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O Barão

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Nota do Autor: Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real, é mera coincidência.
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Às vezes pequenos deslizes causam conseqüências nefastas, e o hábito e a autoconfiança são, freqüentemente, os pais destes deslizes.
Sofreu isto na pele Gunther, policial corrupto de Graz, de 44 anos.

Numa madrugada fria de fevereiro de 2018, tinha aparecido na delegacia uma moça.
A moça, que só tinha a roupa do corpo: jeans, camiseta e tênis, estava tremendo de frio e contou para ele, falando um alemão terrível, uma historia muito triste.
Ela afirmou chamar-se Ana Pereira, ser brasileira, do Rio de Janeiro, e ter dezesseis anos.

No ano anterior, Ana tinha visto na Internet um anúncio bem interessante: tratava-se de uma agência de modelos, que procurava jovens para desfilar especialmente no exterior.
Ana, que era uma moça muito bonita, entrou em contato com a agência, sempre por Internet.
Apareceu, no barraco em que Ana morava junto com a mãe Joseide, uma senhora muito bem apessoada, trazendo em um tablet um book, com exemplos das fotos que as modelos tinham que tirar e até vídeos de desfiles em passarelas.
Tudo era deslumbrante!
O dia seguinte a mesma senhora veio com um rapaz, que apresentou como fotógrafo, e um vestido elegante para Ana vestir.
Acompanhada pela mãe, foram fazer um ensaio fotográfico em um parque da cidade.
Dias depois, a senhora entrou em contato dizendo que Ana tinha sido aprovada como modelo, e já ia atuar na Europa.
Ana precisava tirar urgentemente o passaporte e, já que era de menor, precisava da autorização da mãe para viajar.
Ana e a mãe fizeram tudo que lhes era solicitado, afinal de contas Ana ia começar um trabalho glamouroso e bem remunerado.
O inferno começou logo na chegada de Ana, em Frankfurt.
O passaporte de Ana foi confiscado pelo sujeito mal-encarado que foi busca-la no aeroporto.
Viajou muitas horas, numa van fechada, até chegar no seu destino, que soube mais tarde tratar-se de Graz.
Daí para diante ela foi obrigada a prostituir-se, ficando trancafiada dia e noite, meses a fio.

Nesta madrugada, tinha aproveitado de um descuido de seus algozes para fugir.
Vagara durante horas pelas estradas desertas da cidade, tremendo de frio, até chegar em uma delegacia de polícia, e apresentar-se ao Gunther que estava de plantão naquela hora.
Mal sabia ela que o Gunther recebia propina da organização criminosa que mantinha Ana em cativeiro, não somente para fechar um olho, mas também atuar em defesa da organização.
Ele tinha tratado com toda gentileza Ana.
Tinha-lhe oferecido um café quente e um abrigo para cobrir-se e, tão logo chegara a delegada do dia para revelar-lhe de turno, ele dissera para Ana:
– Vou levar você para um abrigo seguro, porque esta organização è perigosa e ramificada. Tão logo que você esteja bem protegida, vamos deflagrar uma operação para desmantelar o QG deles. Depois acionaremos o consulado brasileiro para proporcionar-lhe um novo passaporte e leva-la de volta para tua casa.-
Ana achou estranho que eles saíssem da delegacia às escondidas, mas pensou que fizesse parte do esquema de segurança.
Pegaram um carro, que não era da polícia, e começaram a sair da cidade.
No quentinho do carro, e abalada pelos acontecimentos, Ana adormeceu.
Gunther despertou ela, dizendo que tinham chegado.
Era um pequeno casebre no meio da campanha.
Gunther disse:
– Esta é uma das nossas casas mais seguras, onde levamos as testemunhas que queremos proteger. Chamei reforços que estarão aqui em pouco tempo. Vou preparar um café no enquanto.-
No enquanto Gunther preparava o café, Ana estudou o ambiente.
Era um quartinho com uma mesinha quatro cadeiras, uma cama de solteiro com um criado mudo, uma pequena cozinha em um canto e um aquecedor à gás que mantinha a temperatura em um nível razoável.
Além da entrada tinha uma única porta que era provavelmente o banheiro.
Ana estava terminando o café, quando escutou chegar um carro.
Gunther disse:
– Pronto, chegaram os reforços.-
Quando Ana viu as duas pessoas que entraram no cômodo sentiu o coração parar: eram dois de seus algozes.
Pior quando escutou Gunther que os chamava por nome.
– É Ana, você está numa fria!- disse, rindo, Gunther, e seguiu:
– E aí, rapazes o que disse o chefe de fazer com ela?-
Um dos dois fez o gesto eloqüente do corte da garganta.
– Mas podemos nos divertir um pouquinho antes?-
– É claro!-
– Pois vamos, então!- exclamou Gunther, já partindo para cima da moça.
Ana tentou defender-se, mas recebeu do delegado um bofetão que quase jogou-a no chão.
Os três partiram para cima dela, começando a arrancar-lhe as roupas.
Ela tentou defender-se, mas começou a apanhar muito.
Finalmente a deitaram de bruços em cima da cama.
De tanto receber golpes Ana já estava quase inconsciente.
– Olha que bunda bonita tem esta brasileira. Que tal a gente enrabar ela? O cu dela é o prato favorito dos clientes lá do bordel.- disse um dos algozes.
– Acho que esta bunda merece, sim! Segurem ela que lá vou eu.- respondeu Gunther, já abaixando as calças.
Deitou encima dela, tentando enfiar o pau no cu.
– Puta que o pariu! Para ser uma puta tem o cu estreito. Alguém vá ver se tem manteiga na geladeira.-
Um dos dois que a seguravam foi procurar e voltou com um pote de margarina.
Gunther untou o pau e seguiu com o estupro.
Gozou rapidamente no intestino dela e deixou o lugar para um outro.
Depois que os três a sodomizaram, o mais jovem quis tirar um naco da boceta dela.
A viraram como se fosse uma boneca, pois já fazia tempo que ela não reagia mais.
Estuprou-a pela boceta, até enche-la de porra, levantou-se e ergueu as calças.
– Pronto já divertiram-se o suficiente? Podemos passar ao que interessa?- perguntou Gunther sacando uma Glock 9 mm, que usava para este tipo de trabalho, já que ele não era louco de usar sua pistola de ordenança para isto.
Ele destravou a arma e disse em tom de brincadeira:
– Afastem-se que pode espirrar sangue.-
Na realidade já estavam sujos do sangue que estava saindo abundantemente dos machucados causados pelos golpes que ela sofrera.
Em todo caso os dois se afastaram.
Apontou para a cabeça, para dar o golpe de misericórdia, quando seu olhar foi atraído pela boceta.
“Porque não?” pensou.
Disse em voz alta:
– Pensando bem, vou querer experimentar a boceta dela, antes de mata-la.-
Aí cometeu o maior erro de sua vida.
Apoiou a Glock, já destravada, no criado mudo e abaixou as calças.
A garota, que parecia já morta, de repente apanhou a pistola e começou a atirar.
Ela, que nunca tinha tido na mão uma pistola, atirou, atirou, até esvaziar as dezessete balas do carregador, deixando os três sujeitos agonizantes.
Levantou-se correu para porta e continuou correndo pela estrada e pelo bosque.

