# # #

Assuntos de Família: Parte 2 – O nosso segredo

1967 palavras | 2 |4.91
Por

A aula de Ciências parecia que não ia acabar nunca. A professora gordinha que estava conosco desde o ano anterior andava de um lado pro outro da sala tagarelando sobre mitocôndrias, mas minha mente estava bem longe dali…
Mesmo sem olhar pra trás, eu sabia que a Vic também não estava prestanto atenção na aula. Sentávamos uma atrás da outra na fileira de carteiras da sala e era assim desde o pré-escolar. Essa posição estratégica sempre nos permitiu trocar bilhetinhos durante as aulas (e colar nas provas, eventualmente), mas naquele dia nossa comunicação se dava num nível mais sutil.
De tempos em tempos, sentia seus dedinhos passando rapidamente pelo meu cabelo num cafuné que não transparecia nenhuma segunda intenção além de simples afeto entre duas irmãs gêmeas. Volta e meia, sentia o tênis dela esbarrar no meu por baixo da cadeira e eu aproveitava para tocar sua panturrilha com meu tornozelo. Eram nossas carícias secretas trocadas à olhos vistos diante de toda a turma.
Finalmente o sinal tocou anunciando o fim daquela aula! A turma começou à levantar e sair da sala, indo em manada na direção da classe da professora de Inglês (que ficava na ponta oposta do corredor). Nos embrenhamos entre a muvuca de alunos durante a troca de aulas e, por instinto, segurei a mão da Victoria enquanto fugíamos da última aula do dia.
– Pra onde você quer ir? – ela perguntou.
– Não sei, será que tem gente na quadra?
– Acho que sim… Que tal ir lá pra trás do refeitório. – era o lugar onde as pessoas normalmente iam pra trocar beijos na nossa escola, então logo percebi qual era a intenção da minha irmã.
– Tá maluca?! Ali é cheio de gente.
– Onde então? – pensei um pouco em silêncio enquanto nos afastávamos do corredor das salas de aula e então a puxei pela mão na direção da escada que levava ao andar superior do colégio.
– Vem!
Subimos apressadas (e ainda de mãos dadas) até um outro corredor, muito mais silencioso que o primeiro: era onde ficavam as salas “especiais” como a biblioteca, o laboratório de informática, o depósito onde o professor de educação física guardava os materiais esportivos…
– Pra onde você tá indo, Van?
– Tem um lugar! – disse com um sorriso de sagacidade, me sentindo a pessoa mais inteligente do mundo!
Passamos por todas as salas, viramos uma esquina e nos deparamos com uma porta fechada. Aquele era um depósito de tralhas onde a administração da escola guardava todo o tipo de material de limpeza ou reparos. Uma das vantagens de ser do grêmio estudantil era conhecer os horários dos funcionários da escola e eu, sendo a vice-presidente do mesmo, sabia que a empresa terceirizada que prestava serviços no colégio só operava entre os turnos de aula, quando a escola estava vazia.
– Vanessa, você é um gênio! – minha irmã disse com um sorriso enquanto eu abria a porta com a chave que me fora confiada pela diretora já que era eu quem sempre ajudava nos preparativos de todos os eventos que eram realizados na escola.
– Eu sei que sou! – disse com ar de triunfo enquanto destrancava a porta – Agora entra e não faz barulho.
Minha irmã correu pra dentro da sala e eu entrei em seguida, trancando a porta atrás de mim. Achei melhor deixar a luz apagada para que nossa presença não fosse notada. Victoria tropeçou em algo no chão, desastrada como sempre e fez um barulhão.
– SSSSHHHHHHHHHH!!!
– Desculpa! – ela sussurrou rindo – Esse lugar tá uma zona! Não é você quem devia deixar isso aqui em ordem?!
