Eu e Beto, num fim de semana cheio de novidades e afetos

Acordei, vi que não era cedo pela claridade estreita que vinha da janela entre as madeiras, tentei sair do braço e da pernona mas não consegui sem acordá-lo, Beto abriu os olhos meio que sonâmbulo de sono ainda, me soltou do corpo dele, vai lá bebê fazer tuas obrigações, chama eu meio dia só.
Levantei, tinha tomado banho poucas hs antes, fui direto prá cozinha, abri a janela e o vitrô, comecei a preparar nosso café, cuscuz, sanduíches etc, Luciano roncava dentro do quarto, sabia que era ele pelo ronco alto, tava cansado aquele Homão, meu Homem tb agora, só ae olhei no relógio, ia dar nove hs já, coei o café, abri a porta, Seu Aroeira tava sentado lá na varanda pequena da casa dele, pernonas abertas fumando seu cigarrinho de palha como sempre, bom dia Seu Aroeira lhe falei, bom dia meu menino, achei que ia ficar sem teu café hj respondeu-me com um sorriso.
Enchi um copo prá mim, uma canecona prá ele e levei, tava sem camisa mostrando a barriga e a mata de pêlos brancos e pretos misturados que tinha no corpo todo, tava usando um short velho com suspensório, fim de semana sempre usava suspensório o velho, acho que era prá não deixar a coisa monstruosa abaixar o short com o peso dela, logo chegariam Vânia e Leuzinha, com mulher em casa era melhor se precaver, lembrei das palavras do Titio, vc vai fazer que seu coração mandar, mais nada, eu conhecia aquele homem como Homem já, tinha sido estranho aguentar aquilo tudo em mim, levei uns belos tapões dele prá ficar manso como ele tinha dito naquela tarde mas tinha aguentado ele inteirinho, vivia falando prá Beto que ele me dava muita moleza, nunca me corrigia mas eu gostava daquele véio cheio de força e disposição ainda, cheio de coisas prá contar, todo mundo gostava de Seu Aroeira, inda faltavam duas semanas pro aniversário dele, eu ia ter tempo de sobra prá pensar naquilo.
Sentei no degrauzinho da escada pertinho dele, minha bunda bem na beiradinha do degrauzinho, o Titio tinha me deixado todo ardidinho de verdade, acordou cedinho como sempre lhe perguntei, logico falou ele, dormir é pros mais novos, têm muito tempo, eu não, e tu garoto, parece que perdeu a hora hj, dormi um pouquinho mais respondi, mas tá bom, cuscuz já tá encorpando, só falta fazer os sanduíches que Vânia e Leuzinha gostam, Beto mandou chamar
ele só meio dia, Luciano tá roncando feito um caminhão feneme, tou sem pressa, tenho tempo de sobra.
Ah disse Ele, o galego parece que estourou umas pregas hj segundo Beto, vai dormir inté umas hs, fiquei quieto, Titio tinha estourado mesmo alguém por dentro mas não era quem eles tavam pensando rs.
Vou entrar prá fritar ovos e acabar o cuscuz lhe falei, se quiser venha, se for esperar pelos três levantarem, Sr vai comer cuscuz só no almoço, ele levantou-se enchendo a mão com a jebona prá ajeitá-la lá dentro, ah menino bom, vou mesmo, tou cheio de apetite hj respondeu.
Coloquei cuscuz na mesa, fritei um monte de ovos, enchi de novo a caneca de café dele, deixei ele comendo e na mesa mesmo de pé fiquei fazendo os sanduíches, queijo, mortadela, orégano, tomate, tudo misturado, sentei prá comer um frio mesmo, a forma só ia esquentar quando Vânia ou Leuzinha chegassem depois, Leuzinha sabia que ia demorar, Preá tava com o bolso cheio, iam chegar com uma bela feira com certeza, Seu Aroeira tava olhando prá mim com aqueles olhos escuros que pareciam que me via pelado ali na frente dele, me concentrei no sanduba, é disse ele bem baixo, os mais novos pensam que sabem tudo e sabem de nada, fosse eu ali onde Beto está, tu num tava aqui na cozinha comigo não meu menino, tava é gemendo comigo entalado até o talo, fiquei calado, Seu Aroeira quando tava sozinho comigo sempre falava desses assuntos, já tava acostumado, ficava sempre quieto, levantei, fui temperar a costela prá assar depois que o Titio queria, ele continuou sentado comendo, depois levantou-se e disse, vou tomar meu banho, tocar uma bela bronha pensando em alguém, depois vou andar ae pela área, colocar a conversa em dia com os camaradas, capriche ae nessa costela, mais tarde vou comer tb com certeza, ele foi lá pro fundo, olhei praquele costão largo e todo peludo, o véio tinha genética boa, ninguém diria que dia 22 já tava fazendo 66 anos aquele alagoano.
