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Eu e Beto, início das aulas, missa, Segunda feira movimentada

5308 palavras | 11 |4.59
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Abri meus olhinhos de manhã bem cedinho, Beto nanava feito um neném ainda, fiquei um tempo sentindo o braço fortão relaxado em minha barriga, o pernão pesado mesmo com Ele dormindo me prendendo firme, eu parecia um corpinho de boneco ali junto ao meu grandão, fiquei pensando nas falas de Claudionor prá mim, ah mlk, tem que ter medo de Beto não, Ele grita mais é tu que manda bobo, que tu falar, ele faz, ri por dentro, já conhecia os tapão e as cintadas do meu Nego, eu que não ia querer aquela mãozona me dando um soco nem aquele pernão me dando um chute nunca na vida, bem vi o que meu doce Beto tinha feito com o cosipano no carnaval, cruz credo, Beto brabo virava um bixo rs.
Tive que acordar Ele prá sair da cama, me soltou dizendo com voz de sono ainda, vai lá safadinho fazer tuas coisas, me chama 07.15, fui adiantar tudo, agora só tinha a parte da manhã prá cuidar de tudo, a tarde toda era escola e segunda feira tinha é serviço naquela casa, Luciano dormia ainda lógico, nem vi a hora que ele tinha chegado do baile, depois das ‘surra’ na cama que Beto me dava, eu não dormia, desmaiava mesmo.
Enchi rudo que era balde e o tanque com roupas de molho prá lavar depois, sem fazer barulho prá não acordar ninguém mas Seu Aroeira sempre levantava cedinho lá atrás prá fumar o pito dele sentado ou acocorado no chão, bom dia meu garoto falou, fez café já, a mão como sempre alisando o negoção entre as pernas, água tá fervendo, já trago pro Senhor respondi, entrei, coei o café, levei uma caneca fumegando prá ele, bom menino disse Ele, Beto sabe deixar a cria à moda do Norte, como tem que ser, se eu deixar o cabrinha de Clemente metade do que tu é, prá mim já tá bom demais, deu uma risada safada, pedi licença e fui fazer meu cuscuz, Seu Aroeira quando começava com essas conversa num parava mais, Beto num gostava que eu ficasse de conversinha com ninguém naquela casa sem Ele junto, sabia das coisas meu Nego, homem é bixo do cão me dizia todo dia quase, fiz meu cuscuz pensando no que aguardava esse tal mlk nas mãos do irmão de Preá e de Seu Aroeira, sorte a minha de ser do meu chatão, Beto era bruto igual o povo lá de cima mas sabia conversar, me acalmar prá Ele, era diferente com as coisas de sexo meu Nego, fritei ovos, bacon, esquentei leite, fui chamar Beto, tava na hora, safado como sempre de pintão duro já acordou falando safadeza, foi tomar banho, voltei prá cozinha prá fazer as coisas, Seu Aroeira continuava pitando lá fora, Beto saiu do banho, pôs o macacão no quarto, bateu forte na porta de Luciano, levanta vagabundo gritou, tá animado hen disse alto lá de fora Seu Aroeira, tou mesmo disse Beto da porta, hj é a missa não esquece, entra prá tomar café com nós, mlk já me deu um canecão cheio logo cedo respondeu ele, venha comer um cuscuz e tomar mais então, é melhor que pão com banha e mortadela lá na Oficina, ele entrou ao mesmo tempo que Luciano saía do quarto tonto de sono ainda, bom dia nos disse, vcs parecem que não dormem, tudo já aceso essas hs, são mais de sete e meia já loirão, dormi e muito bem falou Beto, se avie que tu já tá é atrasado.
Pode me servir na tigela rapazinho, tou varado de fome hj, até ri, Beto sempre acordava assim, até brabo tava sempre com fome, enchi a saladeira de cuscuz com ovos e bacon prá Ele, pus o leite e café na mesa, Seu Aroeira se serviu, quer leite perguntei à Beto, não bebê, põe só café, leite aqui quem tem que tomar é tú, senta e come tb, coloquei um pouco de cuscuz com ovo prá mim, enchi meu copo com café sem leite, ê teimosia falou Beto rindo, põe leite nesse copo já já rapazinho, tou mandando, que se faz prá tirar teimosia Aroeira véio, melhor remédio que rabo de tatú num inventaram ainda respondeu Seu Aroeira rindo tb, é tiro e queda dez minutos aquilo cortando carne de teimoso, ae num dá disse Beto, meu bebê guenta isso não, é paulista o sem vergonha, no cinto já treme só de ver eu pegar, então não reclame disse Seu Aroeira, eu sou véio já, das antigas, tenho pena na hora de corrigir ninguém não, tiro sangue mesmo prá aprender prá sempre, eita, conversa tá animada aqui hj hen disse Luciano enrolado na toalha ao sair do banheiro, quero ver quem encosta rabo de tatú no lek comigo vivo, cinta tudo bem, é direito se for preciso, outra coisa nunca, eu tava nem ae prás conversas deles, tava é comendo quietinho e pondo leite no café