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Proibido, Forbidden, Tabu: Parte 3- A descoberta dos desejos e o segredo revelado

4247 palavras | 3 |4.07
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Naturalmente, se formou um grupinho considerável de curiosos pra saber o que estava acontecendo, porém ninguém foi autorizado entrar, exceto eu e o garoto que me carregava. Pra ser sincero foi mais o susto afinal, uma grande quantidade de sangue sempre impressiona muito. Na real, nem estava doendo muito e a enfermeira tratou de fazer parar o sangramento e me deu um pacote de gaze mandando que pressionasse contra o nariz com a cabeça pra trás.

– Você teve sorte rapaz. Disse ela. Não foi nada demais, não quebrou nada. Apenas vou pedir que continue fazendo pressão pra estacar o sangramento.

Nesse momento ouvimos o som de mensagem de um cel que foi prontamente lido por ela.

– Misericórdia, disse ela após ler a mensagem. Já teve outro acidentado dessa vez lá do outro lado do acampamento. Vocês garotos são fogo mesmo, terei que correr lá agora. Você aí, ela disse aprontando para meu salvador. Fique com ele por uns minutos, assim que parar de sangrar lave com o soro que está ali no banheiro e esperem que eu volte.

– Você ouviu não é bonitinho? Ele falou. Agora vou cuidar de você.

Eu fiquei vermelho com as palavras dele mas tratei de me recompor e dizer:

– Muito obrigado então. Diga-se de passagem, posso saber o nome do meu herói que aliás, ficou me encarando a manhã toda?

Meu nome é Marcelo e…. Então você percebeu? Tudo bem, eu confesso, fiquei mesmo. Porém o que quer que eu faça? Um gatinho tão lindo e fofo como você é pra ficar admirando mesmo.

Eu já estava quase me recompondo e essas palavras me atingiram em cheio. Fiquei mais vermelho que duzentos pimentões.

– Como é que é? Gatinho? Eu? Você tá falando sério? Deixa eu adivinhar, você usa óculos e foi assaltado? Levaram ele e ficou cegueta?

– Meu Deus, além de lindo e fofo é espirituoso. Tão novinho e tão inteligente, gostei.

– Ei cara, falei todo sem jeito. Acho que você está meio enganado aqui né? Nós dois somos garotos e você tá aí dizendo que sou bonito?

– Estou sim, e daí? Ele disse. Estamos no século XXI caso você não tenha percebido. Ou vai me dizer que você é daqueles garotos de família tradicional que pensam que gostar de pessoas do mesmo sexo é uma monstruosidade?

– Claro que nãpo, respondi envergonhado. Eu não sou desses. Só que tipo, você me pegou de surpresa, eu… Sei lá, eu fiquei confuso né? Ninguém nunca falou essas coisas pra mim.

– Mas eu to falando agora ué. Já tinha te visto na escola algumas vezes e dizem por aí que você além de lindo é o mais inteligente do 9º ano. Admiro muito os inteligentes, sabia?

– Ahhhh é? Respondi cinicamente. Quer dizer então que estava me stalkeando? Isso é crime sabia? Dei uma leve risada enquanto tirava a gaze no nariz que já não sangrava tanto.

– Nossa, agora você me magoou. Me chamou de criminoso?

– Não, claro que não, ri bem alto. Eu to brincando né?

– Entendi, disse ele. Mas já que você falou, eu vou confessar, sou criminoso sim. Mas não stalker como está pensando. O crime que cometo é outro.

– Como é que é? Falei até um pouco assustado. Você comete crimes mesmo? Sei, sei, e que crimes são esses, posso saber?

Ele então pegou a gaze da minha mãe, limpou o restinho de sangue que estava secando e falou olhando nos meus olhos:

– Sou ladrão. Eu roubo…….. BEIJOS.

Nesse momento eu arregalei os olhos e antes mesmo que um milésimo de segundo se passasse, ele encostou seus lábios nos meus. Eu não tive reação alguma, só fiquei lá parado segundos intermináveis em um beijo totalmente desajeitado que obviamente era o meu primeiro. Assim que nos separamos ele observou meu rosto atônito e falou:

– Desculpa, eu não resisti. Espero que não tenha ficado bravo comigo, se quiser, isso morre aqui e nunca mais falaremos do assunto. Tudo bem?

