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Novos Anjos Parte 9

2669 palavras | 12 |4.43
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Parece incrível como as coincidências acontecem quando menos esperamos, nosso segundo beijo naquele mesmo lugar e logo que terminamos a batida na porta nos interrompe, dos males o menor, ao menos não ocorreram durante o beijo.

O toc, toc chamou a atenção, se fosse minha tia ou qualquer outro da família não bateria na porta, então… surpresa, respondi para entrar e aparece o Flávio bem na nossa frente junto com sua mãe.

-Flávio, você por aqui? Perguntei bastante surpreso- como? Onde? Me disseram que você faltou ontem porque estava com catapora.
-Oi, gente- ele respondeu- eca, catapora? Quem inventou essa maluquice?
-Bom dia meninos- cumprimentou a mãe de Flávio antes que ele continuasse- Fico feliz de ver que você parece tão bem agora Arthur.
-Obrigado tia- respondeu Arthur, como soube que eu estava aqui?
-Sua mãe me avisou mais cedo- disse que talvez você não vá poder ir para a escola por alguns dias.
-Já estou bem melhor, não sinto mais quase nada. Não quero ter que faltar, adoro sua escola tia.
-Eu sei querido, obrigada por isso mas lembre que você está se recuperando, não deve estar sentindo dor por conta dos medicamentos, mas tem que ficar de repouso até estar realmente bem.
-Muito obrigado pela visita.
-Eu não deixaria um dos meus melhores alunos na mão- sorriu- Na verdade quando o Flávio soube insistiu bastante também, vou deixar vocês uma meia hora a sós para conversarem, tudo bem? Daqui a pouquinho eu retorno- abraçou Arthur e me cumprimentou.
-Então…recomeçou Flávio- A minha mãe não me contou nadinha, você está bem?
-Tô bem melhor sim, mas… primeiro você- indagou Arthur- Quem foi que te “passou” catapora- riu.
-Eu sei lá, foi o Paulo que disse isso agora, eu simplesmente acordei ontem com mal estar e um pouco de febre, nada demais, mas o suficiente para matar aula. Avisei no grupo do zap mas aquele bando de meninas fofoqueiras com certeza foi aumentando até inventar isso.
-Ah, só pode- falei- foi a Bruna, aquela menina é um nojo viu? Foi super grossa comigo.
-Ela se acha melhor que todo mundo, eu sempre estudei nessa escola, vai por mim, eu conheço bem como é a maioria ali.
-Então você sabe o que falam da gente? Perguntei meio com medo da resposta.
-Sei um pouco, alguns dizem que o Arthur é nerdezinho que não dá bola pra ninguém e que você é metido a rico porque morou fora, mas juro que não penso assim. Vamos mudar de assunto?
-Eu sei Flávio, você foi super legal com a gente desde o primeiro dia. Falei em tom conciliador.
-Ah, mas eu confesso que a minha mãe também me pediu pra ajudar os dois meninos novos, mas é que eu normalmente ficaria com vergonha mesmo, mas eu descobri que vocês são legais, além do mais… pausou sua fala.
-Além do mais o quê? Perguntei.
-Deixa pra lá… é que a maioria lá implica comigo, sabe como é né? Filho dos donos da escola e tal.
-Bando de pré adolescentes bobalhões- ressaltou Arthur.
-E a gente é o que? Flávio riu ironicamente.
-Sou inteligente e muito mais adulto que todos eles juntos- se gabou Arthur com um sorriso.
-Bobão humilde- disse Flávio- mas ei… o que foi que te aconteceu afinal de contas? Eu soube que você passou a noite aqui no hospital.
-Não foi nada, é que eu… suspirou.
-Ah, desculpa, não quero me intrometer se é algo pessoal não precisa me contar nada.
-Não, não, você é meu amigo, assim como o Paulo, não quero guardar segredos, só preciso de uns segundos para processar as coisas e contar tudo.
-Aconteceu muita coisa? Perguntou Flávio preocupado.
-Basicamente um dia legal que terminou muito mal.
-Se quiser pode contar a versão resumida, minha mãe disse que ia demorar só meia hora mesmo.
-Bem, resumindo a parte legal é que eu passei a tarde com o Paulo na casa dele, a família dele me recebeu super bem foi muito bacana, olha o que eu ganhei de presente do tio do Paulo- mostrou o celular.
-Caraca- se espantou Flávio- que celular bacana, de última geração, hein?
-Pois é, mas então… deixando o celular pra depois… após a tarde eles me deixaram no fim do dia na minha casa, geralmente é quando meus pais e minha vó chegam, mas nesse dia só o meu pai que tava em casa cedo. Suspirou dessa vez longamente baixando a cabeça.
-Arthur, o Flávio disse que não precisa contar se não quiser- apertei sua mão.
-Não, deixa assim mesmo, desabafar faz bem pra mim eu acho- respondeu com lágrimas nos olhos. —Mas não tem mas muitos detalhes não, na verdade eu é que não entendo muito como ou porque isso acontece mas… o meu pai tem esse problema com a bebida, quando ele bebe fica diferente, trata todo mundo mal e muitas vezes me bate e muito forte.
– Poxa Arthur eu… Flávio engasgou- sinto muito por isso, segurou sua mão junto com a minha.

