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Unicórnio

5373 palavras | 2 |4.11
Por

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Nota do Autor: Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real, é mera coincidência.
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Depois de um ótimo voo em Business desembarco no Galão.
São dez anos que não ponho pé no Brasil, e tenho que dizer que mesmo quando eu morava aqui, meus aeroportos mais costumeiros eram a dupla Congonhas/Guarulhos.
Outros tempos, outras razões de voo: na época eram aquelas corridas contra o tempo das viagens de negócios.
No enquanto espero na frente da esteira minha bagagem, me dá um arrepio pensando ao ritmo de trabalho que mantinha: de domingo a domingo, doze a dezesseis horas por dia.
Nunca mais! Eu juro!
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Até parece que foi em outra vida que eu mantinha este ritmos de trabalho, mas até três meses atrás era assim, só que em Chicago em vez de São Paulo.
Aí fui parar no hospital.
– Nada de grave… por esta vez!- frisou o médico, dando-me alta.
Saí de lá e fui num bar, coisa totalmente inabitual para mim.
Sentei à barra, pedi um bourbon, tomei um gole, fiquei fitando o copo, e aí tomei a decisão.
Eu tinha quarenta anos e, continuando assim, não chegaria aos sessenta.
Peguei o celular e mandei, na hora, uma mensagem para um concorrente que me assediava faz meses, para comprar o negócio que eu tinha fundado, um verdadeiro Unicórnio, provavelmente para fecha-lo.
Terminei meu whisky, e fui para casa, onde dormi como um anjinho.
Na manhã seguinte fechei o acordo com meu concorrente.
Mesmo ficando um pouco depreciado, consegui vender meu Unicórnio por uma dinheirama que eu não iria conseguir gastar nesta minha vida.
Nesta mesma tarde, em vez de trabalhar, sentei no computador, planejando minha vida daí para diante.
De tantas opções que tinha, uma seguramente era descartada logo de cara: ficar em Chicago.
Fora do trabalho não via o que esta cidade podia oferecer-me.
Cogitei a Florida, mas, por minhas razões particulares, não me bateu paixão pela idéia.
Pensei na Europa: França ou Itália.
Eu nunca tinha estado lá, mas pareciam lugares encantadores.
A idéia, porém, de refazer os tramites de residência, que tinham sido traumáticos, no caso dos Estados Unidos, me fez descartar esta hipótese: melhor ir lá de passeio.
Restava o Brasil.
Afinal de contas eu sou brasileiro, escutar de novo meu idioma me apetecia, e o principal: minhas antigas dívidas já estavam prescritas.
Quando porém pensei em São Paulo, minha cidade, me deu um aperto no coração.
Lá eu tinha recebido, dez anos atrás, uma dupla punhalada nas costas, do meu sócio e de minha ex-esposa.
Rio de Janeiro!
Eu tinha trabalhado no Rio por um ano, logo que eu tinha-me formado em Engenharia Mecânica na USP.
Não obstante na época eu tivesse pouco dinheiro, e tivesse que morar em um quarto mobiliado em Copacabana, eu só tinha boas recordações de lá.
Lembrei das beldades morenas que encontrava na praia, nos fins de semana em que eu não voltava para casa de minha mãe, em São Paulo.
Que idiota que eu era: algumas garotas me jogavam um charminho e eu nada, porque tinha minha noiva, Paula, lá em Sampa.
É impressionante como pensar na minha ex-esposa me irrita, depois de mais de dez anos que nos separamos.
Em todo caso, neste mesmo dia eu escolhi, na Internet, um apartamento antigo, mas bonito, no quinto andar de um prédio da Av. Atlântica.
Mandei uma mensagem no site e, poucos minutos depois, recebi una resposta da corretora Estefânia, que me mandava um número de WhatsApp para contata-la.
Fizemos uma longa videochamada, que terminou com uma proposta firme de compra por minha parte.
Fechamos o negócio no dia seguinte, e eu enviei o sinal. Mesmo ainda não tendo recebido o dinheiro pela venda do meu Unicórnio, eu já tinha ganho com ele bastante dinheiro.