O Barão Mattew Shultz, estava voltando de Viena para sua casa nos arredores de Graz.
Tinha estado em uma vernissage de um jovem pintor, seu protegido.
O evento terminara tarde, ele hospedara-se no seu costumeiro hotel, e tinha pego a estrada cedinho, antes mesmo do café da manhã.
Mattew era um esnobe, sabia disto e gostava disto.
A começar do carro: ele estava pilotando seu Jaguar Mark 2 de 1962, perfeitamente restaurado.
Alias seus carros tinham de ser Jaguar, tanto assim que, além deste seu carro principal, ele tinha um E-Type III conversível de 1973 e acabara de comprar um SUV E-Pace, que ele usaria para ir esquiar.
Porém atrás de esta sua faceta esnobe, que ele criara cuidadosamente, havia um cavalheiro prático e até simples.
Após o ensino médio, que cursara em Graz, ele foi estudar engenharia em Paris e, uma vez formado, foi fazer um MBA em Londres.
Em 2008, tinha recém acabado o seu curso na Inglaterra, e estava cogitando permanecer mais um pouco por lá, quando foi chamado às pressas para regressar em casa: seu pai estava à ponto de morte.
Quando chegou lá seu pai estava um pouco melhor, mas a morte ainda pairava.
Foram poucos dias de lucidez, nos quais o velho barão Paul Jr. se abriu com seu único filho.
Mostrou-lhe documentos guardados à sete chaves, e contou-lhe das trapaças que ele e seu avô tinham feito durante a guerra e no primeiro pós-guerra.
Isto tinha gerado um verdadeiro espólio de origem ilegal, que tinha permitido a vida de luxo e extravagância que o velho Barão tinha gozado, até que sua saúde o permitira.
O Barão faleceu, uma semana após a chegada do filho.
Mattew começou, desde já, a rearrumar as finanças da família.
À custas de pesadas multas conseguiu incorporar à herança, que recebera junto com a mãe, boa parte do tesouro escondido.
Outra parte usou para fazer uma completa reforma da mansão da família, que ficava nos arredores de Graz.
Vendeu todas as propriedades no exterior, e as coleções de objetos e carros de luxo do falecido barão, deixando de lado somente os Jaguar e as pinturas.
Findo isto encontrou-se com muito menos gastos, vivendo em uma casa confortável, uma boa fortuna familiar, devidamente legalizada, e aplicada em papeis seguros e razoavelmente rentáveis.
A Baronesa Catherine, sua mãe, de saúde já fragilizada na época da morte do marido, sobrevivera até novembro de 2017, sendo que Mattew tinha mandado modificar um quarto da mansão para que fora uma verdadeira UTI.

De repente o Barão se deparou com a figura fantasmagórica de uma moça nua e ensangüentada, segurando uma pistola na mão.
Freou para evitar de atropela-la.
Desceu do carro e a moça caiu desmaiada no chão.
O Barão, pegou no colo a moça, colocou-a no banco traseiro do carro e a cobriu com um plaid que sempre estava no porta-malas, depois recuperou a pistola, usando um lenço, para não deixar as digitais: a arma tinha sido disparada recentemente, ainda estava quente, e estava descarregada.
Seguiu então, depressa, para sua mansão.
A UTI, que servira para tratar sua mãe, ainda não tinha sido desmontada, e Belinda, a enfermeira chefe, ainda estava a seu serviço.
Ligou para Belinda, enquanto fazia os últimos quilômetros para chegar à mansão.
Quando chegou, Belinda estava esperando-o à porta.
Levaram a moça para a UTI, Belinda a sedou, medicou e deu soro.
– A moça está com início de congelamento, e em estado de choque. Bateram nela e a estupraram repetidamente, incluso a sodomizaram.-
– Vai sobreviver?-
– Sim! Sem dúvida! Ela não tem nada que medicações normais, e um período de repouso, não possam solucionar.-
Uma vez deixada a moça nas mãos de Belinda, Mattew resolveu ir investigar de onde vinha a moça.
O Barão foi ao seu quarto, desfez-se das roupas sujas e ensangüentadas, recuperou sua Beretta 92FS, para qual tinha regular porte de armas, e saiu da mansão com o E-Pace.
Ele já tinha um palpite de onde saíra a moça.
Não muito longe de onde ele tinha-a quase atropelado, tinha uma casa estranha.
Muito isolada, não abrigava ninguém, mas também não estava abandonada.
Entrou na estrada secundária e se deparou com dois carros na frente da casa que estava com a porta aberta.
Mattew estacionou um pouco distante dos outros dois carros e dirigiu-se para casa, com a arma em punho.
Dentro viu os três corpos ensangüentados.
Checou o pulso dos três: estavam mortos.
Pegou o celular, ligou para emergência, e ficou esperando.
Não precisava ser um perito para reconstruir a cena.
Os três estavam estuprando a moça quando, por um descuido, um dos três, possivelmente o mais perto da cama, deixou a pistola ao alcance dela.
Mattew ligou então para seu advogado.
Benjamin Will era advogado de Mattew desde a morte de seu pai, dez anos atrás, e era de completa confiança.
Sem falar da misteriosa moça, avisou que estava em uma cena de crime, aguardando as autoridades, e o convocou para vir à mansão à tarde.
Antes de desligar, disse:
– Uma última coisa: não quero que façam buscas em minha casa, em nenhuma hipótese.-
Os Shultz eram poderosos em Graz, e o advogado Will era temido: uma palavrinha aqui, outra ali, e nenhum juiz atreveria-se a expedir um mandato.
Mattew escutou as sereias e, logo em seguida chegaram o paramédicos, que constataram o falecimento dos sujeitos, e em seguida a polícia.
Quem assumiu foi uma delegada que quando olhou para o cadáver mais próximo à cama empalideceu:
– É o Gunther, meu colega!- exclamou em voz alta.
Ela falou algo para os policiais que estavam ao seu lado, que indicaram à direção do Mattew, que estava de pé logo fora da porta de entrada.
Ela veio até o Mattew e, mostrando o distintivo, perguntou:
– Eu sou a delegada Rose Varien. Foi o senhor que chamou a emergência.-
– Sim.-
– Qual é seu nome?-
– Mattew Shultz.-
– Mattew Shultz, o Barão?-
– O próprio.-
– O senhor mexeu em algo?-
– Não. Só toquei nos corpos para ver se apresentavam sinais de vida. E não apresentavam.-
– Porque o senhor veio aqui?-
– Casualidade. Normalmente esta casa é vazia. Quando vi na frente dois carros e a porta aberta, presumi que algo estava errado.-
A delegada fitou-o, como se não acreditasse nele.
– O senhor tem arma?-
– Tenho sim.- e puxou para fora a Beretta, mostrando para ela.
Ela fez para pegar a arma, e ele pôs de volta no bolso.
– Tenho regular porte de arma para ela.-
– Vou precisar seqüestrar sua arma.-
– Tudo bem! Vou precisar de um recibo.-
– É claro senhor Barão.-
A delegada pegou com as luvas a arma e a pôs em um saquinho, não sem antes cheira-la, constatando que não fora usada recentemente.
– O senhor atirou recentemente?-
– Não. Se não me engano a última vez que eu foi ao clube de tiro faz mais de seis meses atrás.-
– Está disposto a fazer o teste de luva de parafina?-
– Sem problema.-
A delegada estava quase voltando para cena do crime, quando ela perguntou:
– Senhor Barão, o que acha que aconteceu aqui?-
– Acho que estos três senhores estavam estuprando uma mulher quando um deles, possivelmente o mais perto da cama deixou uma arma muito perto dela, aí ela a pegou, atirou em todo mundo e fugiu.-
– O senhor esta dando-se conta que está acusando um delegado de ser um estuprador?-
– Sim, e não somente isto: ele ia ser o carrasco.-
Ela olhou-o com ar indignado, depois perguntou de novo.
– Por que o senhor veio aqui?-
– Casualidade.-
– Não acredito!-
– A senhora é livre de não acreditar. Posso voltar para casa agora?-
– Claro que não! Vou querer que me acompanhe na delegacia para fazer o teste da parafina.-
Neste momento aproximou-se um técnico da científica, e avisou-a que estava com todo o material para fazer o teste aí mesmo.
Obviamente o teste deu negativo.
Isto pareceu deixar a delegada contrariada.
– Delegada: posso garantir que não era eu que estavam estuprando. Posso ir agora?-
– Está bem! Sei onde o senhor mora.-
Mattew foi para casa.
Primeira coisa tirou a Glock do carro, ainda envolta no lenço, e a colocou em um esconderijo secreto que ele tinha na garagem, depois entregou o Mark 2 para, Philips, o motorista e encarregado dos carros, pessoa da máxima confiança, como aliás todos que trabalham para o Mattew.
– Lava o carro por dentro e por fora. Quero que fique perfeito: nenhum vestígio. Quanto ao plaid: incinere-o, junto com estas roupas.- disse o Barão, entregando a trouxa com as roupas sujas.
Ele entendeu perfeitamente o que tinha que fazer.
Depois Mattew foi ver a Belinda.
– A moça está bem, porém sedada, se quiser fazer perguntas terá que ser amanhã.-
Mattew foi para a cozinha e almoçou.
Depois do almoço retirou-se no seu escritório, esperando o advogado.
Quando Benjamin veio, Mattew contou-lhe tudo, sem omitir qualquer detalhe.
– Por que você não entrega a moça à policia?-
– Não vou fazer isto, ao menos até escutar a versão dela. A corda arrebenta sempre do lado mais fraco e eu tenho por mim que ela é uma pobre coitada.-
A pedido de Benjamin, foram à UTI visitar a desconhecida.
Ela ainda estava sedada, e dormia profundamente.
– É muito bonita, e muito jovem também. É capaz até que seja de menor!- sentenciou o advogado.

