Traído desde antes do casamento

Ele fazia a minha mulher de puta cachorra, enquanto eu a tratava como a dama que sempre achei que fosse. Será que a culpa foi minha?

Coincidência? Destino? Não sei. Só sei que há males que vêm para o bem. Achava que Ana fosse fiel de verdade. Nunca me deu razão para desconfiar dela. Ótima esposa e dona de casa, além de super sociável e companheira na alegria e na dor, como na correria do dia a dia, sempre foi o meu maior orgulho. Linda e sensual, eu adorava meio que ostentar a mulher que tinha. Mas… Eu nunca passei de um otário, tendo sido chifrado desde antes do casamento. E justamente com meu irmão e sócio no mercado que está ruindo do mesmo jeito como ruiu o meu casamento. A ironia de tudo é que o pilantra costumava conversar com a minha mulher pelo telefone bem na minha cara, enquanto eu achava que fosse a amante dele, que me apresentou uma vez. Ele fingia estar falando com ela. Dizia o que ia fazer com ela e eu até ria pra ele, sem saber que era com a minha mulher que ele ia fazer aquelas coisas, como da vez que disse que ia gozar na cara dela e eu até fiquei excitado. O meu próprio irmão! A vagabunda da Ana, eu até que consigo aceitar. Foi traumatizante e eu sofri pra caraca. Mas o meu irmão?! A desculpa dele foi a de que ele viu primeiro e eu é que dei mole de gamar. Que achava que o meu lance com ela seria passageiro, mas que eu levei a sério e a coisa foi fugindo do controle. A primeira vez que ele comeu ela foi num réveillon, de madrugada, quando todos dormiam. Foi a primeira vez que ela dormiu lá em casa, dois anos antes de ficarmos noivos. Quando eu levantei já quase clareando e ela estava no banheiro, não mandei nada. O Júnior estava fumando na varanda. E nós até conversamos um pouco, antes de eu voltar a dormir. E desde então ele nunca mais parou de comer ela. O corno é sempre o último a saber. Isso é fato. Minha irmã mais velha não gostava da Ana. E eu até parei de falar com ela devido a implicância que tinha com a minha mulher. Ela sabia. Ela sempre soube. E eu fiquei com ódio dela por não ter me contado. Mas eu entendi. Como ela disse, eu estava cego de paixão. E estava mesmo.
Eu descobri tudo de maneira totalmente inesperada. E só pode ter sido providência divina. Eu estava na casa da minha mãe nesse dia. Fui levar o microondas novo que havia prometido e que ela queria. Como era surpresa, não avisei que iria. Quando cheguei minha mãe não estava. Mas pude ouvir meu irmão em seu quarto no andar de cima. Estava falando ao telefone sem saber que eu estava lá. Até aí tranquilo. Mas quando ele disse: “eu quero aquela que ele te deu, que você falou”. Eu fiquei curioso e subi as escadas para ouvir melhor, achando que estivesse falando com a tal amante. Então ele disse que ia se vestir e colocou no viva voz. Era a voz da minha mulher, dizendo que nem havia estreado e que seria maldade isso. Então congelei. Ficou claro de que estava falando da lingerie que eu havia comprado três dias atrás, mas que íamos estrear na terça, nosso aniversário de casamento. Então o Júnior disse que era só lavar bem lavandinho, mas que queria arrancar com os dentes. Ela sorriu e disse que ia pensar no caso dele, bastante a vontade e deixando claro de que iria usar. Eu cheguei na porta e ela estava se vestindo. Quando me viu até caiu na cama. Ela continuou falando, sem saber que eu estava ali e eu disse: “Oi, Ana! Vai estrear com o meu irmão a lingerie que eu te dei pro nosso aniversário de casamento? É isso que vocês estão combinando? Ela desligou e meu irmão estava apavorado. Fui tomado por uma fúria descomunal e dei um soco na boca dele que arrancou sangue e quebrou dois dentes. Nunca tinha dado um soco com tanta vontade em alguém. Desci as escadas e fui embora né segurando pra não chorar. Em casa a Ana não estava. Covarde. Foi se proteger com a mamãe dela. Ficou três dias sem me atender e sem sair nem na janela. Por fim eu caguei pra ela. Joguei tudo dela no pátio do prédio pela janela. Estava furioso. Tive problema com o síndico e com os vizinhos. Mas… É isso.

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