E um trágico Fevereiro chegou, mas com Beto do lado tudo ficava suave, mais doce

Acordei cedo, meu Beto estava acordado tb mas quis ficar deitado mais um pouco, coloquei água pra ferver, fui tomar um banho, quando sai Luciano tava na cozinha, só de schort, depois de todo o acontecido ele nunca mais tocou naqueles assuntos mas volta e meia via a coisa grossa em meio à suas pernas bem dura, era como Beto dizia, homem novo era assim mesmo, a cabeça de baixo pensava mais que a de cima, fingia não ver e pronto.
Beto levantou, tava tudo pronto, era Sexta Feira, fevereiro daquele maldito ano começava, quando saíram Beto me disse, se tiver trampo vou trabalhar até zero hora hen, tá escalado pra ficar lá comigo, sozinho naquela porra fico mais não, eu respondi rindo, tá bom Nego.
Arrumei a cozinha, ia lavar os macacões deles, a Rádio Atlântica que eu gostava de ouvir de manhã agora só falava na epidemia de tisica, tuberculose que tava infestando os portões e cortiços ali da nossa área, o locutor pedia pras pessoas denunciarem alguém vizinho ou conhecido que tivesse com tosse persistente, os exames eram gratuitos, internações tb, alguns funcionários da emissora estavam com a doença e ae só falavam nisso, música que era bom, quase nada tocavam, outra rádio que eu gostava era a Cacique mas essa só era boa de tarde quando os ouvintes ligavam pedindo música, eram 9 e pouco, as tvs mesmo sem estar no ar ainda, ficavam tocando músicas sem intervalos, enquanto uma faixa colorida cobria a tela, liguei a danada pra ouvir enquanto estava no tanque, me arrependi amargamente, Fevereiro assim como Janeiro mostrava à que veio, dessa vez infelizmente a vítima não seria só Rosa mas centenas de pessoas.
Antes da imagem colorida aparecer na tela já se ouvia a música, imagem demorava uns dois minutos pra surgir mas desta vez ouvi a voz dum repórter ou locutor, tv já no ar tão cedo pensei, algum grande assalto à banco, terroristas sendo mortos e vice versa, avião que caiu etc, nada de bom podia ser, já ia desligar a danada quando a imagem se abriu, uma mulher com uma criancinha agarrada nos braços caia do alto dum prédio em chamas, fiquei em choque mas ainda pensei ser uma retrospectiva da tragédia de dois anos antes, em seguida uma moça, depois um rapaz se atiraram tb lá de cima, eu queria sair dali mas não conseguia, SP estava em choque e luto, depois o resto do País e hs depois grande parte do Mundo, a desgraça de dois anos atrás se repetia, um tal Joelma ardia em chamas, dentro dele centenas e centenas de pessoas feito loucas, lutavam pela vida, muitas delas buscando a vida, saltaram janelas abaixo, o caos estava instalado em SP, aquelas pobres criaturas estavam dentro do inferno, acho que fiquei bem meia hora sem me mexer só olhando aquela desgraça, numa esquina próxima mulheres e srs ajoelhados rezavam, os cinegrafistas iam mostrando tudo, não pulem em letras amarelas gigantes eram escritas no concreto das avenidas, helicópteros voando sobre e por todos os lados do prédio, Dom Agnelo ordenou que todas as igrejas fossem abertas com missas contínuas, pelas almas dos que já tinham morrido e pela salvação dos que vivos estavam em meio ao inferno, mais pessoas pulavam, nas escadarias da Se aqueles estranhos jovens que viviam pelas cidades pedindo donativos com suas esvoaçantes vestimentas em tom coral, ou por não poderem adentrar a Catedral ou pq ela já estava lotada, como numa macabra coreografia ensaiada as pressas, todos ajoelhados abaixavam a cabeça até o chão, levantavam as costas todos juntos, chacoalhavam as mãos em direção ao Céu gritando Hare, Hare Kristen, era triste aquilo mas dava um ar de esperança colorida naquele cinza cheio de labaredas daquela triste manhã de SP, mas um rapaz se jogava em chamas lá de cima, consegui me afastar, deixei a tv ligada baixinho e fui lá prá varanda dos fundos, só tinha eu ali, mas ninguém, sentei no degrau paralisado, queria tanto que Beto estivesse ali naquela hora, meu Beto sempre tinha um consolo pras minhas hs difíceis mas ele só ia chegar pro almoço, almoço que eu não tinha condições de fazer, meu braço tremia como se tivessem colocado um motorzinho dentro dele, fiquei parado ali o tempo todo, até que la da rua ouvi os gritos de Beto e Luciano, liga a tv lek, liga a tv rápido lek, passaram por mim numa pressa braba, entraram, aumentaram ao máximo o volume da tv, o inferno lá em SP continuava, não tinham conseguido vencer o incêndio ainda, fiquei parado lá no alpendre ouvindo as desgraças, agora com dois comentaristas ao vivo, Beto dizendo que à essa altura não iam conseguir salvar mais ninguém, Luciano dizendo que os bombeiros iam salvar todo mundo, pra Ele bombeiros tinham poderes sobrenaturais, eram super homens que davam a vida prá salvar um desconhecido.
