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Vingança 5 – Nita

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Andei perdido por Jacarta, com um medo terrível de voltar a cair nas garras do meu dono. Até que uma mulher me ajudou.

Andava pelas ruas de Jacarta, na Indonésia, havia já umas duas semanas mais ou menos. Tinha roubado roupas em varais, e essas roupas eram de homem. Pensei que assim seria mais difícil alguém me reconhecer.
Vivia da comida que sobrava e as pessoas punham nos caixotes do lixo, dormia em prédios abandonados, ou dentro de alguma estação do metropolitano.
Eu tinha de sair dali. Mas sem dinheiro, como? Só conhecia uma maneira sem ser roubar… prostituir-me.
Mas com aquelas roupas, não ficava atraente para ninguém. Roubei então, numa loja, uns calções curtíssimos, uma shirt de mangas de cava, e umas havaianas. Noutra loja roubei um soutien e umas cuecas fio dental. Ainda hoje tenho essa roupa guardada.
Fui para uma zona onde andavam outras prostitutas e prostitutos. Sendo carne fresca, por assim dizer, arranjei logo dois homens e fomos fuder nos carros deles. Uma mamada eram 5 mil rupias, foder meu cu era 25 mil rupias. Para terem uma ideia, atualmente 1.000,00 Rúpia indonésia = 0,34 Real Brasileiro, ou 1.000,00 Rúpia indonésia = 0,062 Euro. Ou seja quase nada ganhava.
Quando voltei ao local, após ter fodido com o segundo cliente, 1 proxeneta, e as 4 prostitutas que ele explorava, agrediram-me e esfaquearam-me, pois estava a roubar os clientes delas. Eu bem me defendi mas elas deixaram-me bastante maltratada.
Alguém chamou uma ambulância, e fui para o hospital, tinha uma facada numa das pernas, e outra na barriga. Não me recordo disso, de ir para o hospital, acordei 2 dias depois, nos cuidados intensivos, não fazia ideia onde estava. Uma enfermeira que falava inglês, lá me explicou onde estava, e que a médica que me operou, viria dali a uns instantes falar comigo.
Sei que adormeci outra vez, e acordo com uma mulher a chamar por mim. Claro que não dizia o meu nome, e se querem saber de uma coisa, eu mal me lembrava dele, só me lembrava que era Alfredo, o sobrenome, na altura não sabia. Descobri só anos mais tarde.
Estava ainda bastante debilitado e drogado, mal abria os olhos, que estavam inchados da tareia que levei, mas a médica parecia-me um anjo. Juro, até via aquela áurea a emanar do corpo dela.
O que ela falou comigo já não me recordo, sei que ao fim de umas duas semanas fui transferido para uma enfermaria. E quando me senti melhor, fugi do hospital.
Tinha mesmo de fugir dali. Nem que fosse a pé. E outra grande dúvida tinha, fugir para onde???
Andei mais uns meses, a vaguear pelas ruas, como disse atrás, comendo a comida que sobrava dos restaurantes.
Pensei que acabaria assim os meus dias. Mas o destino, a sorte, ou alguém lá no céu, colocou no meu caminho, uma freira de nome Mariana. Ela pertencia a uma ordem religiosa que tratava dos sem abrigo, e um dia estava eu a dormir na soleira de uma porta, alguém me toca num ombro, e eu acordo. A conversa foi em inglês, até certo ponto.

– Acorde, por favor acorde.
– Hummm… que se passa???
– Boa noite, senhora, disse ela, pensando que eu fosse uma rapariga, pelo meu aspeto ainda parecia, apesar de não tomar a hormonas havia semanas.
– Boa noite…que quer???
– Oferecer-lhe uma refeição, e um abrigo pelo menos por hoje.
– E porquê???
– Porque é isso que eu e as minhas irmãs fazemos, senhora. Tome, quer esta refeição? E estendeu-me o braço dela, e ela estava a agarrar um saco de plástico com comida.
– O… obrigado… mas não tenho como lhe pagar.
– Acha que eu lhe vou pedir dinheiro, senhora?? Quer??? É seu…

Estendo o meu braço, e agarro no saco, e não consigo evitar desato a chorar.
Chorei porque precisava de desabafar…chorei porque aquele foi o primeiro gesto de bondade que tiveram comigo em anos e anos… chorei…porque me apetecia chorar… chorei porque precisava de chorar.
Dou um passo em frente e agarro-me á freira a chorar e digo, sem pensar em português:

– Por favor, ajude-me, por favor…
– A senhora fala português???
– Sim falo… sou português…embora esteja fora a muitos anos. Mas a senhora freira fala também português???
– Falo…eu sou indiana, embora não pareça. O meu pai é português e a minha mãe indiana, e aprendi a falar português. Chamo-me Mariana e como se chama?
– Alfredo.
– Isso é nome de homem…
– Eu sou um homem…não pareço pois não??
– Eu juraria que era uma mulher, disse ela com cara de espantada.
– Mas p seu apelido…
– Não sei, irmã, não me lembro, è uma longa história.
– E quer contar-me?
– Levaria muito tempo…e a irmã ainda tem aí muitos sacos para entregar.
– Então podemos fazer um trato?
– Que trato?
– Ajuda-me a distribuir o resto dos sacos, e depois vem comigo até ao abrigo, e conta-me a sua história toda, que lhe parece?
– Tem a certeza, irmã?
– Tenho, venha.

E estendeu-me a mão, e eu timidamente a agarrei. Fui ajudar ela, e depois ela levou-me até uma carrinha, onde mais duas freiras estavam já sentadas, á espera dela. Estavam mais 3 sem abrigos sentados na carrinha e eu juntei-me a eles.
Fomos para o tal abrigo, onde dei um banho, e deram-me roupas lavadas.
Depois levaram-me para uma camarata, havia duas, uma para mulheres e outra para homens, e a irmã Mariana ficou atrapalhada e corou, quando me disse:

– Alfredo…agora não sei…
– AAHAHAAHAHAH… não se apoquente, irmã, fico na camarata dos homens. Ainda mijo de pé.
– A irmã Tsen também mija de pé. disse ela a rir.

