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Caixa de Pássaros

1578 palavras | 1 |4.36
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Pássaros realizam um concerto nas árvores, antes do sol brilhar, perto de um rio. Em uma casa a quase um quilômetro, um casal acorda para realizar sua higiene. Ela, branca mas com certos traços indígenas, traja apenas calcinha, expondo seus seios, quase, amolecidos, com auréolas pontudas. Ele, vestido com cueca, menos claro, com um corpo que demonstra os frutos de um ano de academia. Ao ouvir o ruído de urina caindo no vaso, Regina lembra-se de quando ela adiantava o alarme para dez minutos antes e deixava só a vibração sem som, somente para que ela acordasse primeiro e pudesse despertar Ernesto com um boquete, sua prática sexual favorita.

Hoje, eles mal trocam olhares. Somente sua filha de 10 anos, Lene, quem impede que uma decisão final seja tomada. A criança tem que crescer com os pais juntos, pelo menos até os 18 anos. No escritório, Ernesto recebe uma visita inesperada: seu chefe. Impossível, ele nunca vem na sala de ninguém.

  — Ernesto, eu sei que isso pode lhe parecer loucura, mas almejo saber sua opinião sobre uma notícia. Olha. Deu a louca na Rússia. As pessoas matam e depois se matam. Você que é cristão, pode me dizer do que se trata?

  —  Senhor, eu não sou mais cristão há, pelo menos, dez anos. Sei que quando eu entrei aqui, era sistemático com minhas crenças, mas são águas passadas. Com relação a isso, digo que é histeria coletiva.

Na monotonia da sala de uma alfaiataria, Regina lê um livro que conta sobre o fim do mundo. Está na moda há uma semana.

  — Socorro! Socorro!

Só pode ser aquele veado reclamando por uma mancha de café em sua roupa. Ela correu, querendo chegar logo para ele parar de gritar. Antes de querer saber a razão dele estar ajoelhado, ela é forçada a ficar na mesma posição.

  — Onde fica o cofre?

Regina está com os braços amarrados, dentro de um carro com vidro fumê cuja velocidade já ultrapassou 90 km, com três homens de touca ninja.

  — O que vocês querem comigo? Já não pegaram o dinheiro do alfaiate?

  — A gente negociou com ele, vagabunda. Se o segurança que tava vendo tudo na câmera de um outro lugar não chamasse a polícia, a gente só levava 30% da grana e mais uma funcionária. Cê foi a felizarda.

  — Se vocês fizerem isso comigo, vai ser pior do que um assalto. Podem parar aqui mesmo, eu volto andando.

  —  Amanhã nós deixa ocê de novo lá. Vai ser só essa noite. A fita é a seguinte: quanto menos tu se render, mais carinho a gente faz.

Ela não aguenta e desmaia.

O corredor está vazio. Ernesto ouve vozes. Agora parecem gritos. Uma janela se quebra. Uma secretária surge correndo, de calcinha e sutiã. Ele já a conhecia, mas não desta forma. Uma tatuagem de dragão que se estende da bunda às coxas. Só o filé, pensa, lambendo os beiços. Ela entra no banheiro masculino. Ele estranha, mas fica curioso e caminha até lá.

  — Me dá alguma coisa, um objeto.

  — Pode ser um objeto duro?

  — Sim, principalmente.

  — Tem um objeto duro e pulsante aqui pra você, gostosa. Mas vamos fazer em um lugar mais apropriado. Se te verem assim, vão te demitir.

Um homem sem blazer e com a camisa rasgada entra, quebra o espelho com a cabeça e recolhe os cacos.

  — Você ficou louco?

Tornando à secretária, nota que ela imita o ato.

Regina acorda. Ouve rosnados. Escuta melhor e percebe que não parece ser um cão ou outro animal, mas sim um humano imitando. Ouve o que parecem três tiros. Barulho de algo caindo na água. Seria um rio? Um dos bandidos entra no carro.

  — Socorro, eu não tô bem.

  — Quem foi que atirou? Você viu?

Ele mostra um revólver.

  — Por que você fez isso?

  — Toma aqui esse celular e a arma. Boa sorte.

O homem retira, embaixo do banco, uma garrafa de vidro com um adesivo de uma caveira com ossos. Sai, batendo a porta com força.

Ernesto está dirigindo seu carro, saindo da escola de sua filha. Já contou 15 acidentes de carro. No rádio, o jornalista diz que houve 50 assassinatos aleatórios.

  — pai, por que tá acontecendo tudo isso?

  — não sei, filha.

A gasolina acaba perto de uma ribanceira, deixando Regina sem opções. Lembra-se dos assassinatos e suicídios na Rússia. Lembra que elas viam algo e enlouqueciam. Caso ela não esteja enganada, ocorreram casos nos EUA também. De repente, um carro ultrapassa a ribanceira, caindo. É o suficiente para ela se esconder no banco de trás e ligar para o esposo.

