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Todos os beijos que roubei part. I

2154 palavras | 2 |4.55
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Essa história passa por alguns anos.
Apesar da história ser verdadeira vou usar outros nomes mas tirando isso vou tentar ser o mais fiel possível.
A história é sobre mim (Juh)
Quando eu era criança meus tios se separaram e minha prima veio morar na minha casa.
Ela era mais velha que eu, uns 7 anos mas a diferença de idade não impediu que nós nos tornarmos melhores amigas e até irmãs.
Ela cuidava de mim, porque minha mãe trabalhava fora e eu era bem criança ainda.
Os anos passaram e a minha prima (Yara) se mudou para a casa de nossa avó, porque a nossa avó estava morando sozinha e seria bom ter companhia, era uma avó bem agradável, não era uma velhinha chata.
Esse é o primeiro contexto.
Eu estava com 12 anos da época e minha prima Yara estava com 19, recém feitos.
A Yara é quase uma galega, branca mas não branca demais, cabelo castanho bem escuro que ela pinta de loiro e por ser castanho pega cor com bastante facilidade. Além disso tem um corpão, pernas grossas e um bumbum gigante, apenas os seios são pequenos. Ela parece com aquela blogueira Luara em relação ao corpo, mas o rosto da Yara é mais adulto, sempre foi.
Eu sou negra lightskin, a Yara diz que meu corpo é perfeito, mas eu sou bem magra, peitos pequenos e bumbum pequeno para médio, mas as minhas curvas são bem proporcionais (isso hoje, com 12 anos eu era apenas uma tábua reta mesmo).
Nós morávamos em um interior médio, mais ou menos 100 habitantes e era uma cidade aceitável. Tinha algumas coisas e não tinha outras.
Nessa época a Yara já havia terminado o ensino médio e estava apenas trabalhando, não era uma ótima aluna mas era muito esforçada no trabalho. Já eu era bem mole para trabalhar mas era uma ótima aluna (esse detalhe é importante).
No ano anterior uma prima nossa havia tomado bomba no vestibular então nossa avó tentando ajudar foi atrás de um professor particular, até descobrir que esse tipo de serviço é bem caro, mas um professor indicou um aluno de faculdade que poderia ajudar por um preço mais acessível. E assim nós conhecemos o Romeo.
Ele tinha 20 anos, estava no meio da faculdade de direito, era muito inteligente e tinha uma beleza diferente, elegante. Não era um amontoado de músculos, mas tinha um olhar masculino e uma voz que acalmava qualquer mulher. Bem, isso eu só fui descobrir bem depois das nossas primas.
Poucos meses depois que essa outra prima começou a ter aulas ela passou pra um curso técnico em um IF e minha avó ficou tão feliz que fez um churrasco para comemorar, e convidou o Romeo.
Foi nesse dia que eu e a Yara conhecemos ele, e eu no auge dos meus 12 anos me apaixonei por aquele homem no mesmo instante mas não fui a única.
A Yara ficou encantada com ele e sem muito pudor tentou monopolizar toda a atenção dele durante o dia, eles conversaram bastante e o Romeo se esforçava para incluir as outras pessoas na conversa, naquele dia ele era o único homem presente, estávamos eu, Yara, minha tia, minha prima e minha avó.
Então minha tia toda passivo-agressiva disse que a Yara também estava precisando de um professor porque já tinha quase 20 anos e não estava nem perto da faculdade, e engano dela achar que iria incomodar a Yara, muito pelo contrário, nada teria deixado ela mais feliz.
Menos de uma semana depois eles estavam começando a sair juntos e foi assim que a minha irmã postiça e melhor amiga tomou para si o homem que eu amava, com 12 anos todos os meus sentimentos eram intensos e aquilo acabou comigo.
Porém algumas coisas aconteceram logo em seguida. Assim que a nossa avó percebeu que eles estavam saindo como ficantes e que não tinha nada a ver com estudos, ela obrigou a Yara a me levar junto nos encontros e então eu comecei a passar muito tempo com ele, nos tornamos até amigos na proporção que a nossa diferença de idade nos permitia.
