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Desafios de um pai – 02

3090 palavras | 6 |4.21
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Neste conto Sérgio continua o desafio de cuidar de sua filhinha, mas tem dúvida se seu novo amigo Rodrigo é confiável.

Dando continuidade ao conto “Desafios de um pai”.
No dia seguinte, já no sábado, acordo com uma mensagem do Rodrigo no WhatsApp, dizendo que infelizmente teria que cancelar a pelada com os caras, porque surgiu uma mudança grande para outra cidade e que ele retornaria bem tarde da noite.
Falei com ele que estava tudo bem, caso ele quisesse aparecer mais tarde aqui em casa poderíamos tomar uma, não precisava se preocupar com a hora. Ele agradeceu o convite e disse que mandaria uma mensagem quando estivesse chegando.
Deixei a Alice assistindo um desenho na sala e aproveitei para ligar para minha mãe.
Não conversava direito com dona Cecília desde que ela conheceu o atual marido e se mudou para a Espanha. Ela ficou do lado da minha ex-mulher quando soube da separação, disse que eu era mesmo meio “retardado” e ingênuo, que nenhuma mulher gosta de homem assim.
Desde então passei a evitar ligar para ela, porque não queria ser xingado de “lerdo” a todo momento. Mas hoje era diferente, eu tinha acabado de me mudar e fazer um amigo, queria contar as novidades.
Devido ao fuso horário, esperei até a uma da tarde para ligar. Ela me atendeu com uma voz sonolenta, perguntando com um tom de desinteresse:
– A que devo a honra de atender sua ligação assim tão cedo Serginho?
– Oi mãe, saudades! Liguei para contar as novidades. Deixei a antiga casa e me mudei para uma menorzinha. Não abri mão do conforto, é claro, tem uma piscina de tamanho razoável e uma sauna para relaxar. Estou adorando a casa nova. A Alice parece estar adorando também – comentei.
– Estou feliz que tenha feito alguma mudança na sua vida, finalmente! Mas, Serginho, você espera mesmo que eu acredite que a Alice está gostando da mudança? Aquela menina não gosta de nada, ela nem conversa com ninguém. Ela não precisa de mudança, mas sim de um psicólogo – esbravejou.
– Nossa mãe, esse era outro assunto que iria comentar. Levei ela numa psicóloga há algumas semanas. Ela descartou a possibilidade de Alice ter autismo e já estamos tratando.
– Finalmente você ouviu sua mãe. Demorou, mas você agiu. Eu falei que essa menina não era normal. Mas mudando de assunto, me conta sobre a mudança, já conheceu seus vizinhos? Tem alguma mulher trouxa à vista?
– Ah para mãe. Conheci apenas um cara até agora, o Rodrigo. Ele é muito gente boa, já quer me apresentar para os caras do futebol e até tomamos umas cervejas ontem. Ah, ele parece adorar crianças e se deu super bem com a Alice. Na verdade ela que adorou ele, nunca vi ela brincar tanto com alguém – falei animado.
Minha mãe ficou um pouco em silêncio, ouvi ela resmungar algo ininteligível, e acrescentou:
– Olha, acho legal você interagir, espero que esse Rodrigo não seja mais um “fura olho” tipo o Miguel, que agora está comendo sua ex-mulher. O único conselho que te dou é para ficar de olho nesse novo amigo, todo cuidado é pouco. Você que é homem sabe, a cabeça de baixo encara qualquer coisa, então não sei se é bom dar muita liberdade assim para esse estranho – resmungou ela.
Minha mãe tinha uma habilidade ímpar em ser irritante e estraga prazeres. Fiquei chateado pelo jeito que ela falou do Rodrigo, o cara super legal e prestativo sendo julgado sem poder se defender.
– Olha, mãe, fica tranquila que eu estou mais atento agora à minha filha, quero assumir de verdade a figura de pai. Por isso procurei ajuda profissional, inclusive hoje devo ligar para a psicóloga.
– Então aproveita e conta para ela do seu novo amigo e pergunta se está bem em você deixar ele brincar com a Alice. Sei que você não me escuta, mas acho que a psicóloga você vai ouvir – arrematou.
Acho que minha mãe percebeu que a conversa azedou e pediu num tom mais gentil: “promete que vai contar sobre sua nova amizade para a psicóloga? Faz isso por mim e por minha neta, por favor”.
Eu acabei cedendo e mudei de assunto, falando sobre a minha intenção de vender a antiga casa e que ainda essa semana me encontraria com o advogado da minha ex-mulher para resolver as questões burocráticas.
