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Enfim Lar, doce Lar

2946 palavras | 11 |4.33
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Depois do pouco que eu tinha dormido, mesmo com aquele pesadelo horroroso, eu estava em paz, tava ali num lugar que eu gostava, dormindo com aquela moça que eu gostava tanto e sabia que podia confiar mas minha cabeça ia esfriando dos acontecimentos e minha vergonha ia aumentando, tinha vergonha de tudo e de todos, por mim ficaria quietinho no meu quarto quando chegasse em casa.
Aurivania chamou Beto no quarto prá conversar, quando saiu ele me disse, três dias que nós saímos de lá só bebê, vai passar, nessa vida tudo passa, teu Beto tá aqui, vamos nessa juntos.
Fomos prá casa num táxi, eu ia olhando Luciano com a cara arrebentada, nunca tinha visto ele apanhar, só bater, fiquei foi com dó, as mãos de Beto eram carinhosas comigo, mas pesadas, muito pesadas quando ele tava com raiva, eu já tinha sentido os tapas, nem podia imaginar um soco vindo delas.
Beto parou na padaria perto de casa, fiquei no carro olhando praqueles lugares tão conhecidos meus, os veículos, trólebus e ônibus desfilando pela minha rua, segurei o choro, sabia que Beto não ia gostar.
Ele e Luciano voltaram carregados de pão, leite e um monte de delícias da Padaria, chegamos em casa, entramos pela frente, quando vi a sala, meus peixinhos, desabei a chorar, que saudades eu tava daquilo tudo, da cozinha vinham andando devagar Miguel, Leuzinha, ela e Claudionor chorando também, corri pro quarto e desabei de roupa e tudo na minha cama, não queria ver ninguém, a vergonha me consumia.
Ouvi o som deles voltando prá cozinha, o barulho das panelas, Miguel falando que um Hare Kristen tinha contado à ele que um mlk bonito tinha voltado prá casa ontem, ah Miguel, nunca mudava o danado.
Beto entrou no quarto, se deitou do meu lado de sapato sujo e tudo, alisou minha cabeça, cadê a educação que tua mãe te deu bebê, esse povo lá na cozinha é tudo nosso Amigo, tudo torcendo prá vc voltar vivo e inteiro prá nossa casa, Leuzinha vai morrer pagando promessa de tantas que fez, levanta bebê, hj é dia de festa, quero tu o tempo todo com nós e aproveita pq teu Doce Beto por muitos meses vai tar falido, num sei quando vamos ter outra, ficou deitado beijando meu rosto, vem comigo bebê agradecer a preocupação que o povo teve contigo e comigo, não tou mandando lek, tou pedindo, mas vamos, sei que é difícil mas aqui ninguém vai falar nada de coisa ruim prá ti.
Levantei, ele passou a mão no meu rosto enxugando as lágrimas, entre na nossa cozinha rindo, tu não tem mais motivos prá chorar, aliás vai chorar é quando ver a sujeira e a bagunça aqui de casa te esperando prá arrumar.
Bora, abriu a mochila da viagem, tirou minha bermuda azul e uma camiseta branca de dentro, põe a bermuda tua que eu gosto, teu chinelo e mostra pro povo que tu continua o mlk mais bonito desse mundo, o meu mlk, meu eterno bebê.
Levantei, como ia negar um pedido do Beto, fiquei só de cueca prá por a outra bermuda, uma vergonha danada eu tava, ele percebeu, fica cum vergonha de mim não bebê, tu com marca de surra ou sem, é sempre o mais bonito prá mim, importante é que as marcas irão embora mas vc não.
Beto foi na minha frente dizendo, ó nosso fujão ae, fui buscar no laço esse danado, pessoal ficou me olhando, pareciam tar vendo um ET, mas tá sempre lindo esse garotão disse Leuzinha me enchendo de beijos, só precisa é se alimentar, emagreceu muito nesses dias, tb, ficou lá dias sem comer nem beber, depois dias na estrada, chegou aqui, comeu comida ruim da Vânia, vai engordar como falou Beto, tu me paga Sogrão falou Vânia, todo mundo caiu na gargalhada.
E foi um tal de abraça, abraça, Miguel e Claudionor pareciam que não iam me soltar nunca mais, senta prá comer agora lek disse Beto, colocou três sonhos gigantes na minha frente, Leuzinha trouxe café com leite, a fome veio mas só guentei comer dois, quem diria, Beto dando porcaria pro menino comer disse Seu Aroeira, é só por uns dias prá ele não fugir mais falou Beto, depois encho ele de bife de fígado mal passado, do lado de Seu Aroeira tava um homem moreno, sério, bonito mas daqueles bonito com cara de bandido, ninguém tinha me apresentado, só depois lá fora Claudionor me apresentou, Inseto o marginal aqui, disse, cadeeiro velho mas Amigo teu tb agora, dos bons.
E ae meninão, a volta foi boa, da ida nem quero saber, disse ele, foi sim respondi, fico feliz em saber continuou ele, bem vindo de novo ao lugar que nunca podia ter saido, não conhecia quase ninguém aqui mas quando vi todo mundo apavorado aqui de preocupação contigo soube na hora que tu era um meninão dos bom, obrigado Senhor respondi, ói disse ele, e educado tb, mlk tem mãe das boas Inseto, falou Claudionor, daquelas Sra que tu chega na casa dela e não quer mais sair, já tive lá várias vezes, que bom disse Inseto, não fosse eu um marginal, iria conhecê-la tb, te levo lá quando quiser continuou Claudionor, mãe dele sendo amigo do filho, ela não se interessa pela profissão de ninguém não.
