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Novos Anjos parte 5

4615 palavras | 18 |4.31
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Não acredito, não – se lamentava Arthur sentando na sala de espera da diretoria colocando as mão no rosto- não posso levar advertência, meu pai me mata.
Não fica assim- falei muito arrependido- olha desculpa, eu sei que fui muito fresco, a culpa foi toda minha, eu digo pro diretor que você não teve nada a ver, que eu que tava te perturbando na aula.
Será que vão acreditar? Ponderou- não deixa, bora cada um levar a bronca merecida e pronto. Ficou cabisbaixo.

Um minuto de silêncio se passou, dois minutos, três, quatro, cinco. Quebrei o silêncio.

Tá demorando né? Chamei Arthur que estava virado pra parede e não respondeu. Ei Arthur… você tá bem? Olhei de novo e o vi com a cabeça na parede e semblante preocupado com uma lágrima escorrendo pela bochecha.

Senti um nó na garganta naquela hora, por causa de uma bobagem minha deixei aquele menino tão gentil e bem humorado totalmente pra baixo, tentei chamá-lo novamente.

Não chora tutu, olha não vão fazer nada demais, uma bronca no máximo e mandam a gente de volta pra sala. Vem cá, chamei.
Você não entende – respondeu ele recusando- não posso ser chamado atenção, se meu pai descobre… ele odeia que eu estude aqui, acha que não é lugar pra mim. E tem a bolsa, não posso perder a bolsa.
Arthur – tentei justificar, você não vai perder a bolsa por causa de uma bronca por trocar bilhete na sala. Não precisa de todo esse drama.
Pra você é fácil né? Levantou enxugando as lágrimas. Todo filhinho de mamãe, tem tudo de bom a hora que quer, paga escola deve viver numa mansão e comer só coisa boa.

Ok. Aquilo doeu e muito, parte por ele ter razão e parte porque eu não tinha mãe pra ser “filhinho de mamãe”.

Desculpa, de verdade, me perdoe – respondi me pondo a chorar.
Sinto muito se a verdade dói – ele disse sem vergonha de ser maldoso.
Não tenho mãe pra poder ser “filhinho de mamãe”- murmurei- me perdoa se não sei ser um bom amigo.

Imediatamente a expressão em seu rosto mudou, um misto de surpresa e tristeza invadiram seu semblante, ele claramente percebera que havia falado algo que não devia, suas lágrimas sumiram enquanto as minhas nasciam em abundância.

Paulo, eu… eu não sei o que dizer – tentou se desculpar- eu não sabia, juro. Tentou se aproximar.
Você não tinha como saber – respondi enxugando o rosto- comecei a rir
Por que tá rindo? Perguntou agora curioso.
Nós dois somos uns bobões, né? Quanto mais tentamos consertar, só piora. Vamos só pedir desculpas um pro outro e ficar de bem novamente? Sugeri.
Sim, verdade, vamos- respondeu com um sorriso de volta no rosto revigorado.

Arthur veio e me abraçou, para minha surpresa ao abraçá-lo de volta ele me deu um beijo na bochecha. Senti meu corpo todo tremendo por um segundo mas não recusei.

Amigos? Perguntou
Amigos sim- respondi

Como se tomada por uma diabólica sincronia naquele exato momento a porta da diretoria se abriu, para nossa surpresa não apenas o diretor mas também sua esposa a coordenadora saíram lá de dentro seguido por um agora surpreso Flávio.

O que fazem aqui? Perguntou
Eu mandei bilhete no meio da aula pro Arthur- respondi disposto a assumir toda a culpa.
Meninos- falou o diretor se voltando para nós, entrem por favor. E você Flávio, volte para sua sala, terminamos de conversar em casa.
Ainda tem mais coisa? Eu não matei ninguém não, que saco.
Flávio – levantou a voz sua mãe – não responda seu pai desse jeito.
Ele não é meu pai- respondeu muito malcriado e irritado.
Chega disso agora mesmo, seus colegas estão bem aqui, quer passar vergonha na frente deles? – disse sua mãe – aqui não é hora nem lugar de discutir esses assuntos. Siga pra sua sala agora mesmo.

Sem espaço para responder mais Flávio talvez por ter se dado conta de boas presença se calou e seguiu para a classe. Sua mãe soltou um suspiro voltando-se a nós.

Então… vamos entrar de uma vez meninos. O que houve?