Beto veio até a mim depois, alisando meus cabelos disse com voz doce enquanto a tv e Luciano berravam na sala, viver é phoda bebê, tu, Luciano e Eu bem novos tivemos que aprender isso, nós e muita gente por ae já comeu e ainda come o pão que Satanás amassou, mas a vida segue meu teimosinho lindo, nós tem que seguir Ela, o Homem dono de nós lá em cima quer assim, entrou, trouxe a pomada, esfregou meu braço com ela, estalou meus ombros, hj num tem almoço que eu sei, mas vai lá, prepara uns sandubão que só tu sabe fazer, quero comer na rua não, ele voltou pra sala, fiz os sanduíches pros dois, eles tavam sentados comendo, o locutor na tv berrava pedindo doadores de sangue de qq tipo pra ajudar as vítimas já socorridas, Luciano não falou nada, entrou em seu quarto e saiu vestido com calça jeans e camiseta, onde vai irmão perguntou Beto, SP, vou doar sangue pros coitados disse Luciano, tu tá louco Assis retrucou Beto, SP tem gente que não cabe nela, que diferença faz teu meio litro de sangue lá, num sei Beto continuou Luciano, mas vou ser um bombeiro, decidi agora, tenho que me comportar já como um, disse isso e saiu, coitado só chegaria em casa na manhã seguinte, passou hs numa fila que se estendia por todas as quadras próximas ao HC, SP inteira tinha respondido ao chamado, até os moradores de rua estavam na fila, prontos prá ajudarem o próximo, de fato, logo que ele saiu, a TV pedia pra ninguém mais ir doar sangue, não havia uma bolsa de sangue vazia em nenhum hospital da Capital, ele desceu no primeiro trem da EFSJ, não conseguiu doar mas tava feliz em ter tentado, tomou banho, café com a gente e saiu pra trabalhar junto com Beto, na casa dos fundos o pessoal dormia ainda, era raro eles irem trabalhar aos sábados, só em emergência mesmo.
Assim que Luciano saiu pra SP, Beto mandou eu ir pra oficina com Ele, falei que não queria ir, tem querer não bebê, vai ficar sozinho aqui não, troquei a roupa que estava e fui com Ele, no bar da esquina e em todos os comércios com tv ligada, o povo se aglomerava pra ver, a gente ia andando quase no meio da rua, a calçada estava entupida de gente, que mais se ouvia eram os gritos do povo, não, não pula.
Chegamos na Oficina, tinham arrumado uma tv pequenininha, tava todo mundo acocorado em frente à Ela, Beto me arrastou prum ar condicionado gigante da Deicmar que estava consertando, de lá falou alto pro pessoal, bora trabalhar cambada, a vida continua, a vida tinha feito daquele mlk que saiu lá do RN num pau de arara um Homem forte, coração era de menino mas a cabeça era dum Hércules, trabalhou com afinco a tarde toda, nós que fechamos a oficina já depois das sete da noite, ele seguia sério nas duas quadras até em casa, eu ia ao lado dele destruído por dentro.
