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Novos Anjos parte 8

3858 palavras | 23 |4.72
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Eu não estava acreditando, ele estava mesmo me beijando, seus lábios eram macios e suaves e deslizavam sobre os meus como um pedaço da mais suave seda. Eu sentia o sabor da gelatina misturada com o sabor do Arthur, um sabor puro, limpo, refrescante, minha cabeça parecia vazia, entregue apenas aquele momento. Na verdade ele parecia estar dando o primeiro beijo da vida dele, era desajeitado obviamente não sabia como fazer, mas foda-se, era o primeiro beijo que eu recebia de outro garoto, e um garoto que agora eu estava mesmo perdidamente apaixonado.

Não tivemos tempo de trocar mais palavras, no exato momento que o beijo terminou ouvimos o barulho da porta se abrindo. Minha tia chegou com a mãe do Arthur. Ambas pareciam cansadas, mas eu sabia que era melhor não perguntar nada naquele momento.

Minha tia apenas trocou mais algumas palavras com a mãe de Arthur, que iria passar a noite com ele no quarto ao final pediu para me despedir.

-Tchau Arthur- lhe dei um abraço- fica bem ok? Amanhã a gente vem te ver.
-Obrigado… por tudo, pra toda sua família que me tratou tão bem, obrigado tia, falou para minha enquanto enxugava uma lágrima.
-Não chore meu querido- respondeu minha tia- agora tudo vai ficar melhor, eu prometo, descanse bastante que quero ver você bem forte para nos visitar novamente.

Ao sairmos minha tia ainda trocou umas palavras com a mãe de Arthur e demos boa noite, duvido que aquela noite fosse ser tão longa quanto o dia, ao menos na cama e medicado ele poderia dormir bem, pensei. Não sei o que deve ser pior, sentir toda aquela dor no corpo pelas pancadas ou a dor por saber de onde vieram aquelas pancadas. No caminho até o carro encontramos meu tio que nos aguardava para voltarmos para casa e ele explicou toda a situação, resolveu-se não denunciar o pai do Arthur, desde que ele aceitasse iniciar um tratamento em relação ao alcolismo, o meu tio pessoalmente o inscreveu num programa para atendimento de pessoas como o pai do Arthur que havia no hospital, não haveriam despesas, desde que ele seguisse o tratamento sem problemas, não me sinto orgulhoso do que eu pensei no momento, mas sim, pensei que ele não merecia toda aquela bondade do meu tio, ele não iria nunca pagar pelo que fez com o filho? A minha imaturidade não permitia que eu visse de outra forma, em muitos momentos meus pensamentos se perdiam no que se passava na cabeça do Arthur em toda aquela situação, quando apanhava, quando sofria em silêncio sozinho a noite em seu quarto sentindo dor, quando foi a escola com a cabeça cheia de tudo isso, eu ficava zonzo perdido em todos as lembranças daquele dia. Apenas quando chegamos na garagem de casa as minhas lembranças chegaram naquele último momento, Arthur me beijou.

Não, não é como se eu houvesse esquecido, claro ocorreram muito mais coisas naquele dia que ocupariam qualquer mente por semanas, não foi exatamente esquecimento, talvez fosse a paralisia que aqueles segundos me trouxeram, a surpresa, a delicadeza do momento só nosso, o sentir ele tão próximo de mim, fosse no sentido literal ou figurado, eu ainda passaria um bom tempo tentando compreender o que foi exatamente aquele beijo.

Enfim a porta de casa de abriu e entramos, pude notar claramente o semblante esgotado de meus tios que trocavam algumas palavras enquanto iam até seu quarto, eu precisava dizer alguma coisa, os segui.

-Tia , tio- eu chamei- eu queria… queria dizer obrigado… me engasguei…
-Não precisa dizer nada meu Anjo- ela voltou-se a mim passando suavemente as mãos em meus cabelos- o que você fez hoje foi uma coisa muito bonita, você cuidou e se dedicou por uma pessoa de quem você gosta muito.
-Era o mínimo que eu poderia fazer- ele é meu amigo- mas a verdade é que vocês que fizeram a maior parte do trabalho.
-Vem cá meu Anjo- ela me abraçou- o verdadeiro caráter de uma pessoa, a bondade que ela tem no coração nós vemos quando ela demonstra amor pelo outro ao invés de apenas a si mesmo, você entende? Quero que lembre sempre disso como uma lição de vida.
-A-acho que sim tia, amo muito você, e o Sr. Também tio- o chamei para o abraço- a minha vida toda eu sou grato a vocês.
-Somos todos família meu Anjo- falou- bem…agora vamos todos nos acomodar, você trate de tomar um bom banho enquanto eu faço alguma coisa para comer.
-Não precisa tia, quero dizer… você está tão cansada.
-Nunca estarei cansada para você meu Anjo- respondeu.

