# #

Novos Anjos Parte 19

2397 palavras | 8 |4.71
Por

Cheguei em casa totalmente pra baixo, o Luca que foi como sempre me buscar na escola obviamente percebeu, menti que estava com dor de cabeça algo que ele notadamente não acreditou, mas como estava com pressa para algum compromisso ele só me largou em casa, mas não sem antes me fazer cara feia, provavelmente eu ia ser interrogado na volta dele, as vezes irmão super protetor é bem complicado, mas tem mais vantagens que desvantagens.

Tomei um banho rápido pra tentar colocar as ideias em ordem e tentei almoçar com muito custo, comi um pedaço minusculo de frango com a salada da minha tia que eu tanto adoro, mas mesmo assim nada entrou muito bem, eu a todo momento olhava o celular e nada de mensagem, acabei o almoço, escovei os dentes e me joguei na cama com o celular na mão, comecei a mandar mensagem pro Arthur.

Arthur, você tá aí?
Eu sou um idiota me perdoa.
Falei um monte de besteira, eu sei.
Responde por favor.
Eu tô muito arrependido, eu juro, eu juro.
Diz alguma coisa.
Por que não vejo se suas mensagens foram lidas?
Você me bloqueou?
Você tá com raiva de mim?
Responde alguma coisa, eu tô muito aflito aqui em casa.
Me perdoa, tô implorando.
Não me deixa falando sozinho.
Se você não responder eu vou te ligar.
Por favor, responde.
Diz qualquer coisa, só pra eu saber que você tá aí.
Eu sei que eu errei, você tem razão de estar bravo comigo.
Me dá uma chance, por favor.
Arthur???
Tudo de bom que a gente passou juntos vai acabar por causa de uma briguinha?
Não vai não- ele finalmente respondeu.
Finalmente, então você estava lendo tudo e não quis responder é?
Me deixa um pouco na minha, falou? Respondeu com carinha de sarcasmo.
Bora conversar- Pedi.
Não tô afim, me deixa.
Por que você tá assim com tanta raiva?

Ele parou novamente de responder, decidi tentar a última cartada e ligar diretamente, talvez ouvindo minha voz lhe implorando fizesse algum efeito melhor do que mensagem escrita, tomara que ele atenda.

Tentei uma vez…chamando… um toque, dois, três e nada de atender… Tentei mais vezes e nada… pronto ele tá me ignorando de novo. Estraguei tudo de novo, que porcaria. Resolvi fazer uma loucura, eu sabia que por volta das 15:00 minha tia estaria em casa, aguardei e quando ela chegou inventei uma desculpa e pedi que me deixasse na casa do Arthur.

Vão estudar lá hoje? Minha tia perguntou- Por que o Arthur não vem pra cá? Ele sabe que é sempre bem vindo em nossa casa.
Ah, é que a gente decidiu estudar um pouco na casa de cada um, além do mais ele quer que eu conheça a casa dele também- menti descaradamente.
Muito bem, mas se comporte direitinho então, eles são pessoas muito humildes, então nada de ficar reparando ou falando coisas impróprias, ouviu?
Sim, Senhora- podemos ir? Por favor.
Por que essa ansiedade toda? Você parece nervoso, aconteceu alguma coisa?
Não, não aconteceu nada- menti de novo.
Paulo, quem conhece você melhor do que eu, hein? Eu tô vendo na sua carinha que tem algo de errado.
Juro que não- respondi.
Não se deve jurar em falso- ela me repreendeu- Vocês brigaram, foi isso?
F- foi, foi isso mesmo- respondi já sem opções para mentir.
O que houve?
Foi uma discussão boba- respondi com medo de ela tentar se aprofundar, eu não podia dizer que foi briga de namorados.
Tudo bem, não precisa me contar os motivos, ok? Você gosta muito dele não é?
Gosto muito- falei- e tô arrependido, quero pedir desculpas.
Independente do que tenha acontecido é muito nobre da sua parte admitir seu erro e pedir desculpas.
Ele ficou bravo, nem atendeu meu telefonema, tenho medo que não aceite. Choraminguei.
O Arthur é um bom menino, ele vai aceitar sim, fale com jeitinho, explique seus motivos e principalmente tente melhorar para não cometer os mesmos erros sejam lá quais tenham sido eles.
Sim Senhora, vamos então?
Sim, vamos- ela pegou as chaves do carro.
Tia? Chamei enquanto caminhamos em direção a garagem?
Sim?
Como a Senhora adivinhou tantas coisas?
Super poderes de Mãe, ela riu- toda mulher tem isso. E você é meu filhinho do coração não é mesmo? Me deu um beijo na testa.
Obrigado por ser minha mãe esses anos todos, te amo tia. Retribui com um abraço.