Em resposta eu encarei ele bem fundo nos olhos e lancei uma frase que eu não sei como falei, de onde tirei e nem como tive forças:

– Acho que não é legal dar um beijo roubado. Que tal se você me devolver, tipo… Em dobro?

Nessa hora eu que avancei e encostei os lábios no dele, aos poucos fui abrindo a boca, sentidno a língua na minha e “aprendendo” como realmente era um beijo de verdade. Após longos 10 segundos:

– Uau, se eu soubesse que você beijava tão bem eu tinha tentado logo lá no lago.

– Bobo. Respondi. Nem fala uma coisa dessas. Você ia me beijar na frente de todo mundo?

– Bom, por um beijo incrível desses eu até corria o risco. Posso saber onde aprendeu?

– Acho que foi agora mesmo né? Lhe respondi. Você mesmo não disse que sou inteligente? Então. Com o primeiro beijo no segundo eu já tava deduzindo tudo.

– Mas que engraçadinho heim? Mas tudo bem, vamos ver se isso é sério e se você aprende rápido mesmo.

E lá veio um terceiro, quarto e quinto beijo. Ficamos nessa por quase 5 minutos até ouvir o barulho da porta. Rapidamente sentamos na maca como dois ajinhos e vimos a enfermeira entrando com outros dois garotos que esfolados, provavelmente por uma queda.

– Muito bem garotos. Disse se dirigindo a nós. Se já tiver parado o sangramento você já podem ir. Como podem ver tenho muito trabalho por aqui.

Nós dois olhamos um pra cara do outro, rimos e nos retiramos da enfermaria. Porém a partir daquele momento tudo tinha mudado, eu tinha perdido meu BV e como? Com um garoto? Eu não estava entendendo nada porém não conseguia tirar aquele sentimento da cabeça de que foi bom e até demais.
Aquele beijo foi na verdade um divisor de águas pois a partir então eu me peguei percebendo que eu gostava de garotos. Não que eu desgostasse das meninas, evidentemente, apenas, elas não me provocavam nenhuma reação especial. Enfim, acho que todos entenderam, certo? Junto com meus primeiros beijos, acabei descobrindo também outra coisa, a punheta. Assim, além de ser o garoto japonês estudioso, eu passei a me ocupar com outras coisas e passava os dias pensando no quanto eu me sentia bem admirando os corpos masculinos enquanto me acabava gozando entre 3 ou 4 vezes todos os dias.
E o Marcelo? Bom, ninguém deve ter imaginado que viramos namorados e nos casamos, não é? Apenas foram uns beijinhos de acampamento de férias mesmo. Ele era muito legal, me ensinou realmente como beijar de verdade e até uns amassos rolaram entre nós, mas nada mais que isso. Já em Agosto, no reinicio das aulas, haviamos perdido o contato e nenhum de nós tratou de procurar o outro, mesmo estudando na mesma escola.
Porém, pouco tempo depois que comecei a me descobrir, aconteceu um incidente horrível que vai ser outro divisor de águas. Dessas vez, terá relação direta com o Bernardo e com toda a minha famíloa, na realidade.
Se não me engano, estavamos perto do feriado de 7 de setembro e por isso, eu ia passar um ou dois dias a mais, depois da escola na casa do papai. Como eu já disse antes, apesar de a gente já se tratar um pouco mais civilizadamente, eu não me senti muito confortável quando estava lá. Tanto é verdade que até estranhei quando no meio da tarde do sábado após o feriado, Bernardinho entra no meu quarto e me faz a seguinte proposta:

– Oi meu caríssimo ni-san japonês. Como você está?

Eu estava deitado na minha cama lendo um livro e, revirei os olhos com a frase dele.

– Ai ai, eu já te disse que você fala errado né? Se você é mais velho que eu, VOCÊ que é o ni-san, não eu. Se quer falar japonês me diz que eu te ensino né? Mas não vale ficar me chamando errado assim.

– Tá tá. Respondeu ele. Eu não quero aprender japonês não, credo. Eu só vim aqui te fazer uma proposta sensacional.