Fui até meu quarto e ao tirar minha roupa para o banho tropecei umas três vezes, o dia estava cobrando o preço, já eram quase 22:00 h e agora eu me sentia exausto de verdade, minhas pernas já tremiam de tão cansadas e só mesmo uma boa dose de água fria iria impedir meus olhos de se fecharem de tanto sono.

Finalmente criei coragem e entrei debaixo do chuveiro, liguei a água que veio forte e gelada em cima do meu corpo numa sensação de frescor como se realmente limpasse meu corpo, estava tão cansado que resolvi sentar dentro do box e deixar a água fazer seu serviço alguns minutos. Novamente minhas lembranças foram parar no beijo do Arthur, como eu estava sentado a água caindo forte do chuveiro se acumulava um pouquinho entre minhas pernas, senti imediatamente a água morna caindo sobre meu pequeno pênis( sim eu tinha a mania de ficar alternando o banho entre frio e quente). Mais uma vez alheio a minha vontade e forças senti que meu pau aumentava de tamanho bem lentamente, resolvi me entregar ao momento e iniciei uma suave punheta imaginando meu amigo, seu toque suave e macio como uma pluma, seus lábios finos e doces como a mais doce fruta de verão. Desta vez eu pude ver dois finos jatos de gozo sairem do meu pau, se a quantidade era pequena compensava com o enorme prazer que aquilo me deu.

Rapidamente saí do banho e me troquei, até pensei em me esparramar na cama e dormir de uma vez, talvez na esperança de sonhar com outras coisas além do beijo, mas fiz um grande esforço contra o cansaço para não deixar jogar fora todo o trabalho que minha tia deve estar tendo para não me deixar com fome. Pra minha surpresa ao chegar na cozinha vi apenas a mesa vazia com os meninos e meus tios conversando.

Finalmente acabou esse banho- pulou Pedro sendo o primeiro a falar- que dia esse hein mano? ( meus primos sempre se referiam a mim com coisas como “mano” ou irmão, como eu disse anteriormente eles nunca me trataram como primo e sim como irmão)- conta pra gente tudo o que aconteceu, agora ele já está bem né?
-Ué, a titia não contou tudo? Perguntei-
-Contou a parte que ela sabia né Paulo? Retrucou Filipe, mas e como foi na aula mais cedo?

Tentei resumir como tudo ocorrera pela manha, como Arthur chegou na aula me ignorando até a hora que eu insisti muito até que ele me revelasse todo o acontecido. Falei muito brevemente, eu não estava mesmo com vontade de relembrar tudo aquilo.

-Tadinho do Arthur- falou Luca se lamentando- eu não entendo porque depois de tudo o pai dele ainda vai sair de boa, se eu fosse o papai teria dado uma boa surra nele isso sim.
-Não é com violência que vamos resolver as coisas meu filho- meu tio disse num tom de reprovação- Ele é um homem doente, o alcoolismo é uma doença, antes de tomar medidas mais drásticas temos que dar uma chance para que ele possa se curar.
-Isso serve de lição para todos, certo? Minha tia aproveitou para deixar a lição de moral- Mas mudando de assunto será que essas pizzas não chegam nunca? Se tivessem me deixado fazer alguns lanches já estariamos terminando de comer.
-O dia hoje foi cheio querida, merecemos uma pizza não é mesmo? Meu tio sorriu
-Você sempre com suas ideias de lanchinhos bobos não é? Nem parece que é médico- falou em tom de brincadeira. Pois fique sabendo que quando o Arthur melhorar vou convida-los para jantar aqui em casa só com a minha comida caseira que eu faço com todo carinho e cuidado.
-Espero que nem toda a família- disse o Luca em tom malcriado- Pra sorte dele antes que meu tio o reprendesse o interfone tocou e o Luca correu para atender e ir pegar a pizza.

O restante da noite se passou normalmente, consegui comer apenas duas fatias de pizza e depois desabei a dormir na mesa mesmo, acordei apenas com o Luca me carregando até o banheiro.