Depois ele deu tchau prá mim e saiu todo arrumado, fosse o tempo que fosse, Seu Aroeira só ia na rua de calça, camisa e sapatos, quando voltava ae ficava a vontade nos shorts e bermudas velhos dele, na rua era todo elegante o danado.
Deu dez e pouco, pus a formona de costela prá assar, meu Titio Luciano gostava dela bem assadinha e crocante, descaquei as batatas, na hora certa era só tirá-las da água com sal e colocar dentro do forno.
Faltava pouco prá Alberto e Vânia chegarem, ou Leuzinha com Preá, queria casa cheia, nada de conversa sozinho com meu Beto, um medo do cão dele desconfiar da minha semvergonhice, graças à Deus Leuzinha chegou logo, tagarelando como sempre mas falando baixo, o olhar do baixinho dela agora me olhando diferente, sabia dum terrível segredo meu e de Luciano o danado, sempre o tinha tratado muito bem, agora então, tinha que tratá-lo feito um rei, sentaram-se, pus os sandubas no forno fumegante já, dois minutos tava tudo pronto, Preá se atracou no cuscuz, Leuzinha já preferia os dois, comia cuscuz e sanduíche à vontade, quando Alberto e Vânia chegaram, já se sentaram e ficaram fazendo a festa, fui pegar a feira que tinham comprado lá no chão do alpendre prá guardar, era uma fartura só, até abacaxis trouxeram aos montes, bom prá suco e o aperitivo que Beto e todo mundo adoravam naquela casa.
Mal acabaram de comer, as duas já correram lá prá Gráfica, trocar as notícias com Dona Guilhermina como sempre, quer ajuda meu mlk perguntou Alberto, não, respondi, tudo adiantado já, tá bom então, vou ligar a tv baixinho e assistir na sala, qq coisa me chama falou e foi, tava cedo prá fazer arroz ainda, fui fazer minhas coisas, cuidar dos peixinhos, passarinhos do quintal etc.
Tava lá no fundo em meio às árvores, Luciano chegou junto, uma cara safada o Loirão tava, com um short preto daquele tecido tipo couro e sem camisa, o que eu tinha aguentado noite inteira se
mostrava todo dentro dele, então meu menino, deu prá descansar um pouco da surra perguntou alisando o rolão, deu, capotei bonito hj respondi, que bom, tb capotei depois que a casa ficou em silêncio, me deste canseira hj mas assim que quero sempre, esse cansaço me faz um bem da porra menino bom meu, acaba ae e vem servir meu café, coloquei banqueta lá dentro do banheiro, na porta ia dar mancada, sempre que o Mano não tiver por perto quero o mesmo tratamento dele blz, entra e põe minha roupa em cima da banqueta prá eu vestir, sujas e as cuecas que tu vai lavar agora tb, só pegar dentro do cesto, só não deixe o Irmão ver tu lavando as cuecas, faz teu serviço na maciota, aliás minha costela já tá xerando bom na cozinha, viu que eu tinha acabado, vamos lá aprontar meu café e obrigado pelo carinho dessa noite minha mulherzinha, choraste muito mas faz parte, o tempo faz tu se acostumar logo, entramos, ele comeu dois sanduíches e foi prum pratão de cuscuz, como diz o mano, nem sei pq mas acordei com uma fome do cabrunco hj me disse com aquela cara de safado que tinha comigo quando queria, eu olhando aquele Homão comer, tudo nele igual Beto era gigante, só pensava, é, sou de dois mosqueteiros agora, os mais fortes e bonitos de toda essa área aqui em volta, vou ter que me acostumar a agradar os dois e em breve meu mulato bonito todo tb, já imaginava como seria p menino de ouro de Miguel debaixo dele, sendo a mulherzinha dele tbm.
