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A transformação

2185 palavras | 5 |3.29
Por

Antes era o João…agora sou a Lucia. A minha transformação…os meus medos…as minhas frustações…como eu sou.

Olá, como estão?
Mais do que uns contos o que eu vou escrever é um desabafo, um grito de revolta.
Atualmente chamo-me Lucia, tenho 37 anos, sou casada com a Marina. Sou uma empresária dedicada a vários ramos, como hotelaria, logística, roupas, restauração…se eu acho que poderá ser um bom investimento, eu invisto.
Sou uma mulher bonita, gordita, cabelos louros, olhos castanhos, mamas bem grandes, cintura fina , ancas largas, pernas altas. coxas grossas. De feitio, sou uma cabra arrogante e orgulhosa, fria e impiedosa, vaidosa, não tenho muitos amigos, conto pelos dedos da mão os amigos que tenho.
como disse sou casada a 9 anos com a Marina, que é o oposto de mim, em termos de feitio…bondosa, doce, meiga… eu só sou assim com ela.
Ela é uma BBW, russa, cabelo escuro, olhos azuis, mamas também enormes, mais gordinha que eu sou, ancas largas, pernas grossas, e um cuzão enorme.
Pelo título do meu conto, podem depreender, que houve alguma transformação na minha vida, e sim de facto existiu.
Eu nasci homem, para mal dos meus pecados, batizaram-me com o nome de João. Sou o 4º filho de um casal que mora em Lisboa, ele é empresário, e ela médica dentista. Refiro-me por ele e ela, porque apesar de ser filha deles, não merecem que lhes chame de pai e mãe.
Dos meus irmãos, só me dou bem com a minha mana Rosa, a mais velha de todos.
Bom, quando comecei a tomar consciência do meu corpo, aí pelos 6…7 anos, começo a odiá-lo…parecia que eu estava no corpo errado, sentia-me mal naquele corpo de menino.
Não, não tinha traços nem jeitos efeminados, aliás se me verem hoje em dia de feminino tenho apena o corpo, pois eu vou ao futebol sempre que o Glorioso joga no Estádio da Luz, eu faço caminhadas, eu bebo como um homem, sou malcriada como um homem, até cuspo para o chão. Só deixei de mijar de pé, e coçar os colhões, graças a deus.
Contei aos meus pais, com cerca de 9 anos, como me sentia, a minha revolta com o corpo que tinha.
Ajudaram-me levando a mais de 20 psiquiatras, diziam que eu só poderia estar maluco. Os meus progenitores são católicos praticantes e alguém mudar de sexo, é pecado, segundo as crenças deles. Li e decorei o Antigo e o Novo Testamento, e não li lá nada que me condenasse, por querer ser mulher.
O que sempre fui é teimosa, mesmo quando era um rapaz, e se eles não me ajudariam, eu sozinha, trataria de deixar aquele corpo que me dava nojo.
Nem sabem o que chorei quando nasceram os pelos na minha cara, quando a minha voz começou a engrossar, e o meu caralho a ficar cada vez maior, as mãos a ficarem mais másculas, a merda da maça de Adão… ainda pensei em matar-me muitas vezes.
Fui salva pelo doutor Silva, ( nome falso), que me ajudou e me orientou na minha transformação. Pedi ajuda aos meus pais, implorei, pedi de joelhos e humilhei-me para me ajudarem e olham que isso numa pessoa orgulhosa é um martírio, mas eles recusaram sempre, só a minha mana Rosa me apoiava naquela família.
Com a ajuda dela, aos 16 anos saí daquela casa, e só lá voltei uma vez mais, passados 9 anos.
Saí de casa, fui trabalhar, e estudava de noite, aos 16 anos. Trabalhei em fábricas, em restaurantes, em bares, cheguei a ter 3 trabalhos, descansava tipo 3 horas por dia, morava num quarto alugado, onde ouvia as putas a foderem com os gajos que lhes pagavam para as foder, ou ouvia as brigas dos casais… enfim, só sei que ganhei uma capacidade de adormecer em qualquer ambiente, seja ele barulhento ou calmo.