Nós três saíamos juntos e as vezes eles dois vinham até a minha casa para passar o tempo, almoçar no domingo e assistir filmes. Era um tanto triste e engraçado o quanto eu me arrumava para receber ele e o quanto me esforçava para ser atraente e interessante e a facilidade com que eu recebia atenção dele.
Era engraçado porque ele tocava minha mão, me abraçava e até fazia carinho no meu cabelo, quando estávamos andando na rua ele segurava minha mão. E tudo isso era completamente normal porque o Romeo e a Yara me viam como uma criança e por mais rápido que meu coração batesse ele só me via como uma criancinha, priminha da namorada dele.
Isso me dava tanta liberdade, ah, como eu amava o cheiro dele, o toque, como eu amava ser mimada pelo homem de outra pessoa e mesmo assim não receber nenhuma censura, de ninguém.
Com o tempo juntos as vezes ficava tão claro pra mim como eu e ele tínhamos tudo em comum e como ele e a Yara não tinham nada. Mas ela compensava tudo isso, vocês sabem como.
Mesmo com minha avó marcando em cima deles ela conseguia escapar e dar todo o carinho que um homem daquele precisava, e as vezes eu ia dormia com ela na nossa avó e ela não me poupava dos detalhes. Que tragédia.
Dois anos depois eu já estava uma mocinha, tinha 14 anos e agora tinha certeza que o Romeo não me via mais como criança, nós éramos amigos de verdade e muitas vezes conversávamos apenas os dois pelo celular. Ele me contava coisas importantes e profundas sobre a vida dele, e me aconselhava em todas as minhas pequenas questões da adolescência. Eu estava ainda mais apaixonada que antes e tinha certeza que ele sentia algo por mim, e pelos céus Yara era completamente cega para tudo isso, embora nem todos fossem.
Uma vez no cinema algo aconteceu.
Naquele dia ele sentou entre nós duas, normalmente eu sentava do lado dela, mas esse dia foi diferente.
E as vezes eu jogava ao lado dele e ele permitia tudo como sempre, até um momento que ele mesmo segurou minha mão, e deixou a mão dele e a minha sobre as minhas pernas.
Meu coração quase pulou pra fora e eu estava perdida.
A forma que ele me segurava era diferente, tão carinhosa, mas eu sabia que ele sentia algo por mim e tenho certeza que ele sabia que eu sentia algo por ele.
Naquele dia eu decidi algo que já sabia. Senti que ele estava me testando e então decidi que faria tudo que ele quisesse, qualquer coisa, iria até o fim com ele. Ah, esqueci de dizer, eles não estavam noivos oficialmente mas iriam se casar, poucas pessoas sabiam e eu era uma delas, então decidi que se fosse esse o destino eu não me privaria, seria amante dele se fosse preciso.
Então pouco tempo depois disso eles se casaram. Eu fui madrinha. Ela estava linda, eu estava linda. Abracei Romeo nesse dia e não queria soltar ele, chorei e todos me acharam boba, Yara me consolou. Foi um dos piores dias da minha vida.
O Romeo passou em um concurso logo em seguida e eles se mudaram para outro estado, muito longe para visitas casuais.
Não deixei isso abalar meus sentimentos, continuei sendo presente na vida dele através das redes sociais, porém as coisas não estavam bem. Romeu ganhava bastante dinheiro (para a nossa realidade) e isso permitia que Yara não precisasse trabalhar. E no começo isso foi um sonho pra ela, mas logo se tornou em uma tragédia. Além do emprego o Romeo ganhou uma bolsa para uma pós-graduação muito exigente, então ele passava o dia todo fora e ela passava o dia todo sozinha, em uma cidade que não conhecia ninguém, ociosa, carente, abandonada.
Eu entendia o lado dela e falava isso pra ela, e entendia o lado dele e falava isso pra ele, falava o quão triste era ela não entender a fase da vida que ele estava vivendo e que para nós, que somos estudantes por natureza, uma oportunidade como essa era um sonho e que estava muito triste por ela estar tornando esse momento algo ruim pra ele (eu sei, não sou uma boa amiga).
