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Amores opostos Parte 1

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Dois garotos quase opostos entre si vão descobrir no amor sua maior semelhança.

Final do mês de Janeiro, finalmente o mês está acabando e as aulas estão retornando nesta manhã, não é que eu seja um nerd, mas ficar mais de um mês sem a rotina da escola e com todo o corre corre das festas de final de ano, bateu uma saudade enorme da escola e da galera toda de lá.

Tudo bem, acho que comecei a história meio que contando uma mentirinha, sou meio nerd sim, afinal de contas acabei de fazer 14 anos no dia 11 de Janeiro e simplesmente estou super empolgado pois esse ano passei para o 1º Ano de Ensino Médio, sim, eu estou 1 ano adiantado e provavelmente não conseguiria esconder o meu orgulho disso, modestia à parte eu era um aluno que se destacava sempre em todas as matérias.

A proposito ainda não me apresentei meu nome é Miguel Augusto e como disse antes acabei de fazer 14 anos, venho de uma família bem simples mas que graças a Deus sempre foi muito esforçada, meu pai veio bem novo do interior e estudou muito, hoje ele está formado em Direito e continua estudando muito almejando um concurso para Juiz. Minha mãe passou uma grande parte da vida desde que se casou se revezando entre o trabalho como enfermeira e a criação dos filhos. Pra completar a família ainda tinha o Gugu, Gustavo na verdade, meu irmãozinho fofo de 6 anos, enquanto eu estava todo empolgado pelo ensino médio ele tadinho ainda tava sofrendo por estar indo para a escola nova onde ia começar o 1º ano do fundamental.

Mãe, a gente devia ter dobrado pra direita ali atrás- chamei a atenção.
Meu Deus, eu me confundi, vamos dar a volta- ela respondeu dobrando rapidamente na rua seguinte.
Tá preparado pro primeiro dia de aula Gugu? Me virei pro meu irmão na cadeirinha do banco de trás.
Não perturbe seu irmão, ele está nervoso com a escola nova.
Eu só perguntei.. Olha Gugu não precisa ficar nervoso não, se alguém te encher na escola nova pode me avisar que eu vou lá ter uma conversinha com eles. Estiquei o braço e comecei a lhe fazer cócegas, lhe fazendo rir.
Vamos ficando quietos aí por favor? Estamos chegando, vou encostar o carro bem ali e você ajuda o seu irmão a descer.

Minha mãe estacionou por sorte quase em frente da escola do Gugu, abrir a porta e desci para ajudá-lo a tirar o cinto da cadeirinha e tirando sua mochila e lancheira.

Vem cá Gugu, dá um abraço no seu irmãozão, boa aula pra você.
Vem comigo até a sala? Pediu.
Ô Gugu, a mamãe te leva
É que eu… ele terminou sussurando no meu ouvido.
O que foi? Perguntou minha mãe descendo do carro.
Ele quer que eu acompanhe até a sala dele.
Pode deixar que ele caminha sozinho até a porta- ela falou.
Mãe… fiz um sinal de negação- espera eu voltar, eu já te explico. Peguei o Gugu pela mão e o levei.

Eu sei que pareceu estranho, mas a nossa mãe é assim meio seca mesmo, talvez por ser enfermeira ela tenha meio que se deixado ficar assim, claro que ela amava a gente mas não era aquela mãe di ficar dando demonstrações de carinho, ela era muito pragmática, mandava fazer e pronto, na cabeça dela o Gustavo já devia ser grande o bastante pra ir sozinho.

Deixei ele na sala de aula e voltei apressado, esses 5 minutos poderiam custar caro no horário de entrada na minha aula, mas eu não podia deixar meu irmãozinho na mão.

Vamos logo Miguel- minha mãe chamou- Se você se atrasar a culpa vai ser exclusivamente sua.
Tá bom mãe, não precisa ficr nervosinha a essa hora da manhã- respondi enquanto colocava o cinto de segurança.
Não havia a menor necessidade de ir com ele até a porta da sala, ele já tá bem grandinho pra começar a fazer as coisas dele sozinho.
A Senhora mesmo viu que ele tava nervoso, tadinho dele só tem 6 anos, você esquece disso as vezes.
Você mima demais ele isso sim, ele tem que aprender a ser independente.
Tá bom mãe, vamos indo por favor? Tentei encerrar a conversa desagradável.