Na manhã do dia seguinte, Mattew foi visitar a paciente bem cedo.
Belinda tinha dormido ali mesmo, no cômodo sofá ao lado da cama hospitalar, como costumara fazer quando a Baronesa ainda era viva.
Aos poucos a jovem recobrou-se do sono e balbuciou em uma língua que Mattew logo reconheceu como português do Brasil:
– Aonde estou?-

O Barão já tinha estado no Brasil a turismo várias vezes, além de conhecer mais de um pintor brasileiro, um dos quais tinha trabalhado bastante na mansão, pintando artísticos afrescos em vários cômodos.
Tinha portanto conhecimentos básicos do português, além de falar o espanhol com boa fluência.

Foi misturando estas duas línguas, que Mattew respondeu:
– Eu sou Mattew Shultz, e você está na minha casa, perto de Graz.-
Quando escutou o nome da cidade, a jovem pareceu estremecer, como se voltara a ter um pesadelo.
– Minha jovem, eu não sei o teu nome. Como você se chama.-
Com lágrimas nos olhos ela respondeu:
– Meu nome é Ana, Ana Pereira.-
– Então Ana, que tal você se levantar, a Belinda leva você até o banheiro para refrescar-se, depois sentamos naquela mesa para desjejuar, e conversamos.
Meia hora depois Ana e Mattew estavam sentados na mesinha redonda, com um rico café da manhã na frente.
Belinda tinha-os deixados a sós, para não interferir na conversa.
Ana logo simpatizou com o Mattew, sentindo que podia confiar nele, e contou toda a história.
O estupro porém tinha deixado muitas lacunas na mente dela, e toda a cena dos tiros estava coberta por uma espécie de névoa.
– Me lembro que saí em uma estrada e, de repente vi faróis, como se fossem me atropelar, depois mais nada…-
– Os faróis eram do meu carro. Eu carreguei você até aqui.-
Depois de um instante de silêncio, Mattew prosseguiu.
– É bom você saber o que aconteceu depois. Ontem de manhã, depois de trazer você aqui, eu voltei na cabana. Tinha três mortos, entre os quais um delegado de polícia, que deve ser o tal de Gunther, que você citou. Chamei a polícia e veio uma delegada, uma tal de Varien. Ela não gostou muito de mim e não acreditou que eu estava passando pela cena do crime por acaso. Devo dizer que eu também não teria acreditado.-
Ana começou a chorar e Mattew sentiu o coração apertar.
Como muitos homens, não lidava muito bem com as lágrimas femininas.
Resolveu tentar manter o sangue frio, e perguntou para Ana:
– Seguramente Varien vai convocar-me, provavelmente hoje mesmo. O que você quer que eu faça? Você quer apresentar-se à polícia?-
– Não! Não! Por favor!-
– Está bem! Vou seguir com minha versão que eu estava passando por acaso pela cabana. No enquanto você pensa em melhorar.-
Mattew tinha razão!
Logo após o almoço recebeu uma ligação da delegada Varien.
Tinha mudado tom de voz e aparentava ser amigável.
Perguntou se ela podia vir à mansão para interroga-lo, mas Mattew disse que ele preferia ir até a delegacia junto ao advogado Will.
Meio contrariada, a delegada aceitou.
À tarde Mattew e Will foram à delegacia e encontrara-se com a delegada, acompanhada por dois policiais, em uma sala de reunião, ao invés da sala de interrogatório.
Varien iniciou, colocando as fotos dos três falecidos na mesa, perguntando:
– O senhor conhece estas pessoas?-
– Os vi, pela primeira vez, na cena do crime. Nunca tinha-os visto antes.-
E, indicando para o Gunther, acrescentou:
– Este era o seu colega? Como se chamava?-
– Não vem ao caso. E sim! Pelo que apurou a Científica, os três estavam estuprando uma moça, que esvaneceu-se no ar. A propósito poderíamos colher uma amostra do seu DNA?-
O advogado fez por manifestar-se contrario, mas o Barão foi mais rápido.
– Sem problema, eu autorizo!-
– Ótimo! Vou chamar o técnico.-
Um dos policiais que estava presente, saiu da sala e regressou, pouco depois, junto à uma jovem de jaleco branco que colheu uma amostra da saliva do Mattew.
Depois da breve interrupção a delegada recomeçou o interrogatório:
– Senhor Barão, o que o senhor estava fazendo na madrugada de ontem?-
– Antes de ontem eu estava em Viena. Eu descansei à noite no Ritz-Carlton, em Viena, saí bem cedinho, pelas cinco da manhã, e cheguei em casa pelas sete e meia.-
– O senhor mesmo dirigiu.-
– Sim!-
– Com o Jaguar que se encontrava na cena do crime, quando chegamos ontem?-
– Não, com outro carro, um Jaguar Mark 2.-
– Por que, mais tarde, trocou de carro?-
– Porque me deu vontade.-
– Nessa sua viagem de Viena até sua mansão, o senhor passou pela cena do crime?-
– Não.-
– O senhor parou alguma vez?-
– Possivelmente.-
– Aonde?-
– Não me lembro.-
– Encontrou alguém no seu percurso?-
O Barão consultou rapidamente o advogado, depois disse:
– Não vou responder a esta pergunta.-
A delegada mudou de tom e gritou:
– O senhor encontrou e carregou no carro uma moça! Uma assassina!-
Foi Will que tomou a palavra:
– São ilações da senhora! Se tem alguma prova concreta por favor apresente!-
– Não tenho provas, mas vou encontrar de monte, na busca que farei daqui à pouco na mansão do Barão.-
– Então boa sorte! Meu cliente e eu estamos indo embora. Viemos em visita de cortesia, e fomos tratados muito mal. Já aviso que isto não vai ficar barato!-
O Barão e Will saíram da delegacia e foram cada um pelo seu lado.
Mattew que tinha vindo acompanhado pelo Philips entrou no E-Pace.
– Vamos para casa?- perguntou o motorista.
– Não…- respondeu o Barão que expus para o Philips seu plano.
O Barão dirigiu até a mansão.
Chegando lá, foi direto para UTI.
A Ana já estava bem melhor e estava conversando com Belinda, ensaiando seu alemão precário.
Quando viu Mattew seus olhos brilharam.
O Barão começou a achar que estava ficando apaixonada por ele.
– Você tem conversado com tua mãe?- perguntou Mattew.
– Eles me faziam falar com ela uma vez por mês, mas vigiavam minha conversa.-
– Fala com ela, então. Se a organização é ramificada como eu acho, já a contataram.- e falando para Belinda, em alemão, pediu:
– Belinda, por favor, me empresta o teu celular.-
Era possível que Varien pedisse para monitorar o seu celular, mas possivelmente não fizesse o mesmo com todos seus empregados.
Ana compôs o numero, e mesmo sem estar em viva-voz Mattew escutou as palavras angustiadas da mãe da Ana.
Interrompendo um instante a comunicação Ana disse para Mattew.
– Parece que veio a senhora que me contratou o ano passado, perguntando por mim. Ela disse à minha mãe que eu tinha desaparecido e que a contatasse caso tivesse qualquer informação.-
– Fala para tua mãe que não diga absolutamente nada para a tal senhora.-
Ana repassou a informação à mãe, e terminaram a chamada chorando.
– Agora que vêm o difícil!- comentou consigo mesmo Mattew compondo número de telefone de Valentina.