Alberto veio prá cozinha, vai acordar o Pai que hs me perguntou, daqui há pouco, meio dia ele mandou, ah tá, dez minutinhos falta só disse Ele, mal coloquei as batatas na forma da costela, já tava no horário, fui acordar meu Nego, o safado segurou minha mão e colocou na piroca durona dele rindo, num tomou vitamina ontem bebê, acaba ficando fraquinho, tira ela agora, nem vêm que não tem Nego eu falei, tou com costela no forno quase pronta já, é safado continuou Ele, deixa que de noite vou te dar dose tripla, duas na boca, outra na bundinha, me aguarde.
Voltei prá cozinha, Beto saiu do quarto e foi tomar banho, Alberto tava lá fora vendo o movimento
da rua, Luciano perto de mim perguntou baixinho, queimando muito ainda lek o rabinho, tá ardendo bastante eu disse, esquenta não meu menino, de noite tu tá pronto pro Mano, ele.não vai notar nada diferente, olhei mais calmo prá ele, esse short teu parece cueca eu falei, ele riu dizendo
e me alisando o queixo, tu gosta de ver as coisas do Titio dentro que eu sei né, num é short nem cueca, é sunga de praia meu menino, já vou colocar lá no cesto prá tu lavar e botar um short.
Foi pro quarto, Beto saiu como sempre varado de fome do banheiro, foi na janela, chamou Alberto prá entrar, ficou na cozinha comendo e papeando com Ele.
Luciano saiu do quarto junto com Miguel, só num short de nylon branco mostrando o corpão bronzeado, Miguel tinha dormido de calça jeans clarinha, o cinto aberto e o botão de cima aberto mostravam uma cueca preta, os pêlos aparecendo por cima, as coxas torneadas marcando o tecido, aquele mulato de pele cor de cobre era lindo, deu bom dia pra nós, uma piscada bem safada prá mim saiu dos olhos cor de mel, sentou na mesa, ficou se servindo e eu pensando, Ele e Luciano não tem segredos, deve tar sabendo já que agora sou de Luciano tb e enfim vou ser dele assim que der também.
Luciano de pé na entrada do corredor, Beto lhe perguntou enquanto devorava seu cuscuz, e ae mano, o rapazinho te deu muito trabalho esta noite, deu falou Luciano rindo, trabalho de levar ele embora assim que vcs saíram, oxi continuou Beto, tu não apareceu no Baile, achei que tava estourando Arizinho todo aqui, Alberto riu e disse, vcs são foda, melhor não ficar de costas prá nenhum dos dois, Luciano riu falando, acha Mano que eu ia destrinchar o danado bêbado daquele jeito, sou desses não, verdade falou Beto, ouvir os gritos dum mlk lhe estourando as pregas é bom demais mas bebinho perde a graça mesmo, é disse Luciano, cruzei com uma rapariga da General, me deu desconto, estourei foi ela, até esqueci do Baile, ouvimos o vozeirão de Leuzinha vindo no corredor lá fora com Vânia, o assunto mudou completamente, Miguel sentado sempre que eu olhava prá ele, tava com a cara de safado, parecia me dizer, nossa hora tá chegando menino de ouro, vou te mostrar o que é bom.
Às duas entraram tagarelando cozinha adentro como sempre, duas preguiçosas lhes disse Beto, mlk se acabando aqui na cozinha e vcs batendo perna em Dona Guilhermina né, não sogrinho linguarudo falou Vânia, perguntei pro meu bonitão se queria ajuda mas já tava tudo engatilhado, arroz vc só quer o dele, eu e Leuzinha vamos fazer a salada, então caprichem disse Miguel, salada do meninão é dos deuses, aff falou Leuzinha, vcs tiram até a vontade da gente fazer as coisas, pois vamos fazer um vinagrete de beringela dos deuses tá, vão estragar é a beringela falou Luciano, o lek deixa as beringelas horas de molho antes de queimar no fogo, ai ai continuou Leuzinha, quem não gostar que não coma uai.