Estefânia também apresentou-me à Roberta, uma arquiteta amiga sua que trabalhava também como decoradora.
Fechei com ela a reforma do apartamento, que estaria pronto em três meses, justamente o tempo que eu precisava para finalizar os negócios aqui em Chicago.
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Pego minhas bagagens, dou uma passada no Duty Free, e saio sem pressa: realmente estou gostando deste meu novo ritmo de vida.
Reconheço Roberta, que está aguardando-me logo na saída, pelas tantas videochamadas que fizemos.
É bonita, trinta e poucos anos de idade, clarinha, compridos cabelos loiros pintados, seios fartos: estilo mulherão.
Cumprimenta-me com dois beijinhos e um abraço, como se fossemos amigos de longa data.
Foi ela que insistiu bastante para vir receber-me no aeroporto, no lugar de encontrar-nos diretamente no apartamento em Copacabana.
Durante o trajeto com seu carro até Copacabana ela é muito afável, se não fosse a aliança no anular esquerdo, pensaria que ela está paquerando-me.
Quando chegamos, ela estaciona na garagem subterrânea do prédio, na minha vaga, uma só infelizmente, e subimos, de elevador, diretamente até o quinto andar.
Ela me mostra cada detalhe do apartamento, e devo admitir que o meu dinheiro foi bem gasto.
A reforma foi total, incluiu a troca de todo sistema elétrico e hidráulico, dos sanitários, das portas e janelas e a instalação de um sistema de ar condicionado centralizado.
Além disto ela cuidou de mobiliar a casa inteira, instalando também uma cozinha com eletrodomésticos de ponta.
Já o piso, eu resolvi deixar o que tinha, obviamente reformando-o: acho charmosos os tacos de madeira da grande sala com janelas para o oceano e dos três quartos.
Terminada a inspeção ela fica, como se estivesse esperando de mim alguma coisa.
Dado que pagamento não é, pois já saldei tudo lá de Chicago, presumo que seja um convite para jantarmos juntos.
Deixo ela escolher o restaurante, já que os lugares que eu frequentava, na época em que eu morava aqui, só serviam PF.
Ela escolhe um lugar bem chique, nada porém que assuste meu cartão de crédito e, na frente de um bom vinho branco bem gelado, ela me conta bastante sobre si.
Trinta e cinco anos, duas filhas, de nove e sete anos, em trâmite de divorcio, está morando, junto com as filhas na casa da mãe, que é aposentada.
Agora faz mais sentido a sutil sedução, que ela está lançando sobre mim.
Já do meu lado, eu falo o essencial: quarenta anos, divorciado sem filhos, recém auto-aposentado.
Deixa-me na frente do apartamento, depois de arrancar-me a promessa de sairmos juntos, um dia desses.
Nos dias seguintes, tenho alguma burocracia para executar: renovar meus documentos, atualizar minha carteira de motorista e abrir conta bancária.
Contrato também, através de uma agência, uma diarista, que vem fazer serviços no apartamento segunda, quarta e sexta.
Uma vez de posse da CNH, vou retirar a Pajero que mandei blindar.
Começo então minha rotina de boa-vida carioca.
Com o carro posso deslocar-me para os lugares mais bonitos da cidade, mas o que mais curto é colocar um calção e descer de manhã no calçadão, só com uma nota de 50 reais no bolso para a água de coco, sentar na sombra e ficar olhando as menininhas de biquíni.
Eu sei que para elas eu sou um “tio”, mas olhar não tira pedaço.
Meio-dia, subo no apartamento, peço comida, que consumo sozinho na cozinha. Acompanho o almoço com um bom vinho ou uma cerveja gelada e à tarde fico assistindo um filme no enorme televisor, na frente da cama.
Depois de um mês desta vida pacata, recebo uma ligação da Roberta, cobrando a dívida que eu tenho com ela.
Marcamos para almoçarmos juntos no sábado.
