Descobertas da vida – Nao se vá, eu imploro

Alan não sabe como lidar com essa nova situação, seus avós o ajudarão a compreender. Ele fica com medo de perder quem mais ama no mundo.

Eu: -Espero que ele não fique com raiva de mim

A minha cara era de assustado, tristeza e indagação. A gente quase se beijou, mas nunca imaginara tal coisa. Eu me sentei no sofá sem entender. A vovó veio da cozinha e sentou-se ao meu lado

Vó: – Meu filho, não está nada bem, que carinha é essa?
Eu: – Vovó, eu não sei o que está acontecendo comigo. Eu sou menino, Jairo é meu amigo, meu amigo, mas eu senti vontade de beijar ele na boca. Meninos que namoram meninos apanham na rua, morrem, sofrem gozações. Eles me chamam viadinho só porquê não sou igual a eles.
Vó: – Venham cá, meu amor. Deixe eu te dar um abraço bem apertado.

O abraço dela era como sentir a almofada mais macia e o colchão mais fofinho do universo. Ela trazia paz aos momentos turbulentos. Ela me solta e olha no fundo dos meu olhos.

Vó: – Em primeiro lugar, quem te chamar mais uma vez de homossexual a resposta não será “Eu não sou homossexual”, pois ser homossexual não é problema algum.

As lágrimas começaram a escorrer pelos seus olhos, eu também me emocionei ao vê-la assim tão abalada.

Eu: – Vovó, não chora. Desculpa se te fiz mal
Vó: – Deixe a vovó terminar e não peça desculpas, você não fez nada de errado. Eu sinto tanto, meu amor, sinto tanto por não poder sempre estar perto para te defender desse mundo tão cruel. Sinto tanto por saber que não será fácil saber que você poderá sair por aquela porta e não mais voltar apenas por ser quem é.
Eu: – Eu vou voltar sempre, vovó, nunca vou deixar a senhora e o vovô sozinhos, tá certo?

Eu não entendi bem o que minha avó queria dizer, mas eu entendi que ela queria meu bem e me defenderia das pessoas malvadas. Ela continuou

Vó: – Todos tem direito de amar quem quer que seja, menino pode amar menino, menina pode amar menina, você pode amar menino e menina ao mesmo tempo, sabia? O que você não pode é desrespeitar o outro pela orientação sexual dela.

Eu: – Vovó, o que é orientação sexual?
Vó: – Olha, conta para vovó o que você sentiu quando estava lá no quarto com o Jairo?

Eu fiquei muito envergonhado, ela sorriu e esperou pacientemente.

Eu: – Vovó, assim. A gente estava próximo, aí comecei sentir o cheiro do perfume dele, de repente passou um frio da minha nuca até meu rego. Ah, vovó a senhora está rindo

Vovó: – Você conta tão detalhado, meu amor. Continue

Eu: – Aí, ele está concentrado no celular, eu quando aproximei para ver a tela, tive vontade de dar um beijo na bochecha dele, assim o fiz. Ele se assustou

Vovó: – Então, por isso aquela reação dele correndo?
Eu: – Não, não. Depois pedi desculpas, mas ele disse que estava tudo bem. Então, a gente sentiu o coração do outro, nossos corações estavam para saltar do peito, acredita?

Vovó: – E você sabe o que significa o coração bater mais forte quando estar perto de alguém que a gente tem vontade de beijar?

Eu: – Ah, vó. Eu vejo os meninos beijando as meninas e abraçando escondido do inspetor lá na escola. Devem ser namorados, igual a senhora e o vovô.

Vovó: – E o beijo é o quê para mim e o seu avô?
Eu: – Humm, deixe eu pensar um pouco. Ah, você quando gosta do seu amigo beija no rosto, mas quando namora beija na boca. Então, o beijo é a prova que namora?

Vovó: – De certo modo faz todo sentido. O que você sentiu no seu corpo foi a atração, o desejo de ter o Jairo mais pertinho de você. Quando você beijou o rosto dele foi dizendo que gosta dele sem precisar falar, o gesto falou, meu amor está entendendo?
Eu: – Ahã, aí a gente se abraçou, vovó na hora meu..ah, deixa para lá depois eu falo isso com o vovô, a senhora não entende isso de homem.

