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Um Moleque Muito Esperto – Final

2033 palavras | 9 |4.68
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Você que está querendo ler esse conto e não leu os anteriores, sugiro que leia primeiro os anteriores, são mais picantes. Mas fique a vontade pra fazer o que quiser.
Como já estou narrando mesmo e já está no final, então vou falar o que realmente aconteceu na nossa separação, no primeiro conto, esqueçam um pouco as considerações finais, pois não pensava em contar tudo aqui, então modifiquei e omitir algumas informações lá no final. Também peço desculpas se desta vez não ter detalhes picantes, pois nesse conto considero muito forte pra mim, vamos ver se consigo escrever. Espero que gostem. Então vamos lá.

Nosso relacionamento estava as mil maravilhas, mãezona sendo nossa cúmplice, sabendo de tudo e nos protegendo. Tudo fluindo bem entre nós.
Quando vínhamos das festas, Meu Denis dormia comigo, o tal pretexto pra não incomodar os tios (ah, essa ideia maravilhosa partiu de mãezona e Meu Denis). Eu é que no começo fiquei incomodado, pois ainda tinha uma certa vergonha da mãezona. Mas essa ideia foi muito boa, pois foi uma forma de nós fazermos nosso amorzinho no aconchego, porém sempre com cuidado, pois somente mãezona sabia do nosso envolvimento, nem cogitava paizão saber (será que paizão sabia, mas mãezona interviu poupando-nos de mais um B.O.? Sei não).
Na rua ele era o Denis, moleque machinho, que até assobiava para as gatinhas, mas nos meus braços era “Meu Denis”, um moleque que ficava todo dengoso. Na hora do nosso amorzinho, éramos um só, sabíamos o que dava prazer um para o outro, adorava ver-lo adormecer nos meus braços, ele sob minha proteção, eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo. Seus suspiros quando estava dormindo eram melodias pra mim. Me davam uma satisfação absurda. Cheirava seu pescoço e acariciava seu corpo até ele dormir, nunca dormi primeiro.
Sim, eu estava amando aquele menino, pois eu poderia estar com qualquer problema, mas quando o via feliz, já era um alívio pra mim.
Mãezona se encantava muito com tudo aquilo, nosso modo de agir um com o outro, e olhe que nunca nos agarramos perto dela não, salvo algumas vezes que “Meu Denis” sentava no meu colo só para me deixar encabulado com a mãezona.
Nunca falei ou agi com ele de uma forma que viesse deixá-lo em dúvida sobre o que eu sentia por ele.
Também cheguei ao ponto de ter uma conversa séria com Meu Denis sobre nosso relacionamento, se ele tinha o desejo da gente se assumir, ou seja que todos soubesse logo de uma vez. Pois no fundo da minha alma, o que eu mais queria, era ver aquele menino feliz.
Quando fiz a pergunta, lembro: ele estava sentado no meu colo, me olhou nos olhos me beijou passou a mão no meu rosto e perguntou se era o que eu estava querendo.
Eu falei que toda decisão que ele quisesse tomar eu o acompanharia.
Ele ainda me olhando tentando me ler, passou o dedo nos meus lábios me beijou e disse pra gente esquecer aquele assunto por enquanto.
Como nós tínhamos uma boa sintonia, sei que ele sabia que eu estava disposto a tudo por ele, e isso o tranquilizou e também a mim, pois tinha passado pra ele que qualquer decisão dele, eu estaria com ele.

Hoje penso: será que se eu tivesse falado pra ele que queria, ter insistindo ou mesmo tentado convencê-lo, nossas vidas teria tomado um outro rumo…
Mas por eu ter adquirido um carinho absurdo por ele, não quis insistir, pois temia que ele se sentisse sufocado, e isso era algo que jamais desejaria a Meu Denis. Então deixei por conta dele.
Ele sabendo que eu havia deixado por conta dele, se já tínhamos uma boa sintonia, pensem isso multiplicado.