– Proposta? Perguntei curioso. De que exatamente você está falando?

– Bom, já que está um dia tão entediante, que tal você ir com o seu ni-san ao shopping pra gente se divertir um pouco juntos? Viu só? Agora acertei né? E aí? Vamos?

– Ahhh cara, falei quase bocejando. Eu to com preguiça sabe? Além do mais to lendo esse livro muito legal aqui. Será que não dava pra ser outra hora?

– Poxa, larga de ser chato Yoshiro. Você vive lendo, estudando, e fazendo lição. Pelo amor de Deus relaxa um pouco, não tem problema se divertir de vez em quando.

Eu até estranhei. “Yoshiro”? Ele nunca me chamava assim. Será que tava com tanta vontade de ir ao shopping que começava a tentar ser mais educadinho pra me convencer? O fato é que por conta dessa aparente sinceridade toda dele, eu cedi.

– Tudo bem Bernardo, eu topo. Só dá 20 minutos pra eu tomar banho e trocar de roupas ok?

Claro que eu achei aquilo meio estranho afinal, era super incomum o Bernardo me dar muito papo. Me convidar pra sair então? Acho que era a primeira vez. De todo modo, fomos andando pois o shopping era relativamente próximo da casa do nosso pai porém, chegando lá tive uma surpresa.

– Fala mano, como vai? Gritou um garoto assim que chegamos perto da praça de alimentação.

– Blz carinha. Respondeu meu irmão. E aí, que horas é a Sessão?

– Daqui uns 30 minutos. Já comprou os ingressos pela internet né? Vamos pegar lá no totem do cinema.

Eu estava sem entender absolutamente nada e fiquei apenas seguindo meu irmão junto com aquele garoto que me parecia até familiar. Logo em seguida encontramos mais três pessoas, duas meninas e um menino. Aí me lembrei que realmente conhecia eles todos, eram da turminha que andava com o Bernardo na escola. Porém, tinha algo errado nessa história toda. Ele não tinha me chamado pra gente ir ao shopping? Por que apareceu esse povo todo então? Já muito desconfiado eu tratei de questionar meu irmão.

– Bernardo. Não to entendendo nada. Você não me chamou pra gente vir ao shopping juntos? Por que toda a sua turma lá da escola está aqui? Vão ao cinema e não to sabendo de nada?

Todos os amigos do Bernardo se entreolharam e um deles então acabou soltando:

– Owww cara, a gente combinou de ir ao cinema. Mas ninguém falou que você vinha e não sei se dá tempo de comprar agora, o filme tá mega concorrido, olha lá a fila. Aprontou ele.

Eu já tava começando a meio que entender que tinha algo muito errado e indignado me voltei ao Bernardo mais uma vez.

– Cara, pelo amor de Deus, que papo é esse? Será que dava pra você me explicar de uma vez por todas?

Cinicamente com aquele sorrisinho malicioso ele começou:

– Ok, ok Shiro. Eu explico. O problema é que você vem lá pra casa e fica enfiado dentro do quarto o tempo todo, eu só queria te tirar daquele apartamento um pouco. Então, eu tava afim de ir ao cinema com a galera mas o papai não deixou, disse que eu só poderia ir se te levasse também. Pois é, eu tentei apenas juntar as coisas pra todo mundo ficar bem. Te convenci a sair de casa e ao mesmo tempo consegui fazer o velho liberar o cinema, olha que da hora.

Nesse momento realmente a finalmente meu cérebro deu um estalo e eu entendi tudo. Fiquei vermelho de raiva e comecei a levantar a voz:

– Cara, diz que você tá brincando comigo. Me chamou opra vir aqui nós dois juntos, eu não tava sabendo de nada de porcaria de cinema. Nem tem ingresso pra mim pelo que já disseram.

– Calma Shiro. Ele disse. Você nem gosta desse tipo de filme. Eu só queria te tirar de casa pra você se divertir. Enquanto a gente assiste o filme tem um monte de coisas que pode fazer, tem o parque, a praça de alimentação, fliperama, lojas e mais lojas, etc.