Vovó: – Alan, meu querido, você é mesmo muito engraçado. Eu já entendi tudo, querido. Você teve uma ereção, pode ter sido do momento de vocês estarem tão próximos, o corpo dá sinais também. E o que o Jairo fez?

Eu: – A gente ficou tipo com os rostos colados, eu sentia um frio na barriga, a barba dele roçando meu rosto, a respiração forte, ele perguntava o que eu sentia, eu achei boa a sensação do nariz dele encostar no meu. Aí, ele beijou meu rosto e perguntou se poderia beijar minha boca?

Vó: – Então, foi por isso que ele saiu correndo, ele te beijou, ou melhor, vocês se beijaram? Querido, como se sentiu?
Eu: – Vovó, por favor, eu disse que era errado porque meninos beijam meninas, aí ela saiu correndo para casa. Mas, fiquei com uma sensação de aperto do peito, não sei explicar.
Vó: – Ah, meu amor. Isso é angústia, mas não se sinta assim. Você está começando uma fase nova, uma flor quando desabrocha solta seu perfume e atrai outros seres para a beijar, sua doçura chamou atenção do Jairo e vocês estão gostando um do outro sabia?
Eu: – Vovó, pare de dizer que eu gosto dele. Eu até gosto, ele é meu amigo, mas não quero beijar ele
Vó: – Longe de mim querer colocar palavras em sua boca, estou aqui como sua amiga e responsável para orientar no que tiver dúvidas. Mas, fale para a vovó, você sentiu vontade de o beijar na boca?
Eu: – Na hora que ele esfregou o nariz no meu me deu um pouco

Nessa hora meu avô entra na sala, eu olho para ele que sorria para mim. Também senta ao meu lado e coloca sua mão por trás dos meus ombros.

Vô: – Quer dizer que meu neném já estava querendo beijar um marmanjo, vou ter uma conversinha com ele sobre as intenções dele contigo

Ele piscou para a vovó, claro, percebi na hora e me lembrei das novelas.

Eu: – Ah, não vô, nem namorando o Jairo estou. Sou neném não, tenho quase 12 anos, sou adolescente hahaha. Ele é meu amigo, só meu amigo. Nada de conversar com ele. Deixe que a gente se entende. Tá certo?
Vó: – Seu avó está brincando contigo, filho. Ele só quis dizer que também quer seu bem e não aceita que ninguém o faça sofrer.
Vô: – O vovô tem que falar contigo sobre umas coisas tá certo. Louça lavada, acho que está na hora dos homens conversarem a sós, minha princesa
Vó: – Seeei, vocês, vocês. Vou ali, tô cá e lá, ouviu, mocinhos?

A minha avó saiu e meu avô calmamente segura minha mão e olha nos meus olhos.

Eu: – Lá vem bronca, quando faz isso
Vô: – Não é bronca, é conselho de amigo e vô haha. Deixa eu te falar uma coisa. Quando você estiver na rua não aceite nada de ninguém, se algum homem ou mulher te chamar para você ver algo não vá, se estiver sozinho. Você está me entendendo?
Eu: – Vô, eu nunca saio sozinho, sempre estou com vocês?
Avô: – Mas serve de conselho desde já. As pessoas acham que podem fazer o que quiser com a gente, mas não podem. Lembra da música do tesourinho
Eu: – Ninguém pode tocar nas minhas partes íntimas, se tocar eu tenho que falar para vocês
Vô: – Esse é meu garoto. Agora, trate de tomar banho. Nossa, seu pai vai ligar daqui a pouco, corre, banho rápido para a gente falar com ele.

Ele balançou minha cabeça, beijou meus cabelos e saiu para seu escritório . A minha avó veio até a sala rapidinho e soltou um beijo para mim, eu fiz o gesto que agarrei o beijo e coloquei no coração. Em seguida subi para o banho.

Enquanto eu tomava banho comecei a pensar no Jairo. Será que ele realmente gosta de mim? Será que eu gosto dele assim? Pelo que a vovó disse talvez. Mas, tipo, ele é o melhor atleta da escola, as meninas são doidas por ele.