Valentina Brandt era uma mulher um ano mais jovem do que Mattew.
Também de família com traços aristocráticos, porém em franca decadência, tinha conhecido o Mattew em sua juventude.
Os Brandt moravam em Linz e poucas relações teriam com os Shultz, a não ser que Victoria, a mãe de Valentina, pedira socorro ao Paul Jr., pai do Mattew, quando ficara viúva, com uma filha de treze anos para cuidar, e os credores batendo à porta da casa dela.
A partir daí o Barão Paul Jr., veio a ser amante secreto da Victoria até a sua saúde permitir.
Quando Valentina cumpriu os quinze anos, foi o Barão Paul Jr., que financiou a festa de debutante dela, no salão do palacete dos Brandt.
Esta construção não chegava a ser uma mansão, como a dos Shultz, mas era ampla e, em seus dias de glória, bonita.
Foi nesta festa que o Mattew conhecera Valentina.
Ficou encantado tanto com a beleza como com o espirito exuberante e artístico dela.
Começaram a namorar.
O namoro era muito bem visto por ambas as famílias, que fecharam um olho ao fato que, logo nos primeiros dias de namoro, Mattew tirara a virgindade da jovem.
A distância porém cobrara seu preço, especialmente no período em que Mattew estivera em Paris e Londres.
Tinham-se reaproximado depois da morte do Barão Paul Jr., porém depois de algum tempo o namoro arrefecera.
Assim seguiam desde então, em fases alternas.
Não ajudava o espirito independente e orgulhoso de Valentina, que mal suportava a condescendência de sua mãe, que ainda morava com ela no palacete de família, em aceitar a ajuda do Mattew para a manutenção doméstica.
Mas os dois eram como faísca e palha, e não podiam encontrar-se sem que acontecesse um incêndio.
Assim fora dois dias atrás em Viena.
Valentina, além de ser artista ela mesma, atuava no mercado de artes austríaco, e tinha aparecido, por razões profissionais, na vernissage promovida por Mattew.
Quando se encontraram não deu outra, e acabaram indo parar, juntos, em uma suíte do Ritz-Carlton.
Se amaram fogosamente, mas como acontecia freqüentemente, acabaram brigando, quando ainda o esperma de Mattew estava quente na boceta da Valentina.
O Barão tomou um banho, pagou a conta do hotel, e acabou saindo em plena madrugada.

– Bom dia Valentina.-
– Bom dia Mattew. Que numero de telefone é este?-
– É o telefone da Belinda.- Valentina era bem familiarizada com a mansão de Graz e conhecia todos os empregados.
Ela, que não costumava guardar rancor, disse:
– Estou com saudade de você. Foi bem gostoso lá em Viena. Pena que a gente brigue sempre, mas você é sempre muito gostoso. Por que você não dá um pulo aqui em Linz, que a gente repete?-
– Pois é, eu estou meio encrencado aqui em Graz. E tenho que pedir-te um favor…-
Resumiu a situação da Ana, e pediu:
– Eu preciso que ela se esconda na tua casa por alguns dias.-
Mattew não se surpreendeu muito, quando a Valentina aceitou sem muitas protestas, porque sabia que ela tinha um coração bom.
Comunicou à Ana que ia esconder-se, por alguns dias, na casa de uma amiga, pessoa de extrema confiança, e à Belinda de apagar todos os rastros da passagem de Ana por aí.
– Pode deixar, senhor Barão, vou deixar aqui como se nunca tivesse passado ninguém. E tome meu celular caso precise usar. Se precisar falar comigo, ligue para Angelika.-
Angelika era outra funcionária que trabalhava na mansão, muito amiga da Belinda.
Mattew levou Ana até a garagem passando por dentro dos corredores da casa, estendeu um lençol no porta-malas do E-Pace e acomodou lá Ana.
Saiu pelo portão principal do parque, na direção de Graz.
Quando se deu conta que não estava sendo seguido, desviou da rota e entrou em uma estrada secundária.
Lá estava o Philips, em um anônimo Opel, que tinha acabado de alugar na cidade.
Ana passou rapidamente para o carro conduzido pelo Philips.
Mattew acomodou-a no assento traseiro, colocou nela uma peruca e óculos escuros, que tinham pertencido à Baronesa sua mãe, e deu adeusinho, para os dois.
Seguiu depois para Graz, aonde se encontrou com o Will.
Já era metade da manhã do dia seguinte quando a Varien conseguiu o mandato de busca para a mansão.
A esta altura Philips já tinha voltado de Linz, devolvido o carro alugado e voltado à mansão de taxi.
Um pequeno comboio de policiais chegou à mansão, e Varien fez questão de esfregar pessoalmente o mandato na cara do Barão.
– Foi difícil conseguir o mandato, parece que todos os juizes tinham medo, mas ao final consegui que o juiz Warren, me assinasse um.-
– Todo bem. Vocês podem aguardar o advogado Will examinar o documento?-
– Não! Vamos começar já.-
– Então à vontade. Em todo caso eu chamei o Will para verificar o mandato.-
A horda começou a vasculhar tudo.
Pouco depois chegou o Will e os três fizeram uma breve reunião no estúdio do Barão.
Depois de verificar o documento, Will disse:
– Então verifiquei o alcance do mandato expedido pelo Juiz Warren: vocês podem verificar a casa e as dependências. Me parece puxado pelos cabelos colocar meu assistido como possível cúmplice de assassinato, mas disto recorrerei em outra instância. Ah, nem pensem em plantar escutas clandestinas, pois depois que vocês saírem vai entrar uma esquadra de peritos da Sicurmat, que vai vasculhar tudo. Se acharem algo eu vou ter que denuncia-la, como responsável da busca.-
– Tudo bem, eu conheço meus limites, advogado Will.-
Mattew que tinha ficado calado desde o início da reunião, pegou a palavra:
– Delegada Varien, eu entendo sua posição, na qualidade de investigadora no caso dos homicídios, porém isto é só a ponta do iceberg. Aqui estamos lidando com uma quadrilha poderosa, enraizada na polícia! Ou o Gunther estava fazendo alguma investigação, no enquanto estuprava uma moça?-
– Não fale assim de um meu colega!-
– Gunther era um bandido e você sabe!- revidou Mattew.
O bofetão foi forte e nada simbólico.
O golpe surpreendeu o Mattew, que teve só a reação de mover a cabeça para diminuir o impacto.
Em nenhum momento o Barão levantou as mãos, pois bater em uma mulher era algo que contrariava o seu ser mais profundo.
– Delegada Varien contenha-se!- disse Will em voz alta, e seguiu:
– Mattew, você vai querer prestar queixa por agressão?-
– Não, Claro que não! Rose, se eu disse algo que te ofendeu, peço desculpa, mas é isto que eu acho!-
A passagem para tons mais íntimos e conciliadores, surpreendeu a delegada, a fez calmar e começou até a ter uma certa simpatia pelo Barão.
Para ela era claro que ele estava escondendo uma assassina, mas não podia deixar de entrever que ele fizera isto em nome de um sentimento de justiça, para proteger aquela que era muito provavelmente, uma pobre coitada, que fizera isto para salvar-se.
A busca não deu em nada, assim como os interrogatórios com os funcionários da mansão.
Todos eles negaram-se a responder à qualquer pergunta, alegando os termos de confidencialidade, que tinham assinado junto ao Barão.
À noite a equipe se retirou com um zero absoluto como resultado.
Duas semanas depois, a Varien foi surpreendida com a convocação informal, para vir sozinha à mansão.
Quando chegou lá foi recebida por um jovem desconhecido, Will e Mattew, no escritório deste último.
Quem falou foi o advogado Will.
– Esta reunião é informal. Portanto nenhum de nós está autorizado a gravar a conversa. Estamos de acordo delegada?-
– Sim.-
– A senhora está com algum aparelho de gravação ou escuta consigo?-
– É claro que não!-
– Alexandre, por favor!-
O desconhecido pegou um pequeno scanner da bolsa que levava consigo, e passou o aparelho perto da delegada.
Logo o aparelho apitou.
– Senhora delegada, o coldre, por favor.-
Varien pegou o coldre, e foi ela mesma que achou o minúsculo transmissor.
– Eu não se como…-
Will fez o sinal para ficar em silêncio.
Alexandre pegou da sua bolsa um alicate, retirou a micro-escuta do coldre, a pôs em um saquinho de plástico e colocou na sua bolsa.
Em seguida passou de novo o scanner perto da delegada, desta vez sem que ele apitasse.
– Já está limpa! Acho que eu posso ir.-
– É claro, Alexandre, muito obrigado.-
Quando ficaram sozinhos, Will falou:
– Convocamos a senhora aqui porque a Sicurmat, pela qual o Alexandre trabalha, achou um monte destas escutas aqui na casa, dez pela precisão, como pode ver aqui.- dizendo isto Will colocou na frente da Varien uma cópia do relatório da firma de segurança.
Varien não sabia mais aonde se esconder: o Will e o Mattew conseguiam ver muito além do que ela, e nem podia reclamar que eles estariam escondendo o jogo.
– O Mattew acha que você não tem nada a ver com isto e, na realidade, eu também. Portanto apresentar queixa só serviria para afastar você da investigação. Outra coisa que tenho que observar, é que o único juiz que resolveu desafiar os meus “conselhos”, e assinar o mandato de busca, é o Warren.-
Caiu um silêncio constrangedor, e foi o Mattew, quem falou:
– Rose, Gunther não estava sozinho na policia. Alguém da tua própria equipe plantou as escutas aqui e em você! Vamos admitir, por pura hipótese, que eu esteja escondendo alguém. Esta pessoa é vitima de tráfego internacional de pessoas, que está bem acima de Graz, ou a própria Áustria, porém está bem enraizada na nossa cidade. Mas não é só isto! Se, veja bem: “se”, estou escondendo alguém aqui na Áustria, estou também contratando segurança para parentes dela, em um país da América do Sul.-
O embaraço da delgada era evidente.
– O que eu tenho que fazer?- disse ela quase balbuciando.
Foi Mattew que respondeu:
– Não sei! Só posso te disser que “se” estou escondendo alguém, vocês não vão achar. Seguramente não antes de vocês limparem sua casa. Sei lá: aciona a corregedoria. O que podemos fazer é esquecer encima desta mesa uns relatórios preliminares de investigadores particulares Austríacos, Alemães e Brasileiros. Até logo, delegada Varien.-
Will colocou encima da mesa uma pasta com documentos e afastou-se junto com o Mattew, enquanto Varien pegava a pasta e saía do escritório.