Sentamos e como eu já havia decidido assumi toda a culpa. Falei que queria contar algo pro Arthur e que comecei a mandar bilhetes insistindo para que ele respondesse, mas que a professora acabou mandando nós dois juntos para a diretoria mas a culpa era só minha, o Arthur sequer mandou algum bilhete.

Tudo bem rapazes, trocar bilhete nem é algo tão sério assim, mas vocês tem que entender que o professor está na aula tentando fazer o seu trabalho, e fica difícil se vocês não ajudarem – disse o diretor.
Não faço mais, prometo- falei com a expressão mais boba e meiga que eu sabia fazer.
Tudo bem meninos, vocês convenceram, sei que são bons alunos e pelo que eu soube até agora não são de dar problema- falou a coordenadora se virando para nosso lado. Na verdade estou confiando tanto em vocês que gostaria de pedir um favor.
Que favor tia? Falou Arthur quebrando seu silêncio – a gente ajuda em qualquer coisa que puder.
Que graça você meu querido, Arthur não é? Os professores tem falado bastante de como você é estudioso e esforçado.
Obrigado – respondeu baixinho claramente encabulado.
Mas então – voltou a falar a coordenadora, vocês notaram que o Flávio anda com algumas dificuldades ultimamente, eu também soube que vocês Arthur e Paulo se aproximaram dele .
Pois é – falei- ele as vezes dá umas sumidas, mas não sabemos pra onde nem se está fazendo alguma coisa errada.
Sim- suspirou novamente – ele de vez em quando anda saindo com a turminha de um aluno do 9° ano. Gustavo eu acho, sinceramente não estou gostando da influência desses garotos mais velhos.
E o que podemos ajudar tia? Perguntou de novo Arthur.
Conversando com ele, tentem tirar ele dessa outra turma, chamem ele para ficar mais com o pessoal da idade de todos vocês. Vamos marcar alguma coisa um dia de repente vocês vão lá em casa e passam o dia com ele…
Sim senhora, respondemos . Vamos ajudar sim, ele é nosso amigo.
Vocês são uns amores meus queridos, voltem pra sala agora, ainda vou conversar um pouco com meu marido- falou se referindo ao diretor que agora era apenas ouvinte de nosso diálogo.

Saímos rapidamente da sala da direção bastante aliviados por não termos nos encrencado seriamente.

Viu só tutu? A gente nem se encrencou, pelo contrário ainda fomos elogiados, saímos por cima.
Ei, gargalhou- eu que fui elogiado, você ficou de carona na minha fama de bom Menino- riu mais ainda. E que negócio é esse de tutu?
Ah, bem…desculpa…hã… saiu automático naquela hora. Aí, que vergonha, tapei o rosto.
Relaxa, tô só te zoando, pode me chamar assim se quiser, viu já tô voltando ao normal.
Ah, claro, nem parece o garoto que tava cagando nas calças agorinha a pouco.
Besta- respondeu com uma risada- e o menininho que saiu chorando que nem bebezinho?
Tá, eu admito, culpado, satisfeito? Rimos juntos enquanto entramos na sala de aula.

Logo ao entrar na sala avistei Flávio meio aborrecido enquanto brigava freneticamente com sua borracha tentando apagar algo no caderno, faltavam uns 10 minutos para o horário de saída, perdemos um bocado de aula na nossa aventura na diretoria. Naquele momento eu estava decidido a chamá-lo para bater um papo. Montando um pouco o quebra cabeças percebi imediatamente que era aquele assunto que lá atrás começou minha discussão com o Arthur o problema enfrentado pelo nosso amigo Flávio.

Tão logo a aula terminou me voltei rápido até o Arthur.