Todo o dinheiro que ganhei foi para pagar o quarto e guardar para fazer os tratamentos da minha transformação.
Quando aos 18 anos, começo tratar do meu processo de mudança de sexo, comecei a viver realmente a minha vida. Mais uma bateria de testes psicológicos, consultas de psiquiatras e psicológicos, a demora entre as consultas, mas nada me demoveu…aos 20 anos. 7 meses e 9 dias levei a minha primeira injeção de estrogénio, e os bloqueadores de testosterona…chorei de alegria quando o doutor Silva me deu as injeções.
O processo foi decorrendo normalmente, fiz as intervenções cirúrgicas que tive de fazer. até que aos 25 anos, fiz a cirurgia definitiva, e ali definitivamente morreu o João, e nasceu a Lucia.
Dia 19 de Agosto… nasci novamente.
Usaram uma técnica inovadora, em que uma parte da glande é modelada para fazer o clitóris e a pele ao redor da glande é utilizada para a parte interna dos pequenos lábios. Essa parte que foi separada (nervos, vasos e a glândula) é colocada na parte externa para se tornar a parte sensitiva.
A pele do pênis, que em técnicas mais antigas era usada para o canal vaginal, é praticamente toda usada para fazer a parte externa dos pequenos lábios, proporcionando um aspecto estético melhor.
E, para o revestimento interno do canal vaginal, utilizamos enxerto de pele da bolsa escrotal, uma pele que era jogada fora antes. O canal urinário, que antigamente era simplesmente cortado, tem parte dele aberto e exposto para que a mucosa do canal faça parte da região da vulva, na parte interna dos pequenos lábios. Além disso, retiram-se os testículos nessa cirurgia, o que diminui a produção de testosterona das pacientes.
Quando pude, a primeira coisa que fiz foi pôr-me toda nua a frente do espelho, estive uma tarde inteira, apenas olhando-me ao espelho, rindo e chorando de felicidade, e contra tudo e contra todos, eu tenho o corpo que quero, com o qual sinto-me bem.
Acabou-se a barba na cara, acabou-se os pelos no peito, acabou-se o ver aquela coisa pendurada no meio das minhas perna se aquelas bolas… ali estou eu, maravilhosa, linda, com a minha cona linda, as minhas ancas largas, o meu cu arrebitado…as minhas mamas enormes, a minha cara bem feminina, o meu cabelo lindo… na minha mão tenho o meu cartão do cidadão com Lucia, em vez de João…
Sexualmente…quando o médico disse que eu podia… eu masturbei-me, queria descobrir como o meu novo corpo reagiria…a medo meti um dedo na minha cona…e senti-me bem…deu prazer… fiquei tão feliz…e depois meto outro… e masturbei-me até ter o meu primeiro orgasmo enquanto mulher…eu nem sei se ria ou chorava, a minha felicidade era total, sabem acho que poderia morrer ali que morreria feliz.
Aos 25 anos, profissionalmente, já era dona de um restaurante onde trabalhei, e de uma boutique de roupa. Os estudos completei eles conforme podia, aprendi mais sobre gestão de empresas, ali trabalhando do que na universidade.
Tornei-me numa pessoas fria, sem sentimentos, pelo menos ocultava-os muito bem.
Um dia, fiz questão de ir a minha antiga casa, bati a porta e atendeu a minha progenitora…sabem tive vontade de a abraçar e beijar, apesar de tudo, ela não me reconheceu, o meu progenitor, apareceu pouco depois, a perguntar quem estava á porta, e eu digo:

