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Contos do Convento

1602 palavras | 5 |4.15
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Vou relatar contos que ouvi no convento. Os nomes são fictícios. sugestões: [email protected]

Neste capítulo vamos contar sobre a Irmã Eliane, uma garota que nasceu no interior de Mato Grosso do Sul, com uma família de sete irmãos, sendo cinco homens e duas mulheres, aos quatorze anos já participava de reuniões de jovens na igreja e fazia parte do coral da igreja também. Já andava de namorico com um menino que também fazia parte do grupo de jovens da igreja.
Sua mãe dona de casa alimentava a idéia de ter a casa cheia com os filhos, genros, noras e netos nos finais de semana e sendo assim, conversa muito com as filhas e ensina tudo de deveriam saber para serem boas donas de casa. O pai trabalha no campo juntamente com os filhos mais velhos, alguns até já casados, enquanto Eliane e a irmã ajudavam nas tarefas domésticas.

Quando o pai descobriu que Eliane estava de namora com um menino da cidade, ficou muito enfurecido e deixo-a de castigo sem poder sair de casa, ela poderia ir somente até a escola e voltar pra casa. Ela não entendeu o porquê de tudo isso, afinal ela já tinha 16 anos e assim como ela as suas amigas também da mesma idade, estavam namorando.
Eliane ficou triste e pensou que ia ficar o resto da vida cuidando da casa sem formar a tão sonhada família feliz.

Meses depois em um final de dia extremamente cansativo logo após seu pai chegar em casa com um bafo de pinga, ouviu ele resmungar coisas sem sentido, mas uma chamou a sua atenção, ele disse: “… eles não podem se conhecer, eles nunca vão se conhecer..” e ele seguiu rumo ao banho, depois jantou e foi dormir.
Aquela noite Elaine nem dormiu, ficou a noite toda pensando quem eram “eles”, ficou com receio de perguntar a mãe.

No dia seguinte o padre da paróquia local, visitou a casa dela, com a notícia de que estava precisando de voluntárias para catequizar as crianças, ela viu ali uma oportunidade de sair de casa por algumas horas, seu pai autorizou, desse que assim que terminasse voltasse logo para casa.