Arthur se pôs a chorar dolorosamente com nossas mãos unidas enquanto Flávio pedia perdão por tê-lo feito lembrar e eu ao lado consolava ambos, assim ficamos em silêncio por alguns minutos apenas nos olhando e refletindo sobre como estavamos alí juntos. Fui o primeiro a quebrar o momento.

-Ei gente, vamos fazer um acordo? Levantei a cabeça.
-Que acordo? Perguntou Arthur mais calmo enxugando as lágrimas.
-É um pacto, se vocês quiserem, vamos a partir de agora tentar ficar cada vez mais amigos e ajudar sempre uns aos outros, nós três.
-Eu nunca tive um melhor amigo- disse Flávio- tipo… eu conheço vocês a pouco tempo, mas gostei muito.
-Eu também não- respondi- se não fossem meus primos eu nem sei o que seria de mim. Mas primos e família é diferente, sabe?
-Como assim? Perguntou Flávio.
-É que família a gente não escolhe, amigos sim. Então, temos um pacto de melhores amigos daqui por diante? Apertei a mão dos dois novamente.
-Temos sim, disse Flávio sorrindo agora bastante feliz.
-E você Arthur? O que me diz? Me voltei a ele.
-Lógico que eu aceito, mas… falou de um jeito muito esquisito como se estivesse quase sem fôlego.
-O que foi? Tá passando mal? Me preocupei.
-Não, claro que não, é que… ah cara, desculpa, preciso falar uma coisa- mas ao invés de falar começou a gargalhar.
-Nossa- se espantou Flávio- como você passa do choro pro sorrir assim de uma hora pra outra? -Começamos todos a rir muito juntos.
-Agora vai ter que se explicar seu bobalhão- reclamei ainda tentando parar de rir- não levou a sério a minha ideia?
-Claro que levei- justificou Arthur- vamos ser todos amigos, os três mosqueteiros.
-E essa gargalhada toda?
-É que foi muito… sei lá, pareceu receita de bolo, livro de autoajuda, ou então… você passava os dias assistindo filme B lá nos eua, é? Foi muito piegas.
-O que diabos é “piegas”? Perguntou Flávio
-Significa extremamente sentimental, meio clichezão- eu não disse que sou nerd?
-E o que significa clichezão?
-Agora você está se fazendo de burro de proposito- e novamente nos colocamos a rir juntos.

Passamos o resto da tarde conversando, rindo e ajudando o Arthur a mexer no celular novo, sim, o resto da tarde pois aparentemente nossas famílias se encontraram pelos corredores do hospital foram almoçar juntos e meio que nos esqueceram, já passavam das 16:00 quando finalmente minha tia chegou acompanhada da mãe do Flávio.