Pessoal foi lá prá fora, as duas ficaram na cozinha, fui lá prá fora descansar as pernas um pouco, sentei no degrau, um minuto depois Beto já começou, chegue aqui prá mesa rapazinho, tá cum medo de que, nada eu respondi, tá gostosinho o sol aqui nas pernas, já já vou lá cortar a costela, só tou esperando as duas desocuparem a pia, tá bom teimosinho, respondeu Ele, torra as perninhas ae no sol.
Ouvimos um barulho de carro estacionando em frente de casa sobre a calçada, ê disse Luciano, Edvaldo tá vindo filar a bóia, Edvaldo esta hora tá é indo recolher dinheiro nos comércios falou Beto, capaz de ser Regis, nenhum nem outro, era o bonitão do Murilo, entrou com a calça roxa apertada dele, só usava cores cheguei o danado, pior que tudo nele caía bem.
Eita, que houve disse Beto, sabadão tu aqui, pois é, tava lá na Oficina vendo as coisas com o Contador, pessoal dos navios ligou, três navios deles vão tar ancorados até terça na barra, querem revisão nos três, um não tá refrigerando corretamente, os outros dois é só revisão mesmo, preciso de tu amanhã às seis lá na esquina da Xavier, te pegam lá, serviço prá mais de um dia, ô caraio disse Beto, logo num domingão, é disse Murilo, mas dinheiro é bom, os gringos não fazem economia, liguei pro Patrão, vinte por cento da fatura é teu, Beto até assoviou, ihullllllll, agora encerro minha dívida com o Portuga, tou dentro, vamos buscar as ferramentas e gás, já trouxe falou Murilo, só pegar no carro, lá foram eles buscar as coisas lá fora, fiquei até com pena de Beto, ele gostava de ficar sempre jogadão em casa no domingo.
Murilo não quis ficar pro almoço, combinou os detalhes, comeu um pouco da costela cozida e foi embora, ê mlk me disse, se avie nos abacaxis que Preá trouxe, depois do almoço acabo com eles, meu Domingo vai ser hj falou Beto.
Lá fui eu picar as costelas e fazer o aperitivo de abacaxi, só ficava bom com pelo menos duas hs descansando na geladeira, fiquei rindo com Vânia e Leuzinha queimando as beringelas no fogo, aquelas duas não nasceram prá cozinha não.
Fiz tudo que tinha que fazer, fui pro sofá assistir Almoço com as Estrelas, eu adorava aquele programa, ninguém ia querer almoçar cedo, todo mundo empampuçado do café ainda, Beto veio até a sala, tá bem meu menino perguntou-me, tou Nego, respondi, meio mole só, depois do almoço dou um coxilo, blz disse-me passando a mão na coisa, vamos prá cama cedinho hj, tás sem tua vitamina e eu tou todo vontade meu sem vergonha, voltou lá prá fora, começaram as bebidas, as meninas lá fora na calçada, da sala eu ouvia as risadas delas, de tudo tiravam sarro.
Luciano veio depois na sala tb, sentou no outro sofá e perguntou, e ae meu menino, tá melhor do estrago que eu fiz, tou, respondi, que bom disse Ele com cara de sem vergonha, amanhã se prepara, Beto no navio, tu já sabe né, fiquei calado, ele voltou lá prá fora.
Povo resolveu almoçar já eram quase 4 hs, Beto tirando sarro do vinagrete das meninas mas tava uma delícia a beringela, Luciano encheu uma tigela só com arroz e costela assada, tava com desejo mesmo, benza Deus disse Claudionor olhando a tigela, teu pau de arara chegou quando aqui em SP galego, ando meio fraco respondeu Ele rindo, se não comer bem num guento o trampo, eu bem sabia de que trampo o grandão tava falando.
Povo tava acabando de comer chegou Edvaldo, sozinho, já se sentou e fez um belo prato, tava correndo os comercios recolhendo dinheiro dos bichinhos de pelúcia, então Claudionor, aproveita Edvaldo e vai buscar nosso saco de areia prá nós treinar falou Beto, isso mesmo disse Luciano, já passou da hora disso tar aqui.