– CALA A BOCA. Gritei. Em primeiro lugar é YOSHIRO. Em segundo lugar, só quem me chama assim é a minha mãe e meus amigos, coisa que VOCÊ NÃO É. Você me usou pra poder sair de casa, você é um mesquinho esgoísta que só pensa em si mesmo.

– Ei, precisa esse stresse todo? Ok, eu assumo que não falei nada. Mas olha pelo lado bom, pelo menos fiz você sair daquele quarto mofado e esticar as pernas.

Eu simplesmente não aguentei depois desse comentário. Ele realmente achava que estava CERTO? Que estava se beneficiando e ME FAZENDO UM FAVOR? Não aguentando tanto cinismo, eu simplesmente taquei um foda-se, me virei e sai andando.

– Ei, ele gritou de longe. Não volta pra casa né? Se voltar o papai vai entender tudo e ficará bravo comigo.

Eu então mostrei o dedo do meio pra ele e, no mesmo tom de voz alto devolvi:

– Não se preocupa cretino. Não sou como você, não vou queimar seu filme, fica tranquilo. Quando acabar o filme eu volto aqui pra gente do cinema.

Como se tudo fosse normalíssimo, ele apenas se voltou para os amigos, pegaram os ingressos e foram para o filme. O japonês otário por outro lado, ficou quase 3 horas andando pelo shopping sem muito o que fazer pois rapidamente as opções se esgotaram e eu não estava nada animado pra comprar qualquer coisa que fosse. Quando o filme terminou, eu estava na frente da saída do cinema esperando por eles com a cara mais emburrada do mundo. Por outro lado, meu irmão e os amigos riam e brincavam, comentavam do filme, estava tudo um mar de rosas.
Assim que me viu o Bernardo me chamou:

– Viu só? Nem demorou tanto cara. Aposto que você até se divertiu também.

– Com certeza, respondi secamente.

– Ahhhh vai, larga de ser chato ok? Ele disse. Vamos comer alguma coisa tudo bem? Eu pago seu lanche pra você tirar essa carranca de mal do rosto. O que acha?

Eu já estava cansado e como não tinha comido nada enquanto esperava por eles, só me restou aceitar, fomos então para a praça de alimentação e pedimos vários laches com batata frita. Eu achava que meu dia não poderia piorar depois de tudo, mas com o Bernardo, sempre podemos esperar surpresas.
Uma das meninas que estava no grupo sentou ao meu lado na mesa, eu não conhecia muito bem ela mas, ela começou a puxar papo comigo e até senti que ela estava…. Dando em cima de mim? Eu ainda estava me descobrindo, como já falei anteriormente e, ser elogiado e paquerado por uma menina meio atiradinha, era novidade para um garoto inexperiente como eu.

– Eu nunca tinha notado que você tinha um irmão tão bonitinho Bernardo. Disse ela enquanto forçava uma batata frita na minha boca sedutoramente e claro, irritantemente.

O Bernardo então deu uma risadinha baixa e bem cínica e falou:

– Poxa Valéria. Sério que você acha meu irmão bonito assim? Enfim, gosto não se discute mas, infelizmente acho melhor eu te alertar logo pra você não se iludir ok? Ele não gosta dessa fruta que você tá querendo oferecer pra ele.

Nessa hora eu gelei. Que porra era essa? Na maior cara de pau o Bernardo ia falar uma intimidade minha na frente de todos os amigos dele? E aliás? Como ele sabia? Eu sempre fui cuidadoso, eu achava que ninguém, nem meus amigos do grupinho sabiam de tal fato. Tentei então contornar a situação sendo ríspido.

– Cala a boca Bernardo. Será que você poderia ficar quieto na sua uma vez na vida? Não se mete na dos outros ok? Que saco.

– Ahhhh, para com isso maninho. Se você escolheu ser assim, por que esconder? Não quer ser moderninho? Não estamos mais no século XIX não, nem esquenta, nem eu e nem nenhum dos meus amigos tem nada contra isso. Satisfeito? Tá bom assim?

Todos prestavam atenção meio pasmos até que um dos garotos da mesa se manifestou.