Seu Aroeira chegou perto de nós, tava meio envergonhado que nem eu tb, e ae mlk, disposto a fazer aquele carneiro no forno amanhã, tou sim, nunca mais fiz nem um arroz, legal disse Ele, mais tarde vou na terra de Leuzinha buscar um, Beto veio me chamar, senta um pouco lá na mesa co nós lek, tu precisa descansar, segunda em diante tu começa o batente de novo, sentei lá com eles, Claudionor e Inseto foram na pastelaria, iam trazer um caldeirão de garapa falaram, lembrei lá do Paraíso, de Seu Júlio e de todos lá, já tava com saudades, detrás do muro veio a voz de Dona Guilhermina, já já fecho a gráfica e tou ae prá abraçar tu lindo, sabia que as ondas de minha mãe iam te trazer de volta, Odoyá.
Alberto começou a dedilhar seu violão, pensou, coçou a cabeça, Pai vai me xingar agora mas foda-se, Leuzinha, ajuda naquela que o Pai vivia cantando pelos cantos:
Eu vou tirar você desse lugar
Eu vou trazer você pra ficar comigo
E não me interessa o que os outros vão pensar
Beto ficou brabo, para com essa porra Alberto, ah Machão disse Luciano com sua cara toda arrebentada, cantava e ainda batia a cabeça nas paredes, tb falou Miguel, essa cabeça dele não quebra nem entra nada, vão tudo tnc disse Beto. Tá bom Pai, Sr manda, bora prá outra:
Oh! Tristeza me desculpe
Tô de malas prontas
Hoje, a Poesia veio ao meu encontro
Já raiou o dia, vamos viajar
Como era linda essa poesia cantada, agora sim disse Beto, Claudionor chegou cheio de grapettes e um monte de garrafas com caldo de cana, já já eles pegam os baldes de alumínio e a farra começa pensei, como tava com saudades desse povo todo, de minha mãe, do pessoal todo lá de casa e da rua tb mas cadê coragem de pedir pro Beto me levar.
Aí Assis, vá botar um Rayban, tá muito feio teus olhos falou Leuzinha, eu não respondeu ele, apanhei foi pouco, merecia mais, vou é tirar as carnes da geladeira prá começar nosso churrasco, todo mundo riu, guenta lek, preparar as coisas lá me perguntou Beto, se não, peço pras meninas cuidarem disso, já tou indo falei, fui dar comidinha pros peixinhos e já fiquei por lá, tava morrendo de saudades até do fogão de casa.
Beto entrou pra cortar as carnes, pegou uma cerveja na geladeira e ficou tomando junto,.eu ia fazer arroz, salada, farofa e maionese, coisa triste essa cozinha sem tu bebê, a casa toda ficou triste me disse Beto, tô doido prá te pegar meu mlk, mas espero teu tempo chegar, quando ele chegar vou saber e grudar em tu feito vira lata de rua, eu abaixei a cabeça, da pia mesmo ele disse, levanta essa cabeça bebê, tu num fez nada de errado prá abaixar a cabeça prá mim, nem prá ninguém.
Temperei as carnes, as meninas vieram ajudar nas saladas, tem as coisas do rocambole ae no armário, Claudionor comprou, se quiser faz me disse Beto, tenho certeza que teu Avô de tarde bate aqui, tá doido prá te ver, eu tb tava doido prá ver Seu Manoel.
O dia passou rápido entre música e farra, veio Dona Guilhermina com o marido, Edvaldo com Wantuil, Williams e Wanderlei tb, Beto só me deixou fazer o almoço e mais nada, bagunça e sujeira tu vê na Segunda lek, fica de boa, é uma ordem disse o danado.
Seu Manoel veio à tardinha com a filha, comeram do rocambole, era divertido ver ela comendo, tinha orgasmos na boca dizia ela, Beto raxava de rir, ah meu lindo, quando vc estiver na Europa, faça mas não dê a receita prá ninguém, não tem princesa no mundo que não sucumba a uma iguaria dessas, eu ria, comida de pobre e essa médica rica se lambuza, levou até um pedação prá casa quando foi embora.
À noite Beto comentou, fico puto com esses papos de Europa bebê, corta esse assunto quando falarem, tu nunca vai cozinhar prá ninguem nem aqui, que dirá na tal Europa.
A noite chegou, Miguel foi pro baile trabalhar, Luciano foi junto, disse que queria mostrar pro baile todo que era um safado, aff disse Vânia, cada doido com sua mania, eu e Vânia arrumamos as camas pro povo dormir, Inseto ia dormir tb mas lá com seu Aroeira, gostou de mim ele, me paparicou o dia inteiro, Beto só de olho no danado.
Vai tomar teu banho e deitar bebê Beto me disse, já era umas dez hs, deixa que o andamento aqui eu resolvo, tu tá cansado, dormiu nada ontem, tava cansado mesmo, Beto devia tar tb, tomei banho e fui praquele quarto que eu achava que nunca mais ia ver há dias atrás, dormimos quase nada aquela noite, a conversa foi longa, Beto tava cheio de coisas prá contar e eu também.
A casa foi ficando em silêncio, eu deitado mas acordado, tinha mil coisas na cabeça, sono não vinha, Beto entrou no quarto só com uma toalha enrolada na cintura, tinha acabado de tomar banho, se sentou na cama nú, deu um estalo no meu ombro como sempre fazia prá ele não me incomodar à noite, achei que tava dormindo bebê já, tem que dormir porra, recuperar as energias disse, eu sei falei mas danado do sono não quis vir, deitou do meu lado, passou aquela língua doce no meu rosto todo, depois entrou com ela suave na minha boca, um beijo demorado demos, eu nem acreditava que tava ali na minha cama com meu doce Beto, a piroca dura encostava na minha barriga, não posso evitar dela ficar dura bebê mas depois amolece, sou nenhum tarado não, já te disse hj, quando tu tiver pronto, te conheço, vou saber mas vê se não demora a passar essa mãozinha no meu peito, a danada nesses dias todos só pensava em ti, queria saber de mais ninguém não, me beijou de novo, depois disse, ela te espera, tem pressa não, importante tu tar aqui comigo de novo.