  — Lene, atende aí.

  — Oi mãe.

  — filha, pede pro seu pai procurar vendas e colocar em vocês.

  — pra quê venda, mãe?

  — depois eu te explico. Onde vocês estão?

  — indo pra casa.

A uns cem metros de casa, Ernesto freia e pega o celular.

  — onde você tá?

  — eu não sei dizer, desculpa.

  — Pede informação de alguém aí, que eu vou te buscar.

  — Eu fui sequestrada. Antes de me estuprarem, um bandido enlouqueceu e matou os comparsas. Depois ele me deu um celular e um revólver, mas não sei o que fazer. E não posso sair desse carro.

  — Por que não?

  — eu sei que pode parecer loucura, mas acho que as pessoas vêem algo e depois enlouquecem.

  — Não dá pra dirigir de olhos fechados.

  — Chegue o mais rápido possível em casa. Cubra as janelas com panos pretos, tranque tudo.

  — Eu acho que é bem aleatório, mas não tenho ideia melhor.

  — Só faça tudo o que pedi. E cuida bem dela. Diz pra ela que fui ver minha mãe e posso retornar em semanas.

Passa-se um mês. Regina se comunica apenas por videochamada. Através de seus cálculos, ela demorará mais um mês para alcançar a casa. No lar do casal, há mais três pessoas: a ex-empregada Clarisse, agora uma amiga, e suas filhas Rose, 17, e Lorraine, 11. O patrão os convidou em uma noite com o falso intuito de um jantar. Antes de voltarem, ele revelou seu plano e pediu que dormissem na casa. De manhã, mais ninguém da família de Clarisse atendeu às ligações. Agora, Ernesto tem uma necessidade que não consegue mais segurar. Clarisse aparenta não ter desejo. Ele tem vergonha de pedir à Rose, então só enxerga duas possibilidades: transar com Lorraine ou com sua própria filha. Vai ter que ser com Lene, é menos arriscado. Depois tento negociar com Rose.

  — Lene, vamo fazer uma brincadeira?

Em uma noite com chuvisco, no porão, ele põe uma venda na cabeça da pequena.

  — Você não pode contar pra ninguém, tá? Agora se ajoelha. Que sabor é esse?

  — Banana com leite, papai.

Leite é o que vou jogar na tua boca.

  — E agora?

  — Agora é banana com mel.

  — garotinha inteligente.

Ernesto observa a maneira fofa como ela ri. Seu pau cresce à cada lambida que ela dá nos lábios. Começa a imaginar seu esperma dentro da boquinha da menina, enquanto ela lambe os beiços. Silenciosamente, tira suas roupas.

  — agora você vai provar uma comida diferente. Você não pode mastigar, só lamber e chupar, entendeu?

Põe a glande na língua da garota. O calor do ar saindo da boca, uma sensação da qual não tinha a meses, era um convite ao orgasmo.

  — É diferente, papai. Não lembro dessa comida. Parece um sorvete, mas por que não posso morder?

  — Porque é muito duro e vai quebrar todos os seus dentes de uma vez. Só pode lamber e chupar.

  — não consegui descobrir o sabor.

  — dentro dessa comida, tem um leite. Pra você tirar esse leite, tem que fazer umas coisas.

Com seu pai guiando sua cabeça, Lene abocanha um pouco mais a rola. Toca sua pepeca e leva o dedo até a boca, obedecendo às ordens.

  — O que você tá sentindo, filhota?

  — Eu não sei explicar.

  — É bom?

  — É. Mas eu tô sentido cabelo no meu rosto.

  — Essa comida é assim mesmo.

Lene punheta rápido, como seu pai manda. A boca quente e a língua deslizando ao redor do pênis fazem Ernesto suspirar, jorrando leite na boca da filha, urrando baixo. Ela faz uma careta.

  — como que é o sabor, filha? — pergunta, recuperando-se.

  — É salgado.

  — Faz bem pra saúde. Você devia tomar todo dia pra ficar grandinha.

  — então você vai me dar isso todo dia, papai?

  — não, foi apenas um modo de falar. Mas porque você não tá lambendo os beiços? Não cospe, faz bem pra saúde.

  — Desculpa. É que é salgado.

  — Engole um pouco do que ainda tem. E recolhe o que tem no queixo e engole.

Ela engole fazendo barulho. Pronto, agora falta escolher entre a adolescente vagabunda ou a caçula…

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1 comentário

Talvez precise aguardar o comentario ser aprovado
Proibido numeros de celular, ofensas e textos repetitivos
  • Responder Aço Inox ID:g3jqz1m9i

    Uma pena que não apareceu a fonte itálica para os pensamentos dos personagens.