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12 Agosto 1969, a noite dos horrores

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Jamais esquecerei essa infame noite. Eles chegaram… agarram-me…rasgaram as minhas roupas, e …

Jamais esquecerei essa infame noite. Eles chegaram… agarram-me… rasgaram as minhas roupas, e …violaram-me, não sei quantas vezes, não sei por quantos…nem sei porquê. E o Berto a ver, amarrado, aos berros, impotente… até que, também foi violado ao meu lado. Preparavam-se para nos matar… degolar…a Linda chegou, e ela salvou-nos.
Bem voltando um pouco atrás. Como eu escrevi no conto anterior, a Arlete, a professora da escola primária, lésbica, tornou-se amante minha e do meu marido. Ela foi nossa amante durante 5 anos, e entretanto tive mais três filhos, duas meninas, a Margarida e a Beatriz, e um menino o Estevão. eu adorava sair com os meus 6 filhos para a rua, e para irmos á praia. O José o mais velho, era quase uma extensão do meu marido, ele tomava conta dos irmãos, ajudava-me bastante. Sabem eu amo os meus filhos todos, são 8, e por todos eu daria a minha vida, sem sequer pestanejar.
Mas o meu José, é um pouquinho mais especial, e apenas porque foi o primeiro… o primeiro que esteve na minha barriga…que eu falava para ele… que eu tive nos meus braços…que eu amamentei… que vi crescer…tornar-se num homem, foi o primeiro com quem eu tive uma conversa sobre o amor…sabem foi lindo ver os meus filhos quando se apaixonaram, descobrirem o amor por outra pessoa, e o mesmo posso dizer sobre os meus netos. Mas por isso tudo ele é um pouquinho mais especial para mim, pois foi ele o meu primeiro professor sobre ser mãe…tive mais 7 depois dele, pois com todos aprendo, sim porque eles sabem bem, que serão eternamente os meus pintainhos, ou os meus anõezinhos. Isto dos anõezinhos foi uma alcunha que o meu Berto deu a eles, e a mim.
O meu Berto, lá em Angola, era raro poder ir comigo e com os filhos durante a semana á praia, devido ao trabalho. E muitas das vezes, quando nós chegávamos da praia, ele estava já em casa, pois ele também fechava-se horas no escritório a trabalhar. Mas sabia mais ou menos as horas quando chegávamos da praia e dizia:

– Lá vem a Branca de Neve e os 6 anões…
– És muito engraçadinho, não és??? dizia eu a sorrir.
– Sou sim senhora…temos é de completar a história como deve de ser… Branca de Neve…e os 7 anões.
– Se tu, o meu principe, me engravidares novamente…
– Poderemos tratar disso…já.
– Oh pai…

Era o meu segundo filho o Bento.

– O que é engravidar???
– Filho, é quando as senhoras ficam de esperanças, a espera de filhos.
– Sabe pai… eu não sei como é que depois os bebés saem da barriga das mães.
– Filho…saem pelo mesmo sítio por onde entram.
– Pai e por onde é que…
– Chega Bento, és muito pequeno para essas conversas, quando cresceres logo saberás.
– Pois é sempre a mesma coisa, sou sempre pequeno…tomara crescer.

E lá foi ele mudar de roupa, e eu e o meu Berto íamos matando a rir depois, e ele diz:

– Esta rapaz… é terrível, tão curioso… se todos os nossos filhos fossem assim, estávamos tramados, Branca de Neve.
– É verdade…e daqui a poucos anos terás de começar a ter as conversas sobre sexo… o José tem 11 anos… prepara-te…
– Nem me digas nada.

