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A nova realidade que mudou o mundo – parte 25: Rodízios

1471 palavras | 1 |4.27
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Após vivenciar o árduo e quente trabalho iluminando a cidade, Janaína estava ainda mais magra, pálida e apresentava lindas listras avermelhadas em sua bunda e região pubiana, herança da cera quente escorrendo todas as noites em seu corpo. O frio das madrugadas tinha feito ela tremer quase todas as noites, e isso tonalizava os seus finos e estreitos músculos, deixando ela uma magra, mas uma magra com um corpo esguio e tonificado. Porém o tempo foi passando, e como era uma regra inviolável desse trabalho que todas fossem jovens garotas, o trabalho ia cada dia ficando mais perto do fim para Janaína, que já tinha se acostumado com essa cruel vida, e seu corpo já não rejeitava mais a vela, nem expressava reação ao calor da cera. Era como se ela tivesse nascido para aquilo. Porém, como nenhuma escrava possui escolhas, o tempo para que Janaína fosse para outro esforço, estava próximo.
Após aquela que foi sua última noite em um poste, uma noite chuvosa, fria, em pleno inverno, onde no começo da madrugada uma forte chuva de granizo apagou as velas, e proporcionou inúmeras marcas arroxeadas em Janaína e nas demais escravas, machucados que perfuraram a pele, e que pelo tamanho dos granizos, tornou a despedida de Janaína um evento especial para ela. Foi doloroso ao extremo servir de alvo para pedras de gelo, com o tamanho de uma azeitona, que batiam por todo seu corpo, sem a menor chance de defesa, e que ardia como se ela estivesse recebendo tiros no corpo. Amedrontada, ela fechou seus olhos para evitar ficar cega, e só torceu para que aquilo acabasse logo.
Os guardas estavam mais alegres que de costume, e ao retirar as escravas dos postes, eles aproveitavam para tocá-las, apertavam seus seios, puxavam os mamilos, e como as velas apagaram ainda grandes, eles empurravam as velas mais fundo que conseguiam, e mexiam elas como quem mexe uma colher de pau em uma panela. Como se não bastasse a humilhação de ficar presa de ponta cabeça em um poste, e terem levado toda a chuva de granizo na pele, impossibilitadas de qualquer defesa, agora aqueles homens ainda as violavam, e tornavam seus corpos um brinquedo barato para alegrar aquela manhã, alegria somente para eles.
Mas para Janaína, o martírio ainda estava longe de acabar, pois ela tinha passado a noite toda em claro, e agora, após descer do poste, ela foi retirada do caminhão de escravas luminárias, e foi obrigada a caminhar, o que ela fazia com enorme dificuldade, amarrada pelo pescoço atrás de um carro, com uma corda curta, não tendo mais que dois metros entre ela e o para choque do veículo. Ela sentia muita dor pelo corpo, seus músculos estavam fracos, e ela sofria para andar na velocidade que o carro queria, mas se não fizesse, seria arrastada nas pedras, quem com certeza seria muito pior. Foram longas horas de caminhada, que para a escrava foi uma eternidade, mas para o carro que lhe puxava, foram apenas vinte quilômetros. Logo após o meio-dia, eles tinham percorrido o trajeto, e uma exausta, ofegante, coberta de suor e com os pés descalços sangrando, Janaína, que sem saber o que estava acontecendo, viu-se na porta de um celeiro, em uma fazenda distante e pacata, onde eram criados alguns animais para estimação das famílias, e animais de corte para a produção de carne.
Diferente das escravas, que eram uma subespécie nesse mundo, animais como cães e gatos eram tratados com mimo e luxo, e a lei do novo mundo deixava claro que jamais um animal desses poderia ser maltratado, e a ração para eles passou a ter um rígido padrão de qualidade, prolongando a vida desses bichinhos em muitos anos. Nas fazendas de reprodução animal, onde filhotes eram preparados para venda, todos os animais recebiam três fartas refeições por dia, água filtrada e fresca em abundância, tinham baias limpas e todos os remédios, vitaminas e vacinas para crescerem saudáveis. Era um tratamento de luxo, que contrastava com o das escravas que trabalhavam cuidando dos bichos, que recebiam somente uma refeição por dia, sempre uma ração sem gosto, tinham permissão para beber água somente de um cocho sujo na parte externa dos celeiros, e caso tivessem que fazer suas necessidades, as escravas teriam que fazer desaparecer a sujeira usando o rosto e a boca. Se uma sujasse, todas juntas iriam limpar.