Eu era o menino nerd, o mais sem noção no quesito puberdade, apesar de já ter atração por meninos, mas o Jairo foi a pólvora que me faltava despertou. Terminei o banho pensando nesses “devaneios tolos a me torturar”

Quando saí do banheiro tinha uma mensagem no meu celular. Abri e dizia: – Eu não deveria ter perguntado aquilo mais cedo, é que quando fiquei tão perto achei que você…eu só em enviar essa mensagem já fico cê sabe como rsrsrs. Amanhã passo aí para irmos juntos à escola, se vc quiser”. Respondi: – Tá tudo bem, Jairo. Eu que beijei você primeiro, é que tipo, você tava tão cheiroso, mas o lance do beijo na boca me pegou de surpresa, eu me sinto protegido perto de você. Passe sim, boa noite”. Ele visualizou e respondeu: – Eu também gosto de você, então boa noite, até amanhã, cheiro no pescoço”.

Eu quase desfaleci vendo ele mandar um beijo logo no pescoço. Eu confesso que me arrepiei na hora e meu pau se animou. Bem na hora um número me liga e quando atendo era meu pai.

Meu pai, depois da minha, mãe era a pessoa mais linda que eu achava. Tanto por fora quanto por dentro. Ele tinha 1,85, tinha o rosto meio afilado, usava cavanhaque e era forte de academia, ele era tipo triângulo, um sorvetinho com uma barriguinha e pelinhos por todo peitoral haha. As coxas eram grossas, quando eu sentava no colo dele parecia uma cadeira de tão dura a musculatura. Aqueles olhos verdes quando estava sério dava medo, os cabelos eram lisos e meio louros, aparados nas laterais e mais cheio em cima. Eu adorava dar cheiro. Ah, homem cheiroso, nunca vi tão vaidoso como o papai.

Ele: – Boa noite, meu filho. É o papai, você está bem?
Eu: – Ah, papai. Tô com saudades do senhor e da tia Leonor.
Ele: – O papai também está, deixe eu te falar, que tal almoço juntos
Eu: – Oba, Mac
Ele: – Olhe, almoço é almoço
Eu:- Mas, pai só uma vez
Ele: – Vamos fazer assim, quando for no sábado eu te pego e a gente passa o dia na minha casa
Eu: – Papai sábado não quero sair, você já esqueceu a data da mamãe?
Ele: – Eu jamais me esquecerei da sua mãe, filho. Eu vou buscar você e seus avós para passarmos o dia em família.
Eu: – Ah, então tá certo, mas…será que posso levar meu amigo Jairo para brincar, se ele puder.

Como assim eu disse aquilo, eu nunca tinha feito tal pedido a ele. Ele não se incomodou e disse que se poderia convidá-lo. Meu pai era tão compreensivo e carinhoso.

Ele: – Agora, deixa eu falar com a vovó, por favor
Eu: – Tá certo, eu te amo. Beijo
Ele: – Do tamanho do universo eu te amo, durma com os anjos.

Eu desci as escadas correndo para entregar o celular a vovó.

Vó: – Menino, não desça desse jeito, capaz de tropeçar e se machucar.
Eu: – O papai quer falar contigo, vovó.
Vó: – Tá certo, querido. Suba que daqui a pouco a vovó conta uma história
Eu: – Não precisa vovó, boa noite.
Vovó: – Tá ouvindo, Fabrício? Seu filho não quer mais história da vovó. Olha só, para isso.
Ele: – Já tá tão crescido, meu bebê.

Meu pai riu ao telefone, eu subi as escadas rindo também. Quando entrei no quarto tinha uma mensagem no meu computador no Facebook, era a minha amiga Laura.

Ela: – Alanzin, eu voltei de viagem, amanhã eu e o Gustavo podemos ir com seu avô para a escola.
Eu: – Pode, sim. A vovó vai à Missa cedo. Então, cabe vocês dois. O Jairo e o Mauro vão.
Ela: – Ah, tá certo. E o Jairo está bem?
Eu: – Está, por quê?
Ela: – Não, por nada. É que ele ficou de vir aqui em casa hoje à noite, mas não apareceu.
Eu: – Vocês fizeram o trabalho de Ciências?
Ela: – Era sobre isso mesmo, já é para quarta, né?
Eu: – É sim, eu e o Mauro já fizemos o nosso
Ela:- Você teve sorte de pegar o Mauro, eu tô fazendo praticamento sozinha.
Eu: – Dê um desconto, o Jairo passa por problemas com a família, isso o prejudica.
Ela: – E você que mais reclamava dele agora tá defendendo, eu hein!
Eu: – Não é defesa, mas você perguntou a ele se ele tinha feito algo? Como pode ter certeza de que ele não o fez?
Ela: – Ah, não, Alan. Sei o que tá acontecendo contigo, namoral? Vou dormir que ganho mais. Boa noite
Eu: – Não fique brava comigo, é que a gente não pode julgar assim.
Ela: – Até parece que não o conhecemos, né? Até amanhã.
Eu: – Isso é verdade hahaha. Então, até amanhã.