Depois desta reunião Mattew verificou que a vigilância, que tinha sofrido durante algum tempo, desaparecera.
Resolveu, então, arriscar de ir para Linz, dirigindo ele mesmo seu Mark 2.
Quando chegou ao palacete dos Brandt, quem recebeu Mattew foi Victoria.
Como sempre a sua recepção foi mais do que calorosa.
– Mattew! Que surpresa agradável!-
Disse ela abraçando-o e beijando-o.
Com 55 anos Victoria era uma mulher muito atraente, e no abraço apertado Mattew pude deliciar-se com o aroma de seu sofisticado perfume, além da maciez de seu corpo sarado.

O funeral do Barão Paul Jr. foi extremamente marcante para o Mattew.
Ele revira pessoas depois de muito tempo, entre as quais sua ex-namorada Valentina e sua mãe Victoria.
Findo o funeral Mattew mergulhou de cabeça, junto com o recém contratado advogado Will, no intricado emaranhado dos negócios da família Shultz.
Mais ou menos dois meses depois do falecimento do Barão Paul Jr., Mattew recebeu a visita de Victoria.
Era notório que Victoria fora a amante do pai, e debruçando sobre as contas do falecido Mattew descobrira facilmente, que seu pai estava custeando a amante.
Nesta ocasião, Victoria estava angustiada, pois com a morte do amante tinham-se extinguido os automatismos que asseguravam-lhe a manutenção da boa vida à qual estava acostumada, e os credores já começavam a bater à porta.
Pelo desespero, Victoria chegou até a insinuar-se para o jovem, pois com seus 45 anos estava no pleno de sua beleza.
Mattew, que era um gentleman, nunca iria aproveitar-se do desespero de uma dama e, pelo que tinha verificado até então nas contas da família, estas despesas cabiam perfeitamente no orçamento.
Assegurou, então, que manteria a mesada e demais regalias, que proporcionara-lhe o Barão Paul Jr..
Única condição e que nada fosse contado à Baronesa Catherine e à Valentina.
Desde então Victoria foi uma aliada fiel de Mattew, ajudando-o nas idas e vindas do namoro com sua filha.

Mesmo sem ter nunca rolado nada de sexual entre eles, os abraços eram mais apertados e o beijos mais quentes, do que o conveniente.
– Valentina está?-
– Sim está na academia com a Ana. A pobre moça não pode sair na rua, então se exercita aqui em casa. Eu também estava junto com elas até pouco tempo atrás.-
O palacete, era bastante grande e uma das salas internas tinha sido reformada, às custas do Barão Paul Jr. obviamente, para virar uma academia bem completa.
Victoria levou Mattew até a academia, e a visão de dois belíssimos corpos, enfaixados por bodies, encheu os olhos dele.
A acolhida foi calorosa por parte das duas mulheres.
Que a Ana o recebesse bem não era surpresa nenhuma, afinal de contas ela o via como seu salvador.
A recepção de Valentina, porém, era sempre uma incógnita, especialmente depois que fora praticamente obrigada a hospedar uma prófuga durante quase dois meses.
Valentina pulou no colo de Mattew e beijou-o como se quisesse sugar-lhe a alma.
– Meu amor, que saudade. Vou tomar um banho depois quero fazer amor com você.-
Mattew viu a Ana enrubescer diante das palavras da Valentina, já Victoria, que bem conhecia sua filha, simplesmente riu.
Valentina correu para tomar banho e Mattew estendeu a mão para cumprimentar a Ana.
– Bom dia Ana, como você está?-
Ana surpreendeu Mattew, respondendo em um bom alemão:
– Muito bem! Aqui é uma verdadeira família, a Victoria é como se fosse uma mãe e Valentina é uma verdadeira irmã. Até o alemão está ensinando-me.-
– Que bom! Escuta, eu trouxe uns documentos para você assinar, para obter uma segunda via de teu passaporte no consulado brasileiro em Frankfurt.-
Logo voltou Valentina, vestida com um roupão, que seqüestrou Mattew, e o conduziu até o próprio quarto.
Chegando lá, ela tirou o roupão e ficou nua na frente do amante.
Mattew nunca cansava ver Valentina nua.
Seu corpo era perfeito, pele sem nenhum defeito, curvas suaves sem nem uma grama de gordura a mais.
Os seios não tinham a opulência dos da Victoria, mas eram pequenos e cônicos, com mamilos rosados.
A boceta, perfeitamente rapada tinha os lábios rosados e salientes, terminando em um clitóris bem marcado.
O pau dele ficou duro na hora e pulou para fora quando ele arrancou as roupas.
Beijaram-se apaixonadamente, depois caíram na cama e, para satisfazer-se ambos, acabaram deslizando em um sessenta-e-nove.
A um certo ponto Mattew deitou-se sobre a amante, e introduziu seu pau na boceta dela.
Pareceu voltar para o lar, depois de um longo tempo.

