Novos Anjos Parte 15

Continuando a história de romance do novos anjos

O final de semana transcorreu bem normal, brincamos, jogamos e fizemos um monte de coisas juntos, algumas vezes parecia que o Arthur já era mesmo da família, eu ficava impressionado de ver como ele cativava as pessoas rapidamente, os meus primos simplesmente adoravam ele, eu já estava até meio conformado com isso, nem fazia sentido ter ciúmes por uma bobagem dessas.

Pra ser bem sincero isso me deixava até um pouco aliviado, parando pra pensar talvez isso tornasse as coisas mais fáceis quando chegasse o dia, aquele dia que todos iam ficar sabendo de mim e do Arthur. Eu tentava ser otimista em relação ao assunto, acho que quanto mais gostassem do Arthur mais entenderiam a nossa relação e aceitariam.

A parte ruim é que não ficamos muito tempo sozinhos pra poder namorar um pouco, depois da bronca do Luca combinamos de tentar dar menos bandeira possível, chegando o domingo de noitinha tomamos um lanche e fomos pro quarto dormir, na segunda feira a aula começaria bem cedo, escovamos os dentes e fomos deitar.

Arthur? Chamei- deita um pouquinho comigo?
Tá bom- respondeu deitando ao meu lado.
Me abraça? Pedi dengoso.
Você sabe que sempre vou te abraçar quando você pedir- respondeu me atendendo e ficamos abraçadinhos de conchinha, fiquei por trás.
Arthur… diz que me ama?
Eu te amo- respondeu- me diz, porque você tá tão dengoso hoje?
Não sei- respondi- você tem certeza? Me ama com certeza?
Ooohhhnnn- seu bobo, claro que eu te amo, você tá com alguma coisa te incomodando?
Eu sou tão idiota, tão bobo, você viu… fala sinceramente….eu sou muito mimado não sou?
Para com isso anjinho, eu nunca pedi pra você ser perfeito.
Eu sei, mas eu fui tão impulsivo, fui quase te obrigando a fazer sexo e num momento totalmente impróprio, só porque eu tava com tesão, eu nem perguntei se você queria, já fui te atacando. Eu me senti muito mal depois com isso.
Ei, eu sei me defender- se eu não quisesse eu teria no mínimo falado algo, você não pode querer assumir a culpa inteiramente, eu também fui deixando acontecer.
Eu tenho uma coisa pra te contar- apertei sua mão-
Pode falar- disse- se tiver algo te incomodando eu tô aqui pra te ouvir.
Lembra da primeira vez que a gente se beijou?
Claro que lembro seu bobo, foi no hospital quando você foi me visitar.
Não foi não- falei lhe fazendo um carinho-
Hã? Como assim? Eu perdi a memória ou algo do tipo? Eu não lembro de nada antes daquele dia.
Mas aconteceu sim, lembra quando você veio aqui em casa a primeira vez? Aí você ficou no meu quarto e o Luca me chamou, eu acabei demorando e quando voltei você tava dormindo na minha cama.
Vai me dizer que você me beijou enquanto eu estava dormindo? Ele deu uma risada.
Foi isso mesmo- comecei a chorar- eu sou tão idiota, eu não te mereço, me perdoa.
Ei, para com isso, eu dei risada brincando- isso é sério mesmo?
É sério sim- falei- eu vi você dormindo, tão lindo, eu não resisti, eu sou um burro, um idiota que não sabe se controlar. Eu me aproveitei de você. Me levantei da cama e sentei num canto do chão chorando encolhido.
Paulo, anjinho- ele desceu da cama num pulo e veio me consolar.
Eu nem sei como te pedir perdão por isso- falei choroso e soluçando- eu me aproveitei de você.
Para com isso- falou- não fica assim, tudo bem, você fez algo que não devia, mas não é também tão grave assim, você tá transformando numa coisa muito grande, e quer saber? Eu até acho fofo, um beijo roubado, é romântico.
Me perdoa- eu o abracei-
Vem aqui- ele chamou pra deitar na cama de novo- Dessa vez deitamos abraçados de frente, comigo chorando no seu ombro.
Não fica assim não, olha você as vezes me diz que eu penso demais como adulto e aqui agora você fazendo o mesmo.
Desculpa- falei ainda choroso
Tá bom, vai, para de se desculpar, sabe o que eu acho? Você tá muito sensível ultimamente, não precisa de tanto drama.
Me promete uma coisa então? Pedi.
Pode falar.
Se um dia você não estiver afim, mesmo que eu insista muito, você promete que não me deixa ser impulsivo?
Tá bom, eu prometo, se você parar de chorar, vem aqui- ficamos abraçados na cama.