Nessa hora ouvi um barulho ao fundo, alguém sussurrando algo, e minha mãe avisou que o marido dela tinha acordado e que ela teria que desligar.
Depois da conversa, cumpri o prometido e mandei uma mensagem para a doutora Márcia perguntando se poderia ligar mais tarde.
Ela respondeu quase que instantaneamente, dizendo que não obteve retorno e estava preocupada com a situação da Alice. Contei a ela que nas últimas semanas não me lembrei de nenhuma pessoa confiável a quem pudesse pedir para tomar banho com minha filha, pelo menos não alguém com as características que ela tinha falado. Disse que também não conheci ninguém nesse período mas que ontem, por coincidência, tinha feito amizade com o motorista que fez a mudança e que ele era o perfil perfeito, muito forte, peludo e com uma rola cujo volume é impossível de disfarçar de tão grande.
A doutora Márcia pareceu ter ficado muito contente com a notícia e disse que iria atender naquele sábado, que seria muito bom se eu levasse a Alice lá para ela avaliar a menina depois de ter conhecido Rodrigo. Ela disse que também precisava fazer uma sessão comigo, para tirar minhas dúvidas.
Pensei na sorte que eu tive de encontrar a doutora Márcia, uma profissional que parecia ser muito dedicada e preocupada com a Alice.
Resolvi marcar para dali a uma hora, porque ficaria com o resto da tarde livre para ajeitar a casa e brincar com a Alice.
Ao chegar no consultório, me deparei com a doutora Márcia usando outro vestido vermelho ainda mais curto e decotado que o anterior. Gostei da autenticidade dela em se vestir desse jeito, normalmente as pessoas tem medo de ousar nas roupas em ambientes profissionais.
Dessa vez a consulta da Alice demorou quase duas horas, por sorte haviam livros e revistas numa estante na área de espera e pude passar o tempo. Quando Alice saiu, entrei rapidamente no consultório, enquanto uma funcionária da recepção ficou tomando conta da minha filha do lado de fora.
Ao entrar, doutora Márcia me cumprimentou com entusiasmo e uma alegria contagiante:
– Nossa Sérgio, estou impressionada com a mudança da Alice. Hoje ela conversou, contou sobre experiências, falou da mudança, da casa nova, enfim, a danadinha se soltou mesmo, não parava de falar.
Eu sorri satisfeito e agradeci pelo comentário, contando a ela sobre tudo que aconteceu no dia anterior: a mudança de casa, o jeito brincalhão do Rodrigo com Alice ao brincar com ela no balanço, o cuidado dele com ela ao trocar a calcinha molhada de xixi e de ficar mais de quarenta minutos com ela procurando uma roupa limpa e a paciência dele ao ficar sozinho com ela no quarto até fazê-la dormir.
Doutora Márcia ficou bem impressionada com o relato e me perguntou sobre o físico de Rodrigo. Mostrei a ela a foto dele de perfil no whatsapp, que mostra ele de corpo inteiro na praia: um homem de 1,85 de altura, forte e musculoso, coxas bem grossas, bastante peludo e com um dote invejável. Na foto ele usava uma sunga branca que parecia até obscena de tanto que realçava o volume do pau, chamava tanto a atenção que era possível ver duas mulheres próximas olhando na direção da rola dele, e uma menininha sentada na areia também olhando na direção de sua virilha.
Doutora Márcia mordeu os lábios e os umedeceu ao ver a fotografia.
– É um rapaz muito bonito, é loirinho mas não é um principezinho, na verdade é bem rústico, tem alguns cabelos brancos e mantém os pelos do corpo, que é muito musculoso mas não parece resultado de academia, mas sim de trabalhos braçais. As pernas são claramente de um jogador de futebol e o dote é de um garanhão, com todo respeito – e sorriu olhando de um jeito cúmplice na minha direção.
Uma aura de constrangimento invadiu a sala, eu fiquei sem saber o que responder para os elogios que ela fizera para o Rodrigo. Por mais atraente que ele fosse, não era minha praia, eu gostava de mulheres.
Doutora Márcia pareceu não se importar com meu constrangimento e disse que “com certeza absoluta foi a presença de Rodrigo e os feromônios que ele exala que provocaram essa mudança em Alice. Se eu ainda tinha alguma dúvida, agora não tenho mais. Essa mudança de comportamento em apenas um dia revela que estamos no caminho certo. Porém ainda há muito a percorrer e acredito que você deve ter muitas dúvidas agora.
