Inspiração do poder feminino parte 2

Dias depois voltei com os tecidos e entreguei para o costureiro figurassa, fiquei um pouco conversando e nisso me perguntou com qual cabelo eu iria na tal festinha.

-Nossa, bem lembrado. Estava esquecendo

-Vai loira boba, vc ja é mesmo

Na hora lembrei da rainha do cartório outra vez, e do amarrado de Pedrita.

-Isso mesmo menina e vou amarrar de Pedrita. A bicha caiu na risada dizendo: vai estar de onça e cabelo de Pedrita, qnd levar a primeira pirocada vai gritar IABADABADUUUU kkkkkkkk bicha fdp kkkkkk.

Ela tinha uma peruca guardada e loira, mandei lavar e ficou muito boa. Dias depois me ligou dizendo para ir ver como estava a roupa. Estava da pontinha da orelha, provei e ficou do jeito que ele disse, me senti a mulata panderuda, tudo de ótimo. Os dias seguiram com certa ansiedade, em evento assim nunca tinha ido, fantasiava desfilando igual garota de programa em uma boate, torcia para ser igual, mesinhas, cadeiras, bar…

O Evento começaria em um sabado de noite, quem quisesse dormir e ir embora no domingo de tarde estaria liberado, como tenho total receio de dormir longe da minha zona de conforto, decidi que não beberia muito para voltar qnd esfriasse o clima da festa, afinal era uma linha longa, mas reta ate onde morava.

O gênio que organizou não permitiu bebidas destiladas, teria apenas cerveja, drinks sem alcool e nas escondidas champagne para as “meninas”, otimo, muito macho tarado, bebado e que não se conhecem, nao costuma dar muito certo. Não sabiam como eram, qnts iam e nem eles de nós.

Chegado o dia,começaria as 17:00/18:00 e iria ate esfriar no domingo. Nunca gostei de abrir festa, gosto de chegar ja no incendio, e foi o que fiz.

cheguei 19:00, cheguei de sapo ( vestida de homem), é claro, entrei olhei ao redor,tudo enfeitado, tava bonito, tinha um salão e minha torcida funcionou, parecia boate, luz negra e churrasqueira, essa nao curti muito, ia ser mao.de gordura na bunda, no cabelo e etc. Peguei uma cerveja e sentei, ja tinha deixado pago as minhas, bebi e fui me trocar.

Gosto de me montar sozinha e nao tinha espaço, saí de novo e vi uns homens chegando, dei a volta e fiquei as escondidas, fumei um cigarro e fiquei la. Algumas meninas sairam, entrei outra vez, achei um banheiro, me tranquei numa portinha e comecei, passei creme, ja fiquei lubrificada, me vesti e o resto arrumo no espelho, maquiagem simples basica, sombra noturna sem exagero, e sempre meu batom preto. Olhei o espelho e com o lapis resolvi fazer uma pintinha no rosto. Pronto.

Pra combinar com a roupa, o costureiro fez uma bolsa com a sobra do tecido,pegou um sutiã velho, costurou o tecido de onça por cima, colocou zíper e fez a bolsinha, linda. Escutava o som alto e resolvi enrolar mais um pouco. Respirei fundo e vamo lá.

Meu tamanquinho fazia toc toc toc, sentia a sainha indo de um lado pro outro e uma leve brisa no comecinho do bumbum, olhava e vi a boatizinha cheia de gente, arrepiou, me sentia mulher, travesti, garota de programa, me sentia feminina, minha chave da cabeça virou e travou e a Tabitha chegou como um raio, peguei meu cigarro de cereja e vim caminhando sem pressa. Reparei numa menina parada fora da boatizinha, apertava os dedos, olhava para dentro, pro outro lado, até eu chegar nela ela conseguiu fumar um cigarro todo, deve estar nervosa, ou sera que ja deu ruim com algum bebado? Pensei eu.

Me aproximei e ela tbm estava de oncinha, um vestido tubinho bem grudadinho, corpo lindo ao extremo, e um salto preto. Olhei para cumprimentar, ela disse Oi e largou um sorriso de aparelho fixo ( lembrei de novo da mulher do cartorio) combinando com o vestidinho oncinha, tinha elasticos amarelos e pretos. Bochechas rosadinhas, cabelos pretos dela mesma, era a menina trans mais linda que ja tinha visto, era não, ainda é.

Depois do oi e do sorriso eu disse:

-Ah minha nossa, quem te trouxe bb? Ela explicou, mas eu não conhecia. Ninguem pedia documento, nem nada, era uma bebezona, cheia de fogo no meio de inumeros tarados.
Ta nervosa, eu notei disse a ela. Como se chama? Vou dar o nome de Camila* disse o meu pra ela. Vem, vamos?

Posso ficar perto de você Tabi? rsrs

Claro que pode menina rsrs, era muito meiga.

Me deu a mão e fomos de mãos dadas, duas onças selvagens rsrs. Antes de entrar, perguntou se eu me importava se amarasse o cabelo igual o meu, pq tinha gostado do jeito.
Eu amarro pra vc, pedi um amarradinho branco, pq brilha na luz negra, ela tinha, amarrei, se olhou no espelho, sorriu, me deu a mão de novo, encostou a cabeça no meu ombro e fomos para dentro. Eu estava diante de uma alma feminina num corpo de menino e a força desse feminino é indescritível.

Continua…

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