Decido deixar o carro na garagem e sair de Uber, caso, bem provável, que role um bom vinho no almoço.
Vou até o prédio onde ela está morando, na Tijuca, e fico esperando no carro.
Ela desce logo, toda arrumada com um curto vestido que deixa bem à mostra suas lindas coxas, e vamos num restaurante que ela indica, no Leblon.
O restaurante é ótimo e o vinho branco é delicioso e bem gelado.
Depois da sobremesa, do café e da conta, que eu discretamente pago, nos levantamos.
Aí Roberta me surpreende, tascando-me um beijo.
Ela é bem direta:
– Quero ir a um motel contigo.-
Seria muita desfeita eu recusar: somos os dois de maior e desimpedidos, e ela não me pediu para casar ou namorar, mas simplesmente transar sem compromisso.
É a Roberta que dá as coordenadas para o motorista: é um luxuoso motel na Barra da Tijuca.
Ela fica agarrando-me durante todo o percurso, dando-me beijos quentes e apaixonados.
Eu fico inebriado pelo seu perfume sensual e respondo à altura.
Chegando no quarto, ela se despe em uma espécie de strip-tease.
Posso, então apreciar seu corpo: grandes seios ligeiramente caídos, uma boceta capô de fusca, completamente depilada, e uma bunda espetacular, apesar de algumas estrias.
Me dispo também, e caímos na cama.
A beijo e abraço e posso fartar-me em segurar tanta carne macia.
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Faz mas de um ano que eu não transo, alias posso contar nos dedos de uma mão as vezes em que esteve com uma mulher nos Estados Unidos.
Querendo evitar a toda custa um relacionamento com uma mulher, que lá pode ser complicado, aproveitava de minhas poucas viagens de negócios no Nevada para contratar uma prostituta, que vinha fazer um serviço rápido no hotel em que eu ficava.
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Logo começamos um sessenta-e-nove.
Lembro-me, assim, o sabor de uma mulher, que penetra no meu cérebro como um potente afrodisíaco.
Ela percebe meu frenesi, para de chupar meu pau e propõe de fazer-mos amor.
Eu aviso que sou estéril, assim podemos dispensar as camisinhas.
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Encasquetado com o fato que eu não tinha conseguido engravidar Paula, não obstante nunca tínhamos tomado nenhuma precaução, quando cheguei em Chicago fiz exames, descobrindo que eu não posso ter filhos.
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Deito encima dela e enfio meu pau na sua boceta.
Que delícia!
Ela tem o domínio total sobre seus músculos vaginais, assim eu tenho controlar-me para não gozar em três tempos.
Mesmo assim eu não agüento muito, enchendo de porra sua boceta.
Roberta, que é bastante barulhenta, geme bastante, e também tem um orgasmo, ou pelo menos simula um.
Ficamos abraçados nos recuperando.
A um certo ponto ela me pergunta:
– Amor, você gosta de sexo anal?-
Pego de surpresa eu respondo:
– Claro que sim!-
A realidade é que eu nunca fiz na vida: com as prostitutas nunca nem cogitei e Paula nunca quis experimentar, provavelmente porque eu não insisti o suficiente.
Enquanto vai até sua bolsa para pegar o lubrificante, Roberta me explica:
– Meu ex-marido é tarado por isto, eu nunca regulei meu cuzinho, mesmo assim ele me trocou por uma que tem a metade da minha idade. Estes homens não prestam! Não me refiro a você, Carlos, meu amor: você é todo um cavalheiro!-
Ela lubrifica meu pau, que enrijeceu só na perspectiva de comer aquele cuzinho.
Quando passa a lubrificar seu ânus, observo ela colocar um, dois e finalmente três dedos no seu cu.
Ela levanta as pernas, na clássica posição do frango assado, e me diz:
– Vem, meu amor, vem comer meu cuzinho, que é todo seu.-
Deito encima dela e, quando aproximo meu pau, é ela mesma que o direciona para o seu cu.
Eu gosto logo de cara.