-Vai agora acorda aí e escova os dentes- falou- e vê se faz uma dieta que eu não vou mais carregar essa sua bunda gorda.
-Minha bunda não é gorda- reclamei esfregando os olhos- você que fica enrrolando com aqueles pesinhos na academia, devia ficar mais forte.
-Eita pirralhinho malcriado, espera aí que vou te dar umas chineladas- ele pegou o chinelo e começou a fingir que ia me bater enquanto gargalhava.
-Para, para- eu dizia entre uma e outra tentativa de colocar a pasta na escova- desculpa, eu admito, você é o mais forte e musculoso de todos, obrigado pela honra de me carregar com sua força de Hércules.
-Bobalhão- ele zombou- pelo menos História você já aprendeu na escola.

Depois de um dia agitado era bom voltar ao normal por assim dizer em casa, Luca adorava avacalhar comigo com brincadeiras assim e no fundo eu admito que me divertia demais com isso. Escovei os dentes e fui ao quarto de meus tios dar boa noite, seguido do quarto dos gêmeos e fui até o quarto de Luca que estava mexendo agora em seu computador.

-Ainda vai ficar acordado? Perguntei.
-Só estou vendo umas coisinhas aqui na internet e já vou deitar.
-Deixa de ser sem vergonha, vai ficar batendo punheta a noite toda vendo filminho, é? Zombei rindo.
-Para de ser besta, moleque, já vou fazer 18 anos- respondeu.
-E existe uma idade limite pra punheta? Gargalhei.
-Engraçadinho, ele retrucou- pensa que ainda não reparei nos seus banhos demorados? É tudo sujeira pra limpar? Pelo menos vê se vai mais rápido pra não acabar com a água do planeta. Ele riu enquanto eu bocejei. Ei, tá bom de brincadeiras por hoje, hora de dormir maninho.
-Dorme comigo hoje? Perguntei manhoso-
-Não sei não… não tem perigo de eu sujar sua cama? Melhor você dormir sozinho mesmo.
-Eu tava brincando- por favor tô com medo de ficar sozinho.
-Afff, tá bom, eu faço tudo por você né meu Anjo?
-Ei, só a titia que me chama assim- falei agradecendo com um abraço.
-E eu não posso também ou vai ter ciumes disso seu bobo?
-Claro que não, você sabe que eu te amo, só não espalha.
-Hahaha, besta- vai lá pro seu quarto, 5 minutinhos eu tô lá, só vou desligar o computador e pegar meu travesseiro.

Depois de tanta coisa eu tava mesmo me sentindo um pouco carente e o Luca em geral nunca negava as coisas que eu pedia com jeitinho pra ele, muitas vezes ele deixava de fazer as coisas dele por mim, obvio que isso já rendeu muitas “conversas sérias” entre nós e minha tia e de certa forma esse ano com ele estudando em uma escola diferente isso estava diminuindo de frequência.

Naquela noite dormi um sono suave e tranquilo, não sonhei com nada como eu estava querendo, ou talvez sonhei e esqueci, isso não importa. Acordei com um susto quando minha tia abriu as janelas, já eram quase 10:00 h da manhã.

-Acorda dorminhoco- ela cutucou meu pé- já são quase 10:00, você não queria visitar seu amigo?
-Dormi demais- falei me espreguiçando- vou escovar meus dentes e me trocar.
-E trate de tomar o café todinho que deixei lá na cozinha, ouviu? Você sabe que não gosto de desperdício de comida.
-Não vou demorar- respondi
-Vamos tentar sair no máximo as 10:30, não é horário de visitas mas o seu tio deve dar alta para o Arthur então nós acompanhamos eles para casa.

Terminei tudo em tempo recorde, dentes escovados, rosto lavado, café tomado e roupa trocada, 10:20 eu estava ansioso chamando minha tia para a garagem.

-O tio Daniel saiu cedo para o hospital? Perguntei ao notar sua ausência.
-Na verdade ele foi com os meninos ao shopping, e o Luca já esta no cursinho. Vamos nos encontrar lá daqui a pouco.

Saimos sem pressa, o hospital não era tão longe e antes das 11:00h chegamos lá. Desci do carro ansioso para ver o Arthur novamente, esperando que ele estivesse melhor. Na sala de espera antes do corredor que levava aos quartos estava o meu tio conversando com um homem, ele era baixo com poucos cabelos, pele exatamente da cor da do Arthur, logo deduzi, era seu pai.