Dito e feito, cheguei 10 minutos além do horário de entrada, que beleza, agora é correr, ainda bem que já memorizei qual é a sala, a número 8 do primeiro corredor. Olhei pela porta e já havia um professor na sala de aula, estava escrevendo alguma coisa no quadro, abri a porta bem devagarinho tentando ser o mais silencioso possível, foi totalmente inútil.

Quem é o aluno aí chegando atrasado? Perguntou o professor sem parar de escrever no quadro.
Desculpa Prô, fiquei preso no trânsito- tentei me desculpar.
Muito bem, hoje é o primeiro dia vou deixar passar, na próxima vai ficar lá fora, isso vale pra todos, ok?

A sala inteira esboçou uma risadinha que fez o professor se virar de cara feia, primeira aula e já elegi o professor babaca, que merda, e era justo de Matemática, a matéria mais chata de todas. Tentei botar a cabeça no lugar e dei uma olhadinha ao redor pra rever o pessoal. Sentei logo atrás do Juan, bem no meio da sala, era geralmente o meu canto, ele me deu um tapinha nas costas dando uma risadinha do meu papelão.

Do lado direito o Gabriel, um moleque super gente boa, a gente estudava juntos desde o 6º Ano e ele sempre ia na minha casa, esse ano a gente ia jogar na equipe de futebol da escola. Provavelmente era o meu melhor amigo, ele sempre me dava conselhos em tudo, como eu era mais novo que a maioria ele sempre me tratava como irmão mais velho, as vezes exagerava um pouco, mas sempre com boas intenções, ele queria me proteger.

Do Lado esquerdo a Natália, ah a Natália eu as vezes suspirava sem nem saber o motivo, a gente tinha uma relação meio esquisita eramos muito amigos desde sempre, mais antigo até do que o Gabriel, já ficamos algumas vezes mas desde o ano passado decidimos que era melhor ser amigos para sempre do que uma relação amorosa que poderia um dia acabar. Eu meio que concordei, afinal de contas ainda somos novos demais e era melhor mesmo não assumir nenhum grande compromisso. Ela me olhou, deu uma piscadinha e apontou pro relógio dando risada, eu ri de volta e mostrei a língua pra ela.

Do restante da nossa galera pessoal ainda havia o Kaique, a Tamires e o Jackson, pro nosso azar eu percebi que os professores devem ter espalhado todo mundo pela sala, com exceção do Juan, Gabriel e Natália ninguém tava sentado lá muito perto um do outro, aposto que isso é coisa do professor tirano aí. Quem chegou cedo se deu mal.

Dei mais uma olhada ao redor mas nenhum rosto novo, pelo visto esse ano ao menos a turma do 1º Ano A não vai ter nenhum aluno novo, peguei meu caderno e comecei a escrever apressadamente a matéria que já estava bem adiantada no quadro negro quando a porta novamente se abriu, era a Coordenadora do Ensino Médio Dona Regina pedindo licença para o professor que com uma cara meio insatisfeita a deixou entrar, junto com ela entrou um garoto baixinho, não devia ter mais que 10 ou 11 anos eu pensei, o que diabos fazia aqui? A sala do Fundamental I era no outro bloco da escola bem longe do nosso.

Bom dia turma do 1 º Ano, em primeiro lugar sejam bem vindos no novo ano aqui na escola.
Bom dia- Todos respondemos em coro.
Muito bem pessoal, estou aqui trazendo um colega novo pra turma seu nome é André, sei que vocês devem ter notado que ele parece um pouco mais jovem do que vocês todos mas ele é muito inteligente, recebam bem ele, tudo bem?
Quantos anos você tem? Alguem gritou do fundo da sala.

Notei imediatamente que ele fez uma cara de incomodado por ter ouvido a pergunta, mas continuou calado apenas observando ao redor.

Deixem para as perguntas pessoas para depois ,ok? Falou a coordenadora- venha querido sente bem ali ela apontou uma mesa vazia logo no fundo pro meio da sala.
Não quero sentar no fundo, quero ficar em uma mesa próxima do quadro- ele falou meio rispidamente deixando a sala inteira num silêncio meio constrangedor.
Nós já conversamos sobre isso não é querido? Vamos pegar essa mesa e colocar aqui na frente, ela abriu um espaço.
Vamos arrumar logo isso para continuar a aula- falou o professor já impaciente e claramente incomodado com a fala do garoto.

Ele rapidamente se ajeitou em sua mesa e já foi retirando seu caderno e várias canetas de dentro da mochila, abriu seu caderno e começou a copiar parecendo nem dar muita bola quando a coordenadora se despediu dele e do restante da turma.