Percebi mais claramente hoje como minha tia me compreendia, não mais apenas como seu sobrinho, mas como filho, na verdade ela nunca deixou nem por um minuto que eu me sentisse diferente dos filhos dela, sempre fomos tratados todos iguais, no amor, no carinhos, nas broncas e castigos. Eu realmente me sentia amado nessa família, será que foi esse o meu erro? Eu não fui nem um pouco compreensivo como Arthur, ele tava todo animado por ter conversado e conhecido melhor os nossos colegas e eu tratei isso com desprezo, fiz pouco caso, dei pouca importância pra empolgação dele, pra resumir eu me comportei como um ogro, devo pedir muitas desculpas, nem que eu tenha que rastejar.

C|hegamos na casa do Arthur, não era tão longe assim, coisa de 20 minutos, já era quase 15:30 mas eu sabia que a tarde ele estaria sozinho em casa, seus pais trabalham o dia inteiro, só agora me toquei, será que ele vai ficar muito bravo por eu ter vindo até aqui? Agora estou com medo de ter feito mais alguma merda e estragado mais ainda as coisas, mas agora não adianta mais, vai ser na raça mesmo.

Venho buscar você no máximo as 18:30, tentem se entender, ok? Minha tia assinalou.
Tá bom tia, obrigado- respondi descendo do carro.

É agora ou nunca, me dirigi até o portão da pequena casa, na verdade é onde mora a vó do Arthur, sua casa mesmo fica nos fundos, mas pra chegar até lá tem que passar pela casa da frente. Toquei a campainha algumas vezes torcendo para que ele atendesse, minhas pernas já tavam tremendo, uma gota de suor frio já escorria pela minha cabeça, apesar daquela tarde estar bem quente e abafada, de repente vi na casa dos fundos a porta se abrir e Arthur sair.

Quem é? Perguntou sem ainda me ver.
Arthur, sou eu aqui, abre pra mim por favor. Respondi me espichando por de trás do muro.
Afff, não acredito que você veio até aqui- ele fez cara de muito bravo.
Bora conversar, por favor- supliquei.
E se eu não tiver afim? Respondeu.
Minha tia já foi embora, vou ficar sozinho aqui na rua.

Acho que o Arthur entendia que me deixar sozinho na rua poderia ser perigoso pois aparentemente minha “chantagem” deu certo, ele logo entrou em casa e alguns segundos depois voltou com um chaveiro nas mão para abrir o portão para mim.

Vem, entra – ele me chamou.
Valeu- respondi indo até a porta- comecei a tirar os sapatos e fiquei esperando ele voltar do portão e entrar na minha frente.
Entra logo, tá esperando um convite? Falou malcriado.
Não precisa falar assim- poxa por que você tá sendo tão mau comigo? Perguntei choroso.
Ah, eu estou sendo mau? Eu né? E por que você foi tão mau comigo quando eu só tava contando sobre o trabalho que eu fiz com nossos colegas? Você mostrou algum interesse no que eu tava falando? Não né? Ao invés disso deu seu showzinho de ciúmes.
Eu sei, eu errei, me perdoa.
Não é assim tão simples- ele disse.
Como não é? Eu fiz algo errado, mas eu tô arrependido de verdade e tô pedindo desculpas, o que mais quer que eu faça? Que eu de te dê um Rim meu?
Argh, tá bom, quer fazer seu discurso, vem então, bora lá pro meu quarto que a gente conversa melhor. Mas eu já vou te avisando que você vai ouvir muito.

