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Pagando a aposta pro meu primo. PARTE 45

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Quando Manuel desligou a ligação, meu coração disparava, quase saindo pela boca. A ansiedade transparecia em meu rosto, e Manuel logo me perguntou se eu estava bem. Respondi que sim, mas logo fiz uma pergunta: “Você pretende se encontrar com ele?” Sincero como sempre, Manuel não escondeu que se encontraria com Anderson. “Vou! Não sei quando. Pode ser hoje à noite ou amanhã. Eu e ele somos amigos e temos muito o que conversar.”

“Entendi”, respondi. No entanto, ao perceber meu desapontamento, Manuel continuou: “Você gosta dele. Eu sei disso! Mas, nesse momento, não vou deixar você se humilhar como sempre fez para ter Anderson do seu lado. Ele pode ser o que for, pode ser gostoso, pode ser gato, pode foder muito mas ele tem que entender que não é o centro de tudo. O mundo não gira em torno dele. Você estava decidido a lutar contra tudo e todos para ter um relacionamento com a gente, e o que ele faz? Expõe a nossa relação e simplesmente te deixa na mão, ignorando tudo que você já fez por ele até aqui. Agora tá lá vivendo a vida dele como se você nem sequer existisse. O pior é saber que se ele entrasse por aquela porta e pedisse para voltar, você voltaria. Você tem que colocar na sua cabeça que ele também está perdendo. Você, Renato, é muito especial, se valorize, cara. Não aceite ser a segunda opção dele, não aceite receber migalhas. Entenda de uma vez por todas o seu valor, senão, ele vai continuar te tratando como um objeto dele.”

Ainda na mesa, engolia a seco, tentando assimilar todas as verdades que Manuel acabara de dizer. Olhei para ele e respondi: “Eu juro que estou tentando! Mas você acha que é fácil se desligar, se afastar de alguém? Não é! E olha que eu acho que estou indo bem até então, porque não ligo e não mando mensagem para ele. Já tentei vê-lo saindo do serviço algumas vezes, mas quem não tem recaídas? Eu te amo, assim como amo ele. Só que, no seu caso, a gente terminou devido à distância, e quando te vi aqui novamente diante de mim, meu coração acelerou, pois sei que você é um amor especial. Estar contigo é bom, me sinto amado e cuidado por você. Quando você voltar para o Sul de novo, tudo vai voltar a ser como era antes, eu aqui sozinho novamente. Agora, em relação a Anderson, eu me sinto meio perdido, não sei se ele está levando aquela relação a sério ou simplesmente dando um tempo para a poeira abaixar. Depois de tudo o que passamos e vivemos, a gente não se fala mais! Me recuso a acreditar que ele esqueceu toda a nossa história e tenha matado aquele amor que dizia sentir, por isso, eu não sei o que fazer, por mais que eu tente ignorar, por mais que eu tente não pensar, eu não consigo, justamente por ainda existir sentimento.”

Manuel disse entender que não era fácil, mas me fez prometer que eu iria me priorizar e que jamais eu me humilharia por atenção ou por sentimentos. E se alguém fosse voltar atrás, esse alguém seria Anderson e naoneu

Peguei o meu copo e bebi o restante de suco que havia ali, levantando-me, e ele me abraçou novamente, rindo e dizendo que eu era um cabeça dura.

Antes de irmos para minha casa, Manuel ligou para meu pai e perguntou se precisava comprar alguma coisa. Meu pai pediu apenas refrigerante e um saco de carvão, pois minha mãe havia esquecido. Passamos no mercado, compramos o que foi pedido e fomos para minha casa. No caminho, Manuel fez uma pergunta que me fez refletir bastante.

Manuel: Renato, como você se vê no futuro? Partindo desse momento atual, como você se vê no futuro?

Eu já tinha imaginado um futuro antes, e nele, o trisal estava sempre presente. Mas agora? Não tinha parado para pensar nisso.

Olhei para ele e disse: “Na real? Não sei. Antes, sempre imaginei a gente como trisal.”

Manuel: Veja bem, estou falando do futuro no sentido geral. O que você espera da vida, não apenas de um relacionamento.

Ele então me ajudou com perguntas.

Manuel: Você se vê trabalhando em outra empresa?
Eu: Não sei, só sei que pretendo continuar na área.

Manuel: Você pensa em ter um carro?
Eu: Sim, claro.

Manuel: Pretende sair de casa? Sair da cidade?
Eu: Acho que seria bacana, mas para isso preciso ter uma vida estabilizada.

Manuel: Pretende ter um negócio?
Eu: Quando fazia dança, sonhava em ter um estúdio onde eu ensinasse dança. Como parei, no momento não sei qual negócio seria prazeroso e lucrativo.

Manuel: Você tem que ser ambicioso, mas também ter os pés no chão. Olha, ir para o Sul não estava nos meus planos, mas foi uma atitude ambiciosa e deu certo. Cresci profissionalmente, hoje posso dizer que sou um cara bem-sucedido profissionalmente falando. Mas também há um arrependimento: perdi você, no sentido da presença, de bater a saudade e saber que vou poder te abraçar e sentir o seu cheiro e sabor. Quando terminamos, me senti perdido. Confesso até que nem eu sabia o quanto eu te amava dessa maneira, mas amo.

Nos olhamos, houve um silêncio, e ele finalizou: Mas você tem que pensar no futuro. Fazer as coisas pensando nelas futuramente.

Quando chegamos em casa, minha família já tinha tudo preparado, aguardando especialmente o carvão para acender a churrasqueira. Entreguei as mercadorias para minha mãe e fui sentar à mesa da varanda. Ricardo, caminhando em nossa direção, disse: “Finalmente chegaram, pô! Essa casa tava precisando de mais gente…”

Depois de dizer isso, nos cumprimentou com um aperto de mão, só assim sentou à mesa conosco.

Ricardo: “Cadê a sua galera, Renato?”

Ele tentava ser agradável, mas sua animação era notável.

Respondi que naquele momento preferia que fosse algo mais familiar e introspectivo, por isso nem pensei em chamar meus amigos.

Meu irmão olhou para Manuel, sorriu e disse: “Viu, você ainda faz parte da família.”