Mattew não era monógamo, e mesmo sem nunca ter perguntado isto à Valentina, tinha quase que certeza que ela também não era.
Porém ele tinha a clara noção que ela era sua mulher e a boceta dela era a casinha de seu pau, onde ele se sentia mais à vontade.
Mattew gozou rapidamente, mas logo recomeçou a possui-la, pois seu pau nem chegou a murchar.
Alternaram várias posições, perdendo a noção do tempo.
A um certo ponto, leves batidas na porta chamaram atenção dos amantes.
– Entra, mãe!- disse Valentina que não era nada recatada.
Victoria entrou e encontrou os amantes nus, no ninho de amor que tinha virado a cama da Valentina.
– Meus amores, já está na hora da janta! Venham comer, que vocês precisam de energia para continuar vossa atividade noite adentro.- disse, rindo.
Mattew e Valentina, vestiram-se e foram à sala onde tinha a grande mesa de jantar.
Ali os quatro foram servidos por Fatima, que era uma empregada, libanesa, cujo salário era pago diretamente pelo Barão, através de seu contador.
Mattew pude então ver quão bem era tratada Ana, pela Victoria e, especialmente, pela Valentina, que a cuidava como se fosse uma irmã menor.
Depois da janta Mattew e Valentina retiraram-se no quarto dela.
Quando começaram a abraçar-se, nus, na cama, Valentina disse:
– Sabe, meu amor, a Ana e eu conversamos muito, e ela me contou que tem uma coisa que deixa os homens doidinhos…-
– Que seria…?-
– O sexo anal. Parece que os homens gostam muito. Você já fez?-
– Já!-
– E é realmente gostoso?-
– Sim!-
– Porque você nunca fez isto comigo?-
– É que tua boceta é tão gostosa…-
– Mas que bobinho! Se é gostoso não tem razão de não fazer comigo. Vai que eu goste também.-
– Podemos fazer! Precisaria de um lubrificante.-
– Aqui está!- disse Valentina, tirando da gaveta da cômoda um tubinho de gel lubrificante.
– Já comprei faz dias, mas resolvi esperar você, porque queria que fosse você a inaugurar meu cuzinho.-
– Agradeço a consideração, mas não sei se foi uma boa idéia, porque se doer, você vai associar isto a meu pau, e a mim.-
– Mas você é um bobo mesmo. Quando eu tinha quinze anos você tirou minha virgindade e doeu pra cacete, mas eu te amo mesmo assim! Agora chega de papo furado e vem comer meu cuzinho!-
Valentina untou o pau do amante e deitou-se de bruços.
Mattew deitou-se sobre as costas dela, com os dedos abriu um pouco o cu, depois colocou a cabecinha do pau.
Começou a empurrar, ganhando aos poucos espaço no intestino da Valentina, que emitia gemidos sufocados.
– Está tudo bem?- perguntou ele.
– Dói pra cacete!-
– Quer que eu tire?-
– Estás louco? Enfia tudo! E não se preocupa, não, que vou continuar a amar-te, aconteça o que acontecer.-
Mattew começou a mover-se para frente e para trás, cada vez mais rápido, enquanto os gemidos da Valentina subiam de tom.
Quando estava para gozar, Mattew enfiou seu pau o máximo possível no intestino dela, arrancando-lhe um grito de dor.
Enquanto lambia e mordiscava o pescoço dela, e seu pau murchava aos poucos dentro do intestino dela, Mattew perguntou:
– Então, como foi a tua primeira vez por trás?-
– Terrível!-
– Vai querer repetir alguma outra vez?-
– Tão logo teu pau fique duro de novo.-
Estas palavras tiveram um efeito afrodisíaco nele que, momentos depois estava enrabando, de novo, a amante, desta vez à frango assado.
Seguiram com a sodomia durante longo tempo nesta noite, e acabaram dormindo abraçados.
De manhã os quatro desjejuaram juntos, depois ele se despediu de Ana e Valentina.
Victoria fez questão de acompanhar Mattew até a Mark 2.
Quando ele já tinha-se sentado no banco do motorista, ela debruçou-se para dentro do veículo e perguntou:
– Esta noite escutei Valentina gritar. O que aconteceu?-
– É que sodomizei ela pela primeira vez.-
– Não acredito! Só agora!-
– Pois é! Tua filha tinha o cuzinho virgem!-
Victoria beijou Mattew, e disse:
– Isto, de minha filha não esperava: 34 anos e ainda meio virgem! Boa viagem.-
O Barão pegou a estrada, para voltar à mansão.

Dez dias depois Mattew voltou a Linz.
Tinha saído bem cedinho, com o Philips dirigindo o E-Pace.
O programa era parar no palacete dos Brandt, carregar Ana e ir até Frankfurt, à tempo de pegar o avião para o Rio de Janeiro.
Mattew estava com o passaporte novinho da Ana na bolsa, junto com todas as autorizações para ela viajar.
Só que, quando chegaram em Linz, Valentina seqüestrou Mattew, não obstante seus protestos.
Levou-o para o próprio quarto, onde o cavalgou até ele gozar, não contente disto, pegou o tubinho de gel, colocou-se de quatro em cima da cama e disse:
– Agora você vai comer minha bunda.-
A Mattew não restou outra que aceder ao desejo de sua amante.
Naquela posição tinha a visão privilegiada de seu pau, desaparecendo no ânus da Valentina, que já não queixava-se pela dor da sodomia.
Quando retomaram o caminho, já tinham perdido uma hora e meia do tempo previsto para a viagem.
Para compensar o tempo perdido, não pararam para almoçar e Ana teve a emoção de andar, pela primeira vez na vida, a 200 km/h pela Autobahn alemã.
Chegaram à tempo ao aeroporto, fizeram o check-in e foram esperar o embarque na área VIP.
Lá Ana pôde ver o Mattew, homem de mundo, totalmente à vontade.
Ela estava, não tão secretamente, apaixonada por ele, e as longas conversas que tivera com a Valentina, não tinham tido outro efeito que aumentar este fascínio.
Valentina, entre outras coisas, tinha contado detalhes íntimos, de quão fogoso ele era e de quanto era gostoso o pau dele.
Fizeram um ótimo vôo em Business, e chegaram no Rio na manhã seguinte.
Na chegada, Mattew fez questão de comprar uns presentes para Ana e sua mãe no Duty-Free.
Mattew pegou um taxi e logo levou Ana para casa da mãe.
Joseide estava esperando ansiosamente a filha, que já estava longe de casa há mais de um ano.
O encontro foi regado a lágrimas, com Mattew que discretamente assistia em um canto.
Joseide ofereceu um café para Mattew, que aceitou.
A admiração de Ana não fez que aumentar ao notar que ele parecia estar tão a vontade no barraco delas, como na área VIP do aeroporto.
Mattew conversou bastante com Joseide, só não mencionando os detalhes sórdidos do tríplice assassinado na madrugada de Graz.
Mattew tinha convencido Ana que, menos pessoas conhecessem os acontecidos, melhor era.
Mattew aceitou o convite para o almoço da Joseide, e na mesa, só falou de amenidades.
Depois do almoço pediu licença para ir descansar no hotel, marcando encontro para o dia seguinte.
Quando Ana ficou à sós com a mãe, Joseide comentou:
– Nossa, filha, que senhor, e que gato, que é este Mattew.-
– É, é tudo isto e mais ainda! Infelizmente tem dona!- e contou sobre a Valentina.
– Mas pelo que entendo eles não são casados, nem noivos.-
– É, não são casados, mas é só ela dar uma reboladinha, que ele cai na cama dela. Também Valentina é uma mulher incrível, qualquer homem cairia aos pés dela.-
– Mas filha você é muito bonita!-
– Mas não é só beleza. Pensa em uma versão feminina do Mattew. É isto que é a Valentina.-
– Assim é difícil!-
– É mesmo! Mas não pensa que eu não vou tentar de, pelo menos, levar um naco. Amanhã, a um certo ponto vou pedir para você sair de cena.-
– Faça isto, filha, se não eu faço, porque ele é muito gato.-
Mattew foi até hotel que tinha reservado, em Copacabana, lá encontrou-se com o representante da firma que tinha contratado para cuidar da segurança da Joseide.
Ela nem fazia idéia, mas fazia meses que ela tinha anjos da guarda, vigiando-a.
Felizmente, depois de umas duas vezes, a quadrilha tinha desistido de contata-la.
Em todo caso, a senhora que fazia o contato com as vítimas, tinha sido devidamente identificada, e o nome e antecedentes constavam no relatório que tinha ido parar “acidentalmente”, nas mãos da delegada Varien.
Satisfeito, Mattew foi descansar.
O dia seguinte, ele pegou um taxi e foi até a casa da Joseide.
De lá foram até uma churrascaria na Barra.
Como sempre Mattew demonstrou-se um anfitrião perfeito, deixando cada vez mais encantadas mãe e filha.
Findo o almoço, Joseide disse:
– Mattew, você é um amor de pessoa, e eu ficaria horas, escutando você contar as coisas fascinantes que você fala. Infelizmente eu tenho costuras urgentes para fazer lá em casa. Vou pegar uma condução e correr para lá.-
Obviamente Mattew pediu um Uber para ela.
Quando ficaram a sós, Ana disse.
– Você já esteve várias vezes aqui no Rio, já assistiu, de camarote a dois carnavais, então, possivelmente, você conhece os pontos turísticos daqui melhor do que eu. Então vou te convidar para ir para um lugar que você não conhece. Vamos pegar um taxi!-

