anjos inocentes 26

Acordo no outro dia e vejo o meu primo dormindo em sua cama, acho que ele gosta de dormir até mais tarde, até por que estamos de férias escolares.
—oi tia – eu disse ao encontra-la na cozinha tomando o seu cafezinho.
—oi Thiago, esta tudo bem? – ela perguntou ao ver meu semblante um pouco triste pelo meu primo.
—esta sim tia, só estou me adaptando ainda, cadê o meu tio?
—ele já foi trabalhar, esta lá na oficina, vai lá, assim você aprende um pouco sobre mecânica – minha tia disse sorrindo.
—sim tia, daqui a pouco eu vou lá.
Após tomar meu café, me sento no sofá e fico a assistir televisão, meu primo passa por mim e vai até na cozinha, ouço ele discutindo com minha tia querendo mais dinheiro, após isso ele sai sem nem ao menos me cumprimentar, decido ir atrás.
E de-novo ele vai até aquela casa e depois desce pela rua deserta e sem saída onde seus amigos maloqueiros o aguardavam e desta vês eu tomo coragem e me aproximo.
—PORRA THIAGO, O QUE VOCE VEIO FAZER AQUI CARALHO? – meu primo disse furioso.
—quem é esse moleque ai? Um daqueles garotos vestido de mano perguntou.
—relaxa gente, ele é o meu primo.
—vem João Pedro, vamos para casa – eu disse tentando tirar o meu primo dali.
—há lá, o João Pedro arrumou uma babá agora – o garoto disse e eles começaram a rir do meu primo o deixando irritado.
—VAI EMBORA THIAGO, AQUI NÃO É LUGAR PRA VOCE.
—eu só saio se você vier comigo.
—tá tranquilo João Pedro, deixa o pivete ai, quer dar uns pegas também pra relaxar – ele disse me dando o cigarro de maconha.
—eu não vou usar essa porcaria, não sou drogado – eu disse e joguei o cigarro no chão.
—seu moleque filho da p…. agora você vai apanhar muito.
—no meu primo ninguém vai bater não, se alguém encostar um dedo nele vai se ver comigo, agora vem Thiago, vamos pra casa – meu primo disse.
—para de usar estas coisas João Pedro, isso não presta – eu disse a ele enquanto caminhávamos pra casa.
—você não entende Thiago, eu não posso mais parar – meu primo disse me tratando bem melhor que antes.
—é só parar primo, não tem nada demais nisso, deixa de andar com esses meninos, eles não são boas pessoas.
—Thiago, essas coisas viciam, eu quero parar más não consigo.
—então peça ajuda aos seus pais.
—você ficou louco Thiago, eles me matam se souber disto.
—eles te amam João Pedro, eles vão te ajudar.
—não posso, eu tenho medo e vergonha de contar pra eles.
—por favor, conte a eles, eu vou estar ao seu lado, o que não pode é você continuar com isto, não quero que você estrague sua vida por causa disto.
—tá ..eu vou pensar, más eu quero que você me prometa que nunca mais vai naquele lugar e que fique longe da gente.
—eu prometo, más você precisa de ajuda, fale com seus pais por favor.
—eu disse que vou pensar, não é fácil falar essas coisas.
Após essa conversa com o meu primo eu fiquei um pouco mais aliviado, logico que ele levar uma grande bronca dos seus pais, até apanhar eu acho, más seria o melhor pra ele, os dias foram se passando e ele não mudava, ele não contou aos seus pais e continuava a sair e encontrar seus amigos e usar drogas todos os dias, era mais forte que ele, eu decidi ir conversar com aqueles garotos.
—olha lá, é o primo do João Pedro chegando – disse um deles.
—o que você veio fazer aqui moleque, seu primo não esta aqui, ou você é muito burro ou tem muita coragem – o outro disse.
—eu vim pra dizer que eu quero que vocês fiquem longe do meu primo, não quero ver vocês mais com ele – eu disse firme e sério pra eles.
—ou então o que? – eles disseram.
—eu já dei o meu recado, ou vocês fiquem longe dele ou eu vou entregar vocês.
—como é que é seu cagueta, você ficou louco carinha? Você vem aqui e fala na nossa cara que vai nos entregar.
—é isso mesmo, eu vou entregar vocês se não se afastarem do meu primo.
—cara, se prepara que agora você vai apanhar muito.
Eles disseram e vieram os dois para cima de mim, eles eram mais fortes que eu, quando eu me dei conta da merda que eu fiz já era tarde, eu já estava apanhando, os chutes e os socos viam de todos os lados, eu mal podia me defender, senti meu nariz escorrendo sangue, meu corpo doía muito a cada golpe, eu cai no chão e eles continuavam a me bater.