Ei Arthur, vamos lá falar com o Flávio?
Agora? Ele saiu meio com pressa da sala. Mas eu vi que foi pra direção do ginásio.
Vamos lá então -falei- ei era esse o assunto que você não quis contar antes né? Tentei confirmar.
Era… esse mesmo… desculpa de novo por tudo que aconteceu.
Esquece- eu disse- estamos bem. Mas agora tô preocupado com o Flávio. Qual é a daquele tal de Gustavo? Ele é tipo chefe de alguma gangue?
Eu não sei bem, só sei que ele é dos garotos mais velhos da escola, tem 14 eu acho e é bem popular do jeitão dele meio homem das cavernas.
É, eu notei, mas olha, temos que chegar com jeitinho pra falar com o Flávio, não sabemos qual pode ser a reação dele.
É mesmo -disse Arthur- a gente nunca sabe tudo. Ele é sempre tão certinho e sorridente, eu não imaginava que fosse responder daquele jeito pro pai dele.
Padrasto – corrigi- com certeza tem algum problema entre eles. Ah cara eu não sou bom com essas coisas de pai e mãe.
Nem eu, mas eu sei que pode ser difícil, meus pais vivem em pé de guerra.
O meu tio e a minha tia não são de brigar muito, ao menos nunca vi, mas é bem capaz de ela evitar mesmo brigar na minha frente. Ela me protege muito, até demais sabe?
Onde estão seus pais? Quer dizer… desculpa se eu estiver sendo intrometido, não precisa responder se não quiser.
Bah, tudo bem, não é como se fosse a primeira vez que me perguntam isso. Bem…o meu pai eu nunca conheci. Ele morreu antes de eu nascer.
Poxa…sinto muito – falou me dando um tapinha nas costas.
Então…até uns 5 anos eu vivi com minha mãe, mas ela ficou doente e faleceu também.
Poxa… murmurou- nem sei o que dizer- você pensa muito nela?
Todo dia cara- respondi parando meu passo. E sentando num banco já do lado de fora da escola. – Cara, ele tomou chá de sumiço, não vejo o Flávio em lugar nenhum.

Mal notei que naquele momento Arthur me olhava fixamente com um rosto triste, como se envergonhado por alguma coisa , passei a notar melhor seus olhos e seu rosto, seus cabelos pretos agora meio despenteados caiam para o lado quase que tentando formar um pequeno topete, seu olhar parecia um bebê.

Não fica assim- eu disse- por isso que não falo muito desse assunto.
É que eu… te chamei de filhinho da mamãe – falou passando suavemente a mão em meu rosto como se tentando me consolar com um carinho, não consegui evitar um leve estremecer e recuei meio passo sem nem perceber.
Tudo bem- resolvi retribuir passando as mãos em seus cabelos.

Cada segundo daquele momento era uma eternidade, agora nos encaravamos e eu cada vez mais notava seus detalhes, sua boca e seus lábios finos estavam próximos como nunca. Agora eu sentia o aroma que exalava de seu corpo invadindo meu olfato, eu sentia vontade de dar mais um passo mas estava totalmente paralisado. Meu coração acelerou de um jeito absurdo e eu não sabia o que dizer. Do nada uma dúzia de buzinas encheram o ambiente e quebraram aquele clima. Eram as Vans da escola dando a última chamada e saindo.

Aí meu Deus – gritou Arthur saindo do quase transe que nos possuiu- é a minha van, droga ela tá indo embora. Perdi o horário.
Caramba, a minha também tava naquele meio, foram todas embora de uma só vez.
O dia hoje não tá nada fácil- riu Arthur – vou rir pra não chorar. E agora?
Você mora muito longe? Perguntei.
Um pouco, acho melhor começar a andar- lamentou-se.
Tem alguém na sua casa agora? Olha, se quiser usa meu celular – ofereci.
Vou tentar, obrigado. Não, não tem ninguém em casa, mas minha vó algumas vezes deixa almoço no forno pra mim.

Ele pegou meu celular e ficou um par de minutos falando com sua vó. Depois me devolveu o celular e virou de lado.

Hoje tô sem sorte, minha vó não voltou cedo do trabalho hoje e não tem almoço. Só vou jantar agora.
Mas você vai ficar assim o dia todo sem nada? Não tem problema? Olha, não quer ir almoçar lá em casa?
Sério? Não vou incomodar . Como vamos se você també perdeu sua Van?
Vou chamar meu primo, ele pega um Uber e vem pegar a gente. Vamos aproveitar pra pensar no que fazer, não achamos o Flávio hoje.

Logo meu primo chegou num Uber. Acenou pra mim e fomos até o carro, entramos e fui logo apresentando meu amigo.

Luca, esse aqui é o Arthur, ele estuda na minha classe. Ele pode almoçar lá em casa?
Oi Arthur- meu primo cumprimentou – pode né? Mas não esquece de pedir pros seus pais tudo bem.
Ele já pediu. Tá tudo bem, só vão estar em casa mais tarde- contei uma meia verdade.
Já mesmo? Luca desconfiou- tudo bem vou acreditar em você. Vamos indo.

