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Toda espera tem seu fim: Parte 2

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– Oi tia Silvia! – disse Lucas com seu sorriso meio desconcertado de costume e veio me abraçar, beijando minha bochecha.

– Eu já não falei pra parar de me chamar assim, moleque? – disse fingindo uma cara de brava e caindo na risada logo em seguida – Eu me sinto uns 20 anos mais velha toda vez que ouço a palavra “tia”!

– Desculpa… TIA! – respondeu o garoto antes de receber um tapa de leve na sua cabeça em meio às nossas risadas.

Lucas era o irmão mais novo de Ana. Estava com quase 16 anos nessa época e era um garoto bem alto, mas um pouco desengonçado (típico de meninos na puberdade). Tinha a pele mais morena como a da irmã e cabelos pretos lisos que ele até tentava pentear, mas que pareciam sempre bagunçados. Não era um rapaz feio, mas tinha uma aparência bem juvenil ao meu ver. Certamente se tornaria um homem muito bonito com o tempo, mas pra mim ele ainda era o menininho que eu vira crescer ao longo dos meus anos de amizade com Ana.
Ficamos falando amenidades enquanto eu abria uma long neck geladinha até que Ana Clara passasse pela porta da cozinha, radiante e espalhafatosa como sempre!
Ana era quase tão alta quanto o irmão e era uma mulher lindíssima! Curvilínea, bronzeada, sempre bem arrumada e maquiada, sempre sorrindo e falando alto (e sem parar).
Nos abraçamos, nos elogiamos e voltamos para sala, acompanhadas pela presença tímida de Lucas.
As horas foram passando, os fogos começaram, nossas barrigas já estavam forradas da deliciosa comida que a mãe de Ana havia preparado e não demorou muito para que os dois velhinhos começassem à bocejar e se preparar para dormir.
Nos despedimos dos pais de Ana e avisamos que estávamos de saída. Ana disse que ia dormir na minha casa (que era mais próxima do centro), portanto não precisavam se preocupar com horário.
Me virei pro Lucas enquanto Ana conferia sua bolsa para ver se estava levando tudo que precisaria.

– E você vai ficar fazendo o que por aí, garoto? – ele levantou o olhar que estava fixado no celular no momento.

– Ah sei lá, tia! – deu de ombros – Vou jogar um pouco, eu acho…

– Vamo com a gente então? – interveio Ana enquanto calçava os saltos – Você já fica todo dia nesse vídeo game! Vai socializar um pouco!

– E ficar segurando vela pros peguetes de vocês? – Lucas riu enquanto desviava de uma almofada arremessada por Ana.

– Me respeita garoto! Vai, a gente não vai ficar até muito tarde! Você já dorme quase de manhã mesmo… da pra jogar quando chegar!

Ele ponderou por um instante, se levantou e correu para o quarto para se arrumar. Virei para Ana em dúvida:

– Amiga! Tu vai arrastar o menino pra virar a noite na rua? Além do mais, a gente não ia beber, beijar umas bocas…?

– Ué! E o Lucas agora é algum menininho que precisa de babá, Silvia? Além disso, me lembro muito bem de certos rolês que dei com a senhorita quando a gente tinha a idade dele… – ela riu alto – Ele precisa se divertir também! Não se preocupa que eu fico de olho nele, tá?

Concordei com Ana e esperamos mais uns 5 minutos até Lucas sair do quarto usando uma roupa bem básica, tênis all stars e aquele cabelo rebelde de sempre.
Saímos para a noite paulistana ainda ouvindo o som de alguns fogos e rojões. A rua estava movimentada e o clima estava quente, porém agradável.
Caminhamos até o metrô e, de lá, partimos em direção ao centro!
Foi uma noite ótima! Compramos algumas bebidas baratas, pulamos de um bar para o outro, cantamos em um karaoke e pelo menos umas três vezes vi Ana arrastar algum boyzinho para dar uns amassos.
Até flertei com um ou dois caras ao longo da noite, mas nada frutífero ou minimamente interessante.
Lucas parecia animado também e estava mais falante que o normal (talvez pela bebida). Ana disse que ele poderia beber, mas era para maneirar e ficou o tempo todo vigiando para ver se o irmão não se excedia.
O garoto se comportou bem a noite toda! Estava sempre à vista, conversava quando conversavam com ele e, do seu modo introvertido, parecia aproveitar a noite.
Já eram mais de 3h da manhã e, embora a noite ainda fosse uma criança, Ana já dava sinais de desistência! Eu confesso que também estava cansada e concordamos em ir para a minha casa.
Ana e eu já estávamos relativamente bêbadas à esse ponto (ela bem mais do que eu, como de costume) então Lucas chamou um Uber do seu celular e chegamos rapidamente em casa.
Tivemos que ajudar a Ana à subir os degraus até meu quarto e eu a coloquei no banho e fiquei vigiando para ver se ela não cairia no box enquanto Lucas esperava na sala, tão cansado quanto nós duas, embora bem mais sóbrio.
Enfiei Ana em um roupão, coloquei minha amiga deitada na cama sob os cobertores e desenrolei um colchonete ao lado da cama para Lucas.