A sensação física não é muito diferente do que a de penetrar a boceta, que aliás no caso dela chega a ser mais apertada, mas do ponto de vista psicológico é totalmente diferente, graças ao prazer mórbido de possuir a mulher contra a natureza.
Roberta geme forte e incita-me a socar mais.
Gozo rapidamente, mas estou tão excitado que não perco a ereção e continuo a enraba-la com força.
A um certo ponto ela decide trocar de posição e continuo a sodomia, agora de quatro.
Posso assim deliciar-me com a bunda monumental que encontro na minha frente.
Ela começa a tocar uma siririca e tem, ou simula ter, vários orgasmos.
Finalmente gozo.
Caímos deitados de lado.
Roberta está visivelmente satisfeita, com a nossa transa.
– Aí, meu amor, você me saiu um garanhão de primeira: gozei muito! Você gosta de um cuzinho, ehin! Pode comer o meu quando quiser!-
Depois de trocar mais uns carinhos, vamos para banheiro tomar uma ducha e depois relaxamos na jacuzzi.
Já está escurecendo quando chamo o Uber para sairmos do motel.
Já que Roberta insiste bastante, quando chegamos na Tijuca, eu subo no apartamento dela.
Conheço assim as suas duas filhas: Andreia, a maior e Júlia, a menor.
As duas meninas não me tratam muito bem e eu entendo o porquê: elas me vêm como o rival do pai delas.
Já a dona Marta, mãe da Roberta, me trata com todo carinho, como se eu já fosse seu genro.
Termina a noite jantando um delicioso strogonoff, preparado por dona Marta.
Roberta tem o bom senso de não insistir, quando eu tiro o corpo fora para um programa de domingo, e ficamos de nos rever, de novo, no sábado próximo.
Assim correm as coisas no mês sucessivo: de domingo a sexta minha boa vida no calçadão, e sábado junto com Roberta primeiro no motel, onde eu me esbanjo com a sodomia, e a noite janta na casa de dona Marta.
Júlia, já começou a tratar-me melhor, já com Andreia não tem jeito: eu continuo “o outro”.
Começa, porém, a crescer em mim uma certa saudade de Sampa.
Decido, então, dar um pulo lá.
Mas não quero ir de avião: quero ir com o ônibus da meia-noite, como quando eu trabalhava no Rio.
Assim que, uma segunda à noite vou para a rodoviária, para começar minha viagem, levando comigo somente uma mochilinha com o básico.
Mesmo tendo voado muito por negócios, ou talvez per causa disto, nunca fui um grande fã de avião.
Prefiro o lento transcorrer da viagem de ônibus, que te dá tempo de pensar na vida, com aquela parada no meio da noite, para esticar as pernas, fazer um xixi e tomar um cafezinho insosso.
O único incremento que implemento hoje, respeito minhas viagens de outrora, é a passagem de ônibus-leito.
Chego no Tietê às seis da manhã e, de Metrô, vou até a Ana Rosa.
Desço a pé até o Parque Ibirapuera, onde costumava caminhar aos sábados de manhã com meu pai.
Na descida evito passar pela rua onde morávamos, para fugir de recordações muito tristes.
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Meu pai tinha herdado de meu avô um velho casarão na Vila Mariana, e foi aí que eu passei minha infância.
A casa estava sempre precisando de reformas, que ele nunca conseguia realizar por completo, por causa de seu salário de professor da rede pública.
Ele casara-se com minha mãe, quinze anos mais nova do que ele, relativamente tarde, assim que eu nasci que ele já estava com cinqüenta anos.
Ele sempre foi bem carinhoso comigo e, todos os sábados, desde que eu me entendo como gente até poucos dias antes dele falecer, a ida ao parque era sagrada.
Minha mãe, que fazia pequenas costuras em casa, não gostava de caminhar, assim que nos aguardava em casa.
Lembro-me muito bem a última vez que estivemos no parque.
Eu tinha doze anos, e ele tinha-se aposentado o ano antes, não que ele quisesse parar de trabalhar, mas os problemas que tinha no coração tinham-se agravado nos últimos tempos.