Edvaldo almoçou ou jantou, era quase fim de dia já, tomou uma cerveja e foi com Claudionor até a antiga pensão prá buscar o tal saco de pancada, as meninas se enfiaram lá em Dona Guilhermina prá cuidarem da blz, aquelas três era um tal de bobe prá lá e prá cá, até ovos e maionese botavam no cabelo, tudo que liam nas revistas queriam experimentar, só sei que ficava uma catinga só até lavarem a cabeça depois.
Seu Aroeira chegou com Seu Clemente, tavam os dois meio alegres já, eita Aroeira falou Luciano, desde cedo na rua, tomou foi todas hen, só uma meia dúzia respondei ele rindo, agora vou tomar um banho, filar a bóia de vcs e dormir até a hora de ir pro baile, Beto fez sinal prá mim ver se a comida tava quente ainda, voltei prá cozinha, Seu Aroeira e Seu Clemente sentaram, fizeram um prato gigante cada, deixei eles comendo e fui prá sala ver tv.
Beto veio até a sala, tás estranho bebê, me conta, é saudades da mãe, tb respondi mas já acordei meio mole hj, teimoso disse Ele, deve ter ficado grudado com Preá na tv até sair do ar né, verdade respondi, era melhor o Nego pensar isso mesmo, semanas que vem vamos lá continuou Ele, visita rápida, jantamos e voltamos, nada de dormir lá, tá certo eu falei, queria dar um pulinho lá em Maria Giló só, se ela quiser te ver continuou o chato, ela vai na mãe, é da casa caraio, já te falei mil vezes, não te quero enfiado na casa dos outros, tá bom patrão respondi rindo, o Nego não queria entender as coisas, eu em casa de Giló ou na minha era a mesmas coisa, ele cismava era com o Irmão mais novo dela, tinha uns dezesseis, dezessete anos, era sem vergonha mesmo, mlk criado na rua o safado.
Hj cabou tua novela cama, disse Ele, já tome teu banho antes, cinco hs tou de pé, café e cuscuz têm que tar pronto na mesa, gosto dessas comida de navio não, tu sabe, vou por o rádio prá despertar 04.30, tá bom respondi, tua vitamina tá atrasada, vai cansar a boquinha tb disse rindo, voltou lá prá fora, fiquei na sala, Edvaldo e Claudionor voltaram, fui lá ver onde iam pendurar o saco, Beto ia pedir minha opinião mesmo, pedia prá tudo que entrasse em casa.
Meu ‘ irmão ‘ tinha um saco desses lá em casa mas esse era gigante, pensei, vão quebrar a mão dando soco nisso, único lugar prá colocar a coisa era lá na ponta do alpendre prá não atrapalhar a passagem, Clemente se pendurou na viga, mandou Beto se pendurar tbm prá saber se aguentava o peso e mãos à obra, nuns quinze minutos o saco tava pendurado, era compridão mesmo prá dar socos e chutes tbm, exercitar as pernas me explicou Beto que já foi socando e jogando o saco dum lado pro outro.
As meninas chegaram, Luciano tapou o nariz quando elas chegaram perto, calma galego, gritou Leuzinha, já vamos lavar a cabeça, fizemos um tratamento revolucionário hj, aprendi na Contigo, amoníaco com polpa de abacate, deixa os cabelos lisos e macios, vcs vão é ficar carecas logo logo continuou Luciano, as duas correram pro banheiro, até Edvaldo comentou, catinga do caraio, Alberto e Preá caíram na gargalhada, só lavarem a catinga some disse Alberto.
Às duas saíram do banheiro, Beto falou, quem quiser jantar cedo, mlk tá aqui, já já ele vai tomar banho, ver a novelinha e cama, vamos madrugar de manhã, quem for comer mais tarde se vira, eu mesmo vou é tomar whisky com os abacaxis, de manhã me entupo de cuscuz antes de ir pro trampo, só Miguel quis comer, esquentei de novo as comidas, ele entrou prá comer um pouco, ficava em pé a noite inteira no Baile o coitado, tinha que se alimentar mesmo.