– Ei garoto! – disse com a voz cansada ao chegar na sala e fiz um cafune meio brusco em seu cabelo – Arrumei lá no quarto pra você dormir também, vai deitar! Tem toalha limpa no gabinete do banheiro pra você tomar banho também, só não deixa meu sabonete cheio de pelo. – Ele levantou a cabeça, despertando de um cochilo e sorriu de um jeito doce para mim.

– Tá bom, tia! – disse se espreguiçando e esticando as pernas para levantar – Mas você vai dormir onde?

– Primeiro que “tia” é o cacete! – disse rindo enquanto caminhava na direção da cozinha para me servir de uma última taça de vinho – Não se preocupa, querido! Eu fico bem aqui no sofá! Além do mais, a Ana quando bebe costuma roncar, então quem sai perdendo é você!

Ele riu caminhando na minha direção e me deu um beijo na bochecha.

– Boa noite então, Silvia!

Esperei Lucas ir para o quarto, servi uma taça generosa de vinho, liguei a TV num volume baixo e peguei um baseado que já estava pronto na gaveta da minha mesa de computador.
Fui para a janela, olhei o céu limpo e estrelado da madrugada. A cidade começava aos poucos à silenciar.
Acendi o cigarro, traguei a fumaça até encher os pulmões, segurei o máximo que consegui e soltei janela à fora.
Dei um sorriso de satisfação e, com o braço apoiado na janela, me recostei no sofá e beberiquei o vinho enquanto assistia a tediosa programação da madrugada.
No fim, fora uma noite realmente boa.
A porta do quarto se abriu devagar e ouvi os passos descalços de Lucas descendo as escadas até a sala. Ele usava um short largo de basquete e uma camiseta cinza sem estampa. Estava com o cabelo semi-molhado caído sobre o rosto e a pele corada pelo banho quente.

– Pode tomar banho já, Silvia! O banheiro tá desocupado, viu?

– Tá bom, querido! – disse já meio alta – Mas vai pra lá que a tia tá fumando… – apontei para a ponta oposta do sofá em L.

– Relaxa, não me incomoda. – disse de forma displicente enquanto se deixava cair no sofá – A minha irmã também fuma as vezes nos fundos lá de casa… Só ela pensa que ninguém percebe!

Segurei uma risada com aquele comentário, acendi novamente o cigarro e dei um trago curto, soltando a fumaça novamente pela janela. Pensei por um instante e estiquei o braço em sua direção.

– Quer um trago?

– Não, obrigado – ele sorriu meio sem jeito – Eu não fumo…

– Mas já fumou? – ele negou com a cabeça. Então mantive a mão erguida na sua direção.

Lucas olhou para a brasa acesa, olhou para mim, olhou de relance para a escada…

– Tá… deixa eu ver qual é! – disse sorrindo meio envergonhado e meio empolgado. Lhe passei o cigarro e ensinei como fazia para não engasgar. Ele tragou brevemente, segurou a respiração por bastante tempo e, lentamente, soltou a fumaça. Então fez careta e me passou de volta o baseado – O gosto é péssimo!

Eu ri um pouco mais alto da reação dele e peguei o cigarro, apagando-o no cinzeiro que estava na janela.

– O gosto vai ficando mais natural conforme você se acostuma… mas relaxa que daqui a pouco você vai se sentir bem… – eu mesma já me sentia extremamente leve e relaxada – Mas e aí? Gostou do rolê?