– Sim doutora. A primeira dúvida é se o Rodrigo é confiável e se devo explicar para ele a situação, principalmente a parte do banho. Ele é legal, prestativo, mas ainda não temos esse nível de intimidade. Hoje quando contei para minha mãe que o conheci, ela já foi logo me advertindo para não dar muita liberdade para Rodrigo com Alice, disse que é perigoso.
A doutora fez uma careta de desaprovação:
– Você não deveria conversar a respeito do tratamento com sua mãe. As pessoas em geral são muito maliciosas, veem maldade em tudo. No caso das mulheres, isso é ainda pior, porque são paranóicas com o cuidado das crianças e acham que todo homem é um predador sexual.
O tom que ela usou foi tão enérgico que até me senti mal por ter ligado para minha mãe mais cedo.
– Veja, Sérgio, as pessoas perdem muito tempo tentando adivinhar o que se passa na mente das pessoas, o que é uma perda de tempo. Você deve dar mais atenção às atitudes das pessoas e não ao que imagina que elas pensam. No caso desse Rodrigo, você me contou sobre várias atitudes muito boas dele em relação a você, disse que ele foi receptivo, que convidou para jogar bola, levou cervejas para vocês tomarem. Então posso afirmar que ele é bom para você, porque as atitudes dele demonstram isso.
– Mas será que ele é bom para a Alice?
– Sem “mas”, Sérgio. Em relação à Alice as atitudes dele também foram boas: ele tentou distrai-la com um brinquedo, conversou e brincou com ela, não deixou que você a xingasse quando ela fez xixi no balanço, e ainda tomou conta dela, trocando a roupinha e a fazendo dormir mais tarde. Você contou também que ele foi muito carinhoso, que a carregou nos braços, que a colocou no colo. Se os gestos são bons, é porque ele é bom.
As palavras de doutora Márcia me fizeram enxergar a situação com mais clareza, realmente foi uma besteira dar atenção à paranóia da minha mãe.
– Então a senhora acha que eu devo conversar com Rodrigo sobre a situação da Alice e pedir para que ele tome banho com ela algumas vezes?
A doutora Márcia me analisou com frieza e respondeu negativamente:
– Não é necessário, Sérgio. Como você mesmo disse, vocês se conheceram há apenas um dia, as chances de haver um mal entendido são grandes. Rodrigo pode acabar achando que você é algum pervertido ou que se aproximou dele apenas para usá-lo no tratamento da Alice. Ninguém gosta de ser usado dessa forma, então é melhor ele não saber de nada.
– Então como vou fazer para seguir com o tratamento?
– É simples: deixe as coisas fluírem naturalmente. Aos poucos a Alice vai ganhar mais confiança em Rodrigo e, quando você menos esperar, vai ocorrer alguma situação em que ela tenha que o ver nu e descobrir o sexo oposto. Você não precisa apressar nada nem assustar o seu novo amigo.
– Mas me sinto frustrado de não resolver a situação logo. Outro dia quase que chamei a Alice para tomar banho comigo, pensei que talvez resolvesse.
– Não faça isso! – me repreendeu ela. O contato visual é apenas um dos aspectos do tratamento, Sérgio. Então não adianta simplesmente se exibir nu na frente da sua filha. Se fosse assim bastaria mostrar imagens eróticas extraídas da internet para ela. Mas não é esse o objetivo e não é isso que recuperará a sua filhinha de seu retardo. Na verdade a maior parte da mudança ocorrerá com a resposta hormonal de sua filha aos feromônios liberados por Rodrigo, reagindo ao tê-lo por perto ou ao manter contato com ele durante as brincadeiras. O que você viu ontem prova isso, bastou ele se aproximar para capturar a atenção dela e quando ele brincou no pônei com ela, fazendo cócegas em seu corpo, ela se soltou mais e mais e brincou como qualquer outra criança.
Lembrei-me nesse momento da hora em que Alice fez xixi e comentei com a doutora que, de acordo com Rodrigo, aquilo não era urina e sim fluído vaginal.
– Ele está certíssimo. Realmente parece ser um pai experiente. Sem se dar conta Alice friccionou a pelvis no balanço e o corpo dela reagiu produzindo o fluído vaginal. Como Rodrigo exala muita testosterona, a resposta do corpo de Alice foi muito intensa, ela se molhou tanto que parecia xixi. Isso é um ótimo sinal, indica que o corpo dela está saudável e não se atrofiou com o retardo da fase genital que deveria ter ocorrido quando ela tinha entre três ou quatro anos.
– Ela friccionou com muita força e acabou ficando toda vermelha e inchada – comentei. Será que não fará mal para ela?
Doutora Márcia sorriu de um jeito estranho, umedeceu os lábios e completou:
– O corpo humano não foi feito para se esfregar na madeira, Sérgio. Acho que você deveria se livrar do pônei de madeira, para evitar que Alice se machuque de novo. Mas não se engane, pode acontecer da vagina dela ficar vermelha de novo, porque em breve ela deve começar a se tocar e conhecer o próprio corpo. Não se assuste com isso, acontece com meninos e meninas e inclusive já deveria ter acontecido há muitos anos.
A doutora tinha razão. Minha mãe me contava que quando eu tinha entre dois e três anos comecei a pegar no meu pintinho e deixá-lo duro o tempo inteiro, não parava de mexer nele. Ela desesperada me batia, dava tapas, mas eu não entendia e continuava mexendo. Mas depois passou, foi só uma fase. Com a Alice será a mesma coisa, só que mais tarde.
– Sérgio, preciso te perguntar uma coisa – doutora Márcia interrompeu meus pensamentos.
– Pode perguntar doutora.
– Deu para notar que o Rodrigo tem um dote grande e grosso. Deu para notar se em algum momento ele teve ereção?
– Sim, ele não usa cueca e ontem estava apenas com um short de futebol, então dava para ver o volume do pênis direitinho. Algumas vezes parecia que ficava “meia bomba” e outras vezes durante a mudança percebi que ficou ereto. Achei normal porque várias vezes ao dia isso acontece comigo. Mas à noite, depois que Alice fez birra para dormir, ele saiu do quarto com uma ereção bem forte, dizendo que isso acontece toda vez que ele fica nervoso.
A psicóloga sorriu de um jeito estranho novamente, ficou me avaliando por um momento e completou:
– Isso é excelente, Sérgio. Sinal de que Rodrigo está com os hormônios a pleno vapor. E não se preocupe, os homens tem ereções por motivos diversos, não apenas por estarem atraídos sexualmente por alguém. No caso de Rodrigo, era porque ele estava nervoso, o que é comum.
– Eu não tinha levado por mal, acreditei nele quando ele me explicou isso.
Márcia conteve uma risada, mas não conseguiu, dando um gritinho histérico. Fiquei chateado com aquilo e perguntei se eu tinha falado algo engraçado.
– Não é isso, é que acabei de me lembrar de uma piada que outro paciente contou – desconversou ela. Não é nada com você – emendou, ainda sem conseguir conter o riso.
Acabei rindo junto com ela e perguntei qual era a piada que ela tinha se lembrado, mas ela não me respondeu, pigarreou de leve, ajeitou o vestido curto e voltou a falar sobre a ereção:
– Deve ser difícil para Rodrigo disfarçar essas ereções. Ele tentou esconder de você?
– Não. Ele agiu naturalmente, por isso percebi que não tinha maldade alguma. Se ele realmente estivesse fazendo alguma sacanagem, tentaria esconder de mim – argumentei.
– Você é mais esperto do que imagina, Sérgio – disse doutora Márcia com um brilho no olhar. Vamos encerrar nossa sessão agora, acredito que você e Alice estão preparados para enfrentar o problema sozinhos.
– Muito obrigado, doutora – falei satisfeito.
Depois da consulta coloquei a Alice no carro e perguntei se ela queria alguma coisa, ela falou que queria sorvete, mas que queria tomar com o Rodrigo.
Fiquei emocionado com a reação dela, geralmente ela nunca se interessava por nada. Na escolinha ela não tinha nenhum amiguinho, não chamava nenhum para brincar. Mas com o Rodrigo era diferente, ela se lembrou dele e queria agradá-lo com um sorvete. Senti que ele era mesmo um anjo em nossas vidas, estava fazendo minha filha melhorar de seu problema.

Continua

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6 Comentários

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  • Responder Fã do Bourne ID:8d5vce96ic

    Olá, leitoras e leitores! Eu me inspirei nessa sequência e estou elaborando minha própria, intitulada Criando Silvinha. Já estou com dois capítulos. Por gentileza, leiam e comentem! Gostaria muito de contar com as observações de vocês! Abraços!

  • Responder Jairo ID:477hls5czr9

    O que o Krampus falou ta certo

  • Responder Krampus ID:2ql412c8l

    O conto foca em várias coisas ao mesmo tempo, ex-mulher, mãe, doutora e quase não foca no envolvimento da Alice com o Rodrigo, o ritmo tá muito arrastado e as situações que você criou não são lá muito excitantes o leitor tem que se esforçar muito pra criar algo sozinho enquanto lê

    • Ricoo ID:wc4amm9d

      Concordo

    • Jairo ID:477hls5czr9

      Verdade

  • Responder Mlk_putobr ID:469ctnnmoid

    Te chamei responde lá