Sentado em um banco, na frente do lago, ele me disse:
– Carlos, eu tenho uma coisa importante para te dizer: eu fiz testamento e deixei a casa para você. Você tem que, porém, fazer-me uma promessa: não vender a casa enquanto que tua mãe estiver viva.-
Aquele dia eu fiz esta promessa, que porém não cumpri.
Mesmo passando alguns apertos, conseguimos sobreviver, mamãe e eu, com a pensão do falecido marido e os bicos de costura que ela fazia.
Sempre fui bom aluno, e consegui ingressar no curso de engenharia da USP, formando-me, sem sustos, em engenharia elétrica.
Antes mesmo de me formar, graças aos contatos de um meu professor, recebi o convite para ir trabalhar no Rio.
O salário era razoável para um recém-formado, os preços dos alugueis, porém eram assustadores, assim que me virei, alugando um quarto mobiliado em Copacabana, obviamente não na avenida Atlântica.
Eu tenho ótimas lembranças deste período.
Depois de um ano de namoro, eu tinha ficado noivo da Paula, assim que eu viajava quase todo o fim de semana para São Paulo.
No sábado ou no domingo Paula tinha folga do trabalho, e a gente passava o dia junto.
Já que no apartamento no Santana, onde ela morava com a mãe, só tinha um quarto, na noite entre sábado e domingo, Paula vinha dormir comigo na grande casa da Vila Mariana.
Paula sempre foi muito fogosa, assim que nesta noite fazíamos amor até eu não agüentar mais.
Depois de cerca de um ano que eu trabalhava no Rio, uma incorporadora veio com uma proposta muito boa para compra do casarão da Vila Mariana.
Segundo o que tinha prometido para meu pai, eu deveria ter recusado, mas acabei aceitando.
A verdade é que eu queria ter meu próprio negócio e este dinheiro vinha a calhar para realizar o meu sonho.
Me associei com Faria, um meu ex-colega de faculdade, que entrou com a outra metade do capital.
Não podia ter escolhido um sócio pior: fanfarrão, preguiçoso e, o que se revelou posteriormente fatal, desonesto.
Durante os cinco anos que durou nossa sociedade, eu ralei, trabalhando como um condenado, no enquanto ele aparecia no escritório só de vez em quando para marcar presença.
Este ritmo de trabalho arruinou também meu casamento.
Tinha-me casado justamente no período em que estava formando a sociedade, e nem deu tempo para fazer a lua-de-mel.
Fomos morar Paula, minha mãe e eu, em um apartamento de dois quartos, alugado na Saúde.
Logo depois do casamento a Paula foi despedida e, sendo recém-casada, não conseguiu arranjar outro emprego, assim que ficou em casa ajudando minha mãe, que começara a apresentar problemas de saúde.
Eu, sobrecarregado pelo trabalho, comecei a aparecer em casa somente para dormir, e olha lá.
O sexo com minha esposa virou inexistente, e eu não percebi os evidentes sinais que ela me mandava.
Cinco anos depois de minha volta para São Paulo, minha mãe teve um ataque cardíaco e veio a falecer depois de uma breve hospitalização.
O dia seguinte do enterro, Paula apresentou-me os papeis do divorcio para eu assinar, dizendo que já tinha outro homem, e só não tinha-me deixado antes por causa de minha mãe.
Abalado pelo duplo baque, me deu uma estafa.
Faria, em um ato de estranha gentileza, aconselhou-me tirar uma semana de folga, longe de tudo e de todos, em uma pousada na serra da Mantiqueira, que não tinha Internet e sinal de celular.
Ele ia cuidar dos negócios durante esta semana.
Quando voltei para São Paulo, Faria tinha pego todo o dinheiro da firma e fugido para Orlando, onde ele já tinha comprado uma casa, como fiquei sabendo mais tarde.
Foram os piores meses de minha vida.
Caçado pelos credores, eu tentava em vão evitar a falência da firma.