Bem os dias foram passando assim, e eu não escrevi ainda, mas estávamos em plena Guerra do Ultramar, e embora a nossa região, ainda não tivesse sentido os efeitos da guerra, ela estava cada vez mais próxima. O tipo de estratégia adoptada pelos soldados Angolanos era a guerrilha, operações rápidas e em sítios precisos, e extremamente violentos, para causarem efeitos na moral dos portugueses. Os relatos de ataques a fazendas, onde decapitavam os proprietários, e violavam as mulheres, e depois as matavam também, havia também os boatos que espetavam paus no sexo das mulheres, empalando-as. Boatos infelizmente verdadeiros.
Para mim, a guerra é manifestação máxima da estupidez humana. Sei que sou portuguesa, e na altura era Portugal que estava em guerra, mas isso não fazia nem nunca fez, ser apoiante de qualquer dos intervenientes de uma guerra. A guerra é estúpida, sem sentido, bem como a crueldade. A guerra só existe porque as pessoas têm prazer em se matar umas ás outras, é a minha opinião.
E o inevitável aconteceu, a guerra chegou ao meu pequeno paraíso.
Muitos juntaram-se ao exercito, e houve ordens de evacuação para as mulheres e crianças, os homens deveriam ficar e lutar.
No dia 30 de Julho de 1969, vi os meus filhos partirem os 6, num avião para Lisboa, eu jamais abandonaria o Humberto. Se os meus filhos estavam cá neste mundo, a mim e ao pai deles o Humberto o deviam, e para mim era impensável, voar para Portugal, e deixar lá a minha vida, pois o Humberto é a minha vida, desde que o vi pela primeira vez. Se por acaso eu e o Humberto tivéssemos falecido e meus filhos ficado órfãos, eu sabia que ficariam bem, os meus pais e os pais do Humberto cuidariam deles, não tenho a menor das dúvidas. Partiu-me o coração ver eles a embarcar para o avião a chorarem, pedi aos mais velhos para cuidarem dos mais novos, a minha Beatriz tinha ano e meio. Sabe deus, o sacrifício que fiz para sorrir nesse dia, para os tranquilizar, e mentir a eles dizendo que eu e o pai deles, em breve íamos ter com eles, eu na altura não sabia, não podia saber. Assim que o avião descolou eu morri um pouco, senti-me vazia…oca… mas o meu Humberto precisaria de mim, e quando casei com ele, foi para o bem e para o mal, e havia chegado a hora do mal.
Fui a única mulher branca a ficar na vila, mesmo a Linda, um dia desapareceu. Vi soldados a chegarem, uns em sacos, mortos, outros feridos, e ajudei a tratar deles, fossem de que exercito fossem, para mim eram todos seres humanos, estúpidos e burros porque andavam a matar-se uns aos outros, mas seres humanos a mesma.
Os portugueses cada vez sofriam mais emboscadas, os guerrilheiros estavam cada dia mais perto, e o dia 12 de Agosto de 1969, chegou.
Curiosamente foi um dia bem lindo, cheio de sol, até aproveitei e fui até a praia, relaxar umas duas horas, e quando voltei, o Humberto, diz-me para fazermos as malas, íamos para Luanda, pois havia notícias de que os guerrilheiros iriam atacar em breve. Partiríamos no dia seguinte logo pela manhã.
A minha casa ficava num dos extremos da vila, depois só havia mais uma rua. De repente as luzes apagaram-se, e ouvi tiros, ia acender a luz do candeeiro a petróleo, mas o Humberto achou melhor não acender. Estávamos em silencio, ouvia tiros e gritos de homens, quando de repente arrombam a porta de entrada, e mais de 15 homens entram na minha casa, vinham armados com algumas espingardas, havia dois ou três com metralhadoras. mas todos tinham a cintura amarrada uma catana.
Rapidamente dominaram o Humberto e apontaram-lhe uma espingarda á cabeça, e a mim outra, e gritavam perguntando se estava mais alguém em casa, eu gritava que não…eles revistaram a casa toda, vi eles levarem comida, e alguma da mobília que valha a verdade já não era muita.