– Cala a boca, vai! Deixa eu te ajudar… Vamo lá pro fundo. – me aproximei dela sentindo seu calor corporal e o cheiro do seu suor quando colei meu corpo no da minha irmã. Segurei sua cintura com uma mão e o ombro com a outra, guiando seus passos na escuridão.
Caminhamos cuidadosamente e sempre em silêncio naquele ambiente cheirando à produto de limpeza e material de construção. Vic estava quietinha e seguia passo a passo enquanto eu a conduzia como numa dança. Finalmente chegamos ao fundo do depósito onde eu sabia que havia uma mesa de trabalho bem gasta onde o zelador da escola costumava soldar coisas e serrar tábuas.
Tateei no escuro sobre o tampo de madeira pra me certificar de que não havia nenhuma ferramenta e espanar as raspas de serragem que sempre estavam por ali. Encostei minha irmã na mesa com cuidado e disse baixinho.
– Vem, senta aqui. – agarrei seus quadris e dei apoio para que ela se erguesse até a mesa enquanto me posicionava entre suas pernas levantando o rosto até a altura do seu na escuridão – Você falou sério lá em casa?
– Falei… – ela respondeu no mesmo tom baixo – E você? Quer mesmo ou… ou mudou de ideia?
– Eu quero. Só… – hesitei por um momento – Só tô um pouco esquisita…
– Eu sei, Van. Também tô. – ela acariciou minha bochecha e eu dei um beijinho em seus dedos.
– Como vai ser isso, Vic?
– Não sei, ué! Eu nunca namorei também! – ela deu uma risadinha baixa e nervosa.
– Não é como se desse pra assumir isso de boa… A gente vai namorar escondido pra sempre?
– Não pensei nisso… Só… Sei lá, só… – ela parecia tão perdida quanto eu – Acho que é isso que eu quero.
– Namorar em segredo? – perguntei num tom quase indignado.
– Não, Van! Namorar COM VOCÊ.
Senti meu rosto corar no escuro enquanto Vic ainda alisava meu rosto com aquela mão pequena e macia, além de identica à minha.
– Por que? – perguntei ainda em dúvida.
– Não sei… – senti sinceridade em sua voz – Só quero…
– Você nunca gostou de garotas… – comentei num tom meio manhoso.
– Nem você, Vanessa.
– Então!
– E mesmo assim você me beijou hoje!
– A gente já tinha feito isso antes…
– Não igual hoje. Pra você não foi diferente também? – senti um tom meio desiludido naquela pergunta e quase a abracei de tanta pena.
– Claro que foi… Só…
– Acho que tô apaixonada. – minha irmã disse de forma direta, mas era quase como se seu coração fosse saltar pela boca. Tremi inteira por um momento ao ouvir aquilo.
– Eu sou sua irmã… Sua gêmea… – disse num sussurro quase inaudível.
– Eu não ligo…
– Como não?!
– Você quer deixar isso pra lá…?
Fiquei em silêncio por um tempo que parecia interminável.
– Não…
– O que quer fazer então? – ela perguntou descendo até meu nível, colando o corpo no meu, me segurando gentilmente pela cintura e me colocando contra a mesa de madeira.
– Quero ser sua namorada, Vic. – disse ofegante.
– Mesmo?
– Uhum…
– Posso te beijar de novo…?
– Uhum… – murmurei já de olhos fechados.
Nossas bocas se juntaram mais uma vez e com a mesma paixão de mais cedo! Ainda não tinhamos muita experiência, mas apenas nos deixávamos levar por aquele estranho desejo que nos unia mais do que nunca. Victoria colocava a língua timidamente na minha boca e eu, sem jeito, chupava devagar sentindo o gosto da sua saliva misturada com o sabor refrescante da bala de menta que ela adorava desde pequena.
Ela era dominante e eu, quase que por instinto de completar sua essência, me deixava levar pela minha irmã! Suas mãos delicadas me seguravam firme pela cintura e brincavam pelas minhas costas, chegando até minha nuca suada sob o cabelo e descendo até a altura do cóxi arrepiado. Nossas pernas estavam perfeitamente encaixadas de forma que eu sentia a coxa dela entre as minhas ao mesmo tempo que ela pressionava sua buceta contra a minha coxa. Sob a camiseta fina do colégio, eu podia sentir nossos mamilos durinhos roçando no peito liso como tábua uma da outra.
