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Itogawa Akemi

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Por

Éramos três.
Hoje somos duas. Eu e Tsukagi Takahashi.
Vivemos durante os últimos três anos em áreas diferentes do Japão. Eu vivia em Tóquio e ela em Iwate, bem ao norte.
Conversávamos sempre online. E na Golden Week e nos aniversários ou ela vinha me ver, ou eu viajava até a mansão dos Takahashi.
Essa era nossa rotina.
E, claro, sempre planejando o que almejávamos desde a infância, morarmos juntas durante o período de faculdade. Até mesmo escolhemos o mesmo curso, o favorito de Remiko, Belas Artes.
Triste que justo ela, que sempre fez questão de Belas Artes, não está mais entre nós. De certa forma honramos o desejo dela, e a nossa amizade.
Não.
Honramos o nosso amor.
Desde pequenas sempre fomos mais que amigas.
Na frente de estranhos andávamos de mãos dadas, as três.
Sozinhas, eram beijos. Eram passadas de mãos. Lambidas. Chupadas.
E as bocetas recebiam tantas dedadas que um dedo só de cada vez não excitava tanto, precisava sempre de mais de um, mais de dois. Precisávamos de nós três.
Isso desde os sete anos de idade…
A ideia com toda certeza foi de Remiko. Ela me beijava e eu beijava Tsukagi.
Cabelos pretos, as três. Peles brancas, as três.
Não podíamos pintar as unhas devido às regras da escola. Era o mesmo com os lábios rosados, sem nenhuma maquiagem.
Sem sapatos, e sem as meias. Por que não sem as saias? E somos meninas, Remiko disse, porque não sem as calcinhas?
Três menininhas, peladas, na minha cama.
Olhares curiosos.
Rostos corados.
A pele das meninas pequenas tem um perfume diferente. Escutei e Remiko se aproximou cheirando meu pescoço.
Senti a bocetinha quente e disfarcei olhando para o outro lado. Ela segurou meu rosto com as duas mãos. Deitadas. Olhando nos olhos uma da outra, senti a língua daquela criança de sete anos dentro da minha boca.
Fiquei irritada e beijei ela de volta. E depois foi a vez de Tsukagi, enciumada, pular e deitar bem no meio, em cima de mim e de Remiko. Os cabelos pretos pareciam um só, lisos, longos, escondendo os nossos rostos.
Senti uma das mãos de Tsukagi nas minhas pernas.
Era uma provocação. Ela depois virou, de barriga para cima. Eu e Remiko ainda estávamos de bunda para cima.
Não resguardávamos qualquer curva.
A coisa mais feminina era a boceta de Tsukagi, pulsando, vermelha. Ela não falou nada, mordendo os lábios, me olhando, segurei a boceta dela, pequenininha, na palma da minha mão. Ela fez o mesmo com a minha. O calor aquecia nossas coxas pálidas.
E dessa vez foi Remiko quem levantou e veio por cima de nós duas, ficando no meio.
Um joelho entre minhas pernas. Um joelho entre as pernas de Tsukagi. Remiko mostrou a boceta dela, já com as pontinhas dos lábios rosados para fora, acostumados com os dedos de menininha. Ela alisou e começou a enfiar os dedos nela mesma, um, dois e três. E depois eu e Tsukagi a imitamos.
E para trocarmos as mãos, e as bocetas foi só gozar a primeira vez. Ofegantes. Observando uma a outra. Com o suor descendo nas peles de criança.
A primeira vez que gozei foi com os dedos de minhas duas melhores amigas dentro da minha boceta. E como éramos crianças não paramos.
Tínhamos muito fôlego, se contasse que passamos a tarde inteira gozando uma na outra ninguém acreditaria.
Foram mais de dez gozos, a pele da boceta ficou irritada, avermelhada, sensível.
Só parei de esfregar e alargar quando começou a doer.
Depois disso, o ato sempre se repetiu nas camas delas, esfregando as bocetas sem pelo, ou depois, adolescentes, com consolos comprados escondidos de nossos pais.
A cinta caralho era meu brinquedo favorito dos onze aos quatorze anos.
Quando estávamos em três, uma no meu cu, uma na minha boceta.
Boca na boca, língua na língua. Meu primeiro beijo foi com Remiko, e depois beijamos em três, com as línguas babando e numa aposta para engolir mais saliva uma da outra.
E a foda contínua com cheiro de criança, bala de fruta e refrigerante gelado, era um segredo de três.
Isso até ela partir…
Por que sempre volto nisso?
Voltei para mim.
Estava no trem.
Era o início das férias do último ano no ensino médio. No ano seguinte entraríamos na faculdade.
Eu estava indo visitar a mansão dos Takahashi.
Em trinta dias nossos sonhos se realizariam.
Foi quando recebi a mensagem de Tsukagi:
— Onde você está?
