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Fui Estuprado. Três Anos Depois Namorei Com O Cara.

2081 palavras | 6 |4.41
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Sei que alguns vão me condenar e me chamar de tudo que é nome. Assim como na época a minha família se revoltou. Mas eu precisava contar isso.

Eu tinha dezenove anos. Havia saído com minha namorada. Era um domingo. Nos despedimos no portão de sua casa, já quase meia noite, e eu me apressei pra não perder o último ônibus. Eu fiz sinal, mas ele não parou pra mim. Então tive que ir pra casa andando. Não era longe. Menos de dois quilômetros. Mas aquela hora não era muito bom dar mole. E eu me lembro de ter pensado que seria muita falta de sorte a minha acontecer algo. Então acendi um cigarro e comecei a andar. De repente eu vi três rapazes numa esquina. Então eu atravessei a rua e andei pela outra calçada, disfarçando, para não demonstrar estar com medo. Mas eles atravessaram a rua e me renderam, anunciando assalto, apontando facas para mim. Eu disse que não tinha muito dinheiro. E era verdade. Tinha um pouco mais do que o equivalente a duas passagens. Pegaram a minha carteira e ficaram revoltados, dizendo que iam me furar todo. Então eu implorei para não me machucarem e me deixarem ir pra casa. Eles estavam rindo da minha cara, enquanto me conduziram para um buraco no muro da via férrea. Eu realmente achava que iria morrer. Numa brecha, consegui correr pela linha de trem. Mas logo me pegaram, e disseram que eu estava fudido. Pensei que era o meu fim. Então comecei a chorar, implorando para me deixarem viver. Um deles parecia estar com pena de mim. Eu segurei ele e pedi por favor para não me matarem. Então ele disse para os demais me deixarem ir. Só que os outros dois não quiseram. Foi quando um deles disse que se não me matassem, então iriam me esculachar todo. Esse que tentou aliviar pra mim, ficou me puxando, como que para me mandar ir embora. Mas os outros dois me seguraram. Foi quando um deles começou a puxar a minha roupa, dizendo que se eu gritasse ou fizesse qualquer coisa, que iria fazer um corte na minha barriga. O outro ajudou ele. Então o Charles, o que queria me livrar, insistiu mais uma vez. Foi quando eles o ameaçaram, dizendo que ele não mandava porra nenhuma e que ele, teria que ser o primeiro a me enrabar ou então seria obrigado a me enfiar a faca. Mandaram escolher. Faca ou Piroca. Eu estava sendo forçado a ficar de pernas abertas, com a bunda empinada. O pior deles, ficou com a faca no meu pescoço. Então, o Charles veio por trás e cuspiu na minha bunda e começou a forçar sua piroca no meu cu. Eu estava chorando, segurando a vontade de gritar e tentando não fazer barulho. Mas só doeu no início, assim que ele forçou. Depois foi só a sensação diferente e o desgosto de estar servindo a outro homem. Assim que ele botou dentro de mim, começou a tirar, dizendo que já tava bom. Mas os outros disseram para me comer de verdade. E foi quando obrigaram ele a fazer direito até a piroca vomitar. Eu pedi por favor. Mas o mais baixinho apertou a faca, me mandando calar a boca. Então o Charles começou a acelerar o ritmo. E depois de um tempo, ele parecia estar começando a sentir prazer. Foi quando começou a mudar o ritmo e a requebrar, até meter tudo. A sensação de estar sendo violado era perturbador. Mas, eu estaria sendo mentiroso se dissesse que não chegou a ser um pouco prazeroso a sensação, principalmente quando ele começou a socar forte. O que quase não falava, olhou para o baixinho e disse que eu já estava dominado e que queria era na boca. O baixinho tirou a faca da minha garganta e foi me forçando a me curvar. Ele mesmo botou pra fora a piroca, dizendo que ia primeiro. Cochichou pra mim que se eu não mamasse igual puta, que além de ser arrombado ainda seria cortado ao meio. Então ele veio com aquela coisa nojenta na minha boca. Eu não conseguia parar de soluçar e tremer. E torcia apenas para aquilo acabar logo. Mas eu achava que eles me matariam de qualquer jeito. Então pensei que se eu fingisse que estava gostando, talvez não me matassem. E logo que o baixinho começou a comer a minha boca, eu comecei a fazer como eu gostava que a minha namorada fazia. Inclusive esfreguei no rosto. Era pra ser apenas fingimento. Mas eu estava sentindo uma pressão muito gostosa com as socadas do Charles. E de repente, sem nem perceber, eu estava mesmo sentindo prazer em chupar o cara. Ele segurou a minha cabeça e começou a foder a minha boca. E eu já estava até suspirando. Pois inesperadamente estava muito gostoso aquela movimentação do Charles. De repente eu ouvi um som como se fossem duas pessoas cochichando. Foi muito rápido. Dois caras apareceram, pulando o muro, já gritando. Então eles me soltaram. Eu estava sem apoio e acabei caindo. Então um deles veio até mim, perguntando se estava tudo bem. Eu desabai no choro mais intenso que já tive. Ele me deu a minha roupa. Foi quando ouvi os dois disparos. O baixinho morreu na hora. Os outros dois conseguiram fugir. Eu tive que dar parte do ocorrido, por causa do que morreu. Os dois eram policiais e haviam recebido uma denuncia. Eu morria de vergonha. Foi a pior coisa que já aconteceu na minha vida. Na época, isso era considerado por muito, pior do que morrer. Inclusive era comum os homens dizerem que sujeito homem morre, mas não dá a bunda. E eu tive que aprender a conviver com essa nova realidade. Minha namorada me deu o maior apoio. Passei