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Sentimento Fomentado (Parte 1)

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Dividido em 3 partes, esse conto narra a história de Heitor e Marcela, que se conhecem no ambiente de trabalho e descobrem novas aventuras juntos.

Rio de Janeiro, Agosto de 2019, eu trabalhava em um escritório no centro do Rio, estava a cerca de 5 anos naquele escritório e todos os dias eram iguais, sempre a mesma monotonia. Ao fim da semana, os colaboradores do escritório se reuniam em algum barzinho próximo a Praça XV junto a outros funcionários de outras empresas e ali todos bebiam até altas horas. Uma celebração ao suportar mais uma semana exaustiva de trabalho e também uma tentativa de se manter sedado à realidade que os cercava. Raramente eu participava dessas reuniões, e quando participava me sentia incomodado, como se aquele lugar me incomodasse. Talvez pela proximidade às outras pessoas, o som ensurdecedor, as pessoas gritando para se fazerem entender ou as constantes doses de cervejas derramadas sem querer. Mas naquele Agosto algo em minha rotina mudaria completamente.
A chegada de uma nova funcionária à empresa mudaria completamente minha rotina e minha vida, Marcela vira para substituir o antigo encarregado da parte jurídica da empresa. Recém formada e com nenhuma experiência na área, Marcela parecia um peixe fora d’água e ao primeiro contato com o dia a dia do escritório, sua apreensão a levou a acreditar que era uma tarefa impossível de dar conta do que a aguardava. Marcela era uma mulher sem muitos atributos físicos, 31 anos, ruiva natural, media por volta de 1.50m, compleição magra, seios pequenos e uma bunda pequena e redondinha, alguém que realmente passaria despercebida em meio aos olhares de qualquer um.
Após as duas primeiras semanas Marcela já se sentia mais confortável e ambientada ao escritório e numa terça-feira, ainda no período da manhã, eu recebi um chamado de serviço dela na tela do meu computador. Fui até sua sala, bati na porta e me anunciei:
-Bom dia, Marcela. Eu sou Heitor, responsável pelo TI da empresa. O que aconteceu com seu terminal?
-Bom dia, Heitor. Eu não sei exatamente, mas não consigo imprimir nada, acho que meu computador desconfigurou a impressora. – ela respondeu.
Sua voz era baixa e calma, gostosa de ouvir. Eu poderia ouvi-la o dia inteiro que não me cansaria.
-Tudo bem, deixa eu dar uma olhada. – respondi.
Ela afastou sua cadeira e eu me aproximei, puxei uma outra cadeira e comecei a mexer no terminal.
-Não precisa se preocupar, esses computadores têm uma configuração bem limitada, isso acontece direto. Eu devo vir te visitar pelo menos 2 vezes por mês. – brinquei com ela numa tentativa de quebrar o gelo.
-Ah meu Deus, estamos ferrados. – ela disse sorrindo.
Ao quebrar o gelo, Marcela se aproximou com a cadeira numa tentativa de olhar seu terminal sendo consertado. Pude sentir seu perfume com a proximidade e instantaneamente fechei os olhos por alguns segundos para me concentrar naquele cheiro maravilhoso, um aroma leve, refrescante e levemente doce. Marcela percebeu e sorriu discretamente do meu lado.
Em poucos instantes reconfigurei tudo e expliquei a Marcela mais algumas coisas:
– Então Marcela, já está tudo configurado, qualquer coisa você pode abrir outro pedido pelo site que eu venho te ajudar. Não se acanhe em abrir um pedido porque como eu disse, acontece problemas nesses terminais o tempo todo, se você tiver alguma emergência pode me chamar pelo whatsapp que eu venho te ajudar. Seu número é aquele que foi adicionado recentemente no grupo da empresa né?
-Isso mesmo, aquele é meu número particular. Me manda uma mensagem para eu salvar seu número, que aí qualquer coisa que acontecer eu te mando uma mensagem. – Ela respondeu
-Perfeito. – eu disse
Levantamos da cadeira, peguei meu telefone e enviei uma mensagem para ela ‘’Oi, Heitor do TI aqui’’. Apertamos a mão em meio a um sorriso cordial e nos despedimos. Poucos minutos depois recebi uma mensagem ‘’Oi Heitor, Marcela aqui, seu contato tá salvo.’’ e assim nossa semana passou sem mais nenhum contato. Na sexta feira, por volta das 11h da manhã Marcela me mandou outra mensagem me perguntando se eu conhecia algum lugar agradável e calmo para almoçar. Marcamos de ir em um local próximo da Avenida Rio Branco que eu conhecia que além de ser calmo, vendia uma comida boa e num preço barato. Nos sentamos numa mesa nos fundos do restaurante e começamos a conversar. Marcela estava à vontade na minha presença e falava de sua vida particular, me contando sobre sua vida com sua família e suas experiências na faculdade. Em pouco tempo descobri que Marcela era filha única e que seu pai, um militar da reserva, havia sido muito rígido em sua educação e que lhe privara de muitas liberdades que uma criança da sua idade gozava. Eu também havia crescido em uma família de militares, então entendia bem as queixas de Marcela. Ela me contara ainda que seus pais moravam no interior do Rio e que a