As aulas eram duas vezes na semana, Elaine conseguir notícias do rapaz com o qual estava namorando, uma vizinha falou que ele, o irmão e a mãe haviam se mudado para outra cidade e não deixaram telefone e nem o endereço novo. Já fazia cerca de quatro meses que não via mais ele.
A noite Eliane colocando algumas roupas para lavar, encontrou no bolso de seu pai, recibos de compra de roupas, mas ninguém naquela casa estava com roupas novas, questionou seu pai e ele despistou dizendo que fez a compra para um amigo.
Ela resolveu tirar a história na limpo, foi até a loja pois a mãe de uma colega da escola trabalhava lá, e descobriu que a compra foi realizada mesmo por seu pai, e era para seus filhos. A vendedora não sabendo que aquele senhor era pai de Eliane contou tudo, que os filhos dele estavam indo para outra cidade e ganharam roupas novas do pai.
Eliane descobriu que além do seu pai ter outra família, também descobriu que namorava seu meio irmão, tá explicado o porquê do desespero do pai dela.
Passou algumas semanas ela começou a se relacionar com um rapaz que morava próximo a sua casa, mesmo a contragosto seu pai não fez nenhum “escândalo” desta vez. Eliane e seu atual namorado se encontravam nos finais de semana ele ia até a casa, levava ela passear na pracinha da cidade iam a missa juntos, já haviam até se deitado juntos, mas não era o que Eliane queria pra vida. Ela terminou com ele.
Eliane estava decidida a correr atrás da sua felicidade, sua independência, já havia juntado umas economias, poucas, porque o pouco que conseguiu foi fazendo alguns bordados, algumas paninhos de crochê e até algumas faxinas.
Colocou algumas roupas em uma bolsa, fez uma carta de despedida para sua mãe e aguardada a noite para fugir.
Tinha o contato de uma amiga da escola que havia mudado para a cidade vizinha para morar com os avós e cursar uma faculdade ela ajudaria Eliane a encontrar um emprego e um lugar para morar.
No final da tarde chega em sua casa a Irmã Wanda que ela conheceu na igreja. Irmã Wanda era a Animadora Vocacional da congregação que fazia parte da Paróquia local, ela foi até lá com a intenção de convidar Eliane para fazer parte da congregação e iniciar seus estudos para se tornar uma irmã. Irmã Wanda pediu para conhecer a casa, seu quarto, e quando entrou no quarto viu a bolsa pronta, e perguntou se Eliane ia viajar, ela falou que não que só está organizando o quarto, foi aí que Ir.Wanda a convidou para morar no convento. Eliane topou na hora, era a forma mais fácil de sair de casa e depois ganhar o mundo.
Ficou no convento por cinco anos, mudou de cidade algumas vezes e por último estava em uma cidade já com mais recursos, universidades, shoppings, parques, cinemas….
Foi nesta época que conheci Eliane, ela venho iniciar seu noviciado na mesma comunidade que também iniciei meus estudos. Conversávamos muito, nosso quarto era lado a lado ela me contou toda a vida dela, seus namoros, como perdeu sua virgindade, como fazia para sair com seu namorado sem seu pai perceber. Foi aí que percebi que a vida no convento não era pra ela, que ali era somente uma forma de fuga e que logo ela encontraria o caminho dela.
Estava tudo muito bom para ela, mas as obrigações como futura irmã não estavam agradando ela.
No convento ela ganhava uma pequena mesada, pequena mesmo, apenas para gastos pessoais, médico e alimentação era por conta do convento. Precisou cortar os cabelos até a altura dos ombros, porque o valor não era suficiente para gastar com salão, cremes e shampoos, mas ainda conseguia manter uma certa vaidade, sempre com um brilho nos lábios, cabelos sempre cheirosos e bem penteados, brinco discreto na orelha, agora quem passava por ela na rua não dizia que morava em um convento.
Passou a fazer tarefas administrativas no escritório do convento, junto com a Madre Superior, organizava a leituras da semana, organizava retiros, viagens da Sede Provincial, fazia a lista de compras do supermercado e da feira, fazia alguns serviços burocráticos na rua também, ganhou a confiança de todas.
Até decidirem que ela faria uma faculdade de administração, não era a escolha que ela faria, pois tinha vontade de um dia ser enfermeira, mas no convento você não escolhe, você obedece.
E Eliane fez sua matrícula para o curso de Administração, próximo mês já iríamos juntas para a faculdade a qual eu fazia pedagogia.
Depois de um tempo Eliane começou a ficar meio distante, já não me acompanha mais no vinho de ida e vinda da faculdade, sempre tinha uma desculpa diferente, as vezes dizia que pegaria carona com uma colega, ou pegaria ônibus de volta.
Um dia resolvi que ia descobrir o que tava de errado nesta história, fiquei observando por alguns dias, foi quando descobri que ela tinha um “ficante”, como assim????
O rapaz não era aluno, mas sempre estava por perto, não ficavam juntos na frente de ninguém, mas observei que sempre sentavam para conversar mais afastado de todos e ali trocavam pequenos carinhos.
Naquele final de semana eu teria que esclarecer isso, e pedi pra conversar com ela.
Saímos para tomar um sorvete e logo perguntei sobre o rapaz antes mesmo que ela quisesse desmentir ou me enrolar contei que tinha observado ela por alguns dias e então ela me contou, contou tudo…
Contou que estavam namorando e que ainda não tinham se assumido porque ele era casado.
E que ela estava desconfiada que pudesse estar grávida.
Fiquei com muito receio quando ela me falou, pois estava tudo fora do normal, ela uma noviça, ele casado….
Prometi a ela que não ia contar nada pra ninguém, mas sugeri a ela que resolvesse sua vida o quanto antes.
Naquela semana no sábado a mulher dele apareceu no convento, tinha descoberto tudo e foi fazer escândalo lá na frente do portão. Aos gritos ela chamou Irmã Eliane por vários palavrões, que lá era o inf*rno, que só tinha p*ta. Sorte a minha que nesta hora eu estava na igreja. Quando cheguei a confusão já estava controlada. Já tinham colocado a “mulher corna” para dentro para conversar.
Irmã Eliane já tinha fugido, de mala e cuia umas duas horas antes e ninguém tinha percebido, pois a maioria na casa são idosas, nem para mim ela se despediu.
O rapaz vendo que daquele dia não ia passar, arrumou uma casa para os dois morar, e Eliane já tinha partido para a felicidade.
Outro dia chegou a notícia que seu pai havia cometido su*cídio depois que soube o que aconteceu.
Depois daquele dia a única notícia que tive dela é de que está vivendo feliz ao lado do agora marido, está trabalhando fora, tem a vida que sonhou.
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5 Comentários

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  • Responder pedro terra ID:1dujxkfw8zbi

    Conto??? Parece um relato, um depoimento. Mas muito bom

  • Responder dragaovermelho ID:xgmlbl8l

    Conto interessante mas está mais para um romance do que um conto erótico .

    • Margarida. ID:xlp014qm

      Tenho outros dragão.

  • Responder Roger ID:on90yw3oib

    Gostei da narrativa, tá bem verossímil e atiça a curiosidade, parabéns pelo texto.

    • Margarida. ID:xlp014qm

      Veja outro contos meus, vai gostar.