“Ricardo sendo Ricardo.” Pensei, olhei para Manuel que sem graça, apenas retribui com um sorriso. Letícia também se juntou a nós, e ficamos ali conversando sobre coisas do nosso dia a dia, até que, de relance, percebi que Manuel continuava usando a aliança. Emocionei-me, procurando não deixar transparecer isso.

Em meio a tantos assuntos, Ricardo convidou Manuel para ir à capoeira um dia desses. Manuel topou na hora, perguntando se não havia problema, já que Ricardo e Anderson não se davam bem. Meu irmão apenas disse que eles falavam apenas o essencial.

Manuel: “Renato, vai conosco!”

Quando ele disse isso, todos ficaram surpresos, mas ninguém se manifestou, nem opinou. Manuel explicou que eu não poderia me isolar, deixar de viver apenas porque Anderson poderia esbarrar comigo. Isso mais cedo ou mais tarde ocorreria, pois morávamos no mesmo bairro.

Ricardo: “Se ele quiser ir, ele vai, ué.”

Manuel: “Vamos, Renato?”

Olhei para todos e apenas disse: “Não sei, vou pensar.”

O churrasco seguiu num clima agradável. Que bom que voltamos a ser uma família novamente, às vezes, penso em como as coisas estão na casa de meus tios. Será que conseguiram abafar tudo que souberam? Ou simplesmente acreditaram que era apenas uma curiosidade de Anderson?

Quando dei por mim, já estava escurecendo, e Manuel tratou de se despedir de todos, inclusive de mim. Quando o levei até o portão, ele me disse que ia encontrar-se com Anderson e que eu ficasse em paz.

Quando voltei pra dentro de casa, Letícia veio toda curiosa perguntando se eu realmente tinha interesse em ir na roda de capoeira visto que Anderson também estaria por lá, ela também não ia há algum tempo já que não tinha nenhuma companhia.

Ainda que meio na dúvida, olhei para minha cunhada e lhe disse que talvez Manuel estava certo, eu não tinha motivos de me isolar, de evitar lugares justamente porque Anderson vai estar ou não lá, eu não permitiria viver em função de ir em apenas em lugares onde meu meu primo não estava, por isso eu estava pensando em seriamente em ir.

Ela disse que estaria presente no dia, como nos velhos tempos.

Depois dessa conversa, subi para meu quarto onde eu fiquei o resto do dia maratonando série, e conversando com meus amigos, inclusive cobrei meus amigos de aparecer aqui em casa principalmente Dinei que passou a ser menos presente depois que começou a namorar.

Na segunda-feira, acordei todo ansioso, queria saber como havia sido o encontro dos meninos, e ainda na cama peguei o celular e mandei uma mensagem para Manuel, perguntando se havia ocorrido tudo bem lá, obtive uma resposta que não esperava. Manuel me disse que não foi um encontro de amantes, mas sim de amigos, logo não havia necessidade de eu saber sobre o que eles falaram ou o que fizeram. Pedi desculpa e expliquei que fiquei preocupado justamente por ser o primeiro encontro deles após nosso término.

Sem entender a patada gratuita, eu evitei trocar mensagem com Manuel, mas quando foi a noite ele me mandou uma mensagem admitindo ter sido grosso sem necessidade. Explicou que eles apenas conversaram, que disse a Anderson que eu precisava de uma satisfação, disse que Anderson embora evitasse falar sobre o nosso caso apenas dizia que tudo tem o seu tempo, e que este não era o momento.

E quando seria o momento certo? Quando ele acabasse a relação com aquela rapariga? Ou quando todo sentimento que sinto por ele acabar?

À noite Manuel me chamou para ir com na casa de Naldo, mas como ainda havia um ranço em mim quando se tratava do mestre de capoeira recusei o convite.

Na manhã da quarta-feira aconteceu o inesperado, eu e Letícia estávamos conversando e assistindo tv, enquanto minha mãe estava na cozinha, a campainha tocou e como ninguém ali esperava visitas, eu me prontifiquei em atender. Ao abri a porta, Tia Lúcia me surpreendeu ao aparecer após um longo período de distanciamento familiar. O conflito passado torna o encontro impactante, me deixando chocado. Ao me cumprimentar, Tia Lúcia pergunta se pode entrar e é recebida com um “Claro!” seguido do pedido de bênção.

Enquanto a minha tia conversava com Letícia na sala, fui correndo para a cozinha informar a minha mãe sobre a visita de minha tia. Embora incrédula, minha mãe foi rapidamente receber Tia Lúcia, que a convida para acompanhá-la ao mercado. Enquanto minha mãe se arrumava, eu e a tia dialogamos sobre o passado, e a verdadeira razão da visita começa a se desvendar.

Renato: Que bom te ver por aqui, tia! É uma surpresa na verdade.

Lúcia: Eu sei que ninguém esperava me ver, mas eu e sua mãe precisamos resolver isso.

Letícia: Que bom! Vocês eram tão próximas, com certeza ambas sentiram falta uma da outra. Aqui, sentimos falta de vocês nas festas e no almoço de domingo.

Lucia: Foi preciso se afastar e deixar a poeira baixar. Tem certas ocasiões que por conta dos outros a gente paga o preço. Né, Renato?

Senti a indireta e apenas respondi educadamente “Deve ser, já que você está dizendo.”

Após minha mãe se despedir para ir ao mercado, sou repreendido por Letícia, que destaca a importância de agir em prol da felicidade da mãe. Também mencionou que a Tia Lúcia fez um ato muito bonito, vindo aqui em casa.
Porém defendi minha posição, recusando-me a ser visto como o errado na história e destacando que, apesar da indireta, estava feliz por ver minha tia ali.

Leticia: Estou ao seu lado, Renato, sempre estive, mesmo não estando a par da situação. Ver sua família dilacerada é triste, sabia? O clima aqui melhorou, mas paira uma sensação de incompletude nesta casa. Sua mãe, seu irmão, seu pai, não comentam, mas todos compartilham a mesma angústia.

Eu: Não pedi por isso! Preferiria todos juntos, felizes, prontos para mais uma ceia de Natal. No fim, sou eu quem saiu perdendo. Por um instante, perdi o apoio da minha família, depois dos meus tios, do Anderson e até mesmo do amor que acreditava que ele sentia por mim.

Letícia se aproximou e me abraçou: Meu anjo, sei que não foi e não está sendo fácil, mas vamos tentar unir as famílias. Depois, lidamos com a situação com seu primo.