Eu já não sabia mais o que fazer, quando Mr.Stephenson lançou-me uma tábua de salvação.
Mr.Stephenson era, aliás é, um empresário de Chicago. Tínhamos tido a ocasião de nos conhecer em ocasião de algumas viagens de negócio que tinha feito naquela cidade, por conta de minha firma, e ele tinha gostado de mim.
Quando veio a saber de minhas dificuldades, ofereceu-me a oportunidade de ir trabalhar com ele.
Eu aceitei mais do que depressa, e embarquei para Chicago.
Lá eu trabalhei com ele por mais de cinco anos, depois meu espirito empreendedor fez-me fundar o meu Unicórnio.
Desta vez eu resolvi dispensar qualquer sócio: gato escaldado tem medo de água fria!
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Chego rapidamente ao parque.
Lá eu passeio, tomo açaí, água de coco e descanso nos bancos na frente do lago, onde costumava sentar e conversar com meu pai.
Dez e meia da manhã resolvo sair do parque.
Subo até o Metrô e, depois de baldeação com a CPTM, chego ao shopping Villa Lobos, onde passei tantas horas, quando recém-inaugurado, no meu último ano de USP.
Almoço na praça de alimentação, antes que seja invadida pelos funcionários das firmas da redondeza, tomo um café, dou uma olhada nas vitrines das lojas, depois vou para Livraria Cultura, e lá me perco entre os livros.
Antes de virar empreendedor eu tinha uma verdadeira paixão por livros.
Deixei a leitura de lado quando este hábito tornou-se incompatível com o meu ritmo de trabalho, mas agora nada impede que eu recomece.
Quando me dou conta, já são seis da tarde.
Compro alguns livros que separei e decido tomar um café na cafeteria da livraria, que tantas lembranças me traz.
Sento na barra e quando olho para atendente quase me dá um treco: é a Paula.
A sensação de déjà-vu é atordoante: é como se eu voltasse tantos anos atrás.
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Logo após a inauguração do shopping, comecei a freqüenta-lo durante as horas que tinha vagas na USP.
A livraria tinha-me atraído, como o mel para uma mosca.
Também sempre gostei de um bom expresso, assim que a parada na cafeteria era quase uma obrigação.
Acabei notando uma atendente da cafeteria: uma linda mulata clara, cujo sorriso era simplesmente coisa do outro mundo.
Comecei a estudar seus turnos, para que coincidissem com minhas idas à cafeteria, e um dia tomei coragem e falei com ela.
Eu tive a incrível sorte que ela tinha acabado de terminar seu namoro, pois uma mulher assim não fica muito tempo disponível.
Linda, simpática, inteligente e fogosa entre quatro paredes, é tudo que um homem pode desejar na vida.
Logo começamos a namorar e, antes de viajar para o Rio, ficamos noivos.
Eu fiz questão que fosse uma coisa bem formal: fui até a casa dela com o anel e pedi sua mão, na frente de minha futura sogra, dona Heloísa.
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Fico olhando-a atendendo outro cliente, com aquele seu sorriso maravilhoso, e tenho subitamente a certeza que, não obstante o tempo passado, não consegui apagar totalmente meu amor da alma.
Porém, a aliança que noto no anular esquerdo, causa-me uma pontada no coração.
Ela se vira e me vê.
Vejo uma profunda emoção no seu rosto e ela quase deixa cair as xícaras que carrega na mão.
Ela abre aquele sorriso, que me derrete todo, e diz:
– Carlos, ha quanto tempo!-
– Paula, você aqui! É surpreendente!-
Estamos ambos claramente embaraçados.
É ela, porém, que tem a iniciativa:
– Meu turno hoje vai até às oito. Você pode esperar?-
– É claro!-
Ela pega o recibo que tenho na mão e, sem nem olhar para ele, vai à máquina e volta com um expresso curtinho, como eu gosto.
Tomo o cafezinho e saio andando pelo shopping, para fazer hora.
Às oito vou espera-la na saída dos empregados, como tantas vezes fiz no passado.