Coloquei vinagrete e um pedaço de costela assada prá mim, Beto ia mandar eu comer mesmo, me adiantei, o safado do Miguel como sempre comendo e me dizendo besteiras, ê menino de ouro, dessa vez te pego, vai se assustar não quando ver a bixona preta e cabeluda durona apontada prá ti, eu só ri, tava acostumado a ouvir isso saindo da boca dele, se Beto ficar no navio amanhã, amanhã vai ser teu dia de sorte, vai conhecer o Macho aqui e saber o que é um Homem, depois tu vai me dizer se têm outro igual a mim tá, danado com aqueles olhos cor de mel tava falando sério desta vez, não falava em tom de brincadeira não, eu não sabia o que falar, ouvi tudo quieto.
Comemos, ele foi tomar banho, arrumei nossa louça, cobri as comidas e fui tomar o meu tb, não queria perder a novela por nada, negócio tava pegando fogo na novela e na cidade, eu ouvia as histórias da antes pacata Roseira no rádio, agora tudo que é romaria prá Aparecida do Norte, os romeiros exigiam que os ônibus entrassem nela, diziam que as moças e até mulheres mais velhas confundiam os rapazes de lá com os atores da novela, desciam loucas dos ônibus prá arrancarem pedaços das roupas deles, os coitados tinham que correr pulando muros prá escaparem das malucas, ah eu lá dizia Claudionor, iam todas se fuder, corria delas nada, ia meter meu minhocuçu nelas todas, eu ria do jeito dele falar, era muito engraçado o sem vergonha.
Saí do banho, fui prá sala, ficamos eu, Leuzinha, Vânia e Miguel assistindo, Miguel gostava de ver mas antes de acabar ia pro trampo no baile, a gente contava o resto depois prá ele, Luciano e Beto tavam tomando banho, resto do povo tava tudo lá atrás, só se ouvia as risadas deles, falavam de putaria com certeza.
Miguel saiu junto com Luciano pro Baile, dois pães de coco estavam, lindos de viver, minha cabeça tava tonta de tudo, aquele gigante loiro tinha me pego de jeito, Miguel na fila prá pegar tb, já já Beto me punha prá deitar tb, tava frito, nem imaginava o que ia dar aquilo tudo, nem queria pensar nisso, Beto tava deitado já assistindo faroeste no quarto, mal acabou a novela, da cama mesmo ele chamou, vem mlk, vamos acordar no escuro ainda de manhã, vem logo.
Entrei no quarto, danado tava lindo só com uma cueca preta e os pernão abertos na cama me esperando, encheu a mão com a piroca dentro da cueca, dose dupla de vitamina hj rapazinho, ou tripla me disse com aquele riso safado.
Deitei vestido, e então bebê, vai ficar peladinho pro Pai ou quer que eu tire, eu tava envergonhado, inda bem que as luzes tavam apagadas, única claridade era da tv, por pouco tempo, assim que fiquei nú ele levantou, aumentou um pouco o som da tv e acendeu os dois abajures, tirou a cueca e a jogou em meu rosto, do quarto dava prá ouvir o som da tv ligada na sala, do outro lado da parede Alberto e Vânia assistiam tv tb, pirocão do Nego tava todo armado, ele pôs um dedo na boca pedindo silêncio e se deitou de novo, virou meu rosto e cobriu minha boca com a dele, o beijo do Nego era sempre molhado, quente e doce, minha língua parecia mergulhar num pudim de leite condensado ainda morninho, eu sentia aquela língua voraz mais sempre carinhosa ao mesmo tempo que a coisa durona dele e quente tb colava em minha barriga, ele parou o beijo, com o bração empurrou minha cabeça pro meio das pernas dizendo bem baixinho, hora de tomar a primeira dose da vitamina rapazinho, na segunda tu capricha começando pelos meus pés, quando chegar no meu saco, a segunda dose já tá no ponto de novo, num tinha como recusar nada pro meu doce Beto, o remorso ou coisa parecida fazia que eu ficasse com mais vontade ainda de agradar e fazer tudo do jeito que ele gostava, lambi aqueles coxões fortes e musculosos, ele já soltou uns gemidos em tom baixo só com isso, pulei pras bolas, funguei elas sentindo o xero gostoso e suguei as duas prá dentro da boca ao mesmo tempo, delícia meu safado exclamou ele gemendo, fiquei chupando, sugando as delícias, com Beto prá mim era tudo natural, na noite anterior eu tinha feito aquilo com Luciano, um Homem, agora tava fazendo a mesma coisa só que com o meu Homem que mais que antes, agora eu tinha a obrigação de agradar do melhor jeito que eu pudesse, e agradei, entregue minha boca e língua como nunca antes, elas eram daquele saco, daquelas bolas cheias e lindas por completo, era uma coisa completamente natural passear, sugar aqueles pêlos e peles, sentir os ovos revirando quentes em minha boca, ele não precisava dizer nada, meu instinto só me dizia, agrade, agrade muito, tá agradando teu Macho de verdade, o teu verdadeiro Homem, eu caprichava ouvindo minha delícia dizer bem baixinho repetidas vezes, ai mamãe, tenho que matar mamãe, ai mamãe, olha que meu bebê faz comigo.