Eu: Não há mais o que fazer! Ele arruinou tudo. Agora ele tem outra mulher! Sem mencionar que todos sabem, e sempre vão querer dar palpite na nossa relação. Se é que ainda existe uma relação.

Subi para o quarto, sentindo-me no olho do furacão por diversos motivos: estar solteiro, Manuel aqui me oferecia afeto e carinho, preenchendo um vazio deixado por Anderson, mas sabia que em breve ele voltaria para o sul. Anderson permanecia inerte, suas ações reveladas por terceiros, deixando-me sem opções e atado, mesmo tendo prometido a mim mesmo não parar minha vida por causa do meu primo.

Quando minha mãe chegou, ela me chamou e revelou que ela e minha tia haviam conversado extensivamente sobre toda a situação. Segundo ela, minha tia admitiu estar profundamente chateada, pois ninguém esperava que entre eu e meu primo existisse um relacionamento amoroso. Inicialmente, ela culpava-me por ter induzido meu primo, acreditando que eu havia influenciado o filho dela. No entanto, após uma conversa com Anderson, ela percebeu que ele tinha seus próprios sentimentos por mim, e as coisas estavam acontecendo de forma mútua. Desde então, ela não me via mais como o vilão da história. Contou que foi pedido a Anderson que me esquecesse, evitasse minha presença e, se possível, arranjasse uma namorada rapidamente, como uma espécie de ultimato. Diante de todas as revelações feitas por Anderson, Amanda não se comunicava mais com ele, enquanto Josival enfatizava o quão errado isso era, não por ser um relacionamento gay, mas por envolver primos, familiares. Minha tia explicou que não foi fácil ignorar as ligações de minha mãe, especialmente as de meu pai, seu irmão, mas as circunstâncias tornaram necessário. Após uma conversa com meu tio, ela decidiu procurar por nós.

Quando meu irmão e meu pai chegaram para o almoço, minha mãe pediu um minuto de atenção diante de todos para compartilhar algo, instaurando um silêncio curioso e ansioso.

Mãe: A Lúcia veio aqui hoje.
Meu pai, confuso: Que Lúcia? Minha irmã?
Mãe: Exatamente, ela mesma. Ela veio aqui, e nós saímos para conversar.
Pai: E o que conversaram?
Mãe: Ela me contou como eles tentaram lidar com isso, expressou que sentem nossa falta e pretendem uma aproximação gradual. Os primeiros encontros serão em lugares públicos, como restaurantes e bares, para só então, quando estivermos prontos, frequentar a casa um do outro.
Ricardo: Todos nós poderemos ir nesses encontros? Tipo eu, Renato, Amanda e Anderson?

No fundo, Ricardo queria saber se eu e Anderson estaríamos no mesmo ambiente.

Mãe: Conversamos sobre isso também. Sabemos que toda essa história causou mal-estar com os outros, por isso, nos primeiros encontros, irá apenas um deles, ou Anderson ou Renato. Entendam que queremos restaurar a relação familiar como um todo. Depois que todos estiverem bem, poderemos estar juntos novamente.

Eu: Não há necessidade disso…

Pai: Não há necessidade disso?! Claro que há necessidade! Depois de tudo que você e seu primo aprontaram… toda situação que nos fizeram passar. Você vai fazer o que lhe for solicitado. Está me ouvindo? Você vai, e pronto.

Eu: Pai, não estou dizendo que não vou. Só acho que é melhor deixar as coisas acontecerem naturalmente.

Pai: Sua tia vindo aqui já é um bom sinal.

Letícia: Gente, depois que a dona Elisângela saiu com a Lúcia, Renato e eu conversamos. Ele estava feliz, e creio que ele quer ver as famílias bem e interagindo novamente, né?

Eu: Claro! Eu amo vocês. Poxa! Falando assim, parece que não presto.

Pai: Filho, eu também te amo, só não posso permitir que aquela relação tua com teu primo, mesmo que não exista mais, prejudique nossa relação enquanto família.

Eu: Eu sei…

Depois do almoço, fiquei na sala vendo TV. Ricardo se aproximou e perguntou se eu iria à roda de capoeira naquela noite. Respondi que não sabia, que estava desanimado e que Manuel não havia mandado mensagem. Meu irmão questionou se era realmente necessário eu ir depois do que foi dito na cozinha, sobre evitar encontrar meu primo. Renato explicou que era para evitar encontros familiares e que estava preocupado à toa, já que Anderson nem fazia questão de olhar para minha cara, muito menos falar comigo. Ricardo ficou por um tempo ao meu lado, mas logo chamou Letícia, se despediu e foi trabalhar novamente.

O dia foi passando, e antes do anoitecer, recebi uma mensagem de Manuel perguntando se eu iria à roda. Respondi que sim, e ele pediu para estar pronto antes das 19:00, pois passaria para me pegar. Estando pronto, Manuel não só veio me buscar como deu carona para Letícia e Ricardo. No caminho, apenas Ricardo e Manuel falavam sobre a capoeira.

Quando chegamos, Ricardo e Manuel foram direto para o vestiário, e Letícia e eu seguimos para a arquibancada. No entanto, fui surpreendido pela presença de Gil, que aparentemente também ficou surpreso ao me ver e veio me abraçar.

Eu: O que você está fazendo aqui?
Gil: Eu que te pergunto.
Eu: Vim ver Manuel e Ricardo jogar.
Gil: Só eles?
Letícia: Gil, não começa…
Eu: E você? O que faz aqui?
Gil: Ué! Também vim ver o pessoal.
Eu: Veio ver o Naldo? Mas só ver?
Gil: Renato, me deixa! Se fosse você, eu olharia para o outro lado da arquibancada, pois a piranha que está com Anderson está sentada lá.

Naquele momento, parecia que jogaram um balde de água fria em mim. Procurei a mulher, e lá estava ela do outro lado, mexendo no celular.

“Piranha desgraçada!” falei.
“Calma, Renato! A gente sabia que ela poderia estar aqui”, disse Letícia.
“Posso ficar aqui com vocês?” pediu Gil.
Eu: Só não fique falando do Naldo.
Gil: Renato, você está precisando transar.
Eu: Mais?

