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Seduzindo o homofóbico – Parte 10

2594 palavras | 9 |4.81
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Eu cruzei os braços e tentei não demonstrar medo enquanto encarava Eloísa, entrando na casa de praia como se fosse sua.

Olá, me chamo HDNA e antes de começar o conto gostaria de dizer que ele não é de minha autoria, este conto é do autor Whitechocolate, mas infelizmente ele foi deletado do site em que estava publicado, por isso estou publicando-o aqui.

Penúltima parte.
Eu cruzei os braços e tentei não demonstrar medo enquanto encarava Eloísa, entrando na casa de praia como se fosse sua. Jogar ela para fora era uma opção, porém quais seriam as consequências?
Ela usava roupas de banho, um biquíni e um short bem pequeno, óculos escuros. Ainda me encarava como se fosse a última pessoa que pudesse encontrar… Isso não iria dar bem. Para todo mundo, eu e Benji tínhamos nos afastado.
– Hugo! Que surpresa… – Ela entrou mais um pouco com a sua mala. – Cadê o Benji?
– Saiu, – eu disse, curtamente.
– Então ele decidiu te trazer? – Eloísa parou na minha frente, sorrindo. Entortou um rosto para o lado só um pouco, olhando para mim como se eu fosse um animal de estimação. – Achei que vocês estavam sem se falar.
O tom dela deixava claro que era o que ela esperava, não o que achava. Percebi pela primeira vez que toda a aceitação dela era só uma desculpa para me afastar, não porque me achava alguma ameaça, mas porque ela não me aceitava, não de verdade.
– Pois é, a gente nunca se estranhou… Somos amigos, Eloísa. – Me doeu falar aquilo. Senti-me o maior covarde do mundo. Evitei olhar para ela diretamente, como se ela fosse perceber.
– Que bom!
– E você? Benji te chamou? – eu disse.
– Ah não, eu encontrei com o pai dele, e ele me disse que Benji tinha vindo sozinho. – Ela pôs uma ênfase enorme na última palavra. – Por quê ele não avisou que vinha com você?
– Foi de última hora.
Ela assentiu e foi entrando mais na casa. Eu a acompanhei, sentindo-me sem controle, sem poder nenhum para impedi-la. Percebi logo que minhas coisas, minhas roupas, meus objetos, tudo estava no mesmo quarto. Ela iria perceber que só um quarto estava ocupado, iria perceber que só uma cama tinha sido usada. Puta que pariu.
– Então – eu disse, acompanhando-a já pela cozinha e indo em direção a sala. – Você decidiu vir por conta própria?
– Sim, por quê?
Porque ele não te convidou, eu pensei. Calma. Ela me encarou por um tempo, deixando o silêncio se estender.
– Você disse que ele iria voltar logo? – ela perguntou. Eu assenti, olhando para o quarto, querendo impedi-la de entrar. – Olha, Hugo. Como eu disse, eu só quero o seu bem. Eu sei que você está interessado em Benji, você admitiu, mas me desculpe se eu vou ser um pouco rude. Se enxerga.
– Como é?
– Hugo, Benji não é viado. Ele não está interessado. Você está se aproveitando da bondade dele, da piedade dele, fica rondando ele como se fosse um predador. É patético e triste. E além disso, é totalmente errado.
Eu senti a queimação que subiu pelo meu pescoço até o rosto, sabia que ela iria perceber o meu rosto todo vermelho. Provavelmente iria pensar que era vergonha. Eu estava me segurando para não esmurrar a cara dela. Aquele rosto bonito não iria aguentar o meu punho.
– Você está errada, – eu disse, tentando ficar calmo.
– Estou? – ela disse. – Olha isso, você veio pra essa viagem fazer o quê? Ficar olhando para ele tomar banho de praia, dormindo? Eu posso ver no seu rosto que você concorda comigo. Eu acho melhor você sair.