Levamos uns 20 minutos até chegar em casa, no caminho Luca não parava de interrogar o Arthur e ficar fazendo gracinha pra me envergonhar. Que droga eu pensava, mas ele é assim mesmo com esse jeitão de zoar todo mundo mas me trata que nem irmão de verdade.

E aí Arthur? Como esse moleque é na sala de aula? Ele tá dando trabalho.
Que nada, respondeu sorrindo- acabamos de sair da diretoria.
Jura? Não acredito. Paulo, o que você andou aprontando hein?
Espancados uns cachorrinhos nos fundos da escola, você ainda não soube? Tamos formando uma gangue.
Hahaha, que horror, gargalhou- você tem cara de que é o chefe Arthur.
Sou mesmo, de uma família de mafiosos. Mas de gatinhos a gente gosta, não maltratamos.

Meu Deus – pensei. Como assim gosta de gatinhos? Será que era só parte da piada? Ou será que tem alguma coisa escondida nessa frase, agora vou ficar com isso na cabeça o dia todo, e pior, o Arthur e o Luca parece que instantaneamente se deram super bem, já tô prevendo muita vergonha alheia por vir.

E você é que tipo Arthur? Estudioso? Casual?
Ah, essa eu respondo- falei- Ele é nerdzão, adora ler, ciências, história e um monte de coisas complicadas.
Que legal Arthur, vê se ensina um pouco esse daí que de vez em quando não quer sair do vídeo game pra nada.
Ei, a gente tem aquele trabalho de ciências, bora fazer juntos?
Ah não Arthur, tô de folga agora meu filho assunto de escola só depois das 3. Rimos todos juntos.
Essa foi boa- disse Luca- melhorou nas piadas, é coisa sua também Arthur?
Sim, sou o rei da comédia. Rir pra não chorar é meu lema.
E sobra tempo pra outras coisas? Como tão as meninas? Já namora?
Não…respondeu tímido
Hahaha, bem feito, foi dar confiança agora ele vai pegar no seu pé.
Deixa quieto -respondeu Luca- Foi mal Arthur, não fica vermelho assim não.
Ah, comigo você nunca se desculpa né?- reclamei.
Deixa de ser bobo criança, vamos, chegamos

Desde que chegamos de viagem moramos numa casa num condomínio na zona sul da cidade, não muito distante da escola. Tivemos sorte que minha outra tia que mora na cidade ajudou a mobiliar e com a reforma bem antes de nos mudarmos, de forma que só entramos na casa já pronta.

Arthur, fica a vontade, a casa é sua tá bom? Falou Luca. Se esse patife fizer grosseria pode me avisar que eu dou umas palmadas nele.
Tá bom. Obrigado- Arthur respondeu com a mão na boca se segurando para não gargalhar.
Afff, vocês se deram bem mesmo. Tô ferrado viu? Luca, Cadê os meninos? Perguntei enquanto tirava os sapatos e apontava pro lugar onde o Arthur deveria deixar os seus.
Hoje é dia de inglês e futebol.Parece que foram fazer uma prova, não sei bem. Não viu as horas não? Sorte sua que a mãe tá no trabalho senão ia ficar brava com sua demora.
Eu perdi a van- justifiquei- enquanto tirava a camisa.
Caramba Paulo, e lá fui eu ter q pagar Uber pra te buscar né? Quando receber sua mesada eu vou te cobrar.
Ah não. Por favor , por favor…juro que pago na próxima, esse mês não.
Que foi? Tá bem juntando dinheiro pra gastar com besteira né?
Vem tutu, meu quarto é aqui em cima.
Cara, sua casa é gigante, deve caber umas cinco minhas aqui.
Vou tomar um banho. Vc quer tomar também?
Junto com você? Quero não – seu banheiro é grande mais não tanto.

Fiquei corado naquela hora. Como que ele sabia que eu poderia querer algo assim? Quer dizer…agora que ele falou, claro que eu queria, mas não podia chamar ele pra simplesmente tomar banho comigo né?

Tem outro banheiro no corredor Bobão, tem o quarto do Luca também que é suite. Se você não se importar que ele veja seu bumbum.
Não tenho roupa pra trocar-falou encabulado.
Eu te empresto. Pode pegar o que você quiser aí no meu guarda roupa. Tem toalha na parte de cima, pega uma pra você.