Naldo saiu do vestiário e veio em direção a nós, dizendo que éramos sempre bem-vindos, mas não queria problemas na roda de capoeira. Preferi não me dar ao trabalho de responder, apenas Letícia disse que não estávamos ali para fazer confusão.

Enquanto Naldo se afastava, Anderson, com passos apressados, também veio até nós, seguido por Ricardo e Manuel.

Anderson: Bom, não imaginava ver você aqui, mas já que veio, quero que saiba que não tenho nada contra você! E outra, não acredita em nada que falam a meu respeito.

Ele se dirigiu à sua namorada, que já caminhava em sua direção. Ela o abraçou, mas ao tentar beijá-lo, ele desviou o rosto, deixando-a no vácuo. Ela olhou em nossa direção e o conduziu de volta para onde estava.

Com o coração disparado e tentando disfarçar o sorriso que insistia em brotar em meus lábios, respondi a Manuel e Ricardo que estava bem, tranquilo. Pedindo-lhes para voltarem à roda de capoeira, só depois de reafirmar que estava bem é que eles retornaram.

Ao olhar para aquela mulher, questionei-me: Será que ela sabe da minha história com Anderson? Será que sabe que o tal primo era eu? E quanto a Anderson? Por que veio falar comigo daquela forma? Será que Manuel falou algo com ele? Ou foi Ricardo? E por que ele me disse para não acreditar em nada que dissessem sobre ele?

A roda seguia normalmente, enquanto os capoeiristas gingavam e lutavam dentro de uma roda formada por pessoas, eu, Gil e Letícia davam notas para os boys que participavam do evento.

Houve uma pausa para todos beberem água e descansarem. Ricardo, Manuel e Naldo vieram até nós, exceto Anderson, que se sentou ao lado de sua namorada.

Devido ao calor, Naldo pegou a sua garrafa d’água e molhou a cabeça.

Naldo: Calor da porra.

Ele se sentou ao lado de Gil, que seguia hipnotizado vendo aquele negro de corpo malhado.

“Calor é pouco…” disse Manuel, sentando ao meu lado e estendendo um braço, colocando-o nas minhas costas, me abraçando de lado. Já Ricardo beijou Letícia e ficou ao seu lado.

E aí, Renato, o que está achando da Roda?

Olhei para Gil, depois para Naldo, e respondi: Até o momento está boa.

Naldo rindo: E vai continuar.

Enquanto os outros interagem, volto meu olhar para Anderson, e embora ele estivesse sentado ao lado de sua namorada, eles não se abraçavam, não se beijavam. Ao meu ver, ele a estava evitando, talvez por eu estar ali, talvez para não me causar dor.

Quando retornaram para a roda, meus olhares estavam voltados para Anderson e Manuel. Por várias vezes, meus olhares se encontraram com os de Anderson, que disfarçava e olhava em outra direção.

Quando a roda acabou, Gil saiu me puxando, queria me mostrar a mulher de Naldo, que ficava sempre do lado de fora esperando o seu esposo. No caminho, ao ser questionado por mim, Gil acabou confessando estar ficando com Naldo novamente. Segundo ele, não era nada sério, estava apenas usando e abusando do corpo de Naldo.

E lá fora estava a tal mulher mexendo no celular. Ao nos ver, fez uma cara de desdém. Ela sabia do caso de Naldo com Gil, afinal, Naldo terminou com Gil para voltar com ela. Ela era bonita, mas um pouco acima do peso, motivo que fez Naldo se envolver com Gil, segundo ele. A mulher ficou desleixada, sem vaidade, do nada.

Ao voltar para dentro do ginásio, passei por Anderson, que acabara de sair do vestiário. Ele segurou o meu braço, olhou para mim, depois para Gil, pareceu querer dizer algo, mas deu de ombros e saiu.

Enquanto observo meu primo ir para sua namorada, Gil diz: “Só pra você saber, o nome da piranha é Hellen. Naldo me contou esses dias.”

Olhei para ele, balancei a cabeça e fui ao encontro de Letícia, explicando que Gil foi me mostrar a sua rival e, para me provocar, Gil disse que, por coincidência, eu também acabei de saber o nome da minha rival. Rimos.

Os boys vieram de banho tomado, cheirosos e lindos em nossa direção, nos abraçaram. Naldo se despediu da gente e de Gil, afinal, sua mulher estava lá fora o esperando. Só então partimos, mas ao passarmos por Anderson, ele se despediu da gente e desejou boa noite.

Notei que a tal Hellen não tirava os olhos de mim. Anderson percebeu meu incômodo e perguntou a ela se queria ir embora. Ela disse que sim. Só então perguntei a Anderson se ele não ia me apresentar sua nova namorada. Todos ali mostraram-se apreensivos. Ele arregalou os olhos, mas me apresentou: “Hellen, este daqui é o meu primo Renato. Renato, como você sabe, esta é a Hellen, minha namorada.” Sorri com deboche e disse olhando para a tal Hellen: “Prazer, querida.” Assim, chamei todos para ir embora.

Dentro do carro de Manuel, todos estavam abismados com o que acabaram de ver. Até Ricardo ria da situação, segundo ele a cara que Anderson fez era impagável.

Quando chegamos na minha casa, Ricardo e Letícia saíram do carro, Manuel me convidou para ir lanchar, percebendo que Manuel estava o excluindo meu irmão questionou o amigo: “Pô cabeça, porque não falou antes? Eu e Letícia ia junto.” Manuel ri, pisca o olho pra mim e diz para meu irmão: “Ricardo, o lanche que quero oferecer pro ser irmao tu não curte.” De repente, a ficha caiu pra todo mundo ali, inclusive para mim que também tinha pensado que era lanche de verdade, tipo hambúrguer. Meu irmão sem graça fez cara de paisagem: “ Pô, porque não disse antes porra! Quero distância desse lanche.” Manuel avisou: “Daqui a pouco deixo seu irmão em casa.”
Manuel ligou o carro e seguiu dirigindo:
Manuel: Até que hoje foi um dia maneiro.
Eu: Sim, corrido mas positivo.

