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Arlequino e Jesteria – 4ª parte

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Por

Jesteria ainda vive! Encontro entre Arlequino e Charlotte.

Arlequino dirigiu um sorriso malicioso ao passar pela Vanessa, que ficou atônita, perguntando-se se estava a viver um pesadelo e sem qualquer capacidade de reação. Sem parar, Arlequino voltou para o bar onde se voltou a vestir, mas com outras roupas, pediu a outra empregada uma dose de pork assado com vegetais.
“Preciso de me ausentar por uns minutos, quando a refeição estiver pronta, ponha-a naquela mesa se faz favor.”
“Como o senhor desejar.”
Agora rápido, pensou Arlequino, preciso de ir ao meu quarto, não há muito tempo a perder! Depois de chegar ao quarto, abriu a janela e avistou a Jesteria num pequeno barco de remos que estava a ser arrastado pelo Entertainment. Este barco de remos estava efectivamente ligado por uma corda até à janela do quarto do Arlequino, que sem mais demoras começou a puxar paulatinamente na corda, encurtando assim a distância entre os dois barcos. Sem perceber como a providência lhe tinha proporcionado uma canoa, Jesteria começou a remar percebendo que alguém a estava a ajudar.
Há que notar que ainda ninguém, tirando a Vanessa que continuava sem reacção e o amigo do Arlequino, que tinha providenciado a canoa, rigorosamente mais ninguém tinha reparado que uma pessoa tinha caído à água ou na ausência da Jesteria.
Quando a canoa finalmente chegou debaixo dos quartos dos passageiros, olhou para cima mas apenas reparou numa janela aberta, de onde visivelmente estavam a tentar trazê-la de volta, instintivamente agarrou-se. Desfez a ligação entre a canoa e a corda e segurou-se a essa última. A distância entre ela e essa janela continuava então a diminuir, até finalmente, agarrar uma mão estendida que a colocou de volta do Entertainment. A sua respiração continuava ofegante; começou então a tossir antes de aceitar uma garrafa de água que lhe era estendida. Bebeu metade da garrafa num só traço e quando estava prestes a agradecer, apenas identificou uma silhueta que tinha acabado de sair do quarto.
Entretanto a polícia tinha sido informada do acidente – ou do crime – e os binóculos dos agentes tentaram em vão encontrar o corpo de uma pessoa deixada por trás há alguns minutos.
Quando Arlequino regressou ao Justine, a empregada de mesa avisou:
“Olhe, sua comida já está em cima da mesa, não a deixe arrefecer.”
“Agradeço, traga-me uma cerveja para acompanhar. Obrigado.”
Enquanto saboreava o porco com vegetais, dois polícias interromperam a refeição de Arlequino.
“Boa tarde, senhor Arlequino, presumo? Parece que há uma hora atrás, uma conhecida mulher, a bailarina Jesteria, caiu no mar perto deste bar. O senhor por acaso ouviu alguma coisa?”
“Desculpe-me, a famosa bailarina Jesteria caiu ao mar? Estive com ela ainda há pouco…”
“Parece que ela foi lançada ao mar por um indivíduo que aparentava ter as suas características físicas. Pelo que contam, o senhor terá sido a última pessoa a estar com ela.”
“Lançada ao mar? Diga-me que estão a fazer buscas! A morte e Jesteria seria uma tremenda perda para o entretenimento de nós outros, passageiros.”
“Infelizmente não a conseguimos localizar.” Comentou o primeiro oficial, entregando-lhe um papel com alguns nomes. “Essas pessoas podem testemunhar a sua presença com ela e não apenas neste bar.”
O segundo polícia acrescentou:
“Também encontrámos manchas de sangue e sinais de luta perto da proa do navio, o que nos leva a concluir que não se trata de um mero acidente.”
“Acredito e espero que tudo não passe de um mal-entendido. Por aqui esse tipos de jogos são frequentes entre os passageiros.”