por apoio psicológico. Mas eu morria de vergonha de mim mesmo, por ter sentido prazer. Era isso que mais me incomodava. Tentei o suicídio. Tomei uma cartela do tarja preta. Foi barra! Mas aos poucos eu fui me aceitando. Aceitando que havia gostado. Eu e Tiany rompemos o namoro. Meu jeito estava ficando diferente. Aos poucos. Mas eu já não me sentia homem. Não achava justo continuar com ela, se quando a gente transava eu imaginava o Charles me comendo. Não conseguia sentir raiva dele. Ele estava preso. Eu mesmo o reconheci no dia que fui convocado para fazer o reconhecimento. Mas me arrependi. Na ocasião, quase fingi que não era ele. Mas os policiais tinham certeza de que era ele. Com 21 anos, eu assumi pra mim mesmo a minha homossexualidade e comecei a sair com um cara casado. Um taxista que havia me passado uma cantada. Ele havia percebido meu jeito e eu deixei rolar. Ficamos saindo por mais de meses. As vezes ele queria que eu comesse ele também. E a gente até se entendi bem mesmo. E foi por causa dele, que eu resolvi assumir publicamente que era gay. Ele tinha me comido de um jeito, num dia que estava inspirado, que eu tive que me segurar pra não gritar de tanto prazer. Foi a primeira vez que eu realmente me soltei vem por cento e gemi sem sentir vergonha. Me senti uma mulher naquele quarto de motel. Minha família toda e alguns amigos já percebiam que eu era gay. Mas foi num almoço de domingo, no dia seguinte à tal foda, em que eu me sentia iluminado, que eu assumi para toda a família. Foi tenso. Meu pai se trancou no quarto e meu tio ficou com aquela cara de quem queria rir. Mas minha mãe me abraçou e me deu apoio. Meu irmão, meio que com cara de deboche, também né apoiou.
Passou quase um ano. Eu estava na fila de um baile conversando com um colega também gay. Então, quando eu olhei um pouco mais para frente, reconheci o Charles. Meu coração disparou. Eu fiquei paralisado de medo. Ele estava na fila com um pessoal. E seus olhos cruzaram com os meus. Ele também ficou como que sem ação. Eu pedi licença para o Fabi e comecei a sair da fila. Eu estava apavorado. E quando eu olhei pra trás, ele estava vindo, me chamando. Ele sabia meu nome. E foi o que me fez quase não conseguir andar. Ele me alcançou, dizendo que só queria me pedir desculpas. Eu disse que tudo bem, mas apertei o passo. Ele me segurou e disse que não ia fazer nada. Que só queria mesmo né pedir perdão. Eu disse que achei que ele estivesse preso e ele disse que saiu por bom comportamento. Já estava fora, um mês. Eu era um viado no jeito e na aparência. Ele me olhou de cima a baixo e novamente pediu perdão. Parecia estar se sentindo culpado por eu ter me tornado gay. Eu fiquei sem saber o que dizer. Ele estava vestido de um jeito provocativo. Afinal de contas, era um baile. E eu só conseguia ver ele atrás de mim, requebrando e me arrancando suspiros. Ele percebeu que eu não estava com medo dele, mas com medo de algo maior do que ele. Meus sentimentos. Ele disse que eu estava bem bonito para botar para casa e que se eu quisesse, ele iria embora para eu poder aproveitar a noite. Nisso ele já foi me deixando, dizendo foi mal. Então eu disse pra esperar. Foi impulso. Foi involuntário. Não sabia o que dizer. Ele parou e ficou me olhando. E eu fiquei olhando, suando frio. O Fabi veio e perguntou o que tava haver. Ele não sabia da minha estória. Ao olhar pro Charles, deu aquela apreciada nele e me olhou com aquela cara de que eu tinha me dado bem. Foi quando ele pediu desculpa e voltou para a fila, dizendo que não queria atrasar a gente. Eu não disse uma única palavra. Estava paralisado. O Charles se aproximou de mim e o Fabi chegou a ver. Ele passou a mão no meu cabelo e perguntou se eu queria ir com ele num barzinho legal. Eu só balancei a cabeça. E assim ele me levou de moto para esse bar. Conversamos e bebemos por uma hora. E na conversa eu contei tudo pra ele. Inclusive que não queria fazer o reconhecimento dele. Ele segurou na minha mão e me olhou no fundo dos olhos. Tomou o último gole e disse “vamos”. E dali ele me levou para o Motel. Foi carinhoso. Até me beijou. Foi meu primeiro beijo gay. Ele fez questão de me dar prazer. Me encarava, enquanto me fazia pegar fogo. Gozamos juntos duas vezes. E foi com ele que eu me senti totalmente desbloqueado o suficiente para desejar engolir esperma. Foi a primeira vez que eu senti recorrer o material genético de um homem pela minha garganta. Aquilo me fez realmente me sentir parte dele. Foi tão bom! Tanto para mim quanto para ele.
Saímos algumas vezes. E cada vez era melhor que a anterior. E quando eu não conseguia mais postar de pensar nele e ele em mim, decidimos morar juntos. Quando minha família descobriu que o cara com quem eu estava morando e por quem eu havia abandonado meu ninho, foi aquela tempestade. Meu tio queria matar ele. E não era muito difícil disso acontecer não. Mas eu defendi ele. Disse que a gente se amava. E comprei briga com todos para ficarmos juntos. Mas nunca tivemos paz. Até que numa sexta-feira ele não foi pra casa. Desapareceu. Só foi aparecer duas semanas depois. O que sobrou dele. Eu fiquei arrasado. Por meses achei que pudesse ter sido meu tio. Mas foi descoberto que ele estava devendo dinheiro ao pessoal que tirou ele da cadeia. Passei dias de tempestade. Até hoje, com meus 43, não me entendo com minha família. Só a minha mãe que ainda me dá algum apoio. Mas dá pra ver a mágoa que ela carrega lá dentro.
É isso.