Espero que pelo menos o aluno novo consiga acompanhar a matéria toda- falou o professor em tom provocativo.
Me surpreenda com a sua matemática de Jardim de infância- ele respondeu deixando a sala inteira perplexa.
O que foi que você disse rapazinho? Perguntou de olhos arregalados.
Desculpe, o que eu quis dizer é que essa aula deve ser de revisão dos anos passados não é?
Você é um garoto bem atrevido não acha não?
Podemos parar com papo furado e continuar a aula por favor? Respondeu.
Eu sou o professor da sala, você trate de me respeitar entendeu bem? Disse já furioso.
Se é o professor então trate de fazer o trabalho de professor e volte a dar a aula.

Nesse momento a turma inteira já estava num burburinho absurdo, uns cochichando, outros rindo, olhei pro lado e vi a Natália branca que nem um papel enquanto o Juan me cutucava com uma mão e segurava a boca para não cair na gargalhada com a outra.

Escute bem seu moleque, não sei em que circunstâncias foram aceitar que uma criancinha da sua idade estivesse na turma de 1º Ano, mas eu não vou aceitar esse tipo de comportamente na minha aula, trate de sair agora mesmo e ir para a sala da diretoria.
É sempre assim, quando não se tem um bom argumento vai utilizar do seu poder para punir e não precisar justificar a sua incompetência.

Caralho, essa foi pesada demais, esse molequinho não devia bater bem da cabeça, ele tava desafiando o professor sem nem piscar ou se importar com nada, eu tava quase pra ver a cabeça de alguém explodir, provavelmente a do professor primeiro, não dava pra negar, que menino corajoso.

Fora da sala moleque, fora da sala agora- ele gritou
Eu não vou pra lugar nenhum- ele disse em tom arrogante.
Ou saí você ou saio eu- bradou
A porta de saída é bem alí- ele apontou.

Sem parecer ter mais opções o professor saiu furioso batendo a porta deixando a turma inteira de queixo caído com aquele espetáculo bizarro. Não sei porque mas me veio imediatamente a imagem do meu irmão na cabeça, não me contive e me levantei indo até ele.

Ei André né? Cara você tá maluco, por que tudo isso menino?
Cuida da sua vida tá bom- ele disse rispidamente.
Você nem me conhece, não precisa ser tão grosseiro assim por nada. Olha, você deve estar num dia ruim e falou sem pensar né? Eu tenho um irmão mais novo ele tava nervoso hoje com o primeiro dia de aula, eu sei como é isso.
Você não sabe de nada- falou
Deixa isso pra lá Miguel- falou Juan- esse moleque é pirado da cabeça viu?
Como é que é? Ele se levantou irritado indo em direção ao Juan.
Vai me encarar pivetinho? Pensa que vou sair da sala que nem o professor? Provocou Juan- eu te faço sair daqui nem nem um dentinho de leite aí na sua boca, bebezinho.
Só sabe resolver na força é? Você é quem? O Aluno Subdotado da sala? Não sabe nem usar a porcaria do seu mini cérebro?
Ah, agora chega, Miguel sai de perto desse pivete que eu vou quebrar a cara dele aqui mesmo- ele partiu pra cima mas foi segurado por três colegas, enquanto eu tratei de segurar o André.
Calma menino, calma- eu falei lhe segurando.

Nessa hora a porta se abriu com o professor junto da coordenadora, do Diretor de de mais dois professores provavelmente atraídos pela gritaria que ficou na nossa sala.

Chega disso tudo agora- o Diretor entrou aos berros- tratem de voltar todos para os seus lugares. Todos largaram o Juan e se sentaram, também larguei o André que tava bufando de raiva enquanto me encarava furiosamente.
André, Juan, Miguel, os três agora pra direção apontou a coordenadora.
Eu??? Contestou Juan, isso não é justo, eu tava botando esse moleque ridículo no lugar dele.
Nem mais uma palavra- ela disse. Venham logo os três, acabou o show.

Percebi que não adiantava tentar me defender, me meti na briga por livre e expontânea vontade, o jeito agora era aceitar as consequências.

Fomos até a sala do Diretor junto com o professor que contou com todos os detalhes tudo o que aconteceu, ele ainda estava furioso. Nós ficamos só num canto sentados escutando sem nada poder falar.