Ficar juntinho do Arthur me acalmava tanto, eu me sentia mais leve e agora finalmente meu último “crime” tinha sido revelado e perdoado e o enorme peso nas minhas costas sumiu num passe de mágica.

Depois de um sono muito mais leve acordei pela manhã com Arthur me chamando, já devia passar das 6:00 pois eu ainda sonolento notei os raios de sol já entrando pela janela.

Acorda Paulo- Arthur me chamou- Senão vamos atrasar.

Me levantei bem preguiçosamente e sentei na cama ainda tentando acordar de vez, logo abri totalmente os olhos e notei Arthur já tomado banho e todo vestido com o uniforme da escola.

Meu Deus Arthur, você já está pronto? Acordou de madrugada pra se arrumar para a escola?
Hahaha, seu bobo- ele riu- em dias de escola eu acordo 5:30 pra ir me aprontar.
Que menino mais maluco- falei tentando lhe dar um selinho.
Nada disso- ele recusou colocando a mão na frente da boca, o senhor trate de ir escovar muito bem esses seus dentes e tomar um belo banho.

Sem ter muitos argumentos para reclamar me dirigi ao banheiro , escovei bem os dentes para merecer meu beijo de bom dia e tomei uma ducha bem gelada, sim pode parecer meio loucura mas eu descobri que um banho gelado bem cedinho acorda de vez qualquer um. Sai do banho enrolado na toalha esperando receber ao menos um beijinho mas fiquei frustrado ao notar que Arthur já havia descido pra tomar café, me arrumei rapidamente e também desci.

Na cozinha encontrei todos ao redor da mesa, meu tio como sempre apressado olhando sua agenda do dia no celular enquanto minha tia colocava mais café e suco de laranja sobre a mesa, Pedro e Filipe ao lado já estavam com altas conversas com o Arthur mostrando coisas no celular, notei que o Luca não estava.

Bom dia gente- falei meio sonolento ainda- Cadê o Luca?
Bom dia meu Anjo- respondeu minha tia seguida por um bom dia de todos- O Luca foi ali na padaria comprar uns pães, queijo e presunto, com tanta coisa pra fazer acabei esquecendo completamente de comprar antes.
Nem me esperou né? Sussurrei para Arthur enquanto sentava ao seu lado.
A sua tia foi me chamar na hora que você tava tomando banho- respondeu.
Arthur, querido- chamou minha tia- já pode ir se servindo, tem ovos, suco, café, você já é de casa, mais uns minutinhos e o Luca já chega com uns pães bem fresquinhos.
Sim Sra. Muito obrigado- ele agradeceu tímido.

Depois de alguns minutos Luca chegou com pães bem quentinhos e tomamos um café delicioso em família, era algo que minha tia fazia questão, ter ao menos uma das refeições do dia com todos reunidos à mesa. Terminamos nosso café e fomos ao banheiro escovar os dentes, ao acabar fui fazer a última verificação na minha mochila para não esquecer nenhum material.

Você tem o horário aí Arthur? Perguntei- Hoje tem aula de Matemática, História e o que mais?
Deixa eu ver… Tem aula de Ciências e Inglês, ei você me ajuda com o exercício de Inglês no intervalo? Fiquei com algumas dúvidas.
Ajudo sim, mas não vai ser de graça- falei malicioso-
Vou ter que pagar?
Claro, vem cá- puxei ele pra dentro do banheiro e lhe dei um beijo gostoso. Tocar seus lábios eram tão gostoso, sentir nossas línguas se entrelaçando enquanto segurava suavemente sua cabeça sentindo seus lindos cabelos negros deslizarem por entre meus dedos.

Terminamos nosso beijo e descemos com nosso material pronto em direção a garagem, nos despedimos dos meus tios e entramos no carro novo do Luca, ah como ele ainda tava animado com aquele carro, engraçado como parece que o carro é o novo brinquedo quando se vira adulto.

Chegamos na escola, ah, eu estava sentindo saudades do Flávio, ele tem sido desde o começo um amigo legal demais e ainda quero poder ajudá-lo sobre o assunto que sua mãe nos falou. Só espero que ele não entenda mal e ache que estaremos nos intrometendo demais em sua vida, mas vamos achar um jeito.