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≠≠≠ parte especial contada por João Pedro.

Eu me levantei e não vi o Thiago, que estranho, ele sempre esta em casa quando eu acordo, esse fedelho me enche muito saco, más no fundo eu gosto muito dele, ele é um primo bem legal, será que ele esta lá na oficina com o meu pai? Encontro minha mãe na cozinha e pergunto a ela onde ele esta.
—mãe, cadê o Thiago? Ele esta lá na oficina com o meu pai?
—não filho, ele saiu dizendo que ia dar uma volta por ai, más por que você esta me perguntando? Você nunca se importa com ele.
—hei! Aonde você vai correndo deste jeito menino – minha mãe gritou a me ver saindo desesperado sem responde-la.
DROGA THIAGO ..VOCE NÃO PODE TER FEITO O QUE EU ESTOU PENSANDO …era tudo que eu pensava enquanto corria o mais rápido que podia em direção a rua sem saída, infelizmente quando eu chego lá eu vejo os garotos batendo nele, ele estava apanhando, já cheguei na voadora, eu era bem mais forte que aqueles meninos e sabia brigar, por sorte eu cheguei a tempo e sozinho dei uma surra neles que saíram correndo quando viram que estavam apanhando.

—ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM, AINDA VOU PEGAR VOCES – eu gritei para eles enquanto fugiam.
—meu deus Thiago, droga droga droga ..eu te falei que não era para vim aqui – eu disse enquanto o ajudava a se levantar.
—me …per..perdoa ..pri..primo, e..eu precisava fazer alguma co…coisa pra te tirar disto – o Thiago disse mole com dificuldade por estar bem machucado, seu nariz sangrava muito, sua camiseta estava vermelha de sangue.
—tá tudo bem Thiago, vamos logo pra casa, você precisa de cuidados.
—MINHA NOSSA SENHORA …O QUE FOI QUE ACONTECEU –minha mãe disse espantada ao nos ver, ao ver o estado que o Thiago estava.
—calma mãe, eu vou explicar, más primeiro temos que cuidar dele.
—cuidar! Temos que levar ele para o hospital, vai lá na oficina e chama o seu pai logo.
—não mãe, meu pai não.
—vai logo João Pedro, me obedeça e vai lá chamar ele agora.
—nã…não…pre… precisa tia, eu esto…tou ….bem – disse o Thiago se enrolando nas próprias palavras.
—você não esta bem não Thiago, vai pro hospital sim.
—poxa gente, eu estou atrasado com meu serviç……….DEUS DO CÉU, O QUE FOI QUE HOUVE COM VOCE THIAGO – meu pai disse ao velo.

Meus pais levaram o Thiago no hospital, por sorte seus machucados eram superficiais, más precisavam de muita atenção, foram batidos alguns raio x onde doía mais e ainda bem que não acusou nada de grave graças a deus, eu falei pros meus pais que alguns garotos bateram nele na rua, más não disse o porque, ele foi liberado no outro dia a tarde e assim que chegamos em casa ele já foi logo dormir por conta dos analgésicos que lhe davam sono, eu estava muito tenso e com medo, más é como o Thiago disse, ele tinha razão, precisava contar aos meus pais, isso tinha que parar e só eles poderiam me ajudar a sair disto.