Quando ela aparece, presenteia-me um sorriso que me nocauteia de vez.
Com toda a naturalidade ela pega minha mão e vamos na direção da estação da CPTM.
– Como você viu, consegui meu antigo emprego de volta.- e continua:
– Você janta com a gente, pois mamãe está com uma baita saudade de você. Ela nunca te esqueceu! Há, você também vai conhecer Amanda, minha filhota. Ela tem sete anos e é a mais adorável menina na face da terra.-
Ela ri e acrescenta:
– Você pode achar que eu deva ser mãe coruja: pois sou!-
Tomamos o trem e finalmente consigo a coragem para fazer a pergunta que não quer calar:
– Você é casada?-
Ela levanta a mão esquerda, mostra o anel e diz:
– Divorciada! Este é o nosso anel de casamento: eu nunca tirei.-
– E o Fábio?- pergunto, citando o homem pelo qual ela deixara-me.
– Nunca chegamos a casar e, quando engravidei da Amanda ele me deixou, dizendo que não estava pronto para ser pai. Nunca mais vi ele.-
Em pé no trem, ela encosta a cabeça no meu peito e começa a chorar:
– É minha sina: um homem me abandona pelo trabalho, o outro pela falta de compromisso.- diz, entre as lagrimas.
Eu acaricio delicadamente seus cabelos negros e encaracolados, enquanto o pessoal no vagão olha para gente alguns com mais, outros com menos interesse.
Paula se recompõe e pergunta:
– E você? Não falamos nada de você! Estás casado?-
– Também divorciado. De você.-
– Estás morando ainda em Chicago?-
– Não mais. Agora estou no morando no Rio.-
Interrompemos nossa conversa para fazer a baldeação.
Depois volto a falar, contando, em grandes linhas, a minha situação, sem tocar muito no aspecto financeiro.
Finalmente, depois de uma longa viagem, chegamos ao Santana.
Quando entramos no apartamento e dona Heloísa me vê, ela chora pela surpresa e me abraça forte, forte.
– Você fica aqui esta noite! Eu e Amanda dormimos aqui na sala e você e Paula no quarto. Eu já vou trocar os lençois da cama de casal, no enquanto você, Paula, serve o jantar aqui na sala.-
Para ela é liquido e certo que eu e Paula vamos reatar.
Ela chama Amanda, que está no quarto, e diz para ela:
– Vem conhecer teu pai!-
Ela me fita curiosa e pergunta:
– Você é o Fábio?-
– Não eu sou Carlos. Vem me dar um abraço.-
Ela me dá um abraço carinhoso.
No meio tempo Paula, que ficou muda pela vergonha por causa da reação da mãe, recobra a fala e diz:
– Carlos, peço desculpa por mamãe. Você sabe como ela é.-
– Fica sossegada, que eu conheço dona Heloísa de outros carnavais.-
Durante a janta quem conversa mais é dona Heloísa.
Finda a janta ela fala:
– Vocês dois devem estar cansados: podem se retirar no quarto. Eu vou me ajeitar com Amanda aqui na sala. Vamos tratar de dormir, dona Amanda: já passou da hora de você deitar, e amanhã tem aula.-
Quando entramos no quarto paira um clima estranho entre a gente.
É Paula que quebra o gelo:
– Você quer fazer amor?-
Eu respondo com um beijo apaixonado.
Despimo-nos rapidamente, e posso apreciar seu corpo esbelto, que o tempo não afetou.
A linda cor mulata clara, os pequenos seios, e o púbis coberto de pelos negros encaracolados, causam-me uma ereção instantânea.
Dispensamos qualquer preliminar, deitamos na cama e começamos a fazer amor.
Finalmente o meu pau volta para a boceta que ele sempre considerou sua casa.
Paula abraça-me bem forte, murmurando palavras ininteligíveis.
Não demoro muito em gozar.
Ficamos um bom tempo deitados lado a lado, trocando carinhos.
Decido então beijar ela da cabeça aos pés.
Quando chego à sua bunda, não posso deixar de dar um beijinho no seu cu.