Chegamos na escola, oficialmente começa a semana após o final de semana mais longo da minha vida, parece até que foi um ano inteiro, coisas incríveis aconteceram, eu chorei que nem uma cabritinha desmamada quase todos os dias, acho que só fiquei tão sensível assim na época que minha mãe morreu. Ah, eu ainda devo essa história, prometo que em breve eu a contarei.

Entramos na sala de aula, ainda estava vazia, que raiva, pensei. O Luca chegou tão rápido que fomos os primeiros, aproveitei a ausência de todos e ao sentarmos um ao lado do outro dei um selinho no Arthur.

Ei, tá maluco Anjinho? Indagou assustado.
Não tem ninguém ainda, eu olhei bem ao redor antes.
Sei, lembra o que você prometeu pro seu irmão. A gente vai ter que combinar algumas coisas agora né? Como vamos fazer a partir de agora na escola?
Eu ainda não tinha pensado muito nisso, mas a gente já não vivia grudados um no outro mesmo?
Pois é, somos muito anti sociais não é mesmo? Basicamente o Flávio é o nosso único amigo aqui.
E eu? Não sou mais seu amigo? Reclamei.
Você é mais que isso, é meu namorado- me deu outro selinho.
Melhor evitar mesmo isso, vai que alguém pega a gente?
Pois é, aí você leva outra bronca do Luca e vai chorar que nem um bezerrinho.
Seu besta- reclamei batendo de leve em suas costas.
Mas acho que por enquanto é melhor ninguém saber não é?
Sim, por enquanto… mas tem o Flávio né? Ele é nosso melhor amigo se a gente continuar com aquilo de não ter segredos um com os outros uma hora vamos ter que contar.
Uma coisa de cada vez Anjinho.
É Paulo, lembra disso, não vai ficar me chamando de Anjinho toda hora senão a gente vai se ferrar.
É mesmo né? Ele riu que nem um bobo.

Poucos minutos se passaram e a sala foi lentamente se preenchendo, engraçado que só agora depois de tocarmos no assunto realmente me dei conta que a gente pouco falava com os outros colegas de sala, muitos eu só sabia o nome, alguns nem isso. O próprio Flávio que é aluno desde sempre parece que não dava lá muita confiança para os outros naquela sala.

E por falar nele, aí esta o Flávio, entrando na sala todo apressado e vejam só, com cabelo cortado e novo penteado e… óculos escuros… Caramba ele tava muito estiloso.

E aí caras? Ele falou dando a mão pra um tapinha de cumprimento- o que acharam do meu novo look?
Que demais Flávio- disse Arthur- que óculos maneiros são esses?
Gostaram? Falou enquanto tirava os óculos- presente do meu pai, fomos pescar, aí pra proteger os olhos do sol ele me deu, quer experimentar? Passou os óculos para o Arthur.
Uau, muito bacana- elogiei- tá gatinho, hein? Tirei graça e Arthur me deu um chutinho de leve por ter entendido a indireta.
Mas então amigos nerds o que vamos ter pra essa semana? Perguntou Flávio.
Vamos começar a pegar no pesado, temos bastante trabalho pra fazer esses dias e daqui a 15 dias já tem as provas.
Ah, nem estudar tanto vai estragar meu bom humor.
A gente notou mesmo- disse Arthur- você parece numa felicidade só, conta pra gente como foi o fim de semana.
Ah, foi demais- ele disse- eu conheci meu irmãozinho novo, é muito fofinho.
Mas que legal cara- dei um tapinha em suas costas.

Bem como já devem ter percebido os professores pouco nos davam o prazer de socializarmos, eu bem que gostaria de aprofundar mais o papo com o Flávio mas a professora logo entrou na sala e mal deu bom dia já foi cobrando as tarefas da aula passada e fazendo as conhecidas ameaças em relação a notas.

Ei Flávio- chamei baixinho- hoje a tarde lá em casa?
Tá beleza, ei quer me convidar pra almoçar? Aí eu vou mais cedo com vocês, hahaha.
Seu cara de pau- eu ri meio alto.
Ei vocês dois, falem mais baixo, a professora tá dando aula. Chamou Arthur.
Opa, foi mal- falou Flávio- Acho que ela nem vai perceber.
Não vou perceber o quê Senhor Flávio? Virou-se a professora que estava escrevendo no quadro. Vai começar as gracinhas desde cedo hoje?
Desculpa professora- tentei consertar- a gente só tava combinando de ir estudar lá em casa hoje a tarde.
Sei, combinando de estudar- falou irônica- Pois bem, podem ir os três conversadores terminar de combinar as coisas na sala do Diretor.

E lá vamos nós mais uma vez… encrenca.

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