Quero saber quem permitiu que esse menino fosse pra aula do ensino médio, ele devia estar no 5º Ano isso sim, ninguém notou que ele não tem maturidade alguma?
Tente ficar calmo professor, eu peço desculpas se não tivemos tempo para reunir com todos os professores – disse o Diretor. Tudo bem, por favor vocês três aguardem aí fora por favor enquanto converso em particular com o professor.

Saímos da sala e ficamos aguardando nas cadeiras do corredor, André se sentou num canto afastado com cara de emburrado, enquanto Juan ficou do meu lado.

Moleque idiota- ele disse- vamos ficar encrencados por causa dele logo no primeiro dia de aula.
Fica calmo Juan- não chegou a acontecer nada demais.
E por que você ficou todo molenga defendendo ele?
Eu sei lá, olhei pra ele e vi o meu irmão, acho que fiquei com pena dele, no fundo ele não deve nem saber o que tá falando.
Ah, não vai querer dar desculpa esfarrapada pra justificar né?
Ele é só criança, olha, ele não deve ter nem 10 anos, coitadinho.
Eu vou fazer 11 anos em Agosto, falem mais baixo que dá pra ouvir tudo daqui de onde eu estou. Ele falou sarcasticamente.
Tá vendo só Miguel? Você é muito besta de ficar com pena desse moleque. Disse Juan.
Não preciso da pena de ninguém, ele disse.
Olha, não precisa ser assim, viu? Eu fui em sua direção. Tentei colocar a mão em sua cabeça mas ele imediatamente rejeitou.
Lá vai você querer dar uma de irmaozão, esse moleque não se parece nada com o Gugu.
Quem é Gugu? Perguntou André.
É o Gustavo, meu irmãozinho mais novo- respondi.
E eu me pareço em alguma coisa com ele?
Você é surdo moleque? Falou Juan- Eu disse que você NÃO se parece nada com ele.
Tá bom, pra que eu vou querer parecer com outra pessoa? Então você é irmão mais velho dele? Perguntou com um inesperado interesse.
Ele é meu irmão mais novo, então sim, isso faz de mim o irmão mais velho. Ei você tem irmãos? Tentei um diálogo.
Não é da sua conta- respondeu virando a cara pra parede.
Esquece esse moleque Miguel, pra ser mimando desse jeito com certeza ele é filho único, se eu tivesse um filho desses eu que não ia arriscar ter outros mesmo.
Não fala assim Juan, ele é criança ainda. Retruquei
Aff, pois se eu fosse irmão mais velho desse pivete já teria me matado só pra não que suportá-lo.
Juan… que coisa horrível de se dizer- chamei sua atenção. Olha André não liga pro Juan não, ele é meio cabeça quente as vezes, a gente nem sabe se você tem irmãos né?
Tenho um irmão- ele murmurou.
Então cara, aposto que ele deve ser legal- tentei animá-lo-
Não é não, ele já morreu- percebi que tinham lágrimas no rosto dele. Finalmente achamos a ferida do menino.

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8 Comentários

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  • Responder greenbox amigobc 💚💚💚💚 ID:5dkw5c5ezyj

    Uma história que promete muitas coisa legais gostei boa narrativa entre os personagem gostei do marrentinho do André esse vai dar o que falar kkkkk

  • Responder ACN ID:1d6b8zjfnlby

    PARA QUEM ESTAVA ESPERANDO O O GAROTO SER COMIDO LOGO VAO DETESTAR,AGUARDEM,ESSE PROMETE.

  • Responder Kaneda-ken ID:1e20hpf53d6r

    Tudo que eu mais queria era isso. Um conto envolvente e bem escrito. Por favor continua, eu sei que dá um trabalhão pq já tentei escrever baseado nos acontecimentos da minha infância, acabei desistindo por minha história ser fraca e sem graça. Mas a sua tem um potencial lindo, me lembrou as histórias do greenbox. Isso vai ficar muito, muito, muito bom. E não liga pra um idiota ou outro q criticar, não dá pra agradar todo mundo msm. Sucesso!!!

  • Responder paulo cesar fã boy ID:7121w172d4

    que conto foda para caralho. eu gostei muito.

  • Responder Notman ID:bemn9j5xik

    Tô adorando o enredo da história. Por favor, não demore com os próximos capitulos!

  • Responder Faruck ID:19htbhyxdgf9

    Conto ridiculo

    • Notman ID:bemn9j5xik

      Pô, cara! A história é muito boa.

    • Eu ID:g61t9lv9d

      Concordo