não acha?
Sei lá, as vezes é tudo questão de oportunidade, estar no lugar e na hora certa, né?
Bem, aí também tem uma história bem encrencada também- falei.
Me conta então? Pediu
Tá bom bebê, mas vai ser a última de hoje tá bom, eu tô bem cansadinho, dormimos pouco e você me fez fazer bastante exercício.
Prometo que te compenso assim que for possível, me deu um beijo bem profundo de língua.
Tá bom, deixa eu ver por onde eu começo- falei saindo do beijo meio a contragosto. Logo que fomos pros EUA passamos os meses de férias morando em Orlando, mas nem foi por causa dos parques não, é que lá tinham uns amigos do meu avô que deram uma ajuda na documentação toda que a gente precisava.
O seu avô foi também?
Se foi? ele morou lá com a gente, como você já notou a gente é tudo muito grudado nessa família. Mas ele tinha a casa dele lá separada quando fomos morar em Cambridge, no Estado de Massachusetts, meus tios fizeram os cursos lá em Harvard.
Harvard? Aquela Harvard? Uau- ele ficou de boca aberta- Que demais cara, é o sonho de um nerd que nem eu, será que até um pobre coitado como eu conseguiria estudar num lugar assim?
Não fala assim, claro que consegue, é só estudar muito e se esforçar, eles tem muitos programas de bolsas, pra brasileiros inclusive, mas vamos voltar pra história.
Tá bom, vou ficar aqui caladinho agora só te ouvindo, prometo.
Pra ser bem sincero o problema todo nem aconteceu lá, foi quando o Luca fez 14 anos e a nossa tia madrinha dele insistiu para que viessemos passar as férias no Nordeste onde ela morava na época em Fortaleza, bem, pra resumir tudo o Luca conheceu uma menina lá e meio que ficou com ela, mas eu só tinha uns 8 anos então claro que não vou saber muitos detalhes.
Então como sabe que ele perdeu a virgindade com ela? Ele mesmo que contou?
Mais ou menos, quer dizer…ele me contou, como eu disse a gente sempre foi de não guardar segredos um com o outro, mas claro que ele só me disse que ficou com a menina, não falou nada de sexo, imagino que ele achava que era algo que eu ainda não iria entender por ser tão novo. A bomba que confirmou tudo mesmo veio porque a menina suspeitou que estava grávida.
Minha nossa- deu um pulo de susto- ele não usou camisinha? Ou deu algum acidente?
Não usou- isso que deixou meus tios furiosos, foi a única vez que eu vi na minha vida o meu tio realmente bravo, chegou a ameaçar dar uma surra no Luca.
Mesmo com raiva não imagino seu tio fazendo uma coisa dessas, ele é um cara tão do bem…
Sim, foi mais ameaça mesmo pra dar medo, ficou todo mundo com os nervos a flor da pele como se diz.
Mas então… cadê esse seu sobrinho? Perguntou.
Que sobrinho, o quê? Foi só alarme falso, mas no fim das contas a gente acabou voltando pros eua e o Luca ficou de castigo um tempão. O titio até ameaçou botar ele num colégio interno lá nos eua, ahaha.
Tadinho dele, não dá risada, eu fico com pena.
Eram só ameaças mesmo, mas depois disso ele finalmente aquietou de vez, já os meninos nunca aprontaram nadinha não, sempre foram bem na deles, por serem gêmeos são bem unidos um com o outro.
Anjinho, gostei muito de conhecer um pouco mais de você e da sua família hoje- me abraçou.
Pra você ver que não somos tão perfeitinhos como você imagina, na verdade temos muitas histórias bem malucas.
Vou adorar ouvir de você- disse.
Mas não agora né? Tô cansadinho demais, e também quero ouvir mais de você tá bom? Lembra que hoje a noite você prometeu me compensar.
Tudo que você quiser meu anjinho, voltamos a ficar de conchinha, agora fecha os olhos bem devagar- começou a acariciar meus cabelos e me beijar levemente no pescoço o que rapidamente conciliou com um sono profundo e revigorante que eu estava precisando.
Dessa vez eu tinha certeza que iria sonhar, sonhar com a noite maravilhosa em que finalmente fizemos amor com toda intensidade que nossos pequenos corpos conseguiam, não importa se eu esquecesse o sonho no momento de acordar, o nosso momento de amor estava gravado para sempre em nossas vidas naquele momento.

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6 Comentários

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  • Responder Angelman ID:g3ja3hhrj

    Traz a próxima parte logo por favor

  • Responder xxx ID:1fuvknnr20i

    Parabéns pelo conto, ficou muito lindo, todas as vezes que abro nessa pagina a primeira coisa que procuro é se tem um novo conto.

  • Responder Jozeto ID:8eez5vpd9a

    Eu perdi alguma coisa?

  • Responder greenbox amigobc ID:81rx67y20b

    É isso mesmo Paula nós o conto O Nosso conto ele é bom porque a gente coloca sutileza coloquemos amor naquilo que nós fizemos não colocamos frases decoradas e a beleza em tudo isso é que proporciona a pessoa ficar emocionada ficar interessada pelo próximo capítulo é o que a evolução do conto faz com que a pessoa fica presa e mais ainda o romantismo não pode acabar porque tudo aquilo que a gente escreve é emoção e muitos contos que tem por aí eles querem fazer as crianças como depósito de p**** e nós não somos assim por isso que eles não gostam daquilo que nós fizemos entendeu critico muito porque eles querem ver será que ele quer escrever mas faz parte né não vamos agradar todo mundo mesmo eles querem fazer as crianças como um alvo fácil como uma presa mas não funciona assim a sutileza o amor o romantismo

  • Responder greenbox amigobc ID:81rx67y20b

    Pessoal vocês não tem noção do que nós passamos para escrever um conto Paulo César josé também escreve muito bem o verdadeiro. Conto Romântico o que escritos no ponto não é uma mera conversa mais uma mera frase é simplesmente aquele que tem dentro da gente a gente tá passando por conta do conto e digamos cd real mas com sutileza de romantismo

    • paulo cesar fã boy ID:3ij0y0lj6id

      concordo plenamente com você Green, escrever uma historia tão complexa é muito difícil que chega a torrar nossos neurônios, más a gente especificamente eu faço por amor sem ganhar nada, escrevo apenas para proporcionar uma boa leitura para vocês queridos leitores, eu ainda sou novo nesse mundo de escrever historia e a cada dia vou aprendendo, e você joseto, muito obrigado por essa obra prima.