“Infelizmente temos outros motivos para acreditar que não se tratou apenas de um jogo erótico. De qualquer forma, se houve homicídio, o criminoso só pode estar no barco. Fugir com um barco a remos é inconcebível. Senhor Arlequino, se se lembrar de mais alguma por favor entre em contacto connosco.” Disse o oficial com desconfiança mas num tom diplomático.
“Com certeza meus senhores. Não é o meu trabalho, mas se realmente houve crime, acredito que o assassino estará escondido no barco, e não por onde estou a aproveitar uma refeição.”
Sem querer comentar a orientação sugerida, os dois polícias agradeceram pela cooperação antes de desaparecerem.
“Menina, a comida estava óptima. Um whiskey por favor.”
A garçonete agradeceu com um sorriso antes de servir a bebida ao cliente. Enquanto saboreava o seu whiskey, Arlequino engasgou-se ao avistar Jesteria à sua frente, fitando-o com um olhar repleto de ódio e reprovação.
“Hey Jesteria! Como fizeste para voltar ao barco?”
Jesteria estremeceu de vergonha com o tom da voz do seu estuprador, seus olhos percorrendo os dele como um animal preso prestes a virar predador.
“Eu…não sei.” Limitou-se a gaguejar.
“Não sabes quem te trouxe de volta ao barco?”
“A tripulação…eles me encontraram a flutuar na água e…trouxeram-me de volta” Respondeu a bailarina sem querer narrar precisamente o que tinha acontecido antes de se aproximar de Arlequino com uma faca na mão que pretendeu dissimular.
“Ah, pensei que fosse um dos teus trucos de magia. Jesteria, estás bem?”
“Sim…estou bem.” Respondeu com a mão atrás das costas antes de acrescentar: “Foste tu, não foste?”
“Fui eu que…? Não me pareces estar muito bem. E essas roupas masculinas não combinam contigo. Por favor, vai-me comprar outras roupas. Ah, por falar em comprar, tenho aqui o teu dinheiro. E a tua carteira. Como podes ver, não és a única mágica entre os passageiros.”
Depois de pegar na carteira sem emitir qualquer comentário, Jesteria deu meia volta. Arlequino perguntou-lhe porém se tinha acontecido alguma coisa e acrescentou que os polícias andavam à procura dela.
“Não quero saber e não preciso da tua ajuda” Limitou-se a adicionarJesteria sem parar de caminhar.
“Recomendo-te um bom banho para remover essas marcas de batom que tens na testa.”
“Vai-te foder!”
Que falta de sentido de humor pensou sinceramente Arlequino, antes de perguntar à garçonete:
“Menina, poderia fazer o favor de se juntar a mim? Traga-me mais um whiskey se faz favor e uma bebida para si.”
Depois da empregada consentir, a nossa personagem perguntou:
“Jesteria pareceu-me muito exaltada. Por acaso conhece o motivo?”
Depois de hesitar por um momento, pensando no que havia de dizer perante um cliente tão perigoso, a garçonete disse:
“Bem, eu ouvi sobre o que aconteceu… entre o senhor e ela. Não quer… uma sobremesa? Temos um delicioso bolo de chocolate que acabou de sair do forno.” Perguntou a garçonete, procurando mudar de assunto.
“Manda vir um para ti. Fala francamente, parece-me que tens jeito para entender as pessoas. O que se passa na mente dela neste momento?”
“Obrigada… pelo bolo, senhor. Bem, para falar sinceramente, Jesteria é uma mágica famosa… Conhecida pelos seus comportamentos frios e imprevisíveis. Digo… Não é fácil para uma rapariga como eu lidar com clientes…como vocês. Ela não é o tipo de pessoa que se deixa manipular ou controlar. Então quando o senhor a forçou a… Bem, acho que ela se sente humilhada e aterrorizada… e talvez se sinta envergonhada por ter…perdido o controle da situação. Mas não se preocupe, senhor, acho que ela não contará isso a ninguém. Seu orgulho está ligado à sua reputação de… ser responsável pela morte de algumas pessoas.”