Eles falavam num dialeto entre eles, e de repente, agarram em mim, metem uma catana arrumada ao meu pescoço e fazem o mesmo ao Humberto, eu chorava, pois pensei que fossemos ser degolados, mas não, a mim um dos homens, com a catana dele, rasgou-me os vestido todo, e depois a minha roupa interior e fiquei toda nua, depois sou deitada de barriga para baixo em cima da mesa da cozinha, afastam-me as pernas e um dos homens violou-me, meteu o pénis dele todo pela minha vagina dentro e começou a, e vou usar uma palavra, que é um palavrão, começou a foder-me. O meu Humberto estava de joelhos, com as mãos atadas atrás das costas, uma catana na garganta, outro dos homens segurava a cabeça dele, obrigando-o a ver tudo.
Eu chorava, esperneava, chamei-lhe tantos nomes ordinários, mas o homem, não parava de me foder, até que teve um orgasmo, e depositou o esperma todo dentro da minha vagina. Nem tive tempo de respirar, fui novamente penetrada por outro homem, que me puxou pelos cabelos, obrigando-me a levantar o tronco, e as minhas mamas grandes a balançarem e a baterem uma na outra. Um homem sobe para a mesa, mete-se de joelhos a minha frente, tem um enorme pénis, e abre-me a boca, e sou obrigada a engolir o pénis dele todo, ele segurava-me pelas orelhas e obrigou-me a engolir aquele pénis monstruoso…quando ele faz isso, havia risos entre os outros, e chegaram mais uns 7 ou 8 homens, e viram-me a ser violada, e ficaram esperando, pela sua vez.
O Humberto debatia-se como podia, dizia para me soltarem, que ele lhes daria muito dinheiro, mas só ganhava era murros na cara, e pontapés pelo corpo, enquanto via-me a ser violada.
Quando o segundo homem se satisfez, o que eu fui obrigada a mamar, veio para trás de mim, e puseram a cara do Humberto a escassos centímetros da minha vagina, para ele ver aquele enorme pénis a entrar dentro de mim…e o homem não foi nada meigo, e meteu com toda força o pénis na minha vagina, eu até levantei os calcanhares do chão e que gritos eu dei, ele era mesmo bruto, e para mal dos meus pecados, eu gemi… não de prazer…mas gemi…e eles começaram aos berros, a incentivar mais aquele homem, e quando ele se esporrou bem dentro da minha vagina, e depois retira o pénis, disse qualquer coisa… e foi-me ao cu, rebentou-me toda, atolou de uma vez o pénis dentro do meu cu, e o berro que dei foi celebrado pelos outros todos, e meu Humberto jurava que os matava, e eles riam na cara dele.
Quando ele depositou o esperma dele dentro do meu cu, veio outro , e depois outro…e outro… já me tinham voltado, estava deitada de costas na mesa, amarrada, com os braços amarrados acima da cabeça, e fui repetidamente violada, eles ja mamavam nas minhas mamas, metiam os pénis na minha vagina e depois no meu cu, e na minha boca, cheguei a estar suspensa por dois deles, com um pénis na vagina, e outro no cu, e mais dois a mamarem nas minhas mamas, e via homens a saírem, outros novos a entrarem… mas nenhum saiu sem antes me penetrar, e esporrar dentro da minha vagina, nenhum. Quando estava assim, com um na vagina e outro no cu, vi alguns despirem o Humberto, a cara dele desfigurada pelos murros e pontapés que levou, faltavam-lhe já alguns dentes, depois de o despirem, agarraram-no com força, e um deles, penetrou-o no cu. O meu homem, o meu lindo homem, foi violado. Os gritos que ele dava, e ele chorava de raiva, impotência para resolver aquela situação. O homem do pénis enorme havia saído a um bom bocado de tempo, e voltou e quando viu que violavam também o Humberto, abaixa as calças e violou-o também, o meu Humberto esperneava, mas ele metia e metia com força, eu nessa altura estava deitada ao lado do Humberto, a ser violada, até mãos enfiaram na minha vagina, quando ao fim de horas daquele martírio, a Linda, armada também ela com uma metralhadora entra na cozinha, e dispara alguns tiros para o ar, e os homens pararam, e ela diz:

– QUE FIZERAM??? QUE FIZERAM VOCES???

Um dos homens, respondeu a ela nos dialeto deles e ela diz:

– SINHÁ XICA É BOA MULHER, ELA É BOA PARA NÓS, SEU BERTO É BOM PARA NÓS, NUNCA TRATAR NEGROS MAL, E VOCES VIOLAR ELES??? DEPOIS QUÊ??? MATAR ELES???SUMAM JÁ DAQUI, OU FALO AO CHEFE…

A mal, eles foram indo embora, até que fiquei só eu, o Humberto e a Linda. Eu estava em estado de choque, mas lembro-me de perguntar á Linda porque eles lhe obedeceram, e ela disse que o chefe da guerrilha naquela região, era o pai dela, e ela própria era uma guerrilheira. Eu nem sonhava com essa hipótese, a doce Linda, a minha amiga Linda, ser uma guerrilheira. Mas eu estava como escrevi em choque, e quando ela disse para eu e o Humberto partirmos já, que ela nos ajudaria a chegar a um local seguro, eu só vesti um vestido, nem sapatos calcei, nem roupa interior vesti, e o meu Humberto quase na mesma, e saímos da minha casa, com a Linda, e vemos casas a arder, pessoas mortas na rua, um rapazito que era amigo do José e dos meus outros filhos, morto, o corpo a um lado e a cabeça dele separada do corpo, era assim que castigavam os colaboradores dos portugueses.
Fugimos pela praia, até chegarmos a um barco, e dali fomos até outra praia, esta já controlada pelos portugueses, mas que na altura estava deserta.
Sei que fizeram o mesmo a mulheres locais em Angola, existiam lá portugueses que eram diabos, maltratavam os negros, e depois a justiça aplicada a eles era…bem uma brincadeira. Mas isso não justifica eles fazem o que em fizeram a mim e ao Humberto.
Fomos levados para Luanda, estive duas semanas no hospital, eu não falava, não comia… queria morrer. Nem nos meus filhos eu pensava… sonhava com eles, mas a verem-me ser violada…e verem o pai a ser violado…e depois eles…e eu acordava aos gritos. O meu Humberto melhorou antes de mim, ia-me visitar ao hospital, depois de sair do hospital, e eu não falava com ele, nem mostrava qualquer emoção. Era como se não o visse. Quando saí do hospital, embarcámos num paquete para Lisboa, onde iam alguns civis, mas sobretudo soldados. Passei as três semanas fechada na cabine, deitada na cama, olhando para a parede.
Quando chegamos a Lisboa, o meu pai foi receber a gente, e as primeiras palavras que eu disse ao meu marido, em alguma semanas foram:

– Se dizes o que se passou naquela noite a alguém, eu mato-me, juro.

Mas eu fiquei com uma recordação dessa noite, eu engravidei, do meu sétimo filho, o Juvenal. Descubro que estou grávida já em Lisboa, e sinceramente pensei em abortar…aquele ser não era fruto de um amor… era fruto de um ato atroz, covarde…
E estive mesmo deitada, já no sítio onde se faziam abortos, pois apesar de ser ilegal na altura, quando alguém queria abortar, sempre havia alguém que conhecia alguém, que conhecia uma mulher que realizava esses abortos clandestinos. Só o Humberto sabia que eu ia abortar, e levou-me lá. Mas quando iam começar…eu começo a chorar, e desisti. O bebé não tinha culpa do que se passou, a culpa foi da crueldade e da maldade.
Saí do quarto a chorar, e disse ao Humberto:

– Desculpa…desculpa…não tive coragem…eu…

O Humberto abraça-me, acariciou-me a cara, e diz:

– Sei que esse bebé poderá não ser meu, e se não for, tratarei dele como se fosse meu filho…nosso filho. terá todo o meu amor…e eu sabia que tu não conseguirias…e estou orgulhoso de ti…esta sim é a Xica que eu amo, e amarei aconteça o que acontecer. Estamos juntos, somos só um. Amo-te.

O meu Juvenal nasceu uns meses depois, e a única diferença dele e dos irmãos é ser negro. É amado pelos pais dele, que sou eu e o Humberto, os irmãos nunca mas nunca o diferenciaram por ter uma cor de pele diferente. O Humberto mais uma vez demonstra o HOMEM que é, ao cuidar dele como sendo seu filho biológico, dando-lhe amor, carinho, ralhando com ele quando tinha de ser…enfim ser pai dele.
Quando o Juvenal tinha 16 anos, eu já tinha os meus 8 filhos, o Salvador, que nasceu dois anos depois do Juvenal.
O Juvenal, bem ele não é parvo, e via os irmãos com cor de pele diferente da dele, e um dia perguntou porque era a razão. Tinha ele na altura uns 4 anos. E eu respondi que na altura certa eu lhe contaria a verdade, mas que ele não se preocupasse ele era irmão deles e nosso filho.
Antes, quando eu estava grávida do Juvenal, depois de tentar abortar, eu contei , aos meus pais e aos pais do Humberto, que eu desisti de um aborto que eu fui violada, por inúmeros homens, e o Humberto contou que ele também foi, e o bebé que eu tinha na barriga, poderia não ser do Humberto.
Foi um choque para eles, mas entenderam porque nós tomamos a decisão de ter aquele bebé na mesma.
Quando ele nasceu, foi acarinhado e amado por todos nós, de maneira igual.
Eu e o Humberto, e os meus filhos, ficámos habituados ao espaço e á liberdade que tínhamos em Angola, e o Juvenal ainda não havia nascido, faltava cerca de 2 meses, mudámo-nos para o sítio onde moramos ainda hoje, para a aldeia dos meus pais.
O Humberto trabalhou num banco aí perto, e também criou o seu negócio, e eu tornei-me professora do ensino primário. Na altura bastou-me realizar um exame, era assim. E fiquei na escolinha da aldeia, fui lá professora mais de 20 anos. Foi quase uma homenagem a Arlete. Vim a saber a poucos anos, que ela foi violada e morta por guerrilheiros, quando ficou na escola dela a defender os seus alunos, pois eles não tiveram tempo de evacuar a vila onde ela estava, e refugiaram-se na igreja e na escola que era pegada a igreja, e as mulheres foram violadas e mortas e ela teve o mesmo destino. Quem defende a guerra, só pode ser louco ou estúpido.
Bem, voltando á pergunta do Juvenal, eu e o Humberto, resolvemos contar a verdade, quando ele fez os 16 anos, pois ele já entenderia, por muito que fosse duro para nós todos e principalmente para o Juvenal, eu conheço o meu filho e saberia que ele ficaria a culpar-se.
Reuni a família toda na sala nessa noite, e contei aos meus filhos o que se passou a mim e ao pai deles naquela noite, e que eu não sei quem é o pai biológico do Juvenal, e nem quero saber, pois para mim o pai dele é o Humberto.
E contei a eles que tentei abortar depois já em Lisboa. Não escondo a verdade a eles, por muito que me custe. Pedi perdão ao Juvenal e a eles todos, pelo que estive quase a fazer, que me entendessem e me perdoassem.
Eles ouviram o que eu lhes contei, alguns choravam, alguns já eram adultos, como os três mais velhos, e o Juvenal, quando terminei, ele diz:

– Desculpem… eu não sou teu filho, pai…desculpa. Mãe…desculpa por te fazer sofrer.
– Desculpa, porquê meu filho? diz o Humberto.
– Sim mano, desculpas do quê??? disse o José.
– Eu sou…. eu só nasci porque aqueles homens…fizeram mal á mãe.
– Sim meu amor…fizeram-me mal, os homens…mas tu meu querido, só me dás é amor e alegria… porque eu haveria de ter de te perdoar???
– Eu amo-vos muito… e tenho medo que agora… deixem de me amar.
– Meu filho… és meu filho…sou teu pai…chato…que te dá raspanetes… zanga-se contigo porque és traquina, mas que te ama tanto…tanto… deixas-me continuar a ser teu pai???

O Juvenal abraça-se ao Humberto, o verdadeiro pai dele, e diz que vai continuara ser traquina, e que só conhece um pai, que é o Humberto. Algum mal que poderia haver na nossa família, nesse dia quando a verdade foi toda contada, desapareceu, uniu-nos a todos muito mais.
E o melhor é que não deixou de ser tudo como sempre foi, sem condescendências, ou falsos paternalismos, cada qual continuou a tratar o nosso Juvenal como sempre o trataram, apenas um membro mais da nossa família, e é por isso que eu sou tão orgulhosa dos meus meninos todos. Somos unidos, e melhor que tudo os meus filhos são unidos, embora cada qual more em seu lugar, tenho filhos desde a Austrália até aos EUA, pela Europa, mas sempre, sempre, todos arranjam uns 10 a 15 dias para estarmos juntos, aqui na praia, onde a Branca de Neve e o seu principe, brincam, riem, convivem com os seus 8 anões, e os seus descendentes, e companheiras e companheiros. Porra enchemos já a praia á nossa conta, LOL.

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3 Comentários

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  • Responder YG ID:5nojd24vg4y

    Sou de linhagem italiana e portuguesa, não sabe como ouvi pessoas a me contar suas estórias principalmente minha nonna que perdeu 2 irmãs violentadas e cremadas vivas. Triste em saber que passou por isso, mas feliz em saber que sobreviveu e ainda teve forças a continuar devo parabenizar pela coragem

  • Responder Ana Moreira ID:1ehdqsxffq54

    Muitos portugueses viveram essa época e essas histórias são uma triste e dolorosa realidade que muitos ainda sofrem.
    Muitos descendentes sabem que o paraíso africano se tornou para muitos deles um inferno.
    parabéns pela coragem de ter contado o que viveu, o pior momento da sua vida e que seria certamente o pior da maioria de nós!
    Há coisas que não podem ser esquecidas e marcarão para sempre, mas parece ter conseguido superar e consegui ter uma família maravilhosa! Parabéns a si e ao seu marido!

  • Responder Lex75 ID:bt1he20b

    Como deve ter sido difícil escrever o que eu acabei de ler. Mas nem imagino a coragem que tiveste em contar a verdade aos teus filhos, especialmente ao Juvenal. E que HOMEM está casado contigo. Li teu conto com lágrimas a escorrerem pelo meu rosto. Sou apaixonada por ti, AvóXi. Que coragem.