Não consegui deixar de sentir um certo engasgo ao vê-lo, ele aparentava ser um homem pacífico, será mesmo que o alcool deixava ele tão fora de si para agredir tanto uma criança como o Arthur? Eu olhava mas não conseguia ver um monstro ali, apenas uma pessoa com o semblante muito triste e cansado. Observei por mais alguns segundos quando ele se despedia de meu tio e se encaminhou até a saída.

Tentei não cruzar o olhar com ele enquanto caminhava até o quarto 64, entrei sozinho pois o meu tio disse que ia buscar algo com os meninos no carro e minha tia levou a mãe e a avó do Arthur para tomar café.

-Bom dia Arthur- o cumprimentei- como você está hoje?
-Paulo- ele se espantou e abriu um sorrisão que valeu pelo meu dia inteiro. Estou ótimo, melhor agora que você chegou.
-Ah, para com isso- respondi encabulado enquanto lhe abraçava bem forte. Caramba desculpa, apertei muito forte?
-Que nada amigo, esse hospital fez milagres, não sinto mais nadinha, veja- ele levantou a camisa e estava quase sem nenhuma marca mais.
-Uau, os milagres da medicina- rimos juntos- não quero me gabar mas meu tio é um dos melhores médicos daqui.
-Tenho que agradecer muito ainda para ele e sua tia. Onde eles estão agora?
-Minha tia foi com sua vó e sua mãe tomar café na lanchonete, meu tio disse que ia com o Lipe e o -Pedro pegar alguma coisa no carro, já devem estar voltando.

Como num passe de mágica o meu tio retornou assim que terminei a frase, os meninos estavam junto com ele e correram para abraçar o Arthur.

-Nossa, passaram mel em você, hein Arthur, todo mundo gosta de você tão rápido- falei achando graça.
-Já vem você com ciuminho né Paulo? Disse o Lipe me fazendo uma careta.
-Calma gente, tem Arthur pra todo mundo aqui- ele falou visivelmente encabulado.
-E como vai meu melhor paciente? Perguntou tio Daniel- desculpe não vir mais cedo, trataram você bem?
-Bom dia tio- sim, fui super bem tratado, me deram um café da manha enorme mais cedo e várias vezes a enfermeira veio me examinar para ver se eu estava bem.
-Pois bem- disse meu tio pegando o conteúdo do pacote que trazia- eu não vim mais cedo também porque passei no shopping para lhe comprar um presente, quero que aceite como um presente de todos nós para você. Colocou em sua mão que não estava mais com agulha dos medicamentos.
-Pra mim tio? Falou com espanto- não precisava, o senhor tem sido tão generoso comigo, não sei se um dia poderei pagar tudo o que fez por mim.
-E quem está cobrando- ele sorriu passando as mãos em seus cabelos- aceite, é de coração, e vai ser muito útil também para muitas coisas.
-Nossa… o que será? Se indagou curioso- Paulo, ajuda aqui, que me outro braço ainda tá imobilizado.

Retirei devagar a fita que envolvia o pacote de presente para não estragá-lo, nossa, botaram cem metros de fita adesiva aqui- rimos, pronto, abri é uma caixa Arthur, vai puxa devagar pra ir revelando a surpresa, nem eu faço ideia do que é. Devagar, devagar…

-Uau- Arthur arregalou os olhos, era um celular novinho na caixa. Tio…eu…eu… começou a lacrimejar.
-Ei, ei, o que é isso? Meu tio lhe fez um carinho- a intenção não era te fazer chorar.
-Mas tio…isso é demais… não posso aceitar.
-Pode sim, e vai, não aceitamos devoluções, fez graça- não pense em valores de dinheiro, pense que é algo de valor sentimental, é de coração de todos nós.
-Obrigado tio, muito obrigado- ele o abraçou.
-Mas também tem uma coisa muito importante que quero lhe falar- ele mudou ficando bem sério e olhando nos olhos do Arthur, eu conversei com sua mãe sobre isso e tem um outro motivo para lhe dar esse presente.
-Qual motivo tio?
-Estamos fazendo tudo o que podemos em relação ao seu pai, eu inclusive pessoalmente pedi para que ele fosse incluido na lista de tratamento aqui no hospital, não vai haver custo algum e tudo agora vai depender única e exclusivamente do quanto ele se esforçar para seguir o tratamento corretamente.
-Eu entendo tio- disse Arthur- eu não queria ver meu pai preso.
-Você é um bom menino- passou a maço em seus cabelos- mas concluindo- se alguma coisa acontecer, qualquer coisa, quero que você entre em contato imediatamente, esse celular é um presente e uma forma de você se proteger caso haja algum problema, então quero que me prometa que vai aceitar o presente e vai usá-lo muito bem.
-Eu prometo tio- muito obrigado.