“Mas porquê que ela simplesmente não toma um bom duche e esquece o que lhe aconteceu?”
“Eu…não posso dizer com certeza, senhor. Mas ela é uma mulher obstinada. Pode levar bastante tempo para ela…se recuperar. Digo…processar o que se passou e seguir em frente com o que se passou… Eu não sou boa com as palavras, senhor, entende o que quero dizer?”
“Menina… acabei de perceber uma coisa. Qual é o teu nome?”
“Charlotte.”
“Obrigado, Charlotte. Acredito que entendo melhor a Jesteria agora.” Disse enigmaticamente Arlequino com o olhar perplexo para o horizonte do mar e o cigarro esquecido em sua mão. Antes de finalmente perguntar:
“Diz-me, Charlotte, gostas do teu trabalho?”
“Não é…o meu trabalho de sonho, mas o salário é bom, permite-me viajar e…conhecer pessoas como vocês.”
“E que tipo de trabalho gostarias de ter?”
“Sempre quis…ser estilista. Mas não tenho dinheiro nem contactos. Além disso…não é propriamente uma carreira muito estável. Acho que já renunciei a esse capricho.”
“Nunca se deve renunciar aos caprichos, Charlotte. Da mesma forma, ou quase, que não se deve renunciar aos sonhos. Eu por acaso acho que tens jeito para o teu trabalho de empregada de mesa, mas se também tens jeito para desenhar roupas e preferires esse trabalho, tens de fazer por isso. Não tenho muitos contactos na área mas conheço um amigo que certamente te poderá dar uma ajuda. Por falar nisso, talvez me possas ajudar a escolher uma roupa elegante para a Jesteria?”
“Com muito gosto, senhor Arlequino, ficaria honrada. Que cores e tipo de roupa pretende oferecer-lhe?”
“Escolhe tu, mas qualquer coisa elegante. Vai agora, falo com o teu patrão se for necessário.”
“Há poucos clientes, vou agora mesmo. Tem preferência por alguma marca?”
“Trata-me por tu Charlotte. Não conheço marca alguma. Pega nesse dinheiro, compra-lhe qualquer coisa de bonito e fica com o que sobrar para ti.”
“Obrigada Arlequino. Volto, digo…encontramo-nos aqui…daqui a uma hora?”
“Parece-me bem, não tenhas pressa.”
“Até já.”
Uma hora depois, Charlotte voltou carregando um vestido para a Jesteria.
“Comprei esse vestido parcialmente feito de seda, julgo que a senhora Jesteria ficará contente. Tenho aqui o troco, custou…”
“Não quero saber. Parece-me impecável. Assenta na perfeição com as suas curvas. Boa escolha!”
“Obrigada Arlequino.”
“Obrigado eu. Charlotte, tens algum fetish?”
“Algum…fetish? Sexual…como os passageiros costumam praticar… queres dizer? Eu sou uma menina simples… e…”
“Seria preferível não partilhar algo tão íntimo com um psicopata como eu? Era mera curiosidade, Charlotte, não fiques tão vermelha.”
“Eu gosto de…roleplay.. como vocês chamam. Gosto de fingir que sou outra pessoa. Uma enfermeira ou uma empregada doméstica, por exemplo.”
“Empregada doméstica soa-me bem! Já alguma vez vestiste um outfit apropriado?”
“Não, Arlequino… E embora… gostasse de experimentar esse jogo, como disse sou uma menina simples.”
“Quando acabares o turno passa pela minha cabine. Se quiseres.”
“Vou…pensar nisso Arlequino.”
Depois de passear pelo barco, Arlequino acabou mesmo por comprar um vestido de maid, dos mais tradicionais mas com ligas e uma saia curta. O que, diga-se de passagem, não era o que faltava nas diversas lojas eróticas que habitavam o barco. Quando finalmente decidiu voltar para a sua suíte, Arlequino foi abordado pelos mesmos policias de há bocado.