— Miyagi. — marcava uma das telas do vagão. Pelas janelas via encostas de terra cinzenta e longos bosques margeando pequenas cidades. O céu nublado iluminava a manhã. Digitei percebendo que estava sozinha no vagão. — Você me espera na estação? Devo chegar em menos de uma hora.
— Desculpa. Dessa vez não vou poder ir, mas, Hu, com toda certeza já está lá.
Hu era uma das empregadas dos Takahashi.
Tsukagi enviou outra mensagem:
— E não fica com medo quando chegar. O Retardado está em casa. Não sei porque meu pai trouxe ele.
O tal Retardado me dava medo.
Era um homem mais velho, talvez uns trinta anos, do tipo débil mental.
Uma vez vi ele nu, e podia jurar que Hu deixava ele passar a mão nela. Não era algo descuidado, ele pegava nela por baixo do uniforme de empregada, e ela está lá, parada, sem se importar.
Quando eles me viram se afastaram, e nunca toquei no assunto, no entretanto, fiquei apreensiva com aquele Retardado filho da puta.
O que eu faria se o Retardado viesse para cima de mim? Eu posso bater num Retardado? Será que posso ser presa por bater num mongoloide?
— Essa noite eu sonhei com aquela vez. — li a mensagem pensando no que Tsukagi queria dizer.
— Que vez?
— Aquela em que perdemos a virgindade.
— Para mim… — assumi querendo esquecer já ter fodido com um cara. — Aquela vez nem conta. Minha primeira vez foi contigo e com Remiko, na caminha cama, quando a gente era criança e socava o dedo se beijando.
— Para mim também, mas, com homem é diferente. Você ainda lembra? — Tsukagi insistiu.
Como esquecer?
— Um pouco…
— Foi ideia da Remiko. — Tsukagi lembrou.
— Sim… — suspirei ao recordar.
— Saímos para o karaokê e os homens de terno começaram a dar em cima da Remiko, ela inventou que a gente era puta e cobrou dinheiro dos três. Um cara para cada. Eram uns homens velhos e escrotos. Que nojo. Acho que ela ainda tinha dúvida se era lésbica como nós.
— Acho que não. — discordei. — Ela era uma pervertida. Sempre foi. Se ela não começasse os beijos, eu e você não namoraríamos. E sem ela iniciando o sexo, eu e você não teríamos intimidade nenhuma.
— É, ela era uma biscate. — e depois de um tempo Tsukagi mandou outra mensagem. — E eu também sou.
— Sim, você é. — concordei para provocar ela.
— E você também é, Akemi! Ou mamar na minha boceta e comer meu cu com a cinta caralho não é coisa de vadia?
Não consegui controlar o riso.
— Apaga essas mensagens! — adverti. — Imagina se seu pai lê isso!
Tsukagi e o pai dela, Toga Takahashi, viviam sozinhos.
A mãe de Tsukagi fugiu com outro homem e não entrava em contato com ela tinha quase dez anos. Pelo que eu sabia ela e o amante moravam em Tóquio também, mas esse era um assunto proibido.
— Como foi?
— Como foi o quê?
— Como foi com o cara que pagou para te comer naquela vez? A gente foi para o mesmo motel, mas, cada uma foi para um quarto diferente. Me conta do seu que eu conto do meu.
— Sério? — não queria contar, era algo desconfortável.
— Quer que eu conte primeiro? — Tsukagi ofertou.
— Quero…
Vi que ela começou a digitar e levou um longo tempo até a primeira mensagem chegar:
— Subimos para um quarto… — enquanto eu lia ela continuava escrevendo a próxima mensagem. — Ele tinha cheiro de saquê, era meio gordinho, e foi bem respeitoso. Bom, não dá para chamar de respeitoso um homem que paga para sair com uma adolescente usando uniforme escolar. Na falta de uma palavra melhor, ele foi legal. Ele abriu a porta do quarto para eu entrar, e depois que ele tirou as roupas e se ajoelhou. Eu ainda estava com certo medo. Por mais que minha boceta estivesse acostumada com seus dedos e os dedos de Remiko, aquilo era diferente, era um homem. Eu estava em pé. Perto da parede. Ele se ajoelhou na minha frente. Quando ele ergueu minha saia eu segurei o tecido, me exibindo. E ele tirou minha calcinha. Ainda fiquei de sapatilha e de meia. E ele ficou lá, com a boca na minha boceta. Ele lambia e eu queria ir embora. Queria que você me chupasse. Quando ele começou a enfiar a linha na minha boceta meio que fechei as pernas e fui para cama. Deitei de pernas abertas. Ele veio, me beijou, de um jeito carinhoso, sabe, bem na boceta de novo. E quando ele colocou a pica para fora tive que controlar para não rir. Não tinha nem dez centímetros, e acho que o dedo indicador da Remiko era mais grosso. Ele colocou a rola e ficou metendo. Era um homem pesado e sem jeito. Não sei. Talvez fosse virgem.
— Levou muito tempo. Nós nos separamos. Acho que era sexta-feira, lembro que só nos vimos de novo na quarta. Nossas escolas eram diferentes. Ninguém comentou nada, eu estava curiosa desde então. Como foi contigo?