Assim que entramos ele acendeu as luzes da casa toda, abaixou a parte de cima do macacão, vi aquele costão suado indo pra sala, fui fazer janta pra nós em meio a um silêncio total, peguei uma Antarctica gelada e um copo pra Ele, cheguei na sala, ele tava ajoelhado no chão com o rosto enterrado no sofá, chorava igual chorou no aniversário dele lá na minha mãe, ouviu meus passos mas não se moveu, se tu falar pra alguém que me viu chorando tu vai ver mlk, te quebro todo, amanhã é dia de Mãe Iemanjá, ela vai lavar o fogo, dar um Fevereiro melhor pra nós e pros coitados lá em cima, capricha na comida, Luciano deve vir com fome, me disse com o rosto enfiado no sofá ainda, ah meu Beto, acho que no Mundo só eu entendia aquele meu Homem, voltei pra cozinha com a cerveja de volta, enfiei no congelador, ouvi depois ele entrando no banheiro, saiu de banho tomado só com um schort preto, os olhos marejados ainda, eu tava tostando uns picadinho de carne com cebola e pimentão na frigideira, me abraçou por trás dizendo, xerinho tá bom do rango, preciso do teu xamego de novo hj meu menininho, me nega isso não, sentou na mesa, pediu uma cerveja, peguei a já aberta no congelador, tava trincando, assim que ele deu o primeiro gole ouvimos a voz bem alta de Miguel lá na calçada, será que tem um resto de comida nessa casa prá darem prum pobre pé rapado, Beto riu dizendo, abre lá lek, fui abrir, foi bom Miguel ter vindo filar a bóia antes de ir trabalhar no baile, aquela casa tava precisando da alegria do danado, ele entrou já dizendo, ah, vim do Terreiro agora, a Mãe de Santo falou, Beto da cozinha interrompeu, falou que tu é um xibungo seu fdp, vem logo tomar uma gelada comigo, janta já já tá pronta, esse mlk anda meio lerdo na cozinha, tá merecendo umas bela porrada.
Miguel sentou na mesa com ele, põe tua Deusa prá cantar pra nós, voz da danada gostosa me acalma disse Miguel, coloquei o disco em volume baixo mas mesmo assim a bela voz invadiu a casa, vai manter a tradição, vai meu bloco tristeza e pé no chão.
Miguel e ele falando sobre o terrível dia, de Luciano que devia chegar a qq momento, fiz a salada e coloquei tudo na mesa, arroz, feijão fresquinho, carne bem sequinha frita, ah meu mlk disse Miguel, desse jeito te arrasto pro morro e caso, esse já tá bem casado disse Beto e não gosto dessas brincadeiras com ele, tu sabe, ah cadeeiro véio disse Miguel enquanto engolia uma colherona cheia de comida, tá só nós três aqui, tem nada não brincar um pouco, tu sabe pé rapado, o preço que pago prá ter esse danado comigo, as conversa lá no salão e nos boteco pelas minhas costas, só podem falar pelas costas mesmo, se distratarem ele em minha frente, num fica um nariz inteiro, seja onde for.