O trabalho de Janaína no novo lar, era carregar fardos de ração, que ela fazia nas costas, de forma arqueada, com um esforço desumano, trazendo da sede da fazenda, a mais de um quilômetro, as sacarias de mais de sessenta quilos. Quando não estava no transporte de ração, ela era obrigada a limpar as baias dos gatos, sempre com a mão, pegando todo lixo e levando para fora. O trabalho começava na madrugada, e ia ininterrupto até perto das dez horas da noite. Quando as escravas eram levadas para os chiqueiros do celeiro, onde iriam dormir, comer e descansar.
Como eram animais para reprodução, era proibido terminantemente a qualquer escrava por o pau dos bichos na boca, mas, como era costume para agradar os guardas nas horas de folga, eles sempre escolhiam algumas escravas para ficar de quatro, e serem comidas pelos cães, que trepavam nelas, sedentos por sexo, e metiam forte até gozar. O que dependendo do animal, poderia demorar bastante. E que quando gozavam, esses animais cravavam suas garras nas mulheres.
Janaína com o passar dos dias, estava cada vez mais distante da pálida e amarelada garota com marcas de cera. Agora ela era uma garota bronzeada, cada dia mais torneada, e pela alimentação ruim, estava ainda mais magra.
No chiqueiro que elas dormiam, apertado e abafado, com forte cheiro de bichos, e escuro durante todo o dia, Janaína e outras mulheres se revezavam no chão por um raro espaço para dormir deitada, tendo que pelo menos algumas noites, ter que dormir sentada. Era um grupo de mulheres bem heterogêneo, com jovens meninas, negras, índias e senhoras com o corpo demonstrando muito o esforço que fizeram durante a vida. Eram mulheres que não sabiam mais seus nomes, não se importavam mais com suas histórias, e nem lembravam muita coisa do que viveram antes de estar ali. O trabalho, o esforço e os castigos tinham destruído suas lembranças. Porém entre essas desgraçadas vidas, uma chamou a atenção de Janaína, uma senhora que sempre estava arqueada, e que esboçou um olhar familiar para ela. Um carinho recíproco, mas sem origem e destino estava junto delas, que se cuidavam, dormiam próximas, mas que nunca perceberam a origem desse sentimento.
Uma cumplicidade que afagava o pouco sentimento ainda restante em Janaína, e que servia de abafador para a dor daquela senhora. Elas faziam as tarefas no mesmo turno, conviveram bastante, mas pouco se falavam. E ficaram alimentando esse amor entre elas durante vários meses, até que a senhora veio a adoecer, e acabou sendo levada embora, provavelmente jogada em algum lixão.
Nesse dia, ao ver aquela mulher ir embora, o coração de Janaína, o que restava de humanidade nela, foi partido, e ela chorou durante todo o trabalho. Trabalho que nesse dia foi ainda mais pesado para ela, que carregou suas sacarias, e a que a senhora havia deixado. Nem o peso, nem a dor nas costas, nem as pedras arranhando a pele do pé foram capazes de fazer Janaína se desligar dessa terrível separação.
Janaína revivia em sua memória as dores há muito esquecidas, de quando foi retirada de seu lar e de sua mãe. Mãe que ela não lembrava o rosto, pelo trauma de ver ela sendo estuprada. Uma mãe que ela não sabia, mas que por uma triste coincidência do cruel destino, estava no mesmo celeiro que ela, e que ela tratava como uma amiga, uma amiga que teve e perdeu, uma mãe que viu e não reconheceu, uma mãe que se esqueceu dela pelo sofrimento que viveu. Uma mãe que ela achou ser um rosto familiar, e que agora nunca mais será vista por ela.
Mãe e filha estavam juntas, lado a lado, no mesmo trabalho, mas a crueldade desse mundo não permitiu o reencontro.
Quem sabe algum dia, né

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1 comentário

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  • Responder >< ID:1cwidw7wa2oc

    ta top ein, vamos ver qual vai ser o fim dela, espero que seja algo bem extremo, algo nunca visto. mas antes seria bom ver ela sofrer bastante pelo anus com algo que até mesmo machucasse seus orgaos.