Do lixo ao luxo

Passei minha infância sendo explorada num lixão, hoje sou rica.

Olá queridos, este é a primeira vez que escrevo sobre minha vida, principalmente meu passado.
De certa forma eu tenho vergonha das coisas que vivi.
Não sei quando minha mãe foi morar em um lixão, hoje chamado de aterro sanitário.
Lembro que muito novinha eu morava com minha mãe e meus irmãos em um barraco de apenas 1 cômodo. O banheiro era fora, com um vazo e cercado com lonas plásticas. Ninguém ali tinha privacidade.
Literalmente nós vivíamos do lixo.
Era dali que saiam nossas roupas, brinquedos e alimentos.
O local é muito hostil para qualquer um, agora imagina para uma criança de 7 anos.
Raramente minha mãe nos dava banho. Não tinha água.
Para conseguir alguns baldes, era preciso andar muito até uma chácara, onde alguém deixava uma mangueira disponível. Ali tomávamos os raros banhos.
Lembro que uma vez, estávamos só crianças, e tiramos as roupas para tomar banho de mangueira. Nesta época ninguém tinha pudor em ficar pelada. Isto era comum.
Dia quente, sol escaldante e uma mangueira… Era nosso lazer.
Logo que começamos o banho, vimos um carro parar.
Desceu um homem e ele veio conversar.
Brincou conosco. Ele pegou a mangueira e espirrava água nas crianças.
Lembro que foi muito bom.
Até que ele me chamou.
Ele me fez carinho e me disse que eu era linda.
Ainda peladinha, ele alisava meu corpo e adorei sentir seus dedos tocando minha bocetinha.
Entramos no carro e ele beijou todo meu corpo.
Eu já tinha visto alguns homens pelados. Eles trabalham no lixão e no final do expediente trocam de roupa. Quase sempre ficam pelados.
Mas ali no carro, foi a primeira vez que toquei num pinto.
O homem me pediu para por a boca. Nunca tive nojo de nada, e não tive do pinto dele.
Ele foi me orientando e logo aprendi o que é chupar um pau.
Ganhei dinheiro e fiquei muito feliz.
Ao chegar em casa eu contei para minha mãe e dei o dinheiro para ela.
Achei que ela fosse brigar, mas não. Apenas orientou que eu podia pedir mais.
Passei a ir todos os dias naquela chácara. Ficava peladinha e esperava o homem voltar.
Um dia ele apareceu.
Fizemos novamente, e como eu estava sozinha, ele tentou me estuprar.
Lembro que ele gozou na minha boca e me fez engolir.
Eu até que gostei.
Neste dia eu disse que minha mãe me falou para pedir mais dinheiro.
Ele entendeu e me deu mais algumas notas.
Passei a sair com ele todos os dias.
Combinamos de que ele podia me pegar no lixão.
Minha mãe me acompanhava até o carro. E recebia o dinheiro.
Na minha inocência, eu achava que seria só chupar e engolir a gosma branca.
Um dia minha mãe deixou ele me levar para dormir na sua casa. Que louca minha mãe era. Nem conhecia o sujeito e já liberava para ir dormir com ele.
Mãe não julguem assim. Primeiro,minha mãe sofria muito também.
Ela tinha que alimentar os filhos sozinha.
Depois os tempos eram outros.
Mesmo havendo abusos e estupros, raramente se falavam em mortes ou desaparecimento.
Enfim, eu fui e naquela noite descobri o sexo.
Doeu muito.
Sangrei e achei que iria morrer.
Passei vários dias andando com dores.
Nunca mais ele apareceu.
Até senti sua falta.
Eu de certa forma me culpava por achar que não tinha feito direito, ou que eu não devia ter gritado.
Passei a ir para a chácara na esperança dele aparecer.
Um dia parou outro carro.
Eu ali… Peladinha tomando banho de mangueira.
O homem me chamou e eu fui.
Acabei transando com ele.
Homem cheiroso e muito bem vestido.
Minha mãe chamava ele de doutor.
Ele sabia fazer as coisas.
Um dia fui na casa dele.
Era uma mansão.
Tinha jardim, árvores e até uma piscina.
Eu fiquei maravilhada.
Logo passei a morar com ele.
Ele dava dinheiro para minha mãe.
Aos poucos ele foi trazendo minhas irmãs também.
Lembro que com uns 9 anos eu já era sua esposa.
Na cama sempre tinha alguma irmã também.
Ele nos levava para a escola.
Passamos a comer bem. Nos vestir como princesas.
E na cama éramos putinhas.
Minha vida era de sonho.
Minha mãe ganhou uma casa mobiliada. Tudo de primeira.
Com 12 eu engravidei. Ele me pediu para acusar um menino da escola.
Nasceu meu filho.
Meu marido ficou maluco com a chegada do filho.
Ele nos tratava com muito amor.
Homem generoso e rico.
Ganhei casas, chácaras, lojas, terrenos, carros e jóias.
Passei a guardar dinheiro.
Quando fiz 19 anos nos casamos.
A festa foi maravilhosa.
Viajamos para Orlando.
Meu marido um empresário de sucesso e eu uma mulher linda.
Do lixo ao luxo.
No ano passado ele se foi.
Agora estou apenas com as lembranças da minha sofrida infância e de uma vida agora muito melhor.
Nunca me senti abusada ou usada.
O sexo sempre existiu comigo.
Ainda lembro dos banhos naquele lugar.
Lembro dos motoristas de caminhão me comendo com os olhos.
Lembro das minhas dancinhas peladinha sobre uma montanha de lixo.
Lembro de ver dezenas de pintos todos os dias.
Hoje não preciso de dinheiro. Mas queria ter a oportunidade de ir até um lixão e dar para um homem daqueles sujos.

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