Uns dois meses antes de Meu Denis completar seus 16 anos, ele recebeu o contato da mãe dele que a essa altura estava morando em Portugal e queria levá-lo, Meu Denis relutou, mas não tinha jeito, ela já até tinha articulado tudo pra ele, até colégio, pois ele havia perdido aquele ano. O tio dele ficou responsável de articular o passaporte e as doc. necessárias dele. Agora passo pra vocês a dor que sentir de saber que íamos nos distanciar. Confesso que meu mundo caiu, o dele nem gosto de lembrar. A cada dia que se aproximava, meu coração apertava. Perdi muitas noites de sono. Mãezona tentava dá uma força e sei da boa intenção dela. Fiquei num dilema terrível, será que gritava ao mundo inteiro que não queria me separar do Meu Denis ou sofria calado com aquela situação. Vi que Meu Denis também sofria. Mãezona teve que “se virar nos trintas”, nos falou que a vida era assim mesmo e que o mundo dava voltas e etc. Eu sabia que Meu Denis tinha que acompanhar sua mãe. Eu até entendia, mas por dentro sentia uma dor terrível.
Tive que ser forte, pois Meu Denis estava sofrendo e dessa vez eu tinha que cuidar dele.
Conversei muito com ele, disse que se ele não quisesse ir, eu estaria ali para apoia-lo e ficar com ele, (até cogitei que se ele quisesse, iríamos pra outro lugar, pois eu tinha porto seguro em outros lugares [como sempre tive]) mas também não fui egoísta, pois o meu desejo era ver-lo feliz. Com muito jeito explanei as vantagens caso ele seguisse sua mãe.
Meu Denis chorou muito nos meus braços, e todas as vezes, o sofrimento em mim crescia. Mas eu estava ao lado dele, bancado o durão. Ele sabia que eu estava sofrendo e com isso virou um círculo vicioso, pois se eu sabia que ele estava sofrendo por eu estar sofrendo, eu sofria mais ainda (conseguiram entender né?).
Meu desejo era ver sua felicidade, se comigo ou não, não me importava, eu queria era que ele fosse feliz.
E agora se coloquem em nossa situação: algo que era escondido, tendo apenas mãezona como testemunha e tentando segurar o B.O.
Claro que por conta disso, mãezona quis tomar uma atitude, só não tomou atitude, pois foi travada por nós dois. Mãezona do jeito dela, sofreu com a gente.

Dessa vez o universo não quis trabalhar a nosso favor.

Sua mãe chegou de viagem, eu a conheci, era uma mulher muito educada e muito bonita (também tinha que ser, pois pra colocar Meu Denis no mundo, tinha que ser por uma deusa mesmo). Ela falou comigo, disse que sabia que eu era um grande amigo do seu filho, até me agradeceu pela amizade. Aquelas palavras mexeram comigo, pois por dentro a vontade era de dizer pra ela e para quem quisesse ouvir que ele não era só um amigo, já era uma parte da minha vida. Mas sem o aval de Meu Denis, eu nada podia fazer.
Vi o brilho nos olhos do Meu Denis quando viu sua mãe. Alí tive a certeza que nada mais poderia ser feito, a batalha estava perdida, pois Meu Denis amava sua mãe.