– Sair?
– Sim. Ir embora. Eu estou falando pro seu bem, como amiga. Ele iria te matar se soubesse suas intenções. E o pai dele iria ajudar, acredite. Eu sei muito bem das ideias do pai dele. E se isso continuar… Eu não vou ter outra escolha. Não posso deixar você se aproveitar de Benji.
Não podia escutar aquilo mais. Eu saí andando pela casa, deixando ela na sala. Felizmente ela não me seguiu até o quarto, onde eu comecei a arrumar tudo que fosse parecer suspeito. Arrumei minha mala, meus utensílios, e mandei uma mensagem para Benji dizendo que Eloísa estava lá. Então eu peguei a mala e saí.
Saí porque por mais que ela estivesse errada, ela conseguiu despertar o medo em mim, de que tudo iria por água abaixo se o Benji se deparasse com a tragédia de ter que encarar seu pai, seu pai homofóbico que não hesitaria em fazer a mesma coisa comigo que fez com o pobre conhecido dele, deixando seu rosto irreconhecível de tanto bater. Benji nunca falou mal do pai. Nunca me assegurou de que ficaria do meu lado. E mesmo assim, eu me importava com ele, não queria que nada de errado acontecesse com ele, ou que ele sofresse com seu pai a mesma coisa. Eu tinha que sair dali, deixar que Eloísa se virasse com ele. Depois disso, eu não via muitas chances para que a gente continuasse no nosso paraíso.
Eloísa viu eu saindo com a mala na mão. Não disse nada, ficou sentada no sofá, mexendo no celular. Olhar para o seu rosto me deu um enjoo, eu queria nunca mais ter que lidar com aquela sensação. Que ela saísse da minha vida para sempre.
Eu sentei na praia, no local em que ficamos naquele dia incrível em que Benji se entregou para mim completamente, nem conseguia acreditar que já fazia mais de uma semana… A gente tinha aproveitado tanto aquele tempo, mas ainda sentia que podia ter aproveitado mais. Eu segurei o pingente que ele me deu, olhei para o símbolo que significava ‘parceria’ e sorri. Depois eu segurei firme no pequeno objeto de ouro e tentei não chorar. Eu realmente não achava que ia ter jeito fácil de sair daquela furada.
Ele sentou do meu lado. Não sei quanto tempo eu fiquei sentado, olhando o oceano. Mas não me surpreendi quando Benji estava lá de repente. Ele sabia que aquele era o meu lugar preferido. E para onde eu iria? Não podia ir para casa sem me despedir.
– Passou protetor? – ele perguntou. Eu já estava no sol há um bocado de tempo. Eu neguei com a cabeça. Benji fez um som desaprovador, e depois começou a passar protetor em mim. Passou no meu rosto, braços e pernas. – Desculpa por não estar lá quando ela chegou.
– Ela falou alguma coisa?
– Só que você tinha ido embora. Eu sabia que você tinha ficado com medo.
– Sabia, Benji? Medo de quê? – Eu o encarei. Benji era tão lindo. Meu peito doía só de pensar em perdê-lo.
– De que ela descobrisse sobre mim.
– Não é só isso. – Eu respirei fundo, olhando para o oceano. – Eu tenho medo do que vai acontecer depois, medo do seu pai, do que ele pode fazer comigo ou com você. – Minha voz quebrou, e eu tentei ao máximo segurar as lágrimas. – Medo de você.
– De mim? – ele perguntou, surpreso. – Hugo…
– Desculpa, – eu disse, ainda evitando olhá-lo nos olhos. – Ele é seu pai. E eu… Eu sou gay. Sempre fui. Eu nunca deixei de ser. Eu virei seu amigo já sabendo, e depois, eu me apaixonei por você enquanto fingia ser o que não era. Eu te enganei. É isso que Eloísa tem pra te dizer, que eu te manipulei, e de certa forma eu manipulei mesmo. Eu sabia que você tinha namorada e me aproveitei de você.