Fui para a camarata estavam lá 4 homens, e na manhã seguinte eles foram todos embora, a seguir ao pequeno almoço, mas seu fiquei.
A irmã Mariana sentou-se comigo numa mesa, e eu sem que ela mo pedisse, contei-lhe tudo que se passou comigo. Como fui raptado, e vi aminha mãe ser assassinada, como fui levado para o estrangeiro, vendido a um velho gordo, e como fui enrrabado e violado por ele, como ele me usou para fazer filmes porno gay, até eu etr uma certa idade. Falei-lhe como eu já fazia aqui mecanicamente, e que eu até gostava de mamar caralhos e depois ser enrrabado por eles. Contei como vim parar a Jacarta, fui novamente vendido, falei que trabalhei num bordel de rapazes, como depois comecei a tomar hormonas primeiro sem saber, e como depois descobri, como estive numa clínica, e depois da minha quase total transformação, fui para uma mansão na selva, onde vi matarem uma rapariga e contei a história do menino. Depois contei sobre a minha fuga e o meu medo de ele me apanhar e voltar á mansão, e provavelmente ser assassinado. Confessei que estava já habituado ao meu novo corpo e que queria continuar a ser uma trannie, e que haveria de me vingar deles todos, que os iria matar.
A irmã Mariana ouviu tudo, em silêncio, a certa altura as lágrimas escorriam pela face dela, mas ela deixou-me continuar até eu acabar. Eu nessa altura também chorava, e ela levantou-se da cadeira, pôs-se ao meu lado e eu encostei a minha cabeça no colo dela, e ela deixou-me chorar, sem falar nada.
Fui ficando naquele abrigo, ajudando as freiras a preparar as refeições, a limpar as camaratas, enfim ajudando no que podia.
A irmã Sara, uma das outras freiras, arranjou.me trabalho num restaurante, na cozinha. Eu descascava legumes, lavava loiça, varria e arrumava o restaurante e o mais importante ganhava dinheiro, que pude ir juntando.
Aconteceu também que eu… comecei a apaixonar-me pela irmã Mariana, ou irmã Nita como as outras freiras lhe chamavam.
Comecei por admirar a bondade dela com os sem abrigo, e a maneira como ela me tratava, como por vezes tocava nas minhas mãos e a as agarrava, comecei a gostar do toque dela.
Um dia, em querer, vi ela toda nua. Andava eu a limpar o chão, e também limpava as celas das irmãs. Elas ao principio não queriam, que elas arrumavam as celas delas, mas eu insisti pelo menos em lavar o chão quando elas não estivessem lá. Eu pensava que a irmã Nita andava na rond, a distribuir os sacos de comida, e entrei na cela dela, e apanhei ela no banho dela. Elas davam banho em banheiras, como as que vemos nos filmes, e naquele momento ela estava de pé na banheira e vi ela toda nua… a pele branca, as mamas grandes, com auréolas rosa, a cona dela com pelos castanhos claros, aquelas pernas perfeitas, aquele cu arredondado…e aquele cabelo longo, castanho claro, que ela escondia na touca… fiquei parado, sem reação. Ela também não reagiu de imediato, ficou igualmente espantada a olhar para mim, e num repente, cobre a cona e as mamas com as mãos e os braços e eu saio da cela dela, mas com um tesão no caralho como nunca tinha tido na minha vida.
Nessa noite ao jantar eu nem conseguia olhar para ela. Se eu estava apaixonado por ela, mais ainda fiquei. Atenção eu não admitia a mim proprio que estava apaixonado por ela, não o admitia porque ela era uma freira, e eu…bem eu era o que era.
Passaram dias até que eu falasse com ela novamente, sem ser o bom dia e o boa noite. Eu estava na camarata, estava a descansar do trabalho no restaurante, e estava a pensar em sair dali e ir para uma pensão, pois eu sonhava coma irmã Nita, sonhava com o corpo dela, sonhava que a fodia de todas as maneiras. Nos meus sonhos, eu chegava perto dela, despia-lhe a roupa de freira, depois despia-me a mim, e depois trocávamos beijos e linguados, as nossas mamas roçavam umas nas outras, e depois eu ajoelhava-me e lambia a cona dela, enterrava a minha cara naquela cona cheia de pintelhos castanho claros, e depois abria-lhe as cona, e metia a minha língua dentro da cona dela, e ela de cabeça pendida para trás, agarrando-me na cabeça e sorrindo, dando gemidos e gritinhos de puro prazer. Depois era ela a ajoelhar-se, e a mamar no meu caralho, engolindo ele, chupando-o, dando-me um enorme prazer. Depois eu deitava-a na cama, agarrava nas pernas dela, e afastava-as, deixando a cona dela á minha disposição, e enterrava o meu caralho na cona dela, e começava a foder ela, e ela com voz rouca, a chamar pelo meu nome, e eu inclino-me e abocanho as mamas dela, e depois beijo-a na boca enquanto a fodo. Ela depois vai para cima de mim, e cavalga-me o caralho, agarrando nas minhas mamas, e eu nas dela, até que lhe encho a cona com esporra. Agora estávamos aos beijos, ponho ela na beira da cama, de 4, e dou-lhe no cu com meu caralho todo. Vejo as mamas dela a balançarem, ela a foder-se no cu com meu caralho, até termos um orgasmo ao mesmo tempo e depois deitávamo-nos abraçados, e adormecíamos. Tinha este sonho todas a s noites, e mesmo durante o dia, não a via como uma freira, mas sim como a mulher que eu me apaixonei, e achei que não era justo para ela, nem para mim, mas sobretudo para ela. Não poderia exigir que ela senti-se o mesmo por mim, que tivesse os mesmos desejos. A vocação dela era servir Deus e a igreja, ajudar os mais necessitados, e eu que lhe poderia oferecer???
Estava eu a pensar em sair daquele abrigo, na camarata, quando ela entrou na camarata.
Fechou a porta. E veio ter comigo, e disse:

– Temos que falar Alfredo.
– Não irmã Nita, não temos. Eu vou sair do abrigo e resolve-se assim o problema.
– Sair do abrigo???
– Sim. Eu vou morar numa pensão, não se preocupe.
– Alfredo… posso falar agora eu?
– Diga, irmã Nita.
– É sobre o que se passou no outro dia…e não só.
– Sobre o outro dia, eu peço-lhe desculpas…eu não sabia que…
– Alfredo… deixa-me falar…
– Desculpe.
– Eu não sei como dizer isto, mas eu venho-me apercebendo desde já a algum tempo, que tu, me olhas de outra maneira.
– Irmã eu…
– Deixa-me falar por favor, imploro-te.
– As irmãs também pensam o mesmo. Pergunto-te, Alfredo, e responde-me com sinceridade. Tu… tu.. gostas de mim como…bem como… um homem gosta de uma mulher? Por favor responde-me, sem me mentir.

Olhei ela nos olhos dela, baixei a cabeça e voltei a olhar, ela não deixava de olhar para mim, eu esfregava as palmas das mãos uma na outra, e não tinha saída.