No dia do seu aniversário, evitei bebidas alcoólicas, pois temia vacilar e cometer um erro. Como presente, comprei uma corrente de ouro com um pingente que eu mesmo mandei fazer. Apenas mãezona, ele e eu sabíamos o significado do pingente, aos outros seria meu presente para um grande amigo que iria demorar vê-lo. Gastei uma boa parte das as minhas economias para esse feito, mas fiz e com muito gosto.
O tal dia chegou era uma quarta-feira, eles viajariam de manhã pois fazia escala em outro aeroporto para poderem partir rumo a Portugal.
A última despedida mais íntima que tive com Meu Denis foi um abraço bem apertado e demorado com cheiros, e um beijo. Lágrimas com certeza rolaram, mas tivemos que nos conter, apesar dos olhos lacrimejados passar para qualquer um que era emoção de dois amigos que se separavam. Mas não era, era sim, um sinal de uma separação quase espiritual.
Apesar da insistência de alguns para eu ir ao aeroporto, não fui, pois seria sofrimento demais.
Sofri muito com a ausência dele, não estava conseguindo me concentrar em nada. Passado uns meses, para arejar minha mente, pedi a uma tia que queria passar um tempo no RJ com ela, e tive que deixar mãezona e paizão. Eles até insistiram que eu não fosse, claro, mãezona sabia do meu problema, mas sempre esteve do meu lado, me dando apoio, pois ela sabia que eu estava sofrendo muito. Fui para o RJ, passei uns 4 anos por lá e voltei. Apesar da insistência do paizão e mãezona, não mais voltei para sua casa. Mas sempre visito-os.
Denis até me escreveu, como eu também respondi, mas nossa comunicação ficou ruim, pois as primeiras cartas vieram para onde eu morava, mãezona reenviava pra mim no RJ, passei endereço pra ele, mas com o tempo, não sei se por conta dos correios extraviar correspondência ou mesmo uma força maior, cessou a nossa comunicação. Ligação telefônica… aí é que o bicho pegava.
Soube que Denis depois de um tempo voltou ao Brasil, só que veio morar em outro Estado, mas sempre fez essa ponte Brasil/Portugal. Desde o dia que ele foi para o aeroporto, eu nunca mais o vi. Hoje não sei muito notícias dele, somente através dos seus tios que muito raro nos vemos, pois também mudaram. Como falei no primeiro conto, Denis já morou com mulher (como eu também já morei) e pelo que sei ele tem filho, mas não sei muito mais de sua vida.
Tempos atrás ele até veio aqui, mas eu estava no RJ. Pelo que soube ele pegou meu contato, mas não entrou em contato, não sei se é falta de coragem, desinteresse ou algo mais. Como sei o nome dele completo a muito tempo dei uma busca nas internet’s da vida, até acho que o encontrei, mas preferi não mexer no assunto.
Sinto saudades do “Meu Denis” lá do passado, das suas brincadeiras, do seu sorriso e do seu cheiro. Sei que tudo isso ficou num passado distante. Hoje sou conformado, pois nossa separação não foi de uma forma trágica, foi apenas vidas que tiveram que seguir rumos diferentes, um dia a gente até pode se cruzar e pelo menos bater um papo, diferente que se um de nós tivesse partido abruptamente para um outro plano. Claro que poderemos partir sem não mais nos ver, mas aí já é outra situação, outro contexto.

Não sei se com o Denis de hoje, rolaria nossa química novamente… Acho que não… Não sei… Sei lá, o mundo gira.

Garanto que quando escrevi, voltei ao passado e rolou uma emoção forte aqui, ainda mais que nas pausas (dias) de edição, os algoritmos da internet me trouxeram um vídeo com uma música. Isso que me emocionou bastante.
Agora já estou aliviado, estou bem.
Eu ter escrito, foi muito bom, foi uma terapia, pois era algo que me sufocava e desabafei de uma forma anônima para pessoas que também nem conheço.

Claro que nomes e alguns detalhes aqui foram omitidos, modificados ou não, fica por conta de vocês (risos) mas sei que se “Meu Denis” lesse os contos se identificaria pois tem detalhes que ele conhece.

Para você que leu, muito obrigado e até mais.
Se quiser entra em contato, fique a vontade.
Beijo no coração e fiquem na paz.

[email protected]

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9 Comentários

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  • Responder Erectus BH ID:1ejde53vwls7

    Nunca comentei em nenhum conto. Mas nesse, faço questão de comentar: SIMPLESMENTE SENSACIONAAAAAAAL!!!

  • Responder Fran ID:8kqtoft944

    Perfeito seu conto, muito bom, parabéns!!
    Poderia compartilhar seu telegram pra gente trocar ideia? Ou então, chama no meu @VFritz00

    • Juan ID:w72dfyzl

      Obrigado.

      😘 no ❤️

  • Responder Anónimo ID:3wcl2g8r9

    Nossa, emocionante, muito bom, parabéns.

    • Juan ID:w72dfyzl

      Obrigado.

      😘no ❤️

  • Responder Rafinha ID:vnd1q0jrbma

    Lembrei de minha história com o Ti (Tiago).. eu o reencontrei recentemente, ele já pai de 2 meninos… acabamos indo pra cama, mas a química não foi a mesma. Nossa conexão quebrou, uma pena!

    • Juan ID:w72dfyzl

      Obrigado.
      Penso também, pois já se passaram muitos alguns anos.
      😘no❤️

  • Responder Lírio ID:74uvwnrb0c

    😭😭😭😭😭😭Tomara que se reencontrem( A vai por favor manda mensagem e vê oque acontece🙏)😭😭😭😭😭😭

    • Juan ID:w72dfyzl

      Como falei para uma pessoa especial: busco um pouco de coragem, acho que por enquanto, deixarei por conta do destino. Mas quem sabe né.
      😘no❤️