A Laura era minha amiga praticamente do nascimento, dois dias mais velha que eu. Ela e o irmão já tinham corpo de adolescentes, eram os mais altos da turma, descendentes de irlandeses, eram meio ruivos.

A Laura tinha um corpinho violão que chama, toda desenhada a dedo. Eu dizia que ela seria modelo, mas ela era da pá virada, estava na fase meio gótica. Tinha a bunda empinada.

Luís tinha 1,75 com 15 para 16 anos, olhos azuis, cabelo era espetado para cima com gel, ele era do time de natação.
Ele se achava o galã da escola, as meninas ficavam ouriçadas quando ele passava e piscava para elas. Seus bíceps e tríceps eram de invejar de tão desenhados, ele sempre foi simpático comigo. A bunda era tão empinada que ficava marcada na calça, mas o que marcava era o pacote. Eu ainda prestaria mais atenção para dizer detalhes hahaha

Minha avó amava aqueles dois porquê literalmente moravam ao lado da minha casa desde eu me dou por gente. Então, sempre estiveram muito presentes nas nossa vidas. O Luís era afilhado da mamãe, ele se lembra vagamente dela, pois só tinha 5 anos quando ela faleceu.

Nossa, já estava passando da hora de dormir, mas tinha uma mensagem do Mauro no Facebook

Ele: – Ei deixe eu te falar, desculpa aí por hoje. É que o Jairo é fogo, não queria que te incomodasse.
Eu: – Man, cê explodiu só por causa daquilo. A gente sempre brincou de fazer cócegas
Ele: – Ah, é que ele tava fazendo com a boca em sua barriga achei esquisito.
Eu: – Ele não incomodou, home. Tá de boa. Amanhã vai com a gente, né?
Ele: – Então, deixe eu falar, amanhã chego mais tardez vou fazer exame de sangue, pqp odeio.
Eu: – Pode crer, quem é que gosta? Hahaha
Ele: – Então até mais, só mais uma coisa, a Laura vai amanhã?
Eu: – Ela e o Luís, o Jairo tbm
Ele: – Aquele marrento do Luís vai. Engraçado que na escola não fala com a gente, mas carona quer.
Eu: – Véi, ele é mesmo que um irmão. Além disso nada a ver ele mais velho se metendo com a gente. Pare de coisa, ela gosta da gente
Ele: – De você, de mim não. Só porquê sou gordo e fora do padrão de beleza dele.
Eu: – As pessoas são diferentes, tem gente malvada que não aceita as pessoas como elas são. Sabe o que é isso, no fundo medo porquê elas não são felizes e querem se vingar nas outras
Ele: – Tá, tá, . Só vc mesmo, Alan, com esse discurso a essa hora. Flw, até amanhã.
Eu: – Hahaha só quis ajudar, tá, boa noite. Até amanhã.

Ele tinha problemas com auto-estima, coitado. Meio introspectivo com as outras pessoas, porém quando estávamos eu e o Jairo, se soltava todo. Vocês viram que me jogou na piscina. Em seguida me deitei e meus avós vieram se despedir de mim. apaguei de tão cansado

No outro dia, arrumei-me cedo e desci para o café da manhã.

Vó: – Bom dia, filho. Madrugou, hein? Não são nem 6:00 horas. Sente que a vovó está terminando de assar pão de queijo.
Eu: – Bom dia, vovó. Cadê o vovô?
Vó: – Ele foi rapidinho à feirinha comprar as verduras da semana.
Eu: – Será que vai se lembrar de trazer pastel?
Ela: – Ligue para ele, ainda dá tempo

Eu liguei para meu avô, e nada dele atender. Que estranho ele sempre me atende na segunda vez que a gene liga.