Quando parei de falar, Benji ficou em silêncio. Eu vi os seus dedos dos pés mexendo na areia da praia, inquieto. Então ele inspirou forte.
– Você tá com medo de mim? – ele falou.
– Eu não sei. – Eu me permiti olhar para ele, e vi o quanto ele estava ferido por causa das minhas palavras. – Você se lembra daquele dia, na praia perto de casa, quando você viu o menino… Você cuspiu… E depois, quando o seu pai contou aquela história… Eu fiquei imaginando o que ele faria comigo se ele soubesse quem eu sou.
– Você achou que eu deixaria ele te fazer mal?
– Como não, Benji?
Benji ficou inconformado por um momento, então ele se controlou com um suspiro forte. Seu rosto se contorceu.
– Se você acha isso, então pode fazer o que quiser. Pode ir embora.
– Benji…
– Eu não sei o que falar, Hugo. Eu não sei. Mas eu entendo. – Ele voltou a brincar com a areia da praia. Ele pegou um bocado com a mão e jogou longe. – Eu disse que te amo, e eu amo mesmo. Eu tentei seguir os passos do meu pai, mas eu já sei há muito tempo que ele não é o que parece.
Eu olhei para ele com curiosidade. Ele deu de ombros.
– Eu só não sabia como lidar, como sair daquele tipo de mentalidade; eu já estava angustiado muito antes de te conhecer. Foi você quem me mostrou o caminho. Foi você. Eu nunca iria te fazer mal, Hugo. Acredita em mim.
Ele abaixou a cabeça. E eu me odiei por fazê-lo se sentir daquela maneira.
– Eu acredito, Benji. Eu sinto muito. Eu não… Eu só sinto medo, medo de te perder, de que minha felicidade vai acabar de repente. E a Eloísa, ela não vai parar. O que você pode fazer contra o seu pai?
– Eu já disse, – ele pareceu irritado. – Se quiser ir embora, vá. Eu não quero que você fique se acha que sua segurança está em perigo. Mas eu quero que você fique comigo. A gente pode lidar. Pode arranjar um jeito.
Então ele se virou para mim, e depois de um momento, inclinou seu rosto para um beijo. Sua mão segurou no meu rosto, alisando minha bochecha com o dedo. O beijo foi apaixonante, na frente de todas as outras pessoas ao redor. Ele não parou. Não se importou.
– Volta comigo, vamos para casa. Eu cuido da Eloísa. Eu te protejo.
Eu não sabia como ele ia fazer isso, mas eu confiei em Benji. Ele se levantou e estendeu a mão. Eu aceitei.
Benji me beijou antes de entrar na casa. Eu o acompanhei para dentro, bem atrás dele, como se fosse um escudo poderoso que nem bala pudesse perfurar.
Eloísa estava sentada no sofá, esperando. Benji colocou a minha mala bem no meio da sala, encarando a garota que se levantou no mesmo momento e olhou nós dois, eu e Benji, como se não entendesse o que estava acontecendo.
– Olha aí, – Benji disse para ela. – Parece que ele não vai estar indo embora. Como eu disse, Eloísa.
– Ah, bem. Ele me disse que ía.
– Eu não disse nada.
Benji sorriu para mim.
– Hugo, – ela falou. Ela tentou esconder a ameaça naquela falsa aparência de amizade. – Você não disse que era melhor ir embora?
– Não, – eu falei.
Ela suspirou.
– Benji, eu tenho algo para te contar.
– Tem mesmo?
– Sim, – ela disse, um pouco insegura. – E eu acho que você vai gostar muito de saber.
– Eloísa, – eu comecei a falar, mas Benji me interrompeu com um gesto.
– O que é? Fala.
– Eu tentei te proteger, Hugo. Mas não posso esconder isso dele mais.
Eu mordi o lábio, me sentindo um pouco mal. Sei que imaginei adorando esse momento muitas vezes, sonhando que Benji iria ficar do meu lado. Porém não estava ansioso para ver cara a cara a humilhação que Benji estava preparando.
– Fala logo, Eloísa – Benji disse.
– Benji, eu sei que isso não é culpa sua. Mas o Hugo, por algum motivo, ele acha que tem chances com você.