– Sim, irmã Nita. Eu apaixonei-me por si. Não consigo evitar. Adoro quando me toca nas mãos, adoro quando sorri para mim, adoro ouvir a sua voz, amo a sua cara, os seus olhos, a sua boca. Não o fiz de proposito, mas quando a vi toda nua, eu desejava vê-la nua já a algum tempo, pois eu desejo o seu corpo. Aos poucos fui-me apaixonando por si. Pensei que fosse gratidão, por me ter ajudado, mas não, sei bem o que sinto, e é amor. Pronto agora sabe tudo e sabe porque me vou embora, irmã Nita.
– Porque não me tratas só por Nita?
– Porque me pede isso?
– Porque… porque…eu estou apaixonada por ti, Alfredo.

Aquilo foi como uma bomba, eu não o esperava ouvir. Olhei para ela, e mal consegui falar:

– Apaixonada por mim?? Por mim???
– Sim… ai meu deus, perdoa-me, mas sim estou apaixonada por ti. Bem que tento resistir mas não consigo, amo-te, amo-te, amo-te. Amo-te desde que te vi, não sei porquê. E com o passar dos dias, fui-me apaixonando por ti. Sim, eu desejo teu corpo. E sim já te vi todo nu, enquanto tu davas banho, e desejo teu corpo. Eu prometi a Deus dedicar-me de corpo e alma a ELE, mas não consigo, não consigo. Só penso em ti, e desejo-te.

E sentou-se na cama ao meu lado a chorar, e eu a olhar para ela, sem saber o que fazer. Pus então o meu braço á volta das costas dela e ela inclina a cabeça para cima do meu ombro, e coloca o braço á volta do meu pescoço, e diz:

– E agora, Alfredo??? Que vamos fazer???
– Não sei, Nita. Eu devo afastar-me de ti…não te posso oferecer nada… só tristeza.
– Não Alfredo… tristeza não…como podes oferecer-me só tristeza se eu ao teu lado só me apetece sorrir?
– Mas Nita, sabes toda a minha história… sabes que eu pretendo fazer…
– Sim sei…eu sei… mas mesmo assim… quero-te. Amo-te.

E o inevitável aconteceu, beijámo-nos na boca. E com aquele beijo intenso, apaixonado, ambos percebemos que a vida um sem o outro não fazia sentido. Foi como se eu renascesse outra vez, quando senti os lábios da Nita.
Olhámo-nos nos olhos, e voltámo-nos a beijar, e o tesão que sentíamos falou mais alto, despimos as nossas roupas todas e naquela cama na camarata, beijámo-nos todos nus, percorremos nossos corpos com as mãos e as bocas, mamei nas mamas grandes dela, beijei a barriga dela, as coxas, lambi a cona dela, e ela mamou no meu caralho, mamou nas minhas mamas, e eu fodi a cona dela , arranquei-lhe suspiros, gemidos, o meu nome dito por ela quando a estava a foder, ela com aquela voz rouca a dizer o meu nome e depois a palavra, amo-te, quero-te… e eu também lhe dizia isso. Fizemos amor tal como eu sonhei, mas claro que muito melhor foi.
Ela a cavalgar no meu caralho, olhando para mim e a sorrir, lambendo os lábios.. levou-me á loucura. Quando eu lhe pedi e ela meteu a língua dela no meu cu, levou-me ao céu.
Acabámos exaustos mas não saciados. O meu corpo pedia o dela e o dela o meu. Mas tínhamos de parar.
No dia seguinte voltámos a foder, na camarata.
Na semana seguinte, abandonámos os dois o abrigo, e ela abandonou a vida religiosa.
Juntos atravessámos meio mundo, ou o mundo inteiro conforme entenderem, viajámos de comboio, de barco, andámos a atravessar as fronteiras por estradas secundárias, levamos meses a chegar á Europa, a Portugal. Levámos 1 ano e 3 meses a fazer esse caminho. Ela tinha identidade e passaporte e passava nas fronteiras convencionais, agora eu… não. Atravessei rios, florestas, dei algum dinheiro, o meu cu e meu corpo a contrabandistas que me passavam pelas fronteiras.
E depois ia ter com a Nita nos locais combinados previamente. A Nita nunca reclamou, nunca me disse que estava farta…apenas em apoiava como me apoia, hoje em dia.
Não vou descrever como foi cada travessia de fronteiras, apenas vos digo, foi uma aventura inesquecível. Uma trannie e uma ex-freira apaixonados, atravessam o mundo desde Jacarta até Portugal, e a trannie sem documentos.
Em Portugal, eu estava dado como desaparecido. Fui a uma esquadra da polícia, e contei parte da minha história. Que fui raptado, a minha mãe morta, e vivi com uma família, até fugir dessa família. O resto não contei, mas sei bem que os policias não são parvos, mas eu mantive aminha história até que através do assassinato da minha mãe, descobri outra vez o meu nome. Descobri que na altura andou o país inteiro á minha procura, quando se soube do ocorrido.
Deram-me novos documentos quando tiveram a certeza de quem eu era.
Através de associações particulares, eu e a Nita fomos morar numa casa, deram-lhe trabalho e a mim também, e voltei a estudar. Voltei a tomar hormonas femininas. Até aos 30 anos, vivi assim, com a Nita, eu trabalhava e estudava, e ela trabalhava, e num acaso do destino a Nita engravidou, tinha eu 26 anos. Nasceu a minha filha, dei-lhe o nome da minha mãe, Rosa.
Parecia que o meu pesadelo acabara, que a minha sede de vingança tinha passado, mas não. Os pesadelos continuavam. Um dia tinha a minha filha 4 anos, e vinha andar na rua com a minha Nita, para um carro perto delas, e foi como se estivesse a repetir tudo… mas claro que foi tudo paranoia minha, mas eu corri para elas, e agarrei na Rosa, e fugi até casa, com ela a chorar assustada.
A Nita chega logo a seguir, e eu caí em mim, entreguei-lhe a Rosa, e disse-lhe:

– Nita, meu amor… isto só acaba quando eu…
– Vai… vai… faz o que tiveres a fazer, mas volta para nós…a rosa precisa de um pai e eu preciso de ti.

Demorei meses, até ter coragem de voltar á aldeia onde nasci. Quando lá fui, com a Nita e a minha filha Rosa, e passei de carro, perto do local onde fui raptado, fiquei em choque…não tinha mudado nada… olhei na estrada e vi onde a minha mãe caíra morta…
Entrei na aldeia, haviam poucas pessoas, e as que havia eram idosas. Todas olhavam com curiosidade para aquelas duas mulheres com uma menina. Sim porque eu aparentava ser uma mulher. Percorri a pé o caminho até á minha casa,,,estava em ruinas. Entrei pela porta que já lá não estava… e olhava e via a minha mãe, na cozinha, a fazer o almoço, e via-me a mim, a estudar… saí de lá de casa a chorar, e dali fui ao cemitério, visitar a campa da minha mãe. Quando li o nome dela na lápide, ajoelhei-me, e chorei. Pedi-lhe perdão de ter fugido, de não a ter ajudado, pedi-lhe perdão por ter vivido a vida que até a pouco tempo tinha vivido. A Nita, afagava-me os cabelos, e a minha filha abraçou-me.
Junto ao cemitério só havia campo, e eu fui apanhar umas flores do campo, as favoritas da minha mãe, e coloquei elas na campa dela. Ao lado da campa dela estava a da minha avó, mas nem lhe liguei, dei-lhe a mesma indiferença que ela teve para comigo e a minha mãe.
Anos mais tarde, mandei colocar na campa uma pequena estatua, de uma mulher de mão dada com um rapazinho, a caminharem.
Depois dessa visita, voltei a ir muitas vezes mais á aldeia, arranjei um nome falso de mulher, Ana.
Meses passaram e muitas conversas tive com as pessoas. Lembro-me que no dia em que fui raptado, os meus raptores sabiam o meu nome e o da minha mãe, onde ela trabalhava, e sabiam que o meu pai fora um músico e ela mãe solteira. Como sabiam tanto??? Só falando com as pessoas da aldeia.
Numa das conversas que estava a ter, uma mulher bem idosa, disse:

– Pobre Rosa, e o menino Alfredo, sabe deus por onde andará… e aqueles senhores tão bem vestidos disseram que os ajudariam.
– Que senhores??? perguntei eu.
– Os senhores de Coimbra, que disseram a mim e ao meu homem, que dariam trabalho á Rosa. A coitadinha morreu logo a seguir, morta.
– E não sabe o nome desses senhores???
– Ai menina, não me lembro bem, ma sera qualquer coisa em estrangeiro…

Uma pista, pequena mas era uma pista.

Continua

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