Ela me pergunta:
– Você lembra que você sempre quis comer minha bunda e eu nunca deixei? Pois é, o Fábio foi mais insistente e consegui tirar o cabaço do meu cu. Eu descobri que não é tão terrível como pensava. Assim que, se você quiser, pode enrabar-me.-
– É pra já!- respondo eu.
– Eu estou sem lubrificante, mas podemos tentar com o cuspe mesmo. O Fábio fazia quase sempre assim.-
Paula me faz um boquete bem caprichado, depois deita levantando as pernas:
– Vem, meu amor, mas começa devagar, por favor.-
Deito encima dela, colocando meu pau no seu cu.
Não obstante a escassa lubrificação, a penetração não é tão difícil.
Logo consigo manter um ritmo de estocadas como anteriormente na boceta.
Paula, me abraça e me beija, não ensaiando fingir um orgasmo, como a Roberta.
Não demoro muito a gozar no seu cuzinho.
Ficamos um bom tempo abraçados trocando carinhos, depois decidimos ir lavar-nos.
Vestimos alguma roupa, atravessamos com cuidado a sala, para não despertar avó e neta, e vamos até o banheiro tomar uma ducha.
Voltamos com todo o cuidado para o quarto.
Deitamos, porém, antes de dormir, fazemos de novo amor, desta vez num clássico papai e mamãe.
Finalmente adormeço, deitado de conchinha com minha Paula.
Quando, na manhã seguinte, saímos do quarto, dona Heloísa já voltou da escola, onde deixou Amanda, e preparou para nós dois um café da manhã principesco.
Saio junto com Paula, e acompanho-a até o Shopping, onde seu turno começa às 10 da manhã.
Daí decido tomar um taxi até o Aeroporto de Congonhas, onde pego a ponte aérea para o Rio, pois não gosto muito de viajar de ônibus de dia.
Quando chego em casa, sento numa poltrona na sala e fico meditando: tenho que tomar uma decisão!
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Epilogo: um ano depois
Espero deitado na cama que Paula volte, depois de ter deixado Amanda no ônibus escolar.
Quando chega ela despe-se em um instante e logo vem para cama.
Chupa-me o pau e, em seguida, começa a cavalgar-me com meu pau firmemente enxertado em sua boceta.
Demoro alguns minutos para gozar.
Depois tomamos uma ducha juntos, eu visto meu costumeiro calção, ela um biquíni com encima um pareô, e descemos para o calçadão.
Passeamos, tomamos uma água de coco e onze horas subimos para o apartamento.
Paula prepara o almoço e, quando chega a hora, eu desço para receber Amanda, que volta do colégio.
Quando regressei de São Paulo eu decidi voltar a casar com a Paula.
Fiz exame de consciência e cheguei à conclusão que as falhas no primeiro casamento tinham sido somente minhas.
O trabalho tinha-me cegado e não via mais nada à minha volta.
Viajei logo em seguida para Sampa, e repeti meu pedido de casamento para Paula.
Logo terminado o período de aulas de Amanda, ela e Paula se mudaram para o Rio.
Dona Heloísa preferiu permanecer em São Paulo, fazendo-se prometer que nós íamos visita-la freqüentemente.
Para mim de bônus tinha Amanda, uma verdadeira jóia de menina, que agora me chama de pai.
Descobri que o que eu quero mesmo é ter uma família, e ficar numa boa junto com pessoas que amo, vendo a vida passar devagar, devagar.
Trabalhar feito um condenado: nunca mais!
Fim

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2 Comentários

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  • Responder Otaner ID:dlns650d1

    Entrei aqui em busca de sacanagens e devassidões, e me deparei com a história que espero ter em minha vida, sobretudo na parte de retornar a quem amei um dia. Escritor, você é excepcional, e certamente deve continuar com seus contos, sobretudo com essa pegada do conto acima. Fenomenal.

  • Responder Lex75 ID:5vaq00tfi9

    Adorei. Realmente trabalho a mais não é saudável.