Nessa hora eu já estava enrolado na minha toalha e só não fui tomar banho porque estava dando instruções pro Arthur. Mas também tinha alguma expectativa, será que ia ver esse menino ao menos sem camisa hoje? Comecei a ficar nervoso pra variar.

Pode deixar seu uniforme da escola aí no banheiro mesmo. Deixa estendido.

Saí do meu quarto e fui até ele pra ver se estava ok e ao mesmo tempo na esperança de “ver” mais alguma coisa. Encontrei ele ainda com as calças do uniforme mas sem camisa, perdi o fôlego, era magrinho mas não um magrelo feio, sua barriga bem retinha dava pra ver os domingos em sua pele morena clara. Tinha um peito todo lisinho e provavelmente devia ser macio, eu imaginava perdido numa hipnose maluca.

Arthur – chamei oferecendo a toalha. Mas ele pareceu não perceber enquanto olhava uns vidrinhos sobre a pia. Ei Arthur, falei mais alto, tá aqui a toalha.
Ah sim- respondeu saindo do aparente transe. Desculpa eu tava olhando aqui, quanta coisa legal tem de creme, shampoo, condicionador… ah, eu não devia ficar mexendo no que não é meu.
Não esquenta, fica a vontade, ei você entende dessas coisas aí?
Ah, minha mãe trabalhava num salão a uns anos atrás. As vezes ela me levava pra lá ou trazia pra casa alguns produtos e eu ficava brincando com as embalagens.

Me senti meio arrasado com o que ouvi, aquele menino que eu tava tendo pensamentos safados me contando na maior espontaneidade como brincava com embalagens vazias. Provavelmente brinquedos deviam ser um luxo na sua infância, enquanto eu tinha tudo ele devia se esforçar pra sobreviver no dia a dia. Senti como se os anos todos nos EUA tivessem de verdade me deixado fora da realidade do país que eu nasci.

Paulo, ei Paulo- me chamou. Você de repente parece que deu uma voada, tá pensando em quê?
Hein? Não, nada não…quer dizer… pode usar aí o que você quiser- inventei uma desculpa – esses produtos aí nem são da minha tia, quem usa são meus primos, você vai conhecer eles daqui a pouco. Vamos logo tomar banho senão o almoço vai acabar virando janta.

Aparentemente Arthur comprou meu pequeno discurso, também me retirei e deixei ele no banheiro e fui até o meu, tomei uma banho bem rápido tentando evitar pensar naquelas coisas de antes. Saí do banheiro e encontrei meu amigo só de toalha me aguardando em pé na frente do banheiro, não consegui deixar de notar novamente seu corpo a mostra pra mim.

Onde posso pegar uma roupa? Perguntou tímido.
Pega aqui, olha. Tirei um short e uma camisa de dentro do meu guarda roupas. Olha, pode usar essa cueca aqui também, minha tia comprou outro dia, juro que ninguém nem usou até hoje.
Ah, obrigado, não quero usar uma cueca que já encostou na sua bunda- disse ele abrindo uma gargalhada.
Bobalhão, devolvi a risada- até parece viu?

Acho que eu ainda ia falar mais alguma coisa, acho…porque o segundo seguinte me deixou paralisado. Aparentemente sem sentir muita vergonha Arthur tirou a toalha e começou a se enxugar, meu coração acelerou a mil por hora, sentei na minha cama fingindo não olhar mas a verdade é que era impossível. Rapidamente Arthur deixou a toalha de lado no cabide e se dirigiu até as roupas que lhe ofereci exatamente igual veio ao mundo. Imediatamente olhei em direção ao seu pinto, era pequeno, quase do mesmo tamanho do meu eu acho , estava encolhido e bem molinho. Era marrom bem claro e tinha a pontinha bem fechada como de criancinha. Eu estava totalmente hipnotizado por aqueles três segundos em que ele se vestiu, acho que dei bandeira demais droga, certeza que ele tinha percebido.
Não vai se vestir? Perguntou – eu, onde posso deixar a toalha?
Hã? Voltei ao mundo real- ah, coloca ali no banheiro, apontei totalmente sem graça.

Me vesti rapidamente assim que ele saiu e descemos até a cozinha sem trocar nenhuma palavra. Na cozinha encontrei minha tia que havia chegado do trabalho.

Tia- falei lhe dando um abraço- Tia Júlia, esse é o meu amigo Arthur, chamei ele pro almoço com a gente, tudo bem né?