– Chances? – ele perguntou.
– Sim, tipo… Chances de sexo. Ele quer você daquele jeito… – Então ela suspirou. – Ele é gay, Benji.
Ela falou com drama, esperando uma grande reação. Benji nem piscou. Ele olhou para mim calmamente, depois para Eloísa.
– Tem certeza?
– Ele mesmo admitiu. Conversou comigo a respeito e tudo.
Eu fiquei vermelho, por alguma razão. Benji não relaxou, continuou a encarar a menina.
– Bem, Eloísa, eu tenho algo para contar a VOCÊ. – Ele se aproximou bem dela. – Hugo já me falou tudo.
Eloísa gaguejou.
– C-contou? – ela disse.
– Sim. Ele me disse que você ia inventar essas mentiras. Há muito tempo ele me disse que você achava essas coisas dele, mas que não quis te contrariar para não falar a verdade.
Eloísa estava tão confusa quanto eu. Ainda bem que ela não tirou os olhos de Benji, porque senão ela veria que eu não sabia de nada.
– Que verdade? – ela perguntou, caindo na armadilha de Benji.
– Que ele não queria mais você, porque ele descobriu o seu segredo.
Eloísa me olhou de repente, e eu assumi uma postura de arrogância e orgulho, sem nem saber se estava fazendo o correto.
– Eu não tenho…
– Não tem segredo? – Benji a cortou. Ele riu, e olhou para mim como se dissesse ‘acredita nessa vadia?’. Eu ri também, sem graça. – Quando Benji me contou tudo, eu nem acreditei, quis achar que era mentira, porque eu te considerava tanto… Fiquei até afastado dele. Mas eu logo percebi que era verdade. Diz pra mim, Eloísa. Seu pai ia gostar de saber que você é uma puta barata? Sua mãe é amiga da minha mãe, não é? Ela iria adorar saber que você anda dormindo com meu pai. – O rosto de Eloísa ficou branco de repente. – Fica mandando até fotos para ele, nua e de pernas abertas. Ele me mostrou a foto, achando que eu não ia perceber quem realmente era. E realmente, quem percebeu foi Hugo. E ele ainda quis te proteger por um tempo.
A foto que Dimitri tinha mostrado no jantar daquele dia. Era Eloísa. O rosto estava tampado. Eu não tinha reconhecido, mas Benji…
Eloísa sentou no sofá de repente.
– E você ainda tem a audácia de falar mal do cara que tentou te proteger, – Benji continuou com a selvageria. A menina se recolheu mais e mais. – Eu não quero mais palavra com você. Nem eu, nem Hugo, que é meu amigo de verdade. Vá embora, Eloísa. E pare de me infernizar, ou então eu mostro pra todo mundo a puta barata que você é.
Eloísa pegou a mala, e saiu de cabeça baixa, toda vermelha de vergonha. Ainda me pediu desculpas antes de sair pela porta.

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9 Comentários

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  • Responder Ray18 ID:7bteitf49c

    Melhor do que novela Mexicana

  • Responder luiz ID:dlns5khrd

    Nota 10 do primeiro ao decimo

  • Responder HDNA ID:8kqvk7woik

    Mais tarde vou subir a ultima parte.
    Vai ter uma pergunta no final que eu gostaria muito que vocês respondessem.

  • Responder Nelson ID:3c793cycoik

    Que delícia. Isso que é homem. Isso que é amor o resto é o resto. Obrigado pelo conto.

  • Responder Fênix negra ID:1daifftfia

    Cada vez melhor

  • Responder The Black Sheep ID:on93s5mt0b

    Tá ficando interessante kkkkkk, continua logo !!!

    • Igor ID:8d5hue5qr9

      Porra tô amando, por favor não acabe com esse conto, tá cada vez melhor hehehe

    • HDNA ID:8kqvk7woik

      Se dependesse de mim esse conto teria tido uma segunda temporada, mas infelizmente não cabia a mim decidir.

    • Messin ID:w735kv9a

      Pois faça você a segunda temporada desse conto