Pôs minha cabeça no peito dele, tantas vezes naqueles dias eu pensava em tar assim, depois aquela pernona em cima de mim, o braço forte me prendendo pela cintura, as lágrimas escorriam em silêncio, oxi, acabou bebê, num fui te tirar do inferno prá te ver chorar não, passa a borracha nas coisas ruins, tô aqui, comigo do lado nada nem ninguém nunca te fará mal.
Ficamos em silêncio um pouco, depois alisando minhas costas ele falou, perdoa eu bebê mas li três dos teus cadernos, os dois primeiros e o último, de ponta a ponta, foi por mal não, a saudade era muita, aqueles coraçãozinho vermelhos que tu desenhava ao lado sempre que escrevia meu nome, me confortava do desespero um pouco, me faziam pensar, nem que eu tenha que entrar nos inferno, eu vou achar meu mlk.
Eu tava aqui na cidade ainda eu disse, pensei nisso, Beto vai ler meus cadernos, saber como sou safado e dar risada dizendo, do que que eu me livrei, ele continuou alisando minhas costas, tu nunca foi safado comigo bebê, safado fui Eu quando fui comer aquele puto, te deixando na mão de Luciano, já sei que o nome do safado é esse, vi no teu caderno mas continuo chamar de Assis até um dia ele confiar de me contar a história dele, guardo magoa dele não, é homem novo, carne fala alto na nossa idade, as porradas que dei nele foi por ter te arrastado à força pro quarto dele, te comido na marra, quando não te levei prá oficina mesmo tu quase implorando errei de novo, te deixando nas mãos do velho safado, não apanhou por causa da idade e do desespero que ficou quando chegamos aquele dia e tu tinha sido roubado, safado tu num é bebê, nunca foi, aqueles coraçãozinho vermelho não negam que teu Amor é só pra mim e mais ninguém.
Bateu um silêncio de novo depois ele disse, é passado bebê, temos que esquecer as coisa ruim tudo mas vc devia ter confiado mais em mim, me falado as coisas que o bombeiro fazia contigo tb, quando li que entendi pq tu não gosta dele e agora nem eu também, sempre foi ruim e safado contigo aquele traste, mas é passado, prá fazer maldade contigo agora, seja quem for, primeiro vou ter que tar morto, mas me diz, de onde saiu aquele monte de caderno, tudo igual.
Eu ri, tinha oito anos falei, foi na escola, apareceu um homem e uma moça nas salas falando que era Dia do Fico, quem escrevesse a melhor frase sobre o dia ganhava um monte de cadernos e lápis, foram pras outras salas, ninguém sabia que era esse tal de Fico, a professora falou prá gente, ah, escrevam o que Dom Pedro falou, se é para o bem do povo e felicidade geral da nação, digam ao povo que fico, no dia seguinte eu e Francisca, minha colega de carteira, a gente sentava em dois na escola, ganhamos um monte de cadernos, todo mundo escreveu a mesma coisa, fizeram sorteio e nós fomos os premiados, ae resolvi por as coisas que aconteciam no caderno, diário que se chama.
Beto alisou minha cabeça, mlk doidinho tenho, já pensou se teu irmão ou teu pai vissem isso, tu tava morto com oito anos de idade de tanto que ia apanhar, fiquei quieto depois falei, eu não tenho pai não Beto, sou filho de uma puta ele me disse no dia que me levou daqui, eu sei meu lekinho, quando tua mãe te deu prá mim cuidar, ela me deu o pacote completo, me contou tudo de ti e tu num é filho de puta nenhuma e tem Pai sim mas isso num sou Eu que vou te contar, Segunda feira vou te levar na tua mãe, sei que tu tá doido pra ir, já falei pra ela ontem pelo telefone, levar as coisas que mandaram prá ela, não quero que toque neste assunto com ela não, é dolorido prá mãe isso, pergunte é prá Dona Olindina, ela foi amiga e rival da mulher que te pôs no mundo e não era puta não, aquele velho safado mais uma vez quis destruir tua cabecinha mas que se foda ele, se pisar aqui em SP não vai ser Aroeira nem ninguém que vai matar ele não, vai ser Eu depois que capar ele com peixeira serrilhada, provar do próprio veneno o verme.
Fiquei calado, pensando e curioso, quem era essa Abigail, a mulher que não me quis, na caixa de papelão de minha mãe tinha uma foto duma moça morena linda, uma roupa estranha, parecia dessas que se usa na Bahia só que escura, parecia ser num carnaval o lugar, atrás vinha escrito, ao meu Amor com carinho de sua Abigail, depois do amor vinha escrito o nome do meu Tio, era tão parecido com ele eu mas pq tb não me quis se for o meu Pai, Beto jogou o pernão em mim, abraçou minha cintura, eu me sentia no Paraíso, dorme meu anjinho, tempo prá conversar nós vamos ter de monte, amanhã, hj já, são duas hs já, tu tem carneiro prá assar, dorme que agora é uma ordem, dormi feito anjinho mesmo, a primeira vez que dormia em dez dias sem medo nenhum de acordar.