Expliquei a ele sobre minha tia ter ido lá e a conversar que ela teve com minha mãe. Ele disse que daqui a pouco minha família estaria unida novamente, desligou o carro em uma rua pouco iluminada e antes de me beijar disse: “Vamos fazer algo mais interessante do que falar dos outros.” Me puxou e me beijou de forma ardente, beijava com intensidade, mordiscava meus lábios e por vezes meus pescoço, me fazendo arrepiar de tesão. Quando viu que eu estava totalmente entregue, pegou a minha mão e a levou de encontro com sua pica que ainda estava por dentro de sua calça: “Olha como você me deixou!” Cheio de tesão, apenas pedi para ele tirar pra fora, eu já estava com água na boca, louco para mamá-lo.
Prontamente, ele abriu o zíper e sua pica saltou pra fora rapidamente, parecia que ela já buscava um buraco pra entrar, então fui com minha boca abocanhar aquela pica, fazendo Manuel gemer de tesão enquanto ele estava todo largado naquele banco automotivo.

“Isso me chupa gostoso! Mama essa pica que adora essa boca.”

Sempre gostei de ouvir essas putarias enquanto tô dando prazer pros meus machos, sinal de que eu dava e recebia prazer.

Meus lábios deslizavam, sentindo as veias daquele pau, eu gemia gostoso.
Manuel começou então a socar gostoso na minha garganta, eu recebia cada estocada com prazer, as vezes ele tirava o pau e metia ele na minha cara e mandava pra dentro de minha boca de novo, mas ele sabia que eu dava conta, e assim ele socava com mais vontade ainda, me sufocava fazendo eu engasgar até, mas eu amava tudo aquilo.
Tirei o pau de minha boca e pedi para ele me comer ali, mas ele falou que naquele dia eu não levaria rola no cú, apenas ia tomar leite quente. Me botou pra mamar novamente e só parei quando ele gozou na minha boca, o leite tava grosso e farto.

Manuel: Caralho! Essa tua boca me deixa louco!

Perguntei: Porque você não quis me comer?

Ele riu e respondeu: Renato, tá tarde, aqui é perigoso, sua família tá nos esperando. Pica é o que não vai te faltar, quando nos encontrarmos da próxima vez vou compensar a de hoje.… isso eu te garanto. Disse a ele que iria cobrar, ele me disse que nem precisaria por que antes mesmo de pensar eu já estaria levando rola.

Voltamos para minha casa, e antes de sair, Manuel perguntou se no próximo role eu preferia dormir na casa dele ou na casa de foda. Faltavam alguns dias para o Natal, e ele queria fazer algo. Escolhi a casa de foda pois, na casa dele eu daria de cara com o seu Pedro, o que seria um pouco constrangedor. Ele me disse que seria no sábado, porém o horário ele me informaria quando decidisse pois precisaria acertar algumas coisas. Nos beijamos, saí do carro e entrei na minha casa, pra minha surpresa todos estavam vendo tv na sala, falei oi pra todos, e Ricardo sarcástico sem igual perguntou se o lanche tava gostoso, Letícia segurou o riso e eu respondi: “Melhor do que você imagina.” Vou pra cozinha preparar um sanduíche, minha mãe sem entender nada, apenas pergunta: “Mais um? Você não acabou de comer um lanche na rua?” Sorrio para ela e digo: Aquele lanche não matou minha fome. Ela senta ao meu lado e pergunta como foi na capoeira, falo que foi tudo tranquilo, ela me olha como se não estivesse satisfeita, então mais uma vez eu a respondo: “Você já sabe o que aconteceu. Certeza de que Ricardo já falou algo.”
Ela disse que meu irmão não contou nada, mas respondi que pelo fato dela estar ali na cozinha sondando, toda curiosa querendo saber como tinha sido na capoeira, já a entregava pois isso não era uma atitude normal dela.
“ Sim, ele estava lá, e ao contrário do que vocês possam imaginar, ele veio falar comigo, ele disse que não tinha nada contra mim. Ah, a namorada dele estava lá também. Viu! Não houve nada demais. Te contei tudo?” Eu desabafei. E fui para o meu quarto.

Na quinta-feira meus amigos me chamaram no app de mensagens e perguntaram se podiam vir aqui em casa, fazer uma social pra gente fofocar, a ideia era cada um levar um petiscos.

Quando eles chegaram, já estava anoitecendo, Dinei, Breno, Gil, apareceram na hora combinada, trouxeram amendoins, salames e Doritos, eu comprei os refrigerantes, já Leticia comprou presunto e queijo.
Chamei minha mãe e apresentei Breno a ela, apresentei como namorado de Dinei, ela foi simpática e disse a ele para ficar a vontade,

Depois de organizar tudo em cumbucas, levamos tudo para o meu quarto, onde colocamos tudo em cima do tapete, como se fosse um piquenique, selecionamos uma playlist animada e demos início a nossa roda de fofoca.

Perguntei se Dinei estava sabendo que Gil estava ficando com Naldo, e pela cara que Dinei fez era claro que não sabia. Gil nos explicou que desta vez, Naldo que o procurou, não era nada sério, porém estava curtindo isso. Dinei, perguntou pra Gil se ele não ligava de estar em segundo plano e ser a segunda opção de Naldo, porém sem entrar em detalhes Gil disse que em certos momentos ele era mais valorizado que a mulher de Naldo. Deixou claro, que só transava com o Naldo de camisinha.

Já Dinei falou que o relacionamento dele com Breno cada dia estava mais forte, sua família passou a respeitá-lo, porem ele sabia que não podia contar com a família pois ali a religião mandava, apesar da família ser religiosa ela não interferia e nem atrapalhava a vida deles, eles falavam que Dinei tinha o livre arbítrio e respeitavam isso. Dinei estava apaixonado, e já fazia planos para trabalhar e morar juntos com o amado, era fofo ver os dois planejarem algo juntos. Breno já trabalhava, era cabeleireiro, era assumido e sua família o apoiava em tudo. Eu, se realmente torcia para que eles dessem certo como casal.

Letícia comentou que ela e Ricardo estavam bem, embora sentisse que a relação deles tenha caido na rotina e na mesmisse. Confessou que ela e meu irmão não transavam sempre, que no máximo transavam três vezes por semana, o que deixou eu e meus amigos chocados, afinal Ricardo tinha cara de comparecer sempre na cama. Letícia explicou que sempre que rolava era gostoso, mas devido a correria do dia a dia e do cansaço, muitas das vezes eles adiaram a transa, o que pra ela era normal.