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6 Comentários

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  • Responder 50 discreto sp ID:1dak6fvoic

    Cara muito bom sua história, passei por coisa semelhante e o primeiro homem a gente nunca esquece,mesmo sendo um estupro.
    Sei também da dor de perder alguém que a gente tanto ama,o importante é que vcs tiveram esses momentos de felicidades mesmo sendo pouco tempo,vai ficar pra sempre dentro do seu coração.Felicidades amigo e se permita amar e ser amado

  • Responder Daniel Coimbra ID:xlpy9fv2

    Cara, isso foi muito excitante, muito belo e triste. Queria muito que vocês estivessem juntos até hoje e que tivessem vivido muitas experiências boas. Eu conheço a dor dessa perda. É algo que nunca cicatriza.

    • Gerson ID:2t4hxq812j4

      É um conto. Eu costumo ir escrevendo enquanto as ideias vão vindo. Mas é um conto. Que bom que gostaram. E não me interpretem mal. É um site de conto. E muitos contos que eu postei aqui costumam receber bastante comentários. Eu estou explorando a personificação de personagens e estórias complexas.
      Muito obrigado!

  • Responder Jovem ID:1dk5wl9gwlmo

    História cheia de reviravoltas e pena que a vida não seja uma novela ou filme de Hollywood onde as coisas costuma acabar bem

  • Responder Jon ID:sc7girs9zy2

    Pow! Sinto muito pela perda e pelo q vc passou.

  • Responder Isso é Arte ID:mta51afic

    Cara, sinto muito pela sua perda. Pelo seu relato vocês realmente se amavam…
    Mas deixa eu te dizer, esse relato inteiro foi incrível! É praticamente arte o que você escreveu. Cheguei até a ficar boquiaberto em muitas partes. Parabéns, que você encontre a felicidade