E um dia Yara me confessou algo que estava deixando ela muito mal: ela estava trocando mensagens todos os dias com um rapaz daqui da cidade onde todos nós morávamos. Eu logo fui atrás do detalhes, pedi prints, pedi que ela me explicasse tudo. E ela disse que esse rapaz sempre teve interesse nela, um rapaz muito afoito, safado. E que ela nunca foi rude com ele mas se mantinha esperta para não dar corda demais. Porém ele comentava tudo que ela postava, dava atenção até quando ela não pedia e ela estava se deixando levar.
Eu disse que entendia as preocupações dela e que achava que na verdade faria bem pra ela ter um amigo (menti, mesmo nova sabia exatamente onde aquilo iria dar). E disse pra ela apenas se policiar para não se apaixonar por ele, tentar manter tudo dentro do âmbito da amizade porque ela estava precisando mesmo de mais amigos para não se sentir tão só.
Esse rapaz era muito ousado, vivia elogiando o sorriso dela, o corpo, dizendo o quão bonita ela era, era apenas uma questão de tempo até ela cair no papinho dele.
Depois de quase duas semanas nós duas sempre conversávamos sobre ele, então mesmo que ela não me dissesse eu tinha certeza que algo estava acontecendo.
Então ela me mandou uma única mensagem um dia: “aconteceu!”.
Meu coração ficou agitado e eu fui atrás de todos os detalhes. Ela disse que eles se confessaram um pro outro e que trocaram nudes, muitos nudes, fizeram sexo a distância (triste, não é?) e que estava muito culpada mas estava apaixonada.
Então perguntei se ela já havia apagado as mensagens e ela disse que eles fizeram isso pelo notebook, em outro aplicativo e não pelo whatsapp. Já que ele não usava o notebook dela não seria uma preocupação mas pedi pra ela apagar a nossa conversa, porque seria uma evidência. Pedi isso por outros motivos, na verdade.
Então logo depois de terminar de falar com ela eu mandei uma mensagem para o Romeo “precisamos conversar, urgente”.
Ele me ligou, não estava em casa então tínhamos bastante privacidade. Fiz ele jurar que não contaria para ninguém onde havia ouvido a história que eu contaria pra ele e disse que isso poderia acabar comigo então ele jurou que me protegeria e não diria a ninguém. Então eu disse pra ele estudava com uma menina (tudo inventado) e que era muito amiga dela. E que essa menina me contou uma coisa horrível. Ela disse que o irmão dela estava ficando com uma mulher casada e então eu descobri que infelizmente se tratava da Yara, disse que eu não conseguia acreditar que ela havia feito isso mesmo mas que eu não poderia esconder isso dele.
Ele me prometeu que inventaria alguma desculpa para ter descobrido isso sem que me envolvesse. Então eu fiquei muito mal e preocupada com o que fiz, mas já estava feito. Eles tinha quase um ano de casados quando isso aconteceu e horas mais tarde naquele dia (horas que pareciam eternas pra minha ansiedade) a Yara me ligou desolada. Disse que estava perdida, estava completamente perdida, que o Romeo havia descoberto tudo e que havia expulsado ela de casa, disse que ele havia ameaçado e machucado ela, que a jogou para fora apenas com o dinheiro da passagem e disse que ela se arrependeria se voltasse. Ela estava na rodoviária e não sabia o que fazer, não tinha como voltar para casa dessa forma, humilhada, mas convenci ela a voltar e reuni dinheiro para mandar pra ela usar na viagem. Foi um escândalo.
(continua).

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2 Comentários

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  • Responder Carol ID:81rcp02ihi

    Passei por algo parecido.
    Minha tia praticamente me criou e eu acabei apaixonada pelo marido dela.

    • Emy ID:81rcp02ihi

      Nossa…