Boa tarde- disse docemente cumprimentando Arthur, fico feliz de ver que já fez amigos na escola nova. Pode sentar querido- puxou uma cadeira – fique a vontade tudo bem? Pode se servir do que quiser.

Almoçamos bem rapidamente, Arthur parece que adorou a comida e minha tia toda feliz com os elogios que ele fazia colocou ele para experimentar absolutamente de tudo que havia na mesa. Arroz a grega, frango assado, bifes acebolados, até a salada de tomate e alface ele amou. Tia Júlia ficou deslumbrada, ela simplesmente amava pessoas de bom apetite.

Aqui meu querido, quer mais um pouco de salada?
Só mais um pouquinho tia- tô quase satisfeito – o almoço está uma delícia, muito obrigado.
Tia Júlia – cadê os meninos? Queria apresentar pro Arthur mas o Luca disse que eles saíram cedo pro inglês.
Sim, achei uma escola ótima, mas eles exigiram que fizessem uma prova para saber o nível de inglês. Só tinha esse horário. Seu tio está lá aguardando eles terminarem.

Ficamos mais um pouco a mesa enquanto minha tia ainda insistia pro Arthur comer sobremesa e o interrogava sem parar, ficou super feliz quando soube que o Arthur era um dos meninos mais estudiosos da escola e tinha gabaritado toda a prova da bolsa de estudos. Perguntou sobre as matérias favoritas dele, e se estava gostando da escola e por fim disse pra ficar de olho em mim.

Você achou um amigo de ouro meu anjo – falou se voltando para mim- fico feliz de ver que um garoto tão inteligente e esforçado está em sua companhia. Arthur, pode vir quando quiser em nossa casa, tudo bem?
Obrigado – respondeu com as bochechas coradas- espero não incomodar.
Não incomoda nada não. Venha sempre que quiser e veja se bota juízo nessa cabecinha aqui- falou apontando para mim.
Tia… o que o Arthur vai pensar? Reclamei.
Estou brincando meu anjo. Bem… Arthur a casa é sua, Paulo agora preciso voltar para o trabalho , mostre a casa pro seu amigo.

Levantamos e fomos até meu quarto, não antes de minha tia claro falar mais mil elogios pro Arthur que lhe deu um grande abraço de agradecimento. Senti uma pontinha de ciúmes mas deixei só pra mim, não ia permitir que aquilo afetasse nossa relação, eu estava adorando aquele dia cheio de altos e baixos. Abri a porta do quarto para o Arthur entrar.

Senta aí cara, apontei pra minha cama, pode deitar se quiser.
Cara, sua tia é muito legal, nossa, ele me tratou super bem, fiquei muito envergonhado até, nem sei como retribuir.
Ah, ela é assim mesmo, olha ela parece que gostou muito de você. Ei quer fazer alguma coisa?
Não sei – respondeu – tô meio cheio aqui, comi pra caramba.
Ah, deita aí então, quer ver umas revistas? Tenho um monte aqui em cima, livros, mangás – apontei a prateleira.

Nesse momento ouvi o Luca me chamar, pedi pro Arthur me aguardar lá no quarto enquanto eu o atendia. Acabou que o meu primo disse que ia sair com os amigos novos que ele fez no condomínio avisando para eu trancar bem a porta.

Olha pergunta lá para o seu amigo que horas que ele volta pra casa, daqui a pouco o papai chega e pode ser que dê uma carona né?
Tá bom- mas ele me disse que os pais dele só devem chegar lá pelas 18:00.
Ok, qualquer coisa tô no celular, fui.

Tranquei a porta da frente e subi novamente para meu quarto, devo ter demorado uns bons 15 minutos, Arthur deve estar entediado, pensei. Quando entrei no quarto me deparei com a cena mais fofa do dia, Arthur estava adormecido na minha cama.

Passada a surpresa não consegui deixar de reparar mais ainda naquele menino adormecido em meu quarto. Coloquei levemente as mãos em seus cabelos e chamei baixinho, nenhuma resposta, chamei mais umas três vezes mas como resposta só um ronco baixinho que parecia um filhotinho. Comecei a ficar tenso pensando mil bobagens, eu estava lá parado na frente de um menino adormecido, meu coração palpitava forte, eu deveria arriscar? Seria certo fazer isso? E se ele acordasse? Tantos pensamentos de uma só vez estavam me deixando maluco. Baixei minha cabeça até a altura da sua, encostei minha bochecha na dele, era macio, parecia um pedaço de seda, imediatamente lembrei do beijo que ele me deu na bochecha quando me consolava. Eu devia ao menos retribuir?

