Santo do pau oco

Descobri que meu amigo assistia pornografia proibida.

Isto não é um conto, é um relato. Vou me atentar a tudo que lembro, e por mais que vocês gostem da putaria, vou falar só das coisas que aconteceram.

Em 2019 eu me mudei para Rio das ostras, uma cidade do interior do Rio de Janeiro. Não vou falar o bairro, pois a cidade é bem pequena.

Assim que cheguei ao barro percebi que todos se conheciam a bastante tempo. Por se novato, eu frequentemente recebia umas olhadas diferente, como se estivessem me avisando que sabiam que eu não era “Cria” do bairro. Cria é um termo que cariaca morador das favelas usam pra se referir aos moradores que nasceram e cresceram no bairro.

Depois de uns dois meses eu conheci um rapaz que trabalhava em uma das padarias do bairro . Na verdade, sempre ouvi coisas muito boas a respeito desse garoto, ele era quase um santo entre toda a mulecada. Uma vizinha minha sempre dizia “Vitor é um ótimo garoto, nunca ouvi nada de ruim sobre ele, já os irmãos são umas pestes”.

Vitor estudava na mesma universidade que eu, depois de um tempo engatamos em uma amizade e víamos pra casa juntos.

Ele era legal pra caralho, sempre muito simpático e consciente das coisas. Vivia ajudando as pessoas do bairro. Tinha uma prima dele que frequentemente pedia ajuda pra cuidar dos filhos dela, já que a mesma era solteira e precisava trabalhar. Quando estávamos em grupo, e alguém fazia alguma piada homofóbica ou racista, ele sorria e educadamente dizia para a pessoa que não era engraçado.No lugar dele, eu sempre virava as costas e deixava a pessoa falando sozinha. Nos meses de amizade ele nunca deu uma bola fora.

No segundo semestre do ano, pegamos uma matéria optativa juntos, e desde então ele começou a frequentar aqui em casa. Minha mãe adorava ele, pq ele sabia falar de tudo, seja novela, comida, fofoca, BBB, mesmo que basicamente. Eu nunca perguntei mas sabia que ele era gay.

Às vezes ele ficava bem inquieto, eu nunca entendia o porquê. Como já estamos íntimos eu comecei a perguntar, mas ele sempre desconversava.

Vitor vivia recebendo mensagens no celular, mas enquanto conversava com a gente ele nunca parava pra responder as mensagens. Algumas mensagens eram de whatsapp e outras do telegram. Aqui em Rio das ostras quase ninguém usa telegram, perguntei a Vitor pq ele usava, ele disse que era pra assistir séries e vê putaria.

Uma vez, ao dormir aqui em casa durante a madrugada eu flagrei ele indo ao banheiro diversas vezes, ou ele estava passando mal ou tinha ido bater uma punheta pq sempre levava o celular. Na volta do banheiro antes de deitar ele jogou o celular no colchão que estava no chão, do lado da minha cama. Posso jurar que vi a foto de um menino pelado. Menino, menino mesmo, uma criança. Eu fiquei bem confuso sobre o que eu tinha visto, então decidi ficar quieto.

Mais para o fim do ano eu tive a oportunidade de pegar o celular de Vitor, mas não consegui ver nada, pq estava com senha em todos os aplicativos, principalmente nos apps que tiravam fotos ou armazenava fotos. Gente, eu ficava intrigado com o telegram dele . Vivia chegando mensagens o dia todo,e as vezes eu conseguia ler algumas, antes do app bloquear. Geralmente eram mensagens de pessoas pedindo vídeos e Cp. Naquela época eu não fazia ideia do que era o CP, então decidi perguntar a ele o que era. A gente tava numa festa, e achei uma boa hora pra perguntar, pq ele estava mais descontraído.

– Oh Vitor, que que é cp?
– Que que é o que?
– CP, o que é cp?
– Ahh, é centro pokémon, você não joga pokémon ?
– Ahh caralho, caô que é isso.
– você achou que era o que ?
– Não sei, só não sabia o que era

Vou falar pra vocês, eu não engoli aquilo. Eu sabia que ele estava mentindo pra mim, pq depois disso ele começou a se distanciar. Acho que eu investi muito na parada, e por isso ele parou de vir aqui em casa.

Semanas depois eu tive outra oportunidade, e foi durante a nossa aula. Vocês acreditam que o Vitor deixou o celular tocar na hora da prova ? O professor ficou procurando quem tava com o celular, e o filho da p*uta jogou o celular pra cima de mim. Eu enfiei o celular no casaco que eu estava vestindo pro professor parar de ouvir o barulho. O professor até parou de ouvir, mas eu continuei ouvindo o gemido que vinha do celular. Eu fazia sinal pro Vitor, dizendo que tava tocando, e ele fazia sinal pra eu desligar, sendo que eu não estava conseguindo. Resolvi ir no banheiro pra poder desligar o celular, e sim, eu pude sair durante a prova.

Chegando no banheiro eu percebi que era maior pornozão (kkkkkk) e comecei a rir. Mas quando eu comecei a ver o vídeo, eu vi que era um menino transando com um adulto. Não aparecia o rosto de nenhum dos dois, mas pelo corpo eu percebi que era um menino que menos de 10 anos. Eu pensei “que porra é essa”. Ai comecei a futucar a porra do app telegram todo, basicamente é bem parecido com o whatsapp, cheios de grupos, mas com muito mais movimento. Achei uma pasta com mais de 1000 vídeos com crianças, eu vi mais um, além daquele que eu já tinha visto. Na moral mesmo, eu fiquei atordoado. Voltei pra sala, entreguei o celular dele depois da prova e fui embora sozinho pensando naquilo. Fiquei dois dias mal. Não sei bem explicar o sentimento, mas me dava um aperto só peito, uma falta de ar, sei lá. Fiquei dois dias sem ver a cara dele. Até que ele apareceu aqui em casa, e perguntou se podiamos conversar.

Ele começou a falar que sabia que eu tinha visto os vídeos, e que queria se explicar, mas vou contar isso no próximo conto, vou escrever hoje mesmo.

Avalie esse conto:

(Média: 4,55 de 38 votos)