Foi duro ouvir tudo aquilo, mas fiquei muito feliz de ver a generosidade do meu tio e a alegria do Arthur, meu tio saiu com meus dois primos que queriam comer algo na lanchonete e também acabariam encontrando minha tia, pedi para ficar um pouco mais com o Arthur, eu havia tomado café a pouco tempo e justifiquei dizendo ainda não ter fome. Alguns minutos depois que sairam chegou o almoço.

-Bom dia querido- falou a enfermeira- vejo que está com visitas.
-Bom dia, esse aqui é o Paulo, meu amigo da escola.
-Bom dia eu acenei- sou sobrinho do Dr. Daniel.
-Ah, sim, recebi o aviso de que você já vai receber alta, então trouxe um almocinho para você mais cedo.
-Obrigado- ele respondeu enquanto deixava o celular comigo- guarda um instante pra mim, por favor.
Assim que terminar pode apertar o botão aí ao lado que venho recolher as coisas e tente comer devagar e mastigar bastante.

Dessa vez a comida estava um pouco mais sólida e com boa aparência, era um pedaço bem generoso de peixe com alguns legumes refogados, um arroz integral e um potinho de salada de tomate com alface e cebola, junto com um suco vermelho que não consegui identificar e um copinho de iogurte de frutas.

-Vai me dar comida na boca hoje de novo? Ele perguntou com um sorriso maroto.
-Se você quiser… falei com as bochechas rosadas- mas você já está com um braço livre.
-Ah, é mesmo- falou meio desanimado.
-Não, desculpa, quero dizer…não tô recusando…
-Então me dá por favor, estou com muita fome.

Seguindo o mesmo esquema das brincadeiras do dia anterior, fiz aviãozinho, zoei um pouco com o gosto da comida, e no final até roubei metade do iogurte pois ele disse que não aguentava mais comer tanto.

-Nossa cara, esse iogurte salvou viu? Comida de hospital é uma meleca, mas que bom que você adorou mesmo assim.
-Quando a gente tem pouco se acostuma a comer de tudo.
-É…bem… d-desculpa- guaguejei- não quis dizer isso.
-Tudo bem, eu sei que não, sei que você é uma boa pessoa, meu melhor amigo. Respondeu enquanto se aproximava de mim fitando meus olhos- seus olhos são lindos, eu já disse?
-Disse sim… respondi vermelho que nem um pimentão e imaginando onde aquela conversa ia chegar.
-Paulo- ele se ajeitou na cama e chegou mais perto ainda de mim, perigosamente mais perto. Eu… eu…
-O que quer falar? Passei as mãos em seus cabelos- pode falar o que você quiser, sempre.
-É que eu… eu não sei se fiz algo certo ontem…digo… quer conversar sobre aquilo?
-Sobre… sobre o beijo?
-Sim…ele disse timidamente- é que eu… eu gosto muito de você, não quero que me entenda mal.
-Entender mal como Tutu? Tentei ser carinhoso-
-Não sei… você pode não ter gostado, pode achar que foi coisa de bicha, de veado.
-Bicha? Veado? Essas palavras são tão feias- olha eu não fiquei bravo com você não, nunca ficaria bravo por um beijo. Claro que eu quero conversar sobre isso, mas não aqui, não agora, com você numa cama de hospital, você entende?
-Entendo sim mas…a gente ainda é amigo né?
-Para de falar bobagem Arthur, claro que somos, vamos ser amigos para sempre- eu disse.

Mal acabei de falar e Arthur levantou da cama suavemente e ficou de pé na minha frente. – Posso te beijar de novo? Ele pediu docemente.

-Pode sim- eu respondi me aproximando de seus lábios.

E novamente nos beijamos, mas diferente do dia anterior foi um beijo sem surpresa, um beijo profundo e consentido pelas duas partes, ele pediu de um lado e eu aceitei do outro. Cada segundo que seus lábios deslizavam nos meus parecia uma eternidade, eu tentava lembrar dos filmes e novelas que minha tia assistia e colocar a língua dentro da boca dele, mordi seus lábios levemente o que o fez tremer e abrir a boca de leve e foi quando aproveitei para colocar a língua lá dentro, ele agora agarrava minha cabeça suavemente enquanto fazia suaves movimentos, ficamos freneticamente colados por vários segundos até que ele soltou meus lábios e olhou profundamente em meus olhos.