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11 Comentários

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  • Responder Fui ID:g61t9lv9c

    Que bosta

  • Responder Bsb novinho ID:muiqz2m9k

    Melhor de todos

  • Responder f ID:8d5kil1fia

    aff queria beto comendo o loirinho

  • Responder luiz ID:dlns5khrd

    vamos fazer assim, Beto cede um pouco e deixa o moleque da para Luciano e matias, esse ainda nao comeu o lek eles podem fazer um rodisio cada dia um come o moleque

  • Responder Baby Boy ID:vpdkriql

    Bom de mais

  • Responder Nelson ID:3c793cycoij

    Estou com o coração feliz

  • Responder Marcos ID:41ih1e32k0j

    Parabens pelo conto, tá cada dia melhor. Espero que você ainda escreva uns 100 capitulos. Vc escreve muito bem.

  • Responder Caiçara ID:xloriid4

    Gosto das coisas assim. Mas queria Beto e Luciano com o lek tem química entre eles

    • Sla ID:2ql0ptfzj

      Credo kkk povo shippa qualquer coisa msm

  • Responder Sla ID:2ql0ptfzj

    Que fofos eles juntos, ainda bem que o Beto não vai castigar o lek pelo que fez com os outros homens nojentos

    • Baby Boy ID:vpdkriql

      É que ele entendeu que foi forçado, mesmo gostando, ele foi arrastando. Luciano até apagou o coitado da segunda vez aff