ajudavam desde que passou na faculdade federal em Niterói, sendo seu pai o encarregado de procurar um apartamento num local próximo ao centro para que Marcela não se preocupasse com o ir e vir da faculdade. Nosso papo fluiu bem e ao longo de quase 1 hora de conversa parecíamos grandes amigos e tivemos que nos apressar para não perder o horário de voltar ao escritório. No fim da tarde me surpreendi com outra mensagem de Marcela, já era quase 17:30 quando me deparei com ‘’Quer tomar uma cerveja quando sair daqui?’’, topei na hora, disse que era costumeiro da equipe beber próximo da Praça XV, mas que eu quase nunca ia, era mais adepto a um lugar calmo e que desse para conversar sem precisar gritar. Marcela me disse que também não curtia tumulto e música alta e me disse que se poderíamos beber em Niterói perto da casa dela onde havia uma lanchonete com cerveja gelada e música ambiente. Combinamos tudo e às 18h saímos do escritório em direção as barcas. Atravessamos o baía conversando bastante, pra quem não é do Rio de Janeiro as barcas fazem a travessia Rio-Niterói e às 18h é horário que concentra a grande massa dos trabalhadores que realizam a travessia em direção as suas casas do outro lado da ponte. Naquela sexta não foi diferente, muita gente tentando sair ao mesmo tempo e naquele trânsito de pessoas desembarcando acabei encostando algumas vezes nas costas de Marcela. Eu com 1,90m de altura parecia um gigante a sua frente e meu pênis volta e meia encostava em suas costas, Marcela me olhou num sorriso simpático de compreensão e eu tratei de me desculpar
-Desculpa Marcela, muita gente empurrando.
-Tudo bem, Heitor. Sexta feira é complicado, parece que todo mundo quer chegar logo em casa – ela me tranquilizou.
Coloquei minhas mãos em seus ombros a fim de impedir que encostasse mais vezes nela e meu pênis viesse a despertar. Marcela me olhou novamente e sorriu. Desembarcamos e fomos em direção a Avenida Amaral Peixoto, Marcela me guiava em direção ao local combinado e no caminho tentávamos continuar nossa conversa. Chegamos no local e realmente era um ambiente tranquilo, mas naquela sexta havia mais gente do que o esperado, sentamos numa das mesas disponíveis e bebemos algumas cervejas.
-Geralmente quando passo por aqui não tem quase ninguém. Parece que hoje demos algum azar. – justificou Marcela num tom de brincadeira
– Pois é, mas até que não está desconfortável, a gente consegue manter uma conversa sem precisar gritar, isso pra mim já é o suficiente. – respondi.
Após umas quatro cervejas, Marcela estava alegre e entramos no assunto relacionamentos. Ela me contou que havia namorado apenas dois caras em sua vida e que o segundo havia durado 2 anos, seus pais eram muito ligados a ele e o término havia sido complicado. Marcela me contou ainda que estava solteira desde então e isso já fazia 5 anos. Me impressionei com essa informação e meu choque ficou tão evidente que Marcela não conteve o riso.
-É tão surpreendente assim ficar 5 anos sem nenhum relacionamento? – ela me perguntou.
– Sua risada é gostosa de ouvir, Marcela. – tentei desconversar.
– Obrigada. – ela corou.
– Definitivamente é o tipo de informação que eu não estava preparado para ouvir. Com certeza é um choque – me justifiquei.
– Tudo bem, é de se imaginar. Eu sei que não sou muito atraente, tenho dificuldade em fazer novas amizades, não gosto de ambientes barulhentos, sempre fui focada em ir bem na faculdade e não desapontar meus pais, acho que tudo isso acabou contribuindo para o que aconteceu. – ela disse.
Tomamos mais uma cerveja e eis que Marcela me faz um convite:
-Quer passar lá em casa pra beber mais uma cerveja e ouvir uma música?
-Quero sim. – respondi.
Compramos mais algumas cervejas e fomos em direção a sua casa. Eu estava empolgado e excitado, parecia um garoto prestes a transar pela primeira vez e Marcela também aparentava estar. Chegamos em seu apartamento e ela se certificou de me mostrar a casa. Sentamos no tapete da sala enquanto o aparelho de som tocava John Coltrane.
-Marcela, você é linda. – eu disse de repente. Ela corou e esboçou um sorriso tímido.
-Não precisa mentir, Heitor. Eu sei que não sou. – havia uma falsa modéstia em sua voz. Era alguém que dizia aquilo para ser contrariada. Marcela, como qualquer outra mulher, gostaria de se sentir desejada e admirada por um homem que não a visse somente como uma oportunidade de sexo fácil.
-Marcela, você é linda, não estou brincando. Sua beleza vai muito além do físico. – eu disse novamente .
Marcela levantou e foi até a janela da sala, abriu e olhou um pouco o movimento na rua. Seu corpo debruçado sobre a janela, aquela bunda pequena e redondinha empinada marcando naquela calça de linho era um convite irrecusável. Levantei do tapete, cheguei por trás dela e com uma mão em sua cintura falei baixinho ao seu ouvido:
-Marcela, você é linda.
Um arrepio percorreu seu corpo, Marcela se virou para mim procurando meus lábios e me beijou.
Continua…

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