-Te amo- ele disse com uma lágrima descendo pelos seus olhos.

-Também te amo seu chorão- e rimos muito juntos naquele momento.

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23 Comentários

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  • Responder Kanedaken ID:1ddaoqjp7v2b

    Apesar de ser um bl, eu não conseguiria sentir tesão em dois meninos de 12 em um beijo apaixonado. Só conseguiria ver doçura e inocência na forma mais pura do amor.

  • Responder RobrobSLV ID:hak8gxzra

    Parabéns pela forma de contar o conto, nossa… Você parece um autor profissional. Esta mistura de ficção com realidade… Se um dia você seguir uma carreira pela literatura pode render bons frutos já que aqui rende bons leitores que apreciam o jeito que você escreve/digita. Também gosto de detalhes, das pessoas, do ambiente, do momento, você faz tudo. Para render 12 capítulos acho que não conseguiria fazer tanto. Obrigado por nos apresentar o Paulo, o Arthur e seu “amorverso”.

  • Responder Jozeto ID:8eez5vpd9a

    A parte 9 já está pronta e logo será postada. Lembro que todos temos nossos afazeres do dia a dia e apesar dos meus esforços as vezes sobra pouco tempo livre para escrever. Um pouco mais de compreensão e gentileza por favor.

  • Responder Poczinha ID:1ejm5aouelwc

    Cade a parte 9 ? Entro aqui todo dia atrás dessa parte 9 e nada

  • Responder Teilor ID:bf9st9moii

    Eu to simplesmente amando isso

  • Responder Breno ID:bf9st9moii

    Pelo amor de Cristo posta mais

  • Responder Kendra ID:1ejm5aouelwc

    Cade a parte 9? Já estou sedenta para a continuação.

  • Responder greenbox amigobc ID:dloya5u40

    Vamos lá meu amigo quero este capítulo 9 pra ontem

    • Teilor ID:bf9st9moii

      Olha quem está aqui, não sabia que vc lia, eu ia te recomendar a história kkkkkk

  • Responder Poczinha ID:1ejm5aouelwc

    Vc tem q postar 1 por dia, termino de ler e já quero o proximo

  • Responder Nelson ID:8cio2sam9k

    Show. Emocionado e torcendo por esse namoro infantil. Lindo de mais. Ansioso pelos próximos

  • Responder Jozeto ID:8eez5vpd9a

    Eu queria muito poder conversar mais com você e com o Paulo Greenbox. Se isso foi possível eu ficaria muito feliz.

    • greenbox amigobc ID:dloya5u40

      ista greenbox3787

  • Responder greenbox amigobc ID:dloya5u40

    que isso Paulo so fera nada kkkkkkk
    jozeto se precisar de ajuda e so me procurar no telegram

  • Responder greenbox amigobc ID:dloya5u40

    Cara quero ressaltar uma coisa na tua história você está brincando com os meus sentimentos.
    Este capítulo foi um show cara de sentimentos mais puros que eu li esperando o próximo capítulo parabéns

  • Responder Jozeto ID:8eez5vpd9a

    Obrigado Paulo. Você também é demais. Junto com o greenbox me inspiraram muito. Os seus contos foram os primeiros que li aqui. Por isso nome” Novos Anjos”

  • Responder paulo cesar fã boy ID:7121w172d1

    cara. pode escrever lá no watppd eles aceitam sua historia sim, só tem que colocar como conteúdo adulto …pede umas dicas lá pro Greenbox ele é fera e vai te dar uma força.

  • Responder Poczinha ID:1ejm5aouelwc

    Vc tem q postar um por dia, estou viciado nesse conto

  • Responder Jozeto ID:8eez5vpd9a

    Se todos quiserem faço um grupo no tele pra gente conversar sobre a história.

    • arleyacm ID:1d9macjl3d75

      Eu quero

    • Kanedaken ID:1ddaoqjp7v2b

      Tô 4 meses atrasado pq só achei a história agora, mas tbm queria muito esse grupo no tele

  • Responder paulo cesar fã boy ID:7121w172d1

    cara. que historia que historia.

  • Responder Brunno ID:2ql48xt0j

    isso ta muito perfeito mano, continua