Como contar para ela?
Resolvi mentir um pouco.
Atenuar a péssima situação.
— Ele estava meio bêbado. — na verdade o homem que me pegou estava totalmente drogado. Ele me agarrou e me levou até o quarto. E não parou de enfiar os dedos no meu cu enquanto andávamos pelos corredores. — Foi meio rápido. Ele me pegou no chão. Eu fiquei de quatro, e ele colocou.
Na verdade, ele me jogou no chão, e, quando tentei levantar, o desgraçado me segurou. Não demorou para ele cuspir na mão e enfiar no meu cu. E para ele socar a ela no meu cu demorou ainda menos.
— E ele tinha o pau grande? — ela quis saber.
— O pior é que tinha. Não era tão grande quanto o que você comprou da última vez, mas era largo. — ele ficou metendo e gozou bem rápido da primeira vez. Eu tentei sair de novo e ele se irritou me socando na altura das costelas. Foi a pior coisa que já senti. Fui tratada como lixo, e depois ele voltou a meter e gozou de novo dentro do meu cu. Ele só parou de meter depois da quarta gozada. — Ele gozou algumas vezes. Depois cansou e eu fui embora.
Na realidade…
Os efeitos das drogas passaram e ele me enforcou. Depois ele me levou até o banheiro e me deu banho enquanto voltava a si chorando.
Foi perturbador.
Eu só queria esquecer.
Fui embora arrombada.
Evitava pensar naquilo.
Fiz questão de escolher um consolo maior que o caralho dele, de borracha. E mandei Tsukagi regaçar meu cu, só para não dar o gostinho dele ter me alargado. Ela obedeceu algumas vezes, e depois tomei gosto por isso.
Já tinha superado, mas era uma memória desgraçada.
— Remiko te contou como foi com o engravatado dela? — inquiri mais curiosa do que desejava estar.
— Ela confessou que ficou chupando rola e comendo porra. O cara quase não meteu nela. Parece que foi quando ela percebeu que gostava mesmo era de mulher.
— Parece algo péssimo. — observei enquanto o trem avisava da chegada na estação. — Cheguei. Em alguns minutos estou na sua casa.
— Vem logo. Quero você comigo…
— Não demoro. — enviei a mensagem e peguei a mala com as roupas para passar as férias.
Quando saí, numa estação quase vazia nas montanhas. Vi a cidade de Ichinoseki e algumas poucas pessoas esperando outros, que saíram de vagões diferentes do meu.
Os cabelos vermelhos de Hu me chamaram atenção, e fui até ela.
Ela usava uniforme de empregada, do tipo preto e branco. Não lembro dela usar nenhum outro tipo de vestimenta nem das vezes que visitei Tsukagi.
Apesar de Hu Mori ter feições japonesas no rosto, os fios vermelhos denunciavam que ela tinha sangue estrangeiro. O corpo dela, de mulher, atraía olhares dos homens na estação. Seios fartos, mesmo com o uniforme escondendo as curvas.
— Seja bem-vinda senhorita Akemi. Como foi a viagem?
— Tudo ótimo Hu. É um prazer te rever. — imitei a reverência dela.
Hu tinha o costume de não demonstrar nenhuma expressão. Ela sempre permanecia com o rosto sério, como se não se importasse com o que se revelava ao redor.
Ela ameaçou pegar minha mala, mas fui mais rápida.
— Não se preocupe. — pronunciei e ela iniciou os passos em direção a um táxi que já nos esperava próximo da estação. Dali até as ruas de terra foram só alguns minutos. E foi ainda menos tempo até os jardins da residência dos Takahashi.
Minha impressão é que passávamos mais tempo entre as árvores do bosque dentro da residência dos Takahashi do que nas estradas de terra até chegar lá.
Quando o táxi parou, bem na frente da residência, Hu pagou o motorista que logo se afastou.
A empregada entrou na casa por uma porta lateral.
E eu fui recebida por Tsukagi.
Ela correu até mim descendo a escadaria principal.
A visão do âmbito sempre me impressionava como da primeira vez. Três andares numa mansão tão antiga quando a cidade. Conservada, em madeira de cedro, tudo ali, das enormes janelas aos jardins de crisântemos, dos móveis feitos sob medida para cada cômodo, ao chão de madeira escura rangendo conforme andávamos, tudo exalava uma riqueza diferente, impossível de ser alcançada em apenas uma geração.
— Como você está?
— Bem melhor agora. — Tsukagi redarguiu sem pensar muito, logo antes de entrarmos no quarto dela. Lá dentro fui mais detalhista na questão:
— Como você está do câncer? — Tsukagi e Remiko se conheceram no hospital, elas duas tinham câncer. Eu perdi um amor para essa doença maldita, se perdesse outra me mataria.
— Nada de novo. — e ela adicionou num tom cismador. — Deus amaldiçoa uns infinitamente mais que amaldiçoa outros.

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