– Como assim? Eu juro que ainda não entendi. Você tá dizendo que seu irmão é gay? Tipo, nada contra, claro. Mas juro que eu jamais imaginei, ele tem uma carinha de bebê, nunca poderia imaginar que ele curtia essas coisas.

Eu já tava morrendo de vergonha, queria enterrar minha cabeça em um buraco bem fundo, simplesmente sumir. Mas infelizmente não era possível. Pra piorar ainda teve a deixa final do Bernardo.

– Pois é cara. É isso mesmo, meu irmão é viado, fazer o que né? Mas é escolha dele, não tenho nada a ver.

Eu não aguentei essa, simplesmente levantei quase virando a mesa, apontei o dedo na cara do meu irmão e gritei.

– Seu cretino FDP, pois eu prefiro ser VIADO do que ser um MESQUINHO EGOÍSTA QUE NEM VOCÊ. VAI PRO INFERNO, VOCÊ NÃO VALE NADA.

Sai de lá correndo e fui para as escadas, tudo que eu queria era ir pra casa, enfiar a cabeça no travesseiro da minha cama e chorar. Porém mesmo de longe eu ainda consegui ouvir o Bernardo falando:

– Ferrou galera, tenho que ir correndo. Se ele chegar em casa e contar pro papai que eu arrastei ele pra cá porque não podia ir ao cinema com vocês sozinho, eu to morto.

Pois é gente boa. Mesmo depois de ter me sacaneado, me usado, me deixado três horas esperando enquanto se divertir e, por fim, revelado meu segredo para os amigos como se fosse algo normal, ainda tive que ouvir essa. O miserável realmente só pensava em si mesmo e no próprio bem estar, todo o resto do mundo que se dane.

Assim que cheguei em casa correndo percebi que não tinha ninguém. Na mesa de centro da sala, um bilhete com a letra do papai:

– “Saímos pra comprar algumas coisas para o café mais tarde. Não vamos demorar.

Até me deu um certo alívio, eu realmente não estava querendo que me vissem naquele estado e me fizessem perguntas. Porém, passados exatos 2 minutos, a porta abre e Bernardo entra.

– PQP Yoshiro, você corre muito. Dava pra me esperar?

– É Renan pra você. Eu já disse que só quem me chama pelo meu nome japonês é minha mae e meus amigos. E eu bem que tentei, mas esses anos todos você NUNCA foi meu amigo. Me virei e fui pro quarto enquanto ele vinha atrás.

– Cara, para com isso vai. Deixa de drama.

– Drama? Respondi irado. Você tá maluco? Você me usou e fez essa merda toda só pra ir ai cinema. E depois ainda contou pros seus amigos o que não devia?

– Ahhhh, ok. Eu admito que errei. Tá bom assim? Agora será que o bebezão pode parar com a choradeira?

Eu não aguentei, parti pra cima dele e torci seu braço pra trás.

– Vou te mostrar quem é o chorão agora seu egoísta de merda.

O Bernardo começou a se contorcer todo tentando se livrar e, quanto mais tentatava, mais eu forçava. Ele já tava desesperado quase chorando.

– Me solta caralho, você tá me machucando idiota, me solta, me solta.

Eu não soltava de jeito nenhum, apenas aplicava mais força. Minha intenção era essa mesmo, fazer ele sentir dor pra entender o quanto ele tinha acabado comigo. Porém, naquele instante, tendo retornado da padaria sem que a gente percebesse, papai entra no quarto.

– Ei. Gritou ele. O que está acontecendo aqui afinal? Dá pra ouvir o escandalo de vocês lá do elevador.

Finalmente soltei o Bernardo que com a cara vermelha de cólera respondeu.

– Esse idiota do Renan. Tentou quebrar meu braço.

– Quem é o dramático agora heim? Respondi debochando. Eu nem tenho força pra quebrar um braço, para de ser chorão. Não foi você que disse isso antes?

– Silêncio. Gritou mais uma vez nosso pai. Quero uma explicação. E quero JÁ.

– Tudo bem, vou resumir então pai. Eu falei. Seu filho preferido Bernardo, mentiu pro senhor. O senhor disse que ele não podia ia ao shopping sozinho e por isso ele me enganou pra ir com ele e poder ir ao cinema com os amigos. Mas a verdade é que ele me largou lá, nem ingresso pra mim tinha.