Finalmente parei pra tomar fôlego enquanto a Victoria beijava meu pescoço e eu acariciava sua nuca.
– Calma, Vic… – eu ofegava – Você vai deixar marca em mim assim…
– Desculpa… Eu tô tomando cuidado… – ela também respirava fundo.
– Daqui a pouco o sinal vai tocar… A gente… A gente precisa ir…
– Tem certeza? Nem sei quanto tempo… – ela deu um beijo na minha orelha enquanto eu tentava olhar as horas no celular.
– Ainda falta uns minutos… Mas calma…
– Tá… Tudo bem… Desculpa, Van… – ela se afastou um pouco do meu corpo me encarando sob a luz branca do celular. Estávamos muito vermelhas e descabeladas.
– Você é linda… – ela disse com um sorriso tímido.
– Eu sou igualzinha a você… – dei uma risadinha e fiz um carinho no seu rosto. A luz do celular apagou novamente, nos deixando no escuro. Victoria aproveitou a escuridão e abocanhou meu polegar enquanto eu lhe acariciava a face, chupando meu dedo por alguns segundos enquanto eu só respirava fundo tentando não me descontrolar.
– Quer fazer…? – ela tirou meu dedo todo babado da boca e perguntou ainda ofegante.
– Fazer o que?
– Você sabe…
– Não, Vic!
– Ah, tudo bem… É que eu achei que…
– Não, eu quero! – me apressei em corrigir o mau-entendido – Só tipo, não aqui…!
– Tá bom… Em casa, então? A noite…?
– Não sei, Vic… Vamo ver… – dessa vez, fui eu quem me adiantei na direção dela e comecei à beijar seu pescoço e seu queixo – Você já quer…?
– Acho que sim… – ela ofegou e soltou um gemido abafado quando me arrisquei à lamber sua pele que estava salgadinha de suor – Você não ficou com vontade?
– Fiquei… – confessei enquanto tomava o controle daquele round e girava minha irmã pro lado da mesa – Só tenho medo de alguém aparecer…
– Mas eu quero tanto… – ela suspirou no meu ouvido entre um beijo e outro.
– Em casa… eu prometo… – disse apertando sua cintura – É melhor a gente ir…
– Tá bom… – ela concordou ainda recuperando o fôlego.
– Se ajeita…! Vai você primeiro, tá?
– Uhum… – ela confirmou ainda tentando arrumar o cabelo e as roupas no escuro.
– Te vejo na saída, Vic…
– Tá bom, até ja ja! – ela disse já começando à se afastar. Puxei ela pelo braço e beijei sua boca novamente uma última vez antes de nos separarmos. Ela apenas deu uma risadinha e saiu apressada, novamente tropeçando em caixas e sacos.
Esperei um tempo após ela sair pela porta, me arrumei o melhor que consegui e fui na direção da saída. No caminho, por curiosidade, levei a mão até o interior da minha calcinha e encontrei uma buceta completamente babada de tesão.
Eu havia enlouquecido de vez! Nem sabia como isso tudo havia acontecido direito. No fundo eu me condenava por deixar essa loucura chegar à tal ponto. Mas toda a minha vida tinha desabado no dia anterior e nada mais fazia sentido. Resolvi simplesmente deixar a razão de lado também.
Antes de deixar a sala escura, me lembrei das palavras da minha irmã na noite anterior enquanto conversávamos sobre a relação incestuosa de papai e mamãe que tinhamos descoberto.
“Talvez eles tenham começado assim”.

Avalie esse conto:
PéssimoRuimMédioBomExcelente
(Média: 4,91 de 22 votos)

Por # # #
Comente e avalie para incentivar o autor

2 Comentários

Talvez precise aguardar o comentario ser aprovado
Proibido numeros de celular, ofensas e textos repetitivos
  • Responder M ID:1dk65gszpudm

    Q dlc. Tô amando gente

  • Responder Lilith ID:1se6zwnz

    Um excelente conto