“Senhor Arlequino, encontrámos a miss Jesteria. Ainda não prestou muitas declarações mas sabemos que ela efectivamente caiu na água. Sabemos que o senhor voltou a vê-lá. Temos de lhe fazer algumas perguntas, e recomendo-lhe que tenha cuidado com as suas respostas.”
“É verdade, encontrei-a há bocado, no mesmo lugar onde falei convosco. Foi logo depois, aliás. Ela pareceu-me bastante exaltada mas sem lesões preocupantes.”
“E qual foi a natureza da sua conversa com a Jesteria? Ela mencionou alguma coisa sobre ter sido atacada?”
“Não. Mas deu para perceber que ela foi mesmo enviada para o oceano contra a sua vontade. Oups… não tenho a certeza que ela queira que se saiba. Poderá preferir dizer que caiu acidentalmente. Sei lá…só trocamos umas palavras, nada de mais. Imagino que ela esteja neste momento no quarto. Algo mais?”
Os polícias olharam um pelo outro sem saber o que fazer com as respostas sinceras do passageiro equatoriano.
“Bem, agradecemos a sua cooperação” Respondeu finalmente o oficial. “Mas se ouvir mais alguma coisa relacionada com o sucedido entre em contacto connosco imediatamente.”

Uma vez no quarto, Arlequino sentou-se na poltrona para ler quando pouco depois alguém tocou à campainha:
“Entre.”
“Oh, olá, o meu turno acabou.”
“Charlotte! Entra, olha, comprei esse vestido de empregada doméstica. O que te parece?”
“Um pouco… provocante…. digo, giro mas provocante.”
“Experimentá-o, tenho a certeza que assenta-te como uma luva.”
“Realmente acho que…me fica bem. Obrigada. Por onde devo começar a limpar?”
“Ficas lindíssima! Preciso com alguma urgência que ponhas as minhas roupas a lavar. De resto, remover o pó da sala será suficiente.”
“Como desejar.”
Uns minutos depois, Charlotte voltou para Arlequino.
“Essas roupas estão manchadas… com sangue. Devo lavá-las separadamente?”
“Acredito que seja melhor, obrigado Charlotte.”
“Não tem problema” Respondeu Charlotte com uma voz suave e convidativa. Depois de esfregar com muito sabão para tentar remover as nódoas de sangue, Charlotte voltou para a sala onde começou a limpar o chão movendo o seu traseiro de modo a procurar a atenção do seu senhor. Arlequino que até então dividia a sua concentração entre o livro que segurava nas mãos e a Charlotte que sensualmente lhe limpava os aposentos, não pôde aguentar mais quando viu “a empregada doméstica” ajoelhar-se para limpar o pó que estava debaixo de um armário. Levantou-se e pousou o livro, caminhou calmamente até Charlotte e depois de remover das suas mãos os objectos de limpeza (o autor não sabe os nomes… uma esponja parece-me sensual mas será apropriado?), Arlequino acariciou o cabelo de Charlotte antes de suavemente a beijar. Com os lábios ainda em contacto ajudou-a a levantar-se, antes de lhe beijar e morder o pescoço. Charlotte agarrou na camisa de Arlequino que depois de lhe acariciar os seios, se abaixou para remover o fio dental da linda rapariga e lember-lhe a cona. Depois de gemer em silêncio, Charlotte pressionou a cabeça de Arlequino, incentivando-o a não parar com as carícias bocais. Pressionou então a perna direita contra o sexo do amante para lhe medir o entusiasmo. Numa fracção de segundos, este último levantou-se e, depois de lhe aplicar várias palmadas no rabo, empurrou-a para a cama. Rapidamente, mas sem se precipitar, Arlequino removeu as suas roupas e subiu para cima do corpo da Charlotte, beijando-lhes os seios antes de finalmente a penetrar.
Um orgasmo depois – é uma unidade de tempo como outra qualquer, variável, felizmente – Charlotte levantou-se da cama, corando levemente de vergonha. Vestiu-se e com alguma relutância, acabou por aceitar o dinheiro que Arlequino lhe oferecia por o ter ajudado a “limpar as suas roupas”.

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