-Meu Anjo, estamos de volta, me perdoe ter demorado tanto, você deve estar faminto. Me abraçou.
-Nem estou tanto não tia- está tudo bem?
-Está sim, fomos almoçar e encontramos a mãe do Flávio no caminho, ela se apresentou e fomos todos a um restaurante, depois deixei os meninos em casa e acabei ficando presa no trânsito com ela e a mãe do Arthur. A boa notícia é que já concluimos tudo o que tinhamos pra fazer aqui, mais alguns minutos e você poderá sair de volta para sua casa Arthur. Sua mãe logo estará aqui querido, está apenas aguardando algumas receitas de remédios lá fora.
-Muito obrigado tia, mas não tem injeções né? Fez uma carinha triste mas depois sorriu.
-Apenas o que for realmente necessário meu querido- deu uma piscadinha e devolveu o sorriso.
-Com licença Sra Júlia- entrou a mãe de Flávio na conversa.
-Apenas Júlia querida.
-Pois então, pelo que me disse na nossa conversa no almoço vocês ainda vão sair daqui a pouco daqui e levar o Arthur e sua mãe em casa, correto?
-Sim, mas é coisa de mais meia hora no máximo.
-Então se me permitir posso levar esses dois esfomeadoszinhos para comer e depois deixo o Paulo em sua casa.
-Não vai incomodar? Esse garotinho aqui as vezes tem um apetite de leão- piscou pra mim.
-Poxa tia… murmurei envergonhado.
-Muito bem- voltou a falar minha tia- então se despeçam todos e espero que nosso próximo encontro possa ser todos juntos em um almoço ou jantar lá em casa, combinado?
-Combinado- respondemos os três aos mesmo tempo.

Novamente depois do beijo uma enormidade de coisas aconteceram como se o destino quisesse que eu não tivesse tempo para pensar muito nele, mas obviamente vez ou outra ele voltava aos meus pensamentos, principalmente na hora que dei um abraço de despedida no Arthur.

-Fica bem tá? Eu disse- eu adicionei o meu número no zap depois que baixei no seu celular, o do Flávio também, depois a gente faz um grupinho pra conversar só entre a gente.
-Tá bom, eu provavelmente não vou pra escola na segunda e na terça feira , vocês guardam a lição pra mim?
-Esse é o Arthur- sorriu Flávio- não é pra pensar em dever de casa agora não, se recupera logo meu amigo- lhe deu um abraço.
-Vamos indo- terminou a mãe de Flávio cumprimentando minha tia.

Fiquei feliz com o convite, talvez fosse uma boa hora de me aproximar ainda mais do Flávio, pensei, eu nunca tive grandes amigos e realmente queria que a gente tivesse um grupo, ficar juntos, trocar ideias, sermos intímos não apenas naquele sentido, óbvio, mas eu realmente queria que desse certo.

Apesar de ser um garoto sempre sorridente as vezes Flávio diferente do Arthur parecia que sempre deixava algum detalhe de si mesmo de lado, era como se sempre tivesse algo que ele não queria ou não curtia muito falar, notei isso algumas vezes quando perguntei sobre a escola e sobre o Diretor, seu pai.

-Você sabe que ele não é meu pai não é? Ele meio que resmungou.
-Bem… eu meio que já sabia…desculpa, foi só jeito de falar, eu não sabia que isso te incomodava tanto.
-Nem tanto- respondeu- mas olha…foi mal, desculpa a resposta atravessada, não gosto mesmo de falar muito do assunto não.
-Não esquenta, eu entendo, nem sou lá o cara mais especialista nisso de pai eu acho.
-Não entendi- ele se voltou ao meu lado.
-Não conheci meu pai- eu disse- ele morreu quando eu era bem novo. Depois minha mãe morreu também e hoje vivo com meus tios, você viu, aquela no quarto é justamente a minha tia Julia, o marido dela o tio Daniel é o médico que atendeu o Arthur, você vai conhecer ele uma hora dessas.
-Cara… foi mal mesmo, faz meus problemas parecerem insignificantes, você já deve ter passado por muita coisa.
-Não vejo mais tanto quanto problemas, aprendi a lidar com isso, eu amo demais minha família.
-Nossa, a gente fala que nem dois velhos né? Riu Flávio.
-Por falar em velhos… lembrei- porque você anda com aqueles caras mais velhos lá da turma do Gustavo? Sei lá… não parece combinar muito com você.
-Ah…não é nada demais não… eu parei… é que eles pareciam ser legais, tipo gente mais velha, descolada sabe? Ou talvez tenha sido só pra meio que provocar um pouco o velhote.
-Velhote? Perguntei.
-O Raul, o velhote da Diretoria- ele provocou rindo ironicamente.
-Nossa Flávio, não fala assim- eu disse- ele é seu padrasto- e ele parece tão legal, ou tem mais alguma coisa?
-Menos do que você pensa, mas…
-Desculpa não quis ser intrometido.
-Que nada, pode falar sim- eu que sou meio chatão as vezes pra me abrir- mas se for diferente o nosso pacto vai pro lixo né?
-Tem toda razão, amigos? Eu disse dando o dedinho.
-Hahahaa, que viadagem mais fofinha, sim, amigos- me deu o dedo.
-Sua mãe está voltando- apontei- é igualzinho minha tia, porque será que as mulheres demoram tanto no banheiro?
-Sei lá, eu dou graças a Deus por fazer xixi em pé sabia? E também morreria de preguiça de ter que ficar me retocando toda hora, se você visse a quantidade de cremes e xampus no banheiro da minha mãe.
-Tias também se preocupam com beleza, sabia? Hahaha
-E então meninos, já escolheram o que querem comer? Perguntou a mãe de Flávio retornando a mesa.
Já escolhemos sim mãe (mentira)- respondeu Flávio, pode ser…uma pizza de calabresa? Ou prefere frango com catupiry Paulo?
-Que tal metade de cada uma? Respondi sorrindo pelo seu improviso.