Eu: – Vovó, ele não está atendendo?
Vó: – Deve estar de papo com os amigos, daqui a pouco ele vê.

E nisso deu 6:30 e vovô não chegava. A vovó pede para eu subir que ela iria me deixar na escola. Eu subo para escovar os dentes e pegar a mochila, mas quando desço tem um policial na porta da casa da casa e minha avó com as mãos no rosto chorando muito. Eu corri para ela perguntando pelo vovô.

Vó: – Meu amor, ele passou mal e está no hospital, mas vai ficar tudo bem, tá certo? Vou pedir para a Clarisse levá-los hoje.

Ela pediu a mãe dos gêmeos para nos levar. Quando eu cheguei em frente a casa deles, Laura e Luís correm para me abraçar

Ela: – Vai ficar tudo bem, moleque
Luís: – Tampinha, seu avô é forte, vai sair dessa
Eu: – Ele estava tão bem, não quero perder meu vovô.

Sinto uma mão tocar minhas costas e um beijo no meu ombro.

Jairo: – Ei, vai ficar tudo bem, tô aqui contigo.
Luís: – Não é só você, nós estamos também, tá
Laura: – Ah, não. Cês podem dar uma trégua, será que é pedir de mais

Eles gostavam de trocar farpas, no fundo eram iguais, se achavam os melhores, mas como querem ser sempre o melhor, então disputavam sempre a razão, ainda que não a tivessem quase sempre haha. Mauro chegou em seguida e também me abraçou. Entramos no carro. A Laura foi nada frente, atrás entraram Mauro em uma ponta, Jairo no meio e o Luís. Adivinha quem sobrou, o menor de todos para ir no colo. Nossa, que desconsertante.

Clarisse: – Vá no colo do Luís que é mais velho, querido?
Jairo: – Pode ir no meu colo, já está tão apertado aí, né Luís?
Mauro: – Se a tia falou, tá falado, cara. Para de ser chato
Luís: – Tá de boa mano,
Laura: – Dá para parar de besteira e entrar logo na porcaria desse carro?
Clarisse: – Ei, boca suja, manere aí, ouviu?! Eu sei que os ânimos estão exaltados, mas calma aí
Eu: – Tá de boa , gente. Tá de boa.

Assim que eu sentei no colo do Luís ele me puxou para seu peito. Era confortável, dava para sentir seu hálito de pasta de dente. Eu fui olhando para a janela, as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Como será que meu avô estava? Eu me viro para o lado e Jairo estava olhando para mim, ele sorri e eu esboço um sorriso.

Ele olha para o Luís e depois para mim fazendo careta, eu começo a rir. Todos riem também sem entender o motivo. A mãe dela fala que estava feliz por me ver sorrindo e que tudo ficaria bem. A escola ficava pertinho da nossa casa. Assim que descemos, o Jairo passa a mão sobre meus ombros e entramos juntos. A patota da gozação já estava no canteiro que era como um banco circular ao redor da árvore.

Jairo: – Nem comecem, viu senão eu soco bem no meio das suas fuças
Garotos: – Ui, que medo. Tá chorando, Alanzinho, fique com medo não, eu só quero seu cuzinho.

Nessa hora Jairo não aguentou e partiu para cima do Michael, o menino mais insuportável do colégio. Eu não entendia isso que ele falava sobre querer meu cuzinho. A chacota que me fazia muita raiva. Jairo o empurrou e ele caiu sobre uma lama sujando toda roupa. Eu não acredito que ele fez isso, vai ser suspenso certeza. Na mesma hora forma a aglomeração gritando briga, briga, briga. Mas, o inspetor chega apitando forte e, logo em seguida, a diretora também para intervir. Resultado, ambos foram suspensos. Só voltariam 3 dias depois com os responsáveis. A diretora também me chama, entretanto não me expulsa, ela se solidariza comigo e avisa que o meu pai estava vindo me buscar.

Eu: – Eu não quero perder meu avô, ele é tudo para mim.
Ela: – Não vai deixar acontecer nada, seu avô é forte. Você vai ver

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Beijos, Deleite

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