Breno falou um pouco da sua vida, disse que já namorou algumas vezes e sempre foi o corno da situação. Embora tivesse motivos para desistir do amor, ele sempre acreditou que uma hora o cupido ia trazer a pessoa certa na sua vida. Ele olhou para o Dinei e disse que esperava que Dinei fosse essa pessoa, porque tava gostando muito dele e que eles tinham muitas coisas em comum.

Quando começaram a me fazer pergunta, logo respondi que sim, eu sentia falta de Anderson, tive a ousadia de dizer que ainda o amava, mas depois de tudo que vi na roda de capoeira, não ia viver esperando um sinal ou uma resposta dele. Falei que Manuel estava sendo alguém que estava matando minha carência, que eu gostava muito sele, embora soubesse que a presença dele aqui estava com duas contados. Expliquei, que me arrependo de ter pressionado de certa forma Anderson a se assumir, pois depois que isso aconteceu o trisal acabou, e do nada fiquei sem nenhum deles. Sem citar nomes disse que a minha vida sexual tava bem ativa, que sexo é uma coisa que eu gostava e não conseguia viver sem, porém eu transar por transar me sastifazia só na hora H, depois eu me julgava e me sentia vazio.

Eu preferi não contar para eles sobre Daniel, justamente para manter em sigilo a privacidade e discrição dele, mas certamente eles ficariam chocados.

Seguimos comendo e fofocando, até que Letícia me faz uma pergunta:

Letícia: Rê, eu não sei em detalhes como era sua relação com Cristiano, mas pelo que eu imagino, você e Anderson já se relacionavam nessa época. Se não houvesse Anderson não jogada, você acha que o seu namoro com Cristiano teria dado certo?

Eu: Não, porque Cristiano me disse que me traiu outras vezes. Você tem noção da audácia dele? Meu tentou dar pro meu primo! Mal sabia ele que tínhamos um caso.

Dinei e Gil riram enquanto a Letícia e o Breno tentava imaginar a cena.

Eu: Mas podem falar eu tenho sorte, pois só pego homem gostoso!

Gil: Nisso eu concordo com você! Sem falar que você tem um ímã pra hétero.

Eu: Um dom que Deus me deu.

Ricardo entra no meu quarto sem camisa, todos ali pararam pra admirar o corpo de meu irmão.

Ricardo: E aí galera? E esse grupinho aí?

Ele se aproxima senta na cama, e após sentar na cama, Letícia o serve enquanto reclama com ele: “Tá calor tanto assim pra vocês vir só de bermuda aqui?”

Constrangido, Ricardo força um riso e nos pergunta: Mano, Vocês não estão sentido calor? Pelo amor de Deus!

Confirmamos que estava sim. E naquela altura meus amigos disfarçavam tentando não olhar para o peitoral de Ricardo, pois Letícia possivelmente reparou as olhadas que Ricardo recebeu.

Ricardo ficou um bom tempo ali no meu quarto, ele quis saber sobre o que estávamos falando e depois de saber o assunto , ele falou dele, ele disse que era realmente apaixonado pela Letícia, que ela era o grande amor de sua vida. Ainda disse que antes de Letícia entrar em sua vida, ele e Anderson passava o rodo, mas com Letícia ele abriu mãos dessa vida, admitiu ter dado fora em algumas por estar sério com Letícia.

Letícia orgulhosa e boba só ficava observando o Ricardo falar, quando ele acabou ela o beijou. Assim, eles se levantaram, pediram licença e saíram.

Gil: Agora eles vão tirar o atraso.

Breno: Seu irmão tem um corpo muito bonito. Ele malha?

Eu: Não! Faz capoeira! Ele, o meu primo, Manuel e o Naldo, que é o peguete do Gil.

Gil completou: Peguete não! Ele é meu macho! Qualquer dia a gente combina pra você ir na roda de capoeira com a gente. Só homem gato, e o meu é o professor.

Eu: A propósito Gil, a transa de vocês ocorre onde?

Gil: Aí Bicha! No vestiário, no motel, menos na casa dele, se é isso que você quer saber.

Gil também quis saber de Dinei e Breno onde eles transavam, mas dessa vez foi Breno que respondeu:

Breno: Na minha casa, como meus pais sabem que estamos namorando, não há necessidade da gente ir pra outros lugares e correr o risco. Lógico que não somos escandalosos.

Depois disso, descemos para a sala onde ficamos interagindo com a minha familia e desta vez meus pais convidaram meus amigos para passar o natal com a gente,Gil ficou muito feliz , não sei se Dinei e Breno viriam, mas ficaram muito animados com o convite.

Quando deu o horário deles irem, Gil perguntou se eu podia o acompanhar até a sua casa, nesse momento vi que meu amigo queria desabafar algo comigo. Sem pensar duas vezes eu disse que o acompanharia sim, e combinei com meu pai dele me buscar depois.

Mal saímos de casa e Gil começou:

Não sei como começar esta conversa, você é a única pessoa que eu sinto confortável em falar sobre isso. Você já sabe que eu curto homens mais velhos. Sei lá, não sei explicar mas sinto um tesão enorme por eles, Naldo é a prova disso, aquele cara que me bancava enfim… Renato, por favor não me julgue.

Eu: Gil, você está me deixando nervoso! Fala logo!

Gil: “O meu tio! Ele está dando em cima de mim novamente. Só que desta vez não me abusou, só ficou se exibindo. Quando minha avó vai pra igreja, ele sempre passa se exibindo pra mim, algumas vezes de bermuda, outras vezes de cueca, mas sempre mostrando o volume por debaixo das peças que usa. No começo, eu ignorava totalmente, mas de uns tempos pra cá comecei a reparar ele, o corpo dele e me vi excitado. Não sei se ele percebeu minha excitação, mas ele gosta da situação que se cria. Ver o meu tio com outro olhos é estranho, e como você já se relacionou com alguém da sua família, acho que você é a melhor pessoa pra falar o que devo fazer.

Eu não sabia o que falar, mas resolvi deixar meu ponto de vista: Olha, não quero te julgar mas você tem que botar na sua cabeça que não estamos falando apenas do seu tio, mas sim de um cara que te abusou, e quando foi descoberto colocou sua família contra você., por aí já vemos que ele não é de confiança. Talvez, possa ser carência? Pode! Mas logo ele?