Esperamos a pizza chegar enquanto conversamos coisas aleatórias, Dona Edna, a mãe de Flávio me encheu de perguntas sobre a família e me deu recomendações além de ficar dizendo para ficar de olho no Flávio o qual eu notava ficar constrangido a cada citação de seu nome. Notei que na presença da mãe ele falava bem pouco, mais respondendo uma ou outra coisa do que puxando assunto.

O restante da tarde transcorreu exatamente como o previsto, terminamos de comer e fui deixado em casa com muitas despedidas e promessas de visita futura, eu tentei evitar entrar em assuntos mais pessoais com o Flávio, ao menos por enquanto. Em minha casa neste quase início de noite todos já estavam de volta afinal de contas era um sábado e nossos corpos sem exceção estavam implorando um descanso. Cumprimentei a todos e parti para meu quarto para tomar banho e descansar, novamente foi um dia cheio de coisas para pensar.

Sim, o beijo, de novo ele voltando para me assombrar, desta vez foi diferente, não houve mais a surpresa, não era apenas um beijo de gratidão, foi um beijo seguido por um “ eu te amo”. Mas o que isso realmente pode significar? Eu realmente gosto muito do Arthur, e por mais que isso me envergonhe ele faz os meus hormônios de pré adolescente ferverem mesmo que eu talvez nem entenda direito como isso funciona. Pra piorar as coisas eu recusei conversar sobre o assunto na hora, achei que não fosse o lugar mais adequado, declarar amor numa cama de hospital? Nada legal isso, eu pensei, além do mais o Flávio chegou logo depois. Sim essa conversa vai ter que esperar e enquanto isso lá vai minha cabeça explodir em pensamentos por vários dias.

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12 Comentários

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  • Responder greenbox amigobc ID:6suh52x49c

    ai meu amigo cade a cade a parte 10 vc sabe onde eu estou preciso da parte para passar o tempo

  • Responder paulo cesar fã boy ID:7121w172d0

    estamos esperando meu amigo, acredito que você esteja concluindo a historia para depois postá-la, faça no seu tempo e só espero que não tenha desistido.

  • Responder Jozeto ID:pjuoodlmg5p

    Desculpa gente, vai ter continuação sim, o problema é que meu notebook quebrou e por isso não pude escrever por uns dias.

    • Angelman ID:g3ja3hhrj

      Estou com ódio desse notebook kkkkkkk

  • Responder Poczinha ID:1ejm5aouelwc

    E nunca mais teve a continuação

  • Responder Angelman ID:g3ja3hhrj

    O continuação que não sai

  • Responder paulo cesar fã boy ID:7121w172d4

    cade a continuação meu amigo?

  • Responder greenbox amigobc ID:dloya5u40

    agora está ficando bom parece que nosso amiguinhos estão entrando em um novo mundo esperando ansioso pelo capítulo 10

  • Responder paulo cesar fã boy ID:3ij0y0lim9i

    sua historia prende nossa atenção de uma tal maneira que eu só senti isso quando li o menino de olhos verdes, já quero o próximo capitulo pra ontem.

  • Responder @Jj_marston ID:gp1eri6zj

    bomm

  • Responder Notman ID:bemn9j5xik

    Eu fico ansioso pelo próximo capítulo.

  • Responder Poczinha ID:1ejm5aouelwc

    Até que enfim saiu essa parte 9, não demora a postar poxa. Agora vou ler kkkk