Eu estava no meu limite, me aproximei de sua boca com aqueles lábios finos. Senti seu cheiro misturado com o cheiro do pudim que comemos de sobremesa. Resolvi deixar acontecer de vez…lentamente toquei sua boca com a minha. Imediatamente senti como uma descarga elétrica tomasse meu corpo. Eu estava sentindo o sabor, o cheiro, o gosto da boca do meu amigo, aquilo era errado, eu sabia mas não consegui me controlar. Lentamente fui aumentando o contato de nossos lábios, eu estava louco, totalmente louco, dei uma mordida muito de leve e ele estremeceu, instintivamente recuei quase em Pânico ele estava acordando.

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18 Comentários

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  • Responder Kanedaken ID:8d5gapim9j

    “Eu estava sentindo o sabor, o cheiro, o gosto da boca do meu amigo”

    Essa frase me estremeceu ❤️

  • Responder paulo cesar fã boy ID:7121w172d1

    por favor meu amigo, continue.

  • Responder Notman ID:bemn9j5xik

    continue, poe favor!

  • Responder Um alguém ID:gsu8ywn8j

    Ansioso pelos próximos capítulos

  • Responder Jozeto ID:8eez5vpd9a

    Eu nunca disse que o conto se passa em 2023 e detalhes como Uber e celular já existe a muitos anos. Qualquer outra coisa eu posso simplesmente considerar “licença poética”, já deixei claro mais de uma vez que a forma de os personagens se comportarem é fora do padrão, é justamente isso que diferencia essa história de um conto cotidiano qualquer.

  • Responder greenbox amigobc ID:3ij2ccyxt0j

    Cara se você quer ler sobre estupros ou putarias tudo bem é só ler mas não vem aqui esculhambar uma história boa de qualidade lúdico e uma pessoa falar uma coisa desta.

  • Responder Evair ID:8umynur0de0

    Nossa, fica discorrendo em círculos, prolixo em detalhes e situações sem conexão alguma com o conto, fora que aparentava se passar em um tempo mais lúdico, mas envolveu Uber, celular, apelidos como “tutu”, francamente que menino de 12 anos nos tempos atuais, pensa, agi e fala essas coisas, quase um exoectro autista para 12 anos, amigo você está em 2023, não existe essa sutileza infantil nessa faixa etária, exceto se fosse em tempos idos. Obs.: Estamos em um site de contos eróticos, e não em uma punheta mental como esse conto, faça-me o favor.

    • paulo cesar fã boy ID:7121w172d0

      cara. você é totalmente escroto, não quero nem pensar no tipo de educação que seus pais te deram, se eu fosse o autor te denunciava para os responsáveis pelo site.

    • Kanedaken ID:8d5gapim9j

      O cara quer que o autor escreva e descreva as crianças como são hoje em dia. Kkkkkk sem querer ofender aos do espectro por lhe colocar no mesmo patamar, mas acho q o autista aqui é vc. Se não gostou não leia, siga sua vida, simples assim.

  • Responder BeCause ID:jsj36y1zyjf

    Muito bom conto, parabéns!

  • Responder greenbox amigobc ID:3ij2ccyxt0j

    como diz meu amigo seila quero na minha messa ate 00,00

  • Responder greenbox amigobc ID:3ij2ccyxt0j

    Caros amigos leitores esse conto romance está ficando muito bom vamos prestigiar nosso amigo dando lhe vários comentários para incentivar.
    Muito bom mesmo Jozeto .

    • Clau ID:10cq667cm9i

      Ei mano poderia me passar seu contato quero muito fala com voce

    • glp ID:1d1s70j0s3ng

      greeeeeen.. o cara do melhor conto que já li até hoje, sempre volto aqui pra reler aquele conto

  • Responder paulo cesar fã boy ID:7121w172d4

    cara. esta historia esta me surpreendendo muito a cada capitulo, não demore para postar por favor.

    • Angelman ID:g3ja3hhrj

      E eu louco pra vc começar a outra série sua logo

  • Responder Nelson ID:8cio2sam9k

    Que lindo. Não demora. Gostando muito. Obrigado.

  • Responder Danilo ID:3ynzdhgz8rb

    Maravilha de conto estou ficando louco pela continuação telegran @D1nilo