Subimos a estreira escada, era bem menor que a minha casa, pelos cantos dava pra notar um ar de envelhecido mas muito bem cuidado e limpo, a mãe do Arthur deveria ter um trabalhão, coitada, além de trabalhar o dia inteiro ainda se preocupava em manter a casa limpa e organizada.

Entramos, o quarto do Arthur era bem simples, com uma cama no canto bem arrumadinha e uma pequena mesa improvisada como uma escrivaninha, ao lado um guarda roupas azul bem simples e algumas prateleiras cheias de muitos livros, ele realmente gostava de ler.

Legal o seu quarto- falei.
Bem longe de ser como o seu, mas eu me viro.
Ô Arthur, para de falar assim comigo- falei triste. Foi nossa primeira briga, por que você tá fazendo como se fosse uma coisa muito maior do que realmente é?
Ah, agora você é quem decide como eu devo me sentir com as coisas?
Claro que não Arthur, mas poxa você tem que admitir que eu não mereço ser tratado do jeito como você tá tratando.
Vai ficar se fazendo de vítima agora é? A vitima aqui sou eu, você foi grosso comigo sabia? Eu tava todo empolgado falando da Bia e você cortou o assunto. Eu tava todo empolgado falando das Histórias que o Maurício contou e você foi sarcastico, o que você tava pensando? Que eu tava dando em cima dele por acaso?
E se for isso? Tem alguma verdade nisso por acaso? Tem? Levantei a voz.
Lá vem você de novo com seu ciúme besta, agora a pouco estava aí pedindo desculpas e agora foi só falar do assunto que vai começar tudo de novo.
D- desculpa- falei.
Não adianta só pedir desculpas, tem que mudar também sabia? Sabe por que eu fiquei tão bravo? Porque ficou parecendo que você quer controlar a minha vida, controlar as pessoas com quem eu posso ou não conversar.
Não é verdade- gritei.
Tá vendo só? Você ainda fica negando, tá óbvio e você ainda nega.
Tá bom e se for verdade? Qual o problema?
Qual o problema? Você tá maluco é? Você ao menos ouve por 1 segundo o que você fala? Sabe qual é o seu problema? Você se acostumou a ter tudo, todo mundo na sua casa te mima, você parece uma criancinha birrenta quando é contrariado.
Para de gritar comigo- levantei mais a voz.
Ah, claro, só você que pode levantar a voz aqui né? Só você que pode tudo. Você não se enxerga mesmo moleque.
Do que você me chamou? Falei já irado.
É isso mesmo que você é, um moleque, moleque mimado e nem se dá conta disso, você acha que eu não percebi ainda é?
Percebeu o que?
Eu acabei de falar, você é um mimado, o seu primo praticamente rasteja aos seus pés, o Luca faz tudo pra por ti e você se aproveita dele.
Cala a boca, seu idiota. Apontei o dedo pra sua cara.
Não calo coisa nenhuma, a verdade doí né? A sua tia te trata que nem um bebezinho e você adora que ela faça todas as suas vontades.
Você é um tremendo de um imbecil, sabia? Parti pra cima dele furioso.

Eu nem sei direito o que eu ia realmente fazer, mas apesar de pequeno o Arthur sabe se defender muito melhor do que eu, ele me segurou pelos braços e me deixou totalmente sem ação, puxei com todas as forças mas ele não cedia um único milimetro, ele tinha muito mais força do que eu, comecei a balançar o corpo na esperança de afrouxar suas mão, até que me desequilibrei e fui ao chão fazendo-o me soltar, infelizmente na trajetória estava a perna da mesa onde bati forte a cabeça fazendo um corte na altura da sobrancelha.