O Bernardo me fuzilou com os olhos mas nada disse. Apesar de ser o predileto, ele ainda morria de medo do nosso pai quando ele tava bravo.

– Isso é verdade? Pode ir contanto e nem tenta mentir. Falou papai.

– Claro que não pai. Respondeu de cabeça baixa. Eu só queria tirar esse moleque de dentro de casa pra ele se divertir um pouco. Agora o ingrato fica falando essas mentiras sei lá porque.

– COMO É QUE É? Gritei. Por que eu iria mentir sobre isso? Você que é o mentiroso.

– Não vou mais me repetir ok? Bradou papai. Ninguém fala sem que eu solicite. E então Bernardo? É ou não é verdade?

Eu então enfiei a mão no bolso do Bernardo e puxei o ingresso rasgado do cinema.

– Tá aqui a prova pai. Olha só, ingresso do cinema.

Nosso pai arregalou os olhos e olhos pro Bernardo:

– Então você pretendi me enganar Sr. Bernardo?

Sem ter como se defender, o maldito partiu então pra um ataque covarde que traria sérias consequências.

– Você é um idiota dedo duro e traidor. Sabe como é o nome disso? X-9, JUDAS. Mas se você gosta de entregar os outros, traidorzinho, isso vale pra dois.

– Cala a boca cara. Gritei desesperado. Você não se atreveria. Não é justo, você não pode usar isso contra mim, pelo amor de Deus.

– De que estão falando? Não mudem de assunto ok? Estou cansado dessa briguinha de vocês.

– Tudo bem pai, já vai acabar. Ele respondeu. Eu aceito o castigo que o senhor quiser me dar, eu admito, eu menti pra ir ao cinema. Mas o Renan, meu irmãozinho japonês, fez uma coisa muitooooo pior.

– CHEGA. Gritei enquanto partia pra cima e pegava ele pela camisa. Você não tem o direito de falar.

– Chega digo eu. Solta seu irmão, vamos. Falou papai. Agora quero saber que história é essa. Me conte de uma vez, o que foi que seu irmão fez Bernardo?

– Claro, já vou contar. Ele então deu sua risadinha cínica enquanto eu de lado em pânico estava já com os olhos cheios.

– Sinto muito papai. Só eu vou te dar netos. Ele falou debochadamente.

– Como assim? O que você está falando?

– Ahhhh pai, não é difícil entender. O Bernardo gosta de garotos, já vi ele beijando uns moleques lá na escola, maior sem vergonhice inclusive. Geralmente vão pra um banheiro mais afastado atrás da quadra de futsal. Acho que não é só beijo que tá rolando viu?

Nosso pai ficou vermelho, verde, azul, branco e roxo. Quando finalmente acabou de mudar de cor ele virou pra mim:

– Não mente pra mim. Isso é verdade?

Sem defesa alguma, sem saber o que falar, eu só queria morrer naquele momento. Reuni todas as forças que eu tinha, puxei o ar e tudo que saiu foi um. SIM PAI.

Papai agora se voltou para Bernardo falando:

– Sai. Depois a gente conversa. Agora quero falar em particular com seu irmão. Vai pro seu quarto e quando sair daqui, fecha a porta.

Assim que ele saiu e bateu a porta eu gaguejando disse:

– Pai, por fa-vor, des-culpa, eu, eu, eu. Juro que…….

A frase parou por aí pois foi o momento em que senti a primeira bofetada virar meu rosto de lado, seguida de série de xingamentos.

– SEU VIADINHO, BOIOLINHA. EU NÃO VOU TER UM FILHO BIXA ENTENDEU? NÃO VOU TER UM FILHO BIXA. VOCÊ VAI VIRAR HOMEM NEM QUE SEJA NA MARRA.

De onde surgiu aquele cinto eu não sei. Só sei que no momento seguinte eu estava sentindo ele bater e bater e bater nas minhas costas.

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3 Comentários

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  • Responder Poczinha ID:1ejm5aouelwc

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  • Responder Poczinha ID:1ejm5aouelwc

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    • Doriam6 ID:1d5oth4zgufx

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