Gil: Eu sou decepcionante! E olha que ele nem estava embriagado como das vezes que fez aquilo comigo.

Eu: Tomara que eu esteja enganado, mas se ele realmente viu que você ficou excitado, ele vai tentar ir além.

Gil: Me sinto perdido, mas a merda já tá feita.

Eu: Está feito nada! Gil, se ele fazer algo que você não queria , não deixe de me contar por favor. Promete?

Gil: Tá bom Renato!

Mas antes de finalizar o assunto eu mandei reto pra ele: Você disse que gostou e ficou excitado, se seu tio desse em cima de você, se ele avançasse, você ia gostar ou o rejeitaria.

Visivelmente sem graça Gil respondeu que na hora H ele não saberia como reagir, mas confessou que é uma tentação.

Quando chegamos à casa dele, o tal tio estava na varanda, cumprimentando-me com um aceno de cabeça enquanto observava atentamente a despedida entre mim e Gil. Enquanto eu ligava para meu pai, o tio de Gil fixava o olhar nele, sem qualquer disfarce, só interrompendo para mexer no celular.

Não demorou para meu pai chegar, levando-me para casa. No meu quarto, refleti sobre o quão estranho foi e como Gil permitiu que aquilo chegasse a tal ponto. Seria por medo de rejeição da avó, medo de ser expulso de casa, ou talvez ele realmente via o tio de uma maneira diferente?

Às vésperas do Natal, em um sábado, fui à casa de encontro com Manuel, conforme combinado. Cheguei à tarde, organizei o local e me preparei para o encontro, sem saber o que Manuel tinha em mente, mas ele prometera que seria especial.

Realizei uma limpeza de pele, depilação e higiene anal, seguindo o protocolo. Às 18 horas, Manuel chegou com várias sacolas, precisando da minha ajuda para carregá-las. Ao questionar se não era um exagero, ele respondeu: “Pô, eu disse que seria especial! Vai ser da hora.” Após um abraço, ele pediu confiança e foi tomar banho.

Enquanto ele se banhava, descarreguei as sacolas, revelando uma variedade de itens para uma ceia de Natal: arroz, salpicão, farofa, rabanadas e até presentes. Coloquei as bebidas para gelar, aguardando a saída de Manuel do banho.

Ao sair, percebendo a disposição da mesa, ele anunciou a chegada de um peru assado. Perguntei se teríamos uma ceia antecipada.

Manuel: “A ideia é essa! E também temos muito para conversar.”

Agradeci-lhe pelo gesto de carinho, mas percebi que, enquanto Anderson me entregava nada, Manuel proporcionava algo além do esperado. Ficamos namorando na cama por um tempo, mas quando as coisas esquentaram, ele sugeriu arrumarmos a mesa, já que o peru assado estava prestes a chegar.

Na cozinha, arrumei a mesa com talheres, pratos e copos, preparando tudo para uma ceia de Natal amorosa. Quando entregaram o peru assado, o aroma delicioso se espalhou pela casa, deixando-me com água na boca.

Eu: Parece apetitoso!

Manuel riu e, de forma sacana, respondeu: “De peru, você entende.”

Eu ri de volta: A gente né?

Ele saiu resmungando algo, colocou uma playlist de balada romântica, e nos sentamos à mesa para jantar.

Manuel me serviu, expressou seu amor e explicou que o que estava prestes a fazer era uma prova desse sentimento. Inicialmente, pensei que a prova seria algo na caixa de presente, mas conforme conversávamos, percebi que era algo mais significativo. Manuel queria que eu fosse parte integral de sua vida, até mesmo considerando me levar para o Sul, e estava disposto a organizar sua vida para me receber lá. Ele enfatizou que a mudança não seria imediata, dando-me tempo para amadurecer e decidir se queria viver essa experiência ao seu lado.

A proposta me pegou de surpresa. Sair de Volta Redonda e recomeçar em outra cidade era assustador, não estava em meus planos. Manuel sugeriu que eu pensasse com calma e não precisava dar uma resposta naquele momento.

Ele também perguntou se eu já havia considerado morar sozinho. Eu expliquei que o trisal sempre esteve incluído nos meus planos.

Manuel compartilhou que, após os problemas com Anderson e minha família, depois de todo o mal estar que tive com Ricardo e meus pais,teve uma ideia enquanto ainda estava no Sul. Propôs que eu morasse na casa de encontro, já que estava sendo pouco utilizada pelos usuários. Ele já havia conversado com o Sr. Pedro sobre isso, e se eu concordasse, poderia mudar quando quisesse.

Morar sozinho tinha seus prós e contras: privacidade e liberdade, mas também a solidão e o desafio de lidar com tudo sozinho, sem a presença da minha mãe.

Enquanto degustávamos o delicioso jantar, Manuel continuava com o assunto: “Mas eu te entendo, sair da sua zona de conforto não é fácil. Eu já passei por isso quando fui para Seropédica fazer faculdade. E tem o Anderson, a distância chega a torturar.”

Eu: Nunca me imaginei saindo de Volta Redonda, minha vida toda passei aqui. Meus amigos, minha família moram aqui, toda minha história está aqui. Agora morar na casa de foda não é uma péssima ideia, vou pensar mais sobre. Quanto ao Anderson, estou em processo de desapego.

Manuel digitava algo no celular enquanto falava comigo: “Tem certeza?” Eu confirmo, e ele continua: “Anderson está a caminho. Ele está vindo aqui para conversarmos. Ele te deve isso.”

O fato de meu primo estar a caminho me deixou aflito, pegou-me desprevenido, e era nítido que eu estava nervoso, como alguém indo ao primeiro encontro.

Manuel: Tá tudo bem? Quer que eu diga a ele que é melhor outro momento?

Eu: Ele concordou em vir? Se sim, deixa ele aparecer.

Manuel então se levantou, pegou prato e copo e os colocou na mesa.

De repente, aquele clima romântico de Natal se desfez, dando espaço a uma tensão que não estava apenas presente em mim, mas Manuel tentava disfarçar, embora seu rosto denunciasse nervosismo.

O celular de Manuel tocou; era meu primo no portão, esperando ser recebido por alguém, que foi Manuel, já que dadas as circunstâncias eu não tinha um pingo de vontade de ir lá.