Nosso fim de noite correu maravilhoso, Beto tava com apetite e eu querendo agradá-lo como nunca, me deu duas fartas doses de pura vitamina, no meio da segunda mamada ouvimos o som da tv da sala sumir e o barulho da porta do quarto se fechando, Alberto e Vânia tinham entrado prá dormir, eu e o Nego ficamos mais à vontade ainda, aquele safado tinha disposição e muita praquele trabalho rs, mal soltou a segunda dose do coalho delicioso, descansou um pouco conversando comigo e foi pros finalmente, me pegou de lado e meteu gostoso a pirocona em mim, eu estremecia com aquela mão massageando meus peitos e barriga, era um calafrio atrás do outro que meu Nego me causava, deixei ele se lambuzar até ficar satisfeito de tudo, apertando minha barriga com força, quase enfiando as unhas em minhas carnes, ele chegou onde queria, eu sentia o pulsar da danada lá dentro, o leitão quente saltando e me banhando, os gemidos de prazer e gratidão que ele soltava atrás de mim, foi uma noite prá não esquecer aquela.
Levantamos nús e fomos tomar um banho rápido, voltamos pro quarto, Beto colocou o rádio relógio prá nos acordar 04.30, já era quase uma da manhã, nosso sono ia ser bem curto, me prendeu com o pernão e o braço, dormimos os dois na mesma hora acho.
O pim pim chato nos acordou, levantamos na mesma hora, o Nego prá compromisso de trabalho não tinha sono nem preguiça nunca, foi pro banho, coloquei as águas prá ferver e fui ajeitar a mochila de roupas dele, shorts, camisetas, bermuda e meia dúzia de cuecas, Beto detestava ficar com a mesma cueca por muitas hs, assava a virilha dizia Ele.
Saiu do banho, eu tava coando café, fazendo o cuscuz e fritando ovos e bacon, foi pro quarto pôr o macacão e veio prá cozinha repor as energias com café e cuscuz, sentei comendo um pouco com ele, já começou a ditar a cartilha, dentro de casa dia inteiro rapazinho, quero saber de tu no meio das pingaiada não hen, obedece senão te arranco o couro quando eu chegar, eu até ri, a cartilha de Beto pouco mudava, nem precisava falar, na ausência dele quintal era coisa proibida prá mim, era sala cozinha e mais nada prá mim poder circular.