—eu estou indo pra oficina, tenho que terminar o conserto e entregar o carro do cliente logo, estou bem atrasado com isto – meu pai disse e ia saindo.
—pai, espera por favor.
—filho, eu já disse que estou atrasado com o serviço.
—eu preciso conversar com o senhor e com minha mãe, eu tenho algo bem grave para confessar.
—o que foi agora João Pedro? o que que você aprontou desta vês? – meu pai disse começando a ficar bravo.
—filho, o que você quer nos contar? – perguntou a minha mãe.
—pai, mãe … vocês vão ficar bravos e eu vou entender, se quiserem me bater eu vou merecer, o que eu tenho a contar é ……………..
—fala logo de uma vês garoto – minha mãe disse seria e preocupada me interrompendo.
—calma bem, deixa o menino contar, vai filho, nos conte.
—desculpa pai, desculpa mãe …eu me envolvi com amizades ruins e acabei me envolvendo com drogas, me perdoem por favor, eu não quero mais usar, más não consigo parar – eu disse e comecei a chorar.
—você João Pedro, meu filho usando drogas, eu não posso acreditar meu deus …agora esta explicado o motivo de você querer dinheiro todos os dias – minha mãe disse e sentou na cadeira e começou a chorar de desgosto.
Meu pai não chorou, más eu via as lagrimas descendo dos seus olhos, ele me olhava e eu não sabia o que ele iria fazer.
—vai pai, pode me bater, eu mereço.
Meu pai veio até mim, eu coloquei meus braços sobre minha a cabeça só esperando a surra, más para minha surpresa ele me abraçou muito forte.
—como você foi se envolver com isto João Pedro? …eu estou muito decepcionado com você e também estou com muita vontade de te dar uma surra bem dada mesmo, más não é isso que você precisa agora, você precisa de ajuda meu filho e vamos resolver isto, somos seus pais e te amamos muito e juntos vamos conseguir.
—me desculpem por favor – eu dizia e se engasgava no próprio choro – sou um filho ruim, se vocês quiserem eu vou embora.
—não fala bobagens filho, somos seus pais e te amamos, devíamos ter percebido isto, você andava muito estranho nesses últimos dias, vamos cuidar de você meu filho.
—eu quero parar pai, más é mais forte que eu – ao mesmo tempo em que eu falava com eles eu não conseguia conter o choro, minha mãe, coitada, ela continuava a chorar debruçada sobre a mesa.
—tá tudo bem filho, você tem a nós agora para te ajudar, o mais importante é que você se abriu conosco e quer parar, vamos procurar o melhor tratamento para você.

Após a minha mãe absorver toda essa onda de choque, ela também veio me abraçar, meu pai não foi mais trabalhar neste dia, ou seja, mais serviços atrasados, e agora eu iria precisar colocar a mão na massa e ajuda-lo, não porque eu devia, más por que eu queria, não sei como iria ser as coisas de agora em diante e o que eles iriam fazer para me ajudar, más uma coisa eu tinha certeza, eu precisava agradecer ao Thiago, em nenhum momento ele desistiu de mim, mesmo eu o tendo tratado tão mal, ele foi um verdadeiro anjinho que apareceu na hora certa e me abriu os olhos e me tirou deste caminho que só trás dor e sofrimento, tanto para o usuário e mais ainda para a família.

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Ai que dor, eu disse pra mim mesmo ao acordar, eu estava todo dolorido, levei a maior surra da minha vida, me olhei no espelho que tinha ali na porta do guarda roupa e minha pele tinha marcas de hematomas em alguns pontos, se não fosse o João Pedro aparecer acho que eu era um menino morto nessas horas, como eu pude ser tão burro e ir lá naquele lugar sozinho, meu pai me ligou, imagino que meu tio contou a ele o ocorrido.
—oi Thiago – João Pedro disse ao me ver terminando a conversa com meu pai e encerrando a ligação – deixa eu te ajudar – ele disse e me ajudou a me deitar de volta, desta vês em sua cama, ele também colocou mais um travesseiro pra eu apoiar a minha cabeça.
—valeu João Pedro – eu disse.
—como esta se sentindo?
—dói tudo, parece que eu fui atropelado por vários carros.
—eu te avisei Thiago, as coisas poderiam ser bem piores se eu não tivesse chegado lá a tempo.
—tudo bem primo, o importante é você ficar longe dessas coisas, elas vão te destruir, me promete que você vai parar.
—claro Thiago, eu prometo e desta é pra valer, eu contei aos meus pais, eles vão me ajudar, obrigado primo por me mostrar o caminho.
—haaaaaa -eu suspirei aliviado – como eu fico feliz em ouvir isto João Pedro, finalmente a minha missão esta cumprida, meu trabalho aqui terminou.
—do que você esta falando Thiago?
—eu vou embora João Pedro, depois do que aconteceu, meu pai não quer mais que eu fique aqui, eles vão me levar embora.
—eu sinto muito Thiago, isso foi tudo culpa minha.
—não sinta meu primo, pra falar a verdade eu já estava com vontade de voltar mesmo, estou com saudades de casa, saudades dos meus amigos.

No fundo eu estava louco pra voltar embora mesmo, eu vim pra cá para esquecer dos meus problemas, más encontrei outros aqui, eu só queria esquecer o que eu sentia pelo Júlio e achei que vindo morar com os meus tios iria me ajudar, más pelo contrario, isso só me fez pensar mais nele, muito mais.

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