Ele apenas confirmou com a cabeça e fechou os olhos, relaxando no encosto do sofá.

– Deu pra pelo menos dar uns beijos em alguma menina? – perguntei em meio à risinhos enquanto fazia cócegas nele.

– Não pô! – ele riu também – Tava só curtindo a noite com vocês mesmo… Não fui lá pra isso!

– Mas você tá namorando alguém? Alguma menina da escola, sei lá…? – perguntei de forma displicente, mas ele pareceu se fechar um pouco, repentinamente tímido.

– Ah, ultimamente não tenho ficado com ninguém em particular… – respondeu sem me olhar. Aquela estranha timidez me despertou do meu semi-transe e passei a observar Lucas com mais atenção.

– Mas você já ficou com alguém, né? – perguntei curiosa. Lucas ficou ainda mais sem graça e, balançando a cabeça negativamente, apenas murmurou um “u-hum” – Sério?!

– Ah tia… Silvia! Só não rolou ainda, ué! – ele parecia desesperado para fugir daquele assunto, mas, de algum modo, ver o desconforto daquele garoto estava me divertindo de um jeito quase sádico. Dei um tapinha no assento do sofá ao meu lado.

– Então vem cá, Lucas. – disse bem calmamente, mas de uma forma direta e quase imperativa. Meu tom sequer abria espaço para que ele recusasse qualquer coisa.

– Pra que? – ele perguntou meio espantado, meio envergonhado, mas claramente instigado enquanto se aproximava de mim, sentando ao meu lado no sofá. Olhei nos seus olhos escuros, tirei uma mecha de cabelo do seu rosto e senti ele estremecer brevemente, mas sem nunca tentar se afastar.

– Pra tia te dar seu presente de Natal. – disse ainda no mesmo tom baixo e tranquilo. Lucas arregalou os olhos por um instante. Eu quase conseguia ouvir seu coração batendo. Ele fechou os olhos e, sem saber ao certo o que fazer, começou à abrir levemente os lábios e aproximar o rosto do meu.

Delicadamente, passei as mãos ao redor do seu pescoço, acariciando sua nuca e atrás de sua orelha e dei o primeiro beijo da vida daquele menino que tinha quase metade da minha idade e que eu vira crescer.
Ele era inexperiente, um pouco apressado, mas também inseguro. Avançava e recuava em seguida. Senti suas mãos tocarem minha cintura por um instante e, logo depois, se afastarem. Não forcei nada, apenas deixei que ele descobrisse sua confiança por si mesmo.
Apesar de sua pouca habilidade, o beijo de Lucas transbordava carinho misturado com desejo. Coloquei minha língua em sua boca devagar, mas continuamente, entrelaçando com a dele e deixando que ele sentisse meu sabor.
Não desgrudamos por quase cinco minutos sem parar. Me afastei de seu rosto sorrindo de forma diabólica e me deleitei com a sua expressão quase assustada. Mesmo atônito, aquele garoto que acabara de dar seu primeiro beijo me olhava com uma expressão de “quero mais”.
Dei uma risada da sua carinha ruborizada e belisquei sua bochecha me sentando novamente próxima à janela e tomando mais um gole da taça. Eu mantinha uma pose de “mulher fatal” perante o espanto do menino que sequer conseguia falar qualquer coisa, mas eu estava derretendo! Sentia minha calcinha encharcar e meu grelo endurecer e pulsar.

– Não vai dizer nada? – disse em tom de brincadeira.

– Aaahmm… obrigado? – ele riu nervosamente e depois se jogou com as costas no sofá, finalmente relaxando. Dei uma risada mais alta, correndo o risco de acordar Ana – Nossa… que loucura isso! – ele ainda parecia incrédulo.

– Foi bom? Foi como você imaginava?

– Eu não imaginava que seria com você, pra começar! – disse com um sorriso meio bobo, agora mais descontraído – Mas nossa… foi… foi ótimo, sim! Foi… incrível…

Meus mamilos endureceram com o olhar que ele me deu. Eu estava ficando louca de deixar aquilo continuar… Parte de mim gritava para finalizar aquela situação toda, fingir que não tinha acontecido qualquer coisa, tomar meu banho e ir dormir. A outra parte, porém, falava mais alto e dizia para eu continuar. E ir até onde fosse preciso com aquele menino.

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