Quando entraram na casa, Manuel entrou primeiro, seguido de Anderson totalmente sem jeito. Entraram em silêncio, até que Manuel disse para ele ficar à vontade. Anderson, com uma voz baixa e aveludada, disse: “Tá ok, Cabeção!”

Anderson expressou o quanto era estranho estar ali depois de tanto tempo. Manuel concordou e comentou: primeiramente depois de tudo que aconteceu entre você e Renato.

Só então, meu primo me olhou e me cumprimentou: “Oi Renato, tudo bem?” Olhando nos olhos dele, confirmei: “Comigo está tudo ótimo, e com você também.”

Continua…

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21 Comentários

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  • Responder Rafael ID:beml5vlzrj

    Ahh qnd posta mais?

  • Responder Men ID:81rx67hfi9

    Todos tem um fetiche pelo pai do Manuel,eu não curto muito essa ideia, e acho que nem o resto curte muito. E outra, uma história não é só putaria, ser ou não ser “putinha” como falam, essa história tem muito mais conteúdo, pelo menos na minha opinião a história evoluiu muito, quando falamos de sua narrativa.
    A história trás a descoberta, as vivências e o entendimento dos entres, consigo mesmo, isso é interessante. Eu particularmente queria ver os três entendendo o sentimento que eles passem um pelo outro, e lutando por ele, seja o sentimento que for.
    Agora ao autor eu digo, sua escrita é incrível você trás muito dos personagens e do que eles sentem, parabéns. Minha única crítica foi para velocidade dos acontecimentos, e eu não concordo com o que falaram, a história tem muito o que mostrar e não só a putaria.

  • Responder Fã do pai do Manuel ID:41ihsj5qfik

    O conto voltou a ficar interessante, mas seria legal o Anderson não voltar agora pro Renato. Deixa Renato com o Manuel. Podia até definir que agora o relacionamento é aberto pro Renato poder explorar sua sexualidade em paz. Outra coisa que podia acontecer é um menage Manuel, Renato e pai do Manuel (assim com aconteceu dos dois com o Daniel). Ia ser incrível. O Manuel já adora se exibir pro pai, então faria todo sentido algo acontecer ali

  • Responder Semaj ID:1d8dpkpds311

    Pelo visto, duas hipóteses: (1) está chegando ao final da história com a ida de Renato para o Sul ou, (2) terá uma reviravolta antes de fechar os capítulos.
    Está sendo muito bom acompanhar a história, e mais delicioso a sua escrita.
    Espero o próximo Capitulo.
    Fico grato por sua paciência e simpatia em escrever. Abraços!

  • Responder ...um fã ID:1e99o16zhy9a

    infelizmente, mantenho o que disse. o Manoel, nao ama o renato. Anderson quer ter posse de todos. Renato deveria sim, se mudar. mas nao com Manoel. Deveria conhecer alguem que o respeitasse. Ele pode ser safado, amar sexo, e fazer algumas loucuras. Mas deveria encontrar alguem que o assumisse e respeitasse. e anderson e manoel, ate ficassem juntos nas safadezas deles. arrumando os boys e comendo. Mas para mim, anderson tinha que dar para o professor dele. e ficar sendo passivo do mestre. Manoel, sozinho, pq nao soube ter renato so para ele. Renato com alguem foda demais. Daniel, deveria pegar a leticia e casar. so para ter um esquenta hetero. ahahahahahahaha
    mas o trisal, nao existe mais.

  • Responder Fã do trisal e do Daniel ID:1dizan80zzqd

    Mais um capítulo maravilhoso, estou amando o drama e o desenrolar dessa história, não liga para o que os outros dizem, uma boa história não é feita só de p*utaria. Ansioso para o próximo e esse amadurecimento dos personagens está sendo incrível, que venha antes do ano novo, você é muito bom no que faz, parabéns!!!! Sou muito fã!!!

    • Taylor ID:81rcz4jqra

      Estou ansioso pela continuação, espero que eles possam reatar o namoro, mais por favor entrega a continuação logo pq eu esperei três meses pela continuação, beijo taylo 😘

  • Responder Souza ID:1cy5792xgv7b

    Aguardo continuação

  • Responder Luiz ID:3v6otnnr6ic

    Vai cair na pica de Anderson e de Manoel, por isso Manoel nao quiz te comer sozinho, fica morando na casa da foda e seu Pedro vai te comer queria muito que vc fosse putinha de um homem de verdade e vc podia ser de seu Pedro

    • Anônimo ID:yb13fvm3

      Também gostaria, um homem maduro que valorizasse Renato, mimar e proteger.

  • Responder Matheus ID:sd3txe5b82y

    Você promete continuar antes do Natal??
    Seria o nosso presente essa continuação ainda essa semana…

    • Fogo ID:beml5vlzrj

      Não queria q ele voltasse com Anderson, mas sim que vivesse feliz com Manuel

  • Responder Liquid ID:1drc8f1ueli7

    Socorro, termina logo meu deus

    • Sartur ID:bemlv6sbhk

      Esse e contro só pra 2024? Vou infartar. Vou encher a cara nas festas de fim de ano para ver se fico menos ansioso até o próximo capítulo.

  • Responder Anônimo ID:yb13fvm3

    Estou ancioso por essa conversa, posto logo. Presente de natal para os leitores.

  • Responder Anônimo ID:ona23e820c

    Ansioso por essa conversa

  • Responder Alison ID:1dai1djghj

    Continua não demora a postar ansioso por essa conversa

  • Responder Anónimo9 ID:2muqnbcfia

    Ansioso por essa conversa, meeuu deeuuuzz

  • Responder Men ID:81rx67hfi9

    O conto é muito bom, a história também, mas só meu ver está na hora da história andar um pouco, se não vai ficar maçante esperar algo acontecer e nada…. Muitos acontecimentos, mas o que tem que andar não anda. É só o minha opinião, exatamente por gostar do conto, espero não ser ofensivo. Obrigado por seguir postando.

    • Luiz ID:3v6otnnr6ic

      Essa serie de contos ja deu o que tinha que da agora ate esta melhorando quando ele virou uma putinha adorei ve Renato dando para Daniel, queria que ele desse para um homem difewrente toda semana

    • Luiz ID:3v6otnnr6ic

      Vai começar a putaria novamente de Renato, Manoel e Andersom