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Sob o domínio do mar

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Como se deixa de ser uma coisa para se tornar outra assim tão de repente?

O cara bagunçou com a minha cabeça e com cada célula do meu corpo. Eu não era assim antes dele. Era mais um típico garoto zona sul. Praia, bebidas, maconha e mulheres. E num belo dia, eu só estava de boa olhando o mar, sem me dar conta de que ele estava me olhando há uns quinze metros de mim. Quando reparei, lá estava ele, me observando. Achei que fosse viado e o ignorei. Até desdenhando um pouco. No dia seguinte, eu estava no quiosque bebendo cerveja e beliscando um petisco. Do nada ele apareceu no balcão de cueca de banho. E eu, por acidente, acabei olhando para a pika dele, visivelmente dura, de empurrar a cueca na lateral. E ele nem aí, de boa com isso. Foi então que ele me olhou com aquele olhar que entrou na alma. Percebi que não era viado. Mais parecia um tarado. Disfarcei e voltei a beber e me virei para os prédios. E quando me dei conta, ele estava vindo se sentar na minha mesa, sem nenhuma cerimônia. Isso era inesperado. Apenas puxou a cadeira e se sentou, com as coisas dele viradas pra mim. Olhei pra ele com cara de qual foi e ele começou a falar de coincidências da vida e coisas sem qualquer sentido, mas que pareciam filosóficas. Mas o jeito como me olhava era brabo de encarar. Então evitava olhar pra ele e fingi não me importar com a presença e o papo dele. Tentei ignorar. E foi então que eu senti esse arrepio pela primeira vez, quando ele tocou no meu joelho. O lugar onde apertou chegou a refletir dentro do meu ouvido e na minha espinha. E o pior de tudo, foi o que disse. Nem dava pra associar, se eu não tivesse, novamente por acidente, visto a pika dele se mexendo em sua cueca. “O teu destino está te chamando”. Parecia uma continuação do que estava dizendo. Para quem ouvisse não ia ver maldade alguns. Mas eu juro que lutei contra mim mesmo para não voltar a olhar. Mas não resisti. Era quase magnético. E lá estava aquela coisa se mexendo na cueca. Olhei pra ele e ele com cara de convicção. Sem piscar. E quando tirou a mão do meu joelho, eu senti uma vontade desesperada de sair correndo dali. Eu estava apavorado com aquela minha vontade de olhar novamente para a pika dele se mexendo naquela cueca branca. E pela terceira vez eu olhei. Mas dessa vez sem muita resistência. Estava tão marcada, que a já era possível ver a silhueta da chapeleta. Não sei como ele não tinha vergonha de andar daquele jeito. Então eu me atrevi a perguntar. A resposta dele foi imediata. “As mulheres têm vergonha de exibir o que elas têm de melhor? Por que eu teria vergonha de exibir o meu transformador de mundos?”. Foi então que ele me perguntou como era o meu mundo. Eu comecei a ficar de caralho duro. Muito duro. E estava visível na minha bermuda. Ele olhou e disse:

– Já está sendo transformado.
– O quê?
– O teu mundo.
– Você é o que, cara? Algum maluco?
– Deixe eu te mostrar uma coisa.

Se levantou, pagou a conta dele e a minha e começou a andar na direção da praia. Eu continuei ali. Não podia levantar com minha barraca armada. Mas ele voltou e me puxou pela mão, como um cara faz com sua namorada. E eu simplesmente me levantei e fui com ele. Mano do céu. Eu estava sei lá aonde com a cabeça, que não atinava o que estava prestes a acontecer. Paramos de frente para o quebra mar. Já estava perto de escurecer. A praia estava ficando deserta. Ele voltou a falar coisas filosóficas. E iniciou uma caminhada entre a água e a areia. Olhou pra trás, me chamando com os olhos e eu o acompanhei. Confesso que fazia sentido o que ele dizia. Que a vida é como as ondas. Feitas de ciclos e mais ciclos. E que até aquele momento eu vivi um ciclo. Mas que um novo ciclo estava por vir. E estava mesmo.
CONTINUA…

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1 comentário

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  • Responder Luiz ID:3v6otnnr6ic

    Que conto magnifico!!! vai meu irmao ser feliz com teu destino, gostaria de ter encontrado algo assim