Fiquei sentado no chão com a mão no machucado, era pequeno mas saía muito sangue, da minha mão já tinha o suficiente para gotejar abundantemente no chão, agora acabou tudo mesmo, pensei sem mais conseguir conter as lágrimas.

Arthur enquanto isso estava literalmente paralisado em pé na minha frente, ele não dizia nada, mas eu percebia ele tremendo e tentando balbuciar alguma coisa, mas nada saía de sua boca, a situação tava insuportável, resolvi que não podia mais ficar lá, com dificuldade tentei levantar do chão.

Paulo… Paulo… eu ouvia agora ele chamar baixinho e com a voz trêmula.
Pode deixar, eu prometo que nunca mais vou te incomodar. Me desculpa por não conseguir ser uma boa pessoa.

Continuei tentando ficar em pé, mas logo percebi como se estivesse ficando cada vez mais sem forçar, olhei pra quantidade de sangue em minha mão, o cheiro forte daquele líquido tão vermelho me fez ficar com náuseas, me senti zonzo e imediatamente minha tentativa de ficar de pé falhou, caí sentado.

Paulo meu Deus- Arthur agora veio até mim com um lenço nas mãos- droga, não era pra isso ter acontecido- vi lágrimas escorrendo no seu rosto.
Tá bom, me deixa, eu não mereço mesmo que você me ajude, me deixa aqui sangrar até a morte.
Seu besta, não tem como sangrar até a morte com um cortezinho desse tamanho.
Seria um bom castigo pra mim né? Falei virando o rosto.
Para de falar merda Anjinho, vem, tenta levantar, vou fazer um curativo aí na sua ferida, vai ficar tudo bem.
Hahaha, você me chamou de Anjinho, ao menos pude ouvir uma última vez.
Mas que droga, para de falar tanta besteira- reclamou- Claro que não vai ser a última vez, por que seria?
Porque você não vai mais querer namorar um mimado escroto que nem eu né? Dei uma risadinha sarcastica.
Para de ser cabeça dura, bora logo resolver isso aqui.
Cabeça dura é? Se fosse assim não tinha um rombo enorme nela, hahaha.
Seu bobo, seu estupido- ele respondeu e me deu um beijo na boca.

Avalie esse conto:
PéssimoRuimMédioBomExcelente
(Média: 4,71 de 17 votos)

Por # #
Comente e avalie para incentivar o autor

8 Comentários

Talvez precise aguardar o comentario ser aprovado
Proibido numeros de celular, ofensas e textos repetitivos
  • Responder Kanedaken ID:8d5gapim9c

    Eu nunca li um capítulo tão rápido na minha vida, principalmente depois do corte na testa do Paulo, eu fiquei preocupado achando q ele poderia realmente morrer ali.

  • Responder Jozeto ID:pjuoodlmg5p

    Pessoal, eu agradeço muito as palavras de todos, obrigado por acompanharem, espero que gostem sempre. Vou pedir desculpas e um pouco de paciência para todos pois estamos em Novembro e já começou o corre corre de fim de ano com o trabalho, me sobra pouco tempo para escrever, mas prometo que vou continuar me esforçando para trazer a melhor história possível.

  • Responder Tati ID:40vpli0lm9k

    Tô aguardando o restante

  • Responder Tati ID:40vpli0lm9k

    Aguardando o restante do anjinho 1🥰😍

  • Responder greenbox amigobc 💚💚💚💚 ID:5dkw5c5ezyj

    Jozeto estou sem palavras pra descrever sua história muito boa mesmo aos amigos do cnn que gostam de uma história de amor fica aqui minha diga aos melhores escritores do cnn ((( JOZATO – PAULO CESAR FÃ BOY -E O NETx X

    • Tati ID:40vpli0lm9k

      Verdade ,são os melhores

  • Responder Nelson ID:8cio2sam9k

    Estava tão bom caminhando para um acordo e você par assim, que maldade , adoro esses garotos e agora estou mais ansioso do que nunca, volta logo, por favor.

  • Responder paulo cesar fã boy ID:3ij0y0lim9a

    que bom que esta tudo se resolvendo hahaha