– Os senhores não tiveram um filho chamado João???
– Sim temos um filho com esse nome. Mas não mora aqui a muito tempo, não sabemos dele, disse a minha progenitora.

Não vi qualquer emoção na cara dela, nem do meu progenitor quando ela falou…para eles o João morreu muito antes de ter morrido para mim, o que não deixa de ser engraçado.

– Pois pai, e mãe( foi a última vez que lhes chamei de mãe e pai), o João morreu mesmo…sou a Lucia, nasci quando o João morreu. Consegui…e agradeço a vossa ajuda.

A minha progenitora levou as mãos a cara, e o meu progenitor olhava para mim de boca aberta…e eu virei as costas, e nunca mais lá voltei, nem falo tensões de voltar. Eles depois procuraram-me, queriam falar comigo, pediram-me desculpa e perdão.
Não, quando eu precisei deles, do seu apoio e amor e carinho, tive de sair de casa… jamais os desculpo ou perdoou-o. Que vivam bem e tenham saúde, mas deixem-me, não preciso deles.
Emocionalmente, não me envolvi com demasiadas mulheres, os homens não me interessavam…durante o processo então passei por ele sozinha.
Conheço a Marina apenas uns meses mais tarde, numa das raras vezes que eu saí a noite. De resto andava sempre ocupada com o trabalho, pensando em como poder fazer expandir os meus negócios, como arranjar mais clientes, como inovar os produtos, tinha reuniões com pessoas especializadas em determinadas áreas que eu não domino, para aprender com elas, absorver a sua sabedoria, e para me divertir sobrava pouco tempo, nem pensava em me envolver com alguma pessoa, até que a vi, a minha Marina.
Via ela pela primeira vez num bar, eu estava ao balcão, bebendo um whiskey duplo sem gelo, quando ela entra no bar com umas amigas, e assim que a vi, senti algo em mim, que me fazia olhar para ela, sem conseguir desviar o olhar…ela estava com um vestido preto, justo ao corpo, o cabelo apanhado, a cara bem maquiada, lábios pintados de vermelho vivo. Eu estava vestida com uma mini saia, botas de cano alto pretas, camisola branca, sem soutien, não os uso nunca, deixo andar as minhas mamas a vontade dela, LOL.
A certa altura, os nossos olhares cruzaram-se, e nem uma nem a outra desviamos os olhares, provocando uma a outra com sorrisos.
Senti-me atraída por ela, mas eu estava destreinada, alias sempre que eu tentara engatar mulheres dei-me mal… falta de confiança, sobretudo, mas com ela foi diferente.
Chamei a empregada que andava a servir as mesas, e perguntei que andavam a beber naquela mesa, e ela disse que gin, e eu paguei um gin a ela e ás amigas dela, dei uma gorjeta á empregada, e ela foi servir os gins a elas, eram 4, e depois disse que fui eu quem pagou. Elas sorriram e agradeceram-me, e vejo a Marina a levantar-se e a dirigir-se a mim… acreditem, comecei a ficar com dores de barriga, e a mão a tremer, LOL.
Quando ela chega perto de mim, a sorrir, diz:

– Eu e as minhas amigas agradecemos o gin, foste muito simpática, obrigado.
– Não precisavas de vir agradecer…estava a observa-las e parecem ser tão divertidas, que me apeteceu oferecer uma bebida a vocês.
– Eu sei que nos observas, pois eu observo-te, desde que chegámos, não paras de olhar para nós, estás interessada nalguma?

Fiquei desarmada com a frontalidade da Marina, LOL. Deixou-me completamente desarmada, e eu sorri e digo:

– Sim estou, em ti, não consigo deixar de olhar para ti.
– Achas-me bonita é isso?
– Acho…e tu que achas de mim?
– És bonita, e tens um olhar intenso… gostei do teu olhar. Sou a Marina.
– Lucia.
– Não queres vir juntar-te a nós?? Em vez de ficares aqui a olhar, divertes-te conosco, que dizes?
– Que tu tens uma lata do caraças, LOL…e sim eu vou.

Levei o meu whiskey duplo, era já o terceiro, LOL.
Ela apresentou-me ás amigas dela e fui muito bem acolhida por elas, diverti-me imenso com elas, e claro que os olhares entre mim e a Marina não acabaram, pelo contrário ficaram ainda mais intensos.
Eu notava um ligeiro sotaque nela, e ela diz que era Russa, mas morava em Portugal a já 6 anos, e tinha 25 anos a minha idade, e aos poucos fomos falando uma com a outra, rindo uma coma outra, e quando elas disseram que se iam embora, a marina disse que ficava mais um pouco comigo… as amigas olharam umas para as outras, e despediram-se e fiquei a sós com ela, eu ia já no meu 5 ou 6 whiskey duplo e ela no 7 ou 8 gin.
Setadas lado a lado, conversando e rindo, num canto onde a luz era fraca… a certa altura calámo-nos…e beijei ela na boca, foi a primeira mulher que eu beijei na boca, e depois ela devolveu-me o beijo, e começámos aos amassos ali mesmo, mexendo nas pernas, nos braços…e ela diz:

– Lucia…eu moro aqui perto…queres vir até a minha casa?

Eu parei de sorrir, e baixo a cabeça, e digo-lhe:

– Marina…antes quero que saibas uma coisa… eu sou uma trans…eu mudei de sexo, até a pouco tempo fui um homem…
– Interessante…falas mais sobre isso na minha casa, pode ser?

Continua

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5 Comentários

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  • Responder 29cm_depau ID:1d1mcve8s2fa

    Viado não é gente. Morra de lepra no cu.

    • Sabrina ID:gqazosa8j

      29cm_depau, você é um imbecil, preconceituoso. Te certeza que é mais viado do que o aitor da história e está com inveja, seu baitola desprezível.

  • Responder Bia ID:1eabvrt4zzi5

    Continua, tá lindo essa história

  • Responder Taci ID:1colreudj3yg

    Continua que linda estória

    • Bya ID:on91e31hri

      Amei o seu jeito de contar a história de vida sofrida, mas no final, o aceite da felicidade.
      Jinhos.
      Aguardando o final.
      Bya