Danado se entupiu de cuscuz, nos navios podia ter as melhores comidas do mundo mas meu Nego gostava da comida é de casa mesmo, não trocava por nenhuma outra, depois escovou os dentes, guardou escova e creme dental na moxila, colocou nas costas, inda tinha a caixa metálica grande e pesada com as ferramentas e o vasilhame de gás pesado tb prá carregar três quadras e meia até onde iam pegar ele lá na esquina com o cais, dava pena do meu Nego, dia de domingo começando a clarear e ele já na lida, saiu, abri a janela da sala prá me despedir, da calçada em baixo ele disse, reza meu bebê, prá ter muito enrosco me esperando nesses navios, de repente quito minha dívida com o Patrão de vez, ae nós respira melhor aqui em casa, jogou um beijo com os dedos e saiu andando, fiquei na janela olhando com dó, mesmo praquele Homão o peso que ele carregava era muito, da esquina da Amador Bueno ele se virou e fez sinal prá mim voltar prá cama e fechar a janela, na mesma hora por obra de Deus, Claudionor e Seu Aroeira viraram na esquina da São Francisco voltando do baile, viram eu na janela e Beto na outra esquina e gritaram, espera Beto, nós te ajuda a levar a carga até a Xavier da Silveira, Beto ficou lá esperando, fiquei aliviado, Seu Aroeira passou por mim dizendo, prá dentro safado, isso é hora de tar pendurado em janela não, eu ri, fiz sinal com a mão pro Beto, fechei a janela e voltei prá cama mas não dormi mais, meu sono tinha ido embora, levantei, fiquei sentado no alpendre ouvindo os passarinhos cantarem nas árvores, pareciam me dizer, e então mlk, já tamos com fome, aos domingos eles tinham variedade, frutas e giló Preá nunca esquecia de trazer da feira aos sábados, logo Seu Aroeira e Claudionor entraram, os dois suados, Beto é doido falou Claudionor, levar um peso danado daqueles sozinho, podia ter chamado Alberto prá ajudar, não falei nada, conhecia seu Alberto Oliveira da Silva como ninguém, ele ajudava todo mundo mas não gostava de incomodar ninguém.
Perguntei se queriam tomar café antes de dormirem, ah lek disse Claudionor, teu cuscuz num se pode recusar nunca não, os dois entraram, servi eles, abriram a camisa prá ficarem mais a vontade e se fartaram, a cozinha ficou xerando cerveja, deviam ter tomado todas aqueles dois, e Luciano com Miguel perguntei, sei lá, tão cheio de segredinhos aqueles dois, acho que foram prá Seara virar umas saideiras, logo tão aqui.
Acabaram de comer, é disse Seu Aroeira prá Claudionor, depois desse café tou novo, já pensou se o mlk fosse igual ao nosso cabra lá de Clemente, era só levar lá pro quarto e nós fazer a festa, Leuzinha e Preá dormem feito pedra mesmo, verdade disse Claudionor, foda que Beto comia nossos fígados sem tempero assim que soubesse, Seu Aroeira deu um riso sem vergonha de tudo e disse, é mas se o lek quisesse, ele nunca ia saber, vamos dormir, entraram lá prá casa deles, eu nunca dizia nada ouvindo essas conversas, melhor ficar calado eu achava.
Fui cuidar dos passarinhos e meus peixinhos, depois sem fazer barulho fiz um formão de sanduíches, todo mundo dormia ainda, enchi a caneca do Beto de café, sentei e fiquei bebericando nela
Tava na metade da caneca, Miguel e Luciano entraram, Luciano de olhos avermelhados de sono ou cachaça creio, Miguel não, aqueles olhos cor de guaraná ou mel nunca mudavam de cor, tavam sempre brilhantes e lindos, o Mano foi na hora certa pro navio perguntou-me Luciano, foi, respondi, Seu Aroeira e Claudionor chegaram na hora que ele tava indo e ajudariam ele a carregar as coisas, que bom continuou ele, ah menino bom, sorte tua de Alberto e Vânia tarem aqui senão tu ia ver só, reza prá Beto voltar hj senão tu tá lascado na nossa mão, só se for na tua disse Miguel alisando minha cintura, na minha meu menino de ouro vai ter a melhor noite da vida, prometo e cumpro disse o sem vergonha calmamente e olhando dentro dos meus olhos, fiquei vermelho e quieto, aqueles dois tavam planejando as coisas sem nem saberem o que eu achava disso, os dois tomaram banho e foram se deitar, eu fiquei adiantando umas roupas no tanque esperando a turma enfim acordarem e virem prá cozinha, mal sabia eu o que aquela noite de Domingo me reservava, Seu José Miguel da Costa ia me provar o que tinha dito pouco antes, os homens podiam ser todos iguais como diziam as mulheres mas Ele tava fora dessa lista, não era homem, era um anjo-demonio, tudo junto e misturado, minha cabeça nunca mais seria a mesma depois dele.

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