Cabra Macho disse Miguel, dou valor Parceiro, tu sabe disso, pegou, cuida e assumiu, tem que ser muito Macho mesmo, comida dos Deuses como sempre, conversa boa mas as escadarias do Baile me aguardam, até às quatro em pé, preciso ganhar na Esportiva pra descansar um pouco, eu tb quero disse Beto mas quase não jogo, tá difícil, pq não se arrumam e bora pro Baile comigo, relaxar um pouco desse dia difícil, hj não disse Beto, vou ver tv com meu lek, esperar Assis chegar, nem deixei o mlk assistir a tal Mulheres de Areia hj, fechei a oficina tarde já, e amanhã tem trampo de novo, vamos dormir cedo, ah mlk falou Miguel, semana que vem tou aqui pra ver último capítulo contigo, novelão da porra, aquela Malu me deixa doido de tesão, riu e foi embora, da porta disse, tb trampo amanhã até meio dia, se cismar venho dormir aqui mas sosseguem, durmo com Aroeira e os meninos ae no fundo, pode entrar pra dormir aqui disse Beto, lek deixa a cama pronta, porta aqui da cozinha deixo só encostada, vacila não Beto disse Miguel, Beto riu, quero ver comigo aqui dentro, fdp entrar e sair vivo, Miguel se foi, ajeitei a cozinha, depois fomos pro sofá, Beto ligou a tv, fiquei com a cabeça no schort preto dele assistindo, tadinho tava cansado, dormiu sentado, olhei prá ele, bora pra cama Nego, levantamos, fomos deitar, a luz da sala e da cozinha ficaram acesas esperando Luciano e Miguel tb chegarem.
Assim que deitamos Beto disse, quero teu xamego bebê, tu tá cansado Nego lhe disse, deixa pra amanhã, amanhã o caraio, quero agora, tá só nós dois, posso gritar meus ai mamãe a vontade, vai, cai de boca nela que é toda tua falou com aqueles lindos olhos castanhos quase colado nos meus, desci a cabeça, ele ergueu a bunda prá mim puxar seu schort, tira o teu tb me disse, teu Macho gosta de tu peladinho mamando Ele, tirei lógico, fiquei me deliciando naquele doce Beto, pelas praias de Salvador e outras, barcos iam navegando levando os presentes prá Iemanjá, eu feito barquinho navegava pelas bolas, saco e piroca do meu Beto, o som que saia de sua boca eram como ondas gemendo, ai mamãe ai mamãe, ai mamãe, vou matar esse mlk mamãe, ai como é bom isso mamãe, fiquei muito tempo saboreando meu doce Homem, meu Deus, ninguém ali tava com pressa, ele gostava do meu chamego bem lento mesmo, descia mordiscando suas pernas, subia de novo, alisava seu peitão forte, seus braços, depois cai de boca na danada com gosto e carinho, passava a língua na pontinha dela, sugava enquanto com a palma da mão alisava suas bolas, meu doce Beto não se segurou mais, gritou aí mamãe tão alto que acho que Dona Guilhermina ouviu lá da casa dela, segurou firme minha cabeça, se virou e foi despejando aquele néctar doce em mim, meu doce Beto era todo doce.
Jogou o pernão em mim, abraçou minha cintura, era a posição preferida dele pra dormir, e a minha também, obrigado minha criança falou já quase dormindo, tu me faz esquecer dos problemas, me esquecer de tudo, ainda deu tempo de ouvir Seu Aroeira, Claudionor e Preá chegando rindo pelo quintal, farra foi boa disse Beto, onde tavam perguntei, numa caranguejada lá no São Bento disse Beto, Claudionor tá enroscado com uma véia lá, foram pra casa dela, me convidaram pra ir contigo também, quis não, qq hora vou buscar é guaiamuns lá na Bertioga prá tu fazer, tou com vontade, gostoso demais e da um tesão arretado, eu dei risada, aí Nego, até mingau de Maizena te dá tesão, ele riu também, quem mandou a Mãe te dar pra nordestino cabra da peste, cadeeiro e morador de rua, agora guente, qq coisa reclama com ela, bora dormir bebê, de manhã tenho é trampo me esperando, e danado de Luciano que não chega, já tou é preocupado, beijou minha nuca, bons sonhos, se tiver pesadelo me cutuca, entro nele e boto o fdp prá correr.
Ele dormiu logo, eu fiquei acordado um pouco ainda, ouvindo e sentindo seu respirar em minha cabeça, sentindo aquele calor gostoso da pele dele colada na minha, depois dormi gostoso, os pesadelos pareciam ter corrido com medo de Beto, só abri os olhos quando ele já acordado tirou o pernão de cima de mim, apertou minha barriga mais forte dizendo, bom dia minha delícia.

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