Ana tinha descoberto sua sexualidade bem cedo.
Tinha perdido a virgindade aos doze anos, tanto na frente, como atrás, e até a época que tinha sido seqüestrada, tinha tido mais de uma dezena de amantes.
Ela, que gostava muito de sexo, tinha passado a ter horror dele, a partir das terríveis experiências que tinha padecido no prostíbulo.
O lugar que ela indicara para o taxista, era um motel, que fazia vista grossa sobre a idade das mulheres, e ela tinha-o freqüentado bastante antes de sua infausta viagem.
Quando Mattew entendeu onde estavam indo, fez para protestar, mas Ana indicou peremptoriamente para ficar calado.
Entraram no quarto e Mattew disse:
– Ana, isto não é certo.-
– Mattew, você é meu herói e devo a você minha vida. Agora preciso de você para uma coisa importantíssima: preciso redescobrir que o sexo é uma coisa agradável e maravilhosa. Por favor faça amor comigo!-
Colocado desta forma, Mattew se viu obrigado a aceder aos desejos da menina.
Quando ela despiu-se, Mattew encontrou-se na frente à mulher mais linda que tinha tido como amante, tanto de corpo, como de cara.
A pele tinha um tom caramelo claro uniforme e as curvas eram suaves como às da Valentina.
A curva das ancas, porém, era bem mais acentuada, sendo que a bunda era simplesmente espetacular.
Ana aproximou-se e deu-lhe um beijo apaixonado.
E haja paixão!
Mattew podia ver nos olhos dela o desejo amoroso que ela sentia.
– Tira a roupa, meu amor.-
Ele despiu-se e, quando o pau dele pulou para fora, já duro, Ana verificou que tudo que a amiga dissera-lhe era verdade.
Ana fez sentar Mattew na beirada da cama e começou a fazer-lhe um boquete.
Parecia-lhe ter voltado no tempo, quando o pau do homem era instrumento de prazer, e o sentimentos que lhe traziam eram de regozijo e não de asco, como nos infindáveis meses que ficara trancafiada no prostíbulo.
Não resistiu muito tempo: fez deitar o homem na cama e começou a cavalga-lo, pelo puro prazer de sentir a boceta preenchida por este instrumento de amor.
Logo o macho debaixo dela reagiu.
Revirou-a, deitou-se encima dela e começou a possui-la com golpes tão enérgicos, como gostosos.
Aí Ana começou a chorar.
Não era choro de dor, mas de alegria e prazer.
– Que foi, meu bem, está doendo?- perguntou o homem, suspendendo momentaneamente suas investidas.
– Não, meu amor. É bom! Bom até demais. Não para, por favor.-
Mattew seguiu com sua pegada, e Ana começou a sentir o orgasmo formar-se no fundo de seu ventre.
O gozo chegou e foi avassalador.
Ana estremeceu, gritou e chorou.
Mattew sentiu o orgasmo de sua parceira e, como sempre quando isto acontecia, sentiu uma imensa alegria.
Parou, esperando que ela se recuperasse.
– Foi bom… demais. Goza você também meu amor. Faça-me feliz.-
Com poucas estocadas, o homem alcançou o gozo, e encheu a boceta dela de porra.
– Ops, Ana. Não sabia se podia gozar dentro de você.-
– Não se preocupa não. Estou protegida.- mentiu Ana.
Fizeram amor logo em seguida, desta vez Mattew deixou-se cavalgar até os dois alcançarem o clímax.
Descansaram um pouco, depois a Ana, falou rindo:
– E aí! Não vai comer meu cuzinho não?-
– É claro que vou! Tem lubrificante aí?-
– Nas gavetas deste motel deve ter seguramente. Mas eu quero com cuspe mesmo. Quero sentir a dorzinha de ser enrabada e achar isto bom.-
– Se é isto que você quer!- disse Mattew, cuspindo na mão e espalhando a saliva no seu pau, que tinha endurecido na hora, na perspectiva da sodomia.
Ana pôs-se de quatro e sentiu o pau dele abrir-se caminho em suas entranhas.
Era dolorido, mas não era repulsivo como em suas tristes memórias do prostíbulo.
A sua mão foi instintivamente para seu grelo e começou a dedilha-lo.
Acabou gozando antes do Mattew.
Depois de alguns minutos de repouso, repetiram a sodomia, desta vez em um gostoso frango assado, durante o qual Ana pude deliciar-se abraçando e beijando o seu amor.
Tomaram banho juntos e saíram do motel.
Ana estava tocando o céu com um dedo.
Nunca em sua vida tinha tido uma seção de sexo tão prazerosa como esta.
Pudera, nunca tinha feito sexo com um homem que ela amasse tanto como o Mattew.
O único porém, que ela tentava esconder dela mesmo, é que ele iria embora o dia seguinte.
Mattew acompanhou Ana para casa que já era noite.
Lá jantou junto com ela e a mãe.
Despediram-se entre as lagrimas tanto da Ana, como da Joseide, e Mattew tomou um taxi, indo para o hotel.
Na manhã seguinte, Mattew encontrou-se com um advogado, que viria a ser seu procurador no Brasil.
Era sua intenção seguir, de longe, à Ana, assegurando-lhe o devido amparo para que pudesse cursar os estudos que ela desejasse.
Finda a reunião, foi para o aeroporto e começou a jornada para sua volta para casa.
Passados alguns dias, quando veio a sua menstruação, Ana achou até ruim, porque teria gostado muito carregar dentro de seu ventre um presente de seu amor.

Junho 2018
Era uma tarde ensolarada, e Mattew tinha decidido trabalhar debaixo do caramanchão coberto de glicínias no pátio na frente da mansão, no enquanto tomava um chá gelado.
Trabalho era uma palavra muito forte para definir sua tarefa: ele estava estudando no computador pinturas de um promissor artista plástico senegalês, Charles Dorit.
Tinha que decidir se ia apoia-lo em uma exposição em Viena.
Neste caso estava pensando faze-lo em colaboração com a Valentina.
Fazia um tempo que não a via, dado que ela estava bem ocupada colaborando com uma galeria de arte em Munique.
– Boa tarde Mattew.-
Estas palavras o surpreenderam.
Em teoria ninguém podia adentrar em sua propriedade sem a sua autorização.
– Boa tarde delegada Varien.-
– Me chama de Rose, que eu prefiro! E sim, tua segurança está com falhas: consegui chegar até aqui, só com meu distintivo, sem que você fosse informado.-
– Bom fazer o que! Vou pedir para Sicurmat corrigir a falha na segurança.-
Fechando o computador, Mattew acrescentou:
– Mas, Rose, por favor sente-se. Um chá gelado?-
– Obrigada, aceito.- respondeu ela.
Ele pegou um segundo copo, que estava na bandeja, e a serviu.
– Diga-me quais bons ventos te trazem. Ainda não desistiu da investigação? Pelo que eu sei ainda sou indagado como cúmplice de assassinato, e vocês nunca me devolveram a Beretta.-
Rose riu e respondeu:
– Sossega, que eu entrei hoje oficialmente de férias. Esta é uma visita de cortesia. E quanto a investigação, vai demorar bastante tempo para arquivar um caso de tríplice homicídio. Em todo caso já não sou eu que estou conduzindo.-
– Ah, não sabia!-
– Agora estou em uma força tarefa que está colaborando com a Interpol. Desbaratamos, semana passada, uma organização internacional de tráfico de mulheres, com sede na Alemanha e ramificações na Espanha, Áustria e Brasil.-
– Algo escutei no noticiário. Parabéns!-
– Mas vamos falar de outras coisas, senão você vai ter que recomeçar a falar de “hipotéticas” mulheres. Por exemplo: o teu parque aqui é maravilhoso em primavera.-
– Vamos pois dar um passeio, enquanto conversamos.- propôs Mattew.
Começaram a andar pela trilhas do belíssimo parque.
A um certo ponto Rose disse:
– Ana Pereira!-
– Quem?-
– A “hipotética” moça!-
– É você que diz!-
– Não se preocupa! Não temos nada contra ela. Isto é só um palpite meu, pelo passaporte que achamos no prostíbulo que estouramos, aqui em Graz, a semana passada. Indaguei e descobri que ela retirou o mês passado, por meio de um procurador, uma segunda via do passaporte no consulado de Frankfurt. Ela usou-o para viajar para o Rio de Janeiro e sabe quem estava sentado ao lado dela, na classe executiva?-
– Quem?-
– Nada menos que o Barão Mattew Shultz.-
– Que coincidência!- comentou Mattew, fingindo surpresa.
– É! O mundo é bem pequeno! Mas não vamos falar mais disto. Na realidade não tem nenhuma evidência que coloca esta Ana Pereira na cena do crime.-
– Vem comigo, Rose, que vou te mostrar uma coisa interessante que tem aqui perto.-
A trilha que eles seguiam foi parar em uma estrada estreita, porém asfaltada.
Depois de uma centena de metros chegaram em uma curva e encontraram na frente uma bonita construção estilo chalé, com uma garagem fechada.
– Vamos entrar pela garagem, que estou sem a chave da porta principal.-
Mattew chegou perto do sensor ao lado do portão. Colocou o indicador, e o portão abriu automaticamente.
Entraram na garagem, que estava vazia, e através de uma porta lateral, adentraram na casa.
O ambiente, uma sala com cozinha, era ao mesmo tempo elegante e rústico.
– Esta daqui é uma casa secundária, onde tanto meu avô, como meu pai, levavam suas amantes, para encontros íntimos. Eu mandei restaurar completamente, depois que herdei a mansão.-
– Então é aqui que você traz tuas amantes.-
– Na realidade, nunca trouxe nenhuma amante aqui, excetuada Valentina, que posso considerar mais namorada que amante.-
– Ah, ah! Então alguém você trouxe!-
– Digamos, então que sim! Mas o queria mostrar para você é isto.-
Mattew abriu a porta que dava para um quarto espaçoso, onde tinha uma cama king-size, um armário, uma cômoda e duas cadeiras.
Mattew acendeu um spot de luz direcionada, e indicou para a parede na frente da cama, onde não tinha nenhum móvel, e podia apreciar-se um grande afresco.
Era uma cena em estilo neoclássico, onde se via o deus Pã que espiava escondido umas ninfas que estavam banhando-se em um lago.
– Nossa! É bonito!-
– Pois é! Quando estava fazendo a reforma daqui, apareceu um artista brasileiro muito bom que gostava do estilo clássico. Então pensei bem comissionar-lhe, entre outros, um afresco que fosse em sintonia com uma alcova.-
– Então você me trouxe aqui com segundas intenções!- exclamou Rose.
– Claro que não! Eu sou um cavalheiro!-
– Você pode não ter segundas intenções, mas eu sim!-
Rose chegou perto dele e tascou-lhe um beijo.

Varien era uma mulher, divorciada, de quarenta anos, que tinha um filho de dez.
Nem feia nem bonita, era ligeiramente sobrepeso e achava que seus seios diminutos destoavam com seu corpo.
Gostava de sexo, e sentia falta dele, já que não era adepta ao sexo casual.
No início não tinha gostado do Mattew, por achar que estava atrapalhando a investigação, depois começou a apreciar a atitude cavalheiresca dele.
Começou também a acha-lo atraente, e a ter vontade de cair nos braços dele.
A visita daquele dia não tinha segundas intenções, mas quase.
Agora, deixar escapar uma chance caída de bandeja como esta, nem pensar!

Mattew ficou um instante sem ação depois pensou bem: os dois eram maiores de idade e vacinados, Rose era-lhe simpática e havia várias semanas que não fazia sexo com Valentina.
Beijou de volta Rose a abraçou forte.
Despiram-se.
Realmente o corpo de Rose, em comparação do da Valentina ou da Ana, não era bonito, mas Mattew era muito cavalheiro para se focar nestes detalhes.
Deitaram na cama e, naturalmente, escorregaram para um sessenta-e-nove.
O púbis de Rose era peludíssimo, mas logo Mattew descobriu que escondia uma boceta que era uma verdadeira maravilha.
Grandes lábios carnudos convergiam em um clitóris imponente.
Rose estava excitadíssima e o sabor era forte, áspero e afrodisíaco.
Ela também gostava de ministrar sexo oral, e sua boca parecia uma ventosa.
Não deu outra: Mattew gozou em dois tempos na boca dela.
Rose sorveu cada gota de seu abundante esperma.
Deitaram-se lado a lado na cama.
– Rose: tua boceta é uma verdadeira obra de arte.-
– Obrigada. Em compensação teu pau é grande, grosso e gostoso. E tua porra é uma delícia.-
Riram de seus cumprimentos esdrúxulos.
Começaram a beijar-se e logo o pau do Mattew recobrou o vigor.
Deitou encima dela a amou-a na mais clássica das posições.
Dado que ele já tinha gozado, a transa foi demorada e prazerosa.
A boceta dela, mesmo não sendo estreita, ela deliciosamente lubrificada.
A pedido de Rose, Mattew gozou fora da boceta dela, sobre sua barriga, depois disto ficaram deitados lado a lado, apreciando o afresco na frente deles.
– É bonito, e cheio de detalhes. Mais você olha, mais você descobre.-
– É! O pintor esmerou-se neste afresco. Os outros dois afrescos que ele fez, lá na casa principal, são também muito bonitos, embora mais castos. Acho que você nem notou, no dia da busca, de tão concentrada que estavas em achar sei lá o que.-
Rose riu e disse, enquanto fazia um carinho em seu amante:
– Você tem razão! Aliás, agora que penso bem a gente não chegou a fazer buscas neste chalé.-
– Ao que parece, não é só minha segurança que tem falhas…-
Riram de gosto e decidiram encerrar aí a seção de sexo.
Lavaram-se no banheiro anexo ao quarto, depois voltaram à pé para a mansão.
Durante a caminhada, Rose disse para Mattew, que queria adotar um método anticoncepcional, e se fez prometer que Mattew a considerasse como amante secreta.
Chegados na casa, já encarnaram o papel de amantes secretos: despediram-se polidamente e Rose voltou para Graz.
Mattew foi para seu estúdio e voltou a trabalhar com o computador.
Daí a pouco pegou o celular, e chamou Valentina.
Depois dos costumeiros comprimentos, ele disse:
– Você já viu obras de Charles Dorit?-
– Já sim. Achei interessante.-
– Pois é! Também achei. Estou considerando a hipótese de preparar uma exposição em Viena, e gostaria de contar com tua colaboração.-
– Acho que pode ser…-
– Vem cá, você poderia dar um pulo aqui em Graz, para discutirmos os detalhes da colaboração.-
– Acho que posso vir sim! Amanhã devo voltar para Linz, e depois de amanhã poderia vir aí em Graz. Venho com minha mãe, que está sempre querendo visitar o parque de primavera. E na verdade estou com muita saudade de você. É um século que não fazemos amor.-
– Eu também estou com muita saudade.-
Terminada a ligação Mattew guardou o computador e pensou, satisfeito, que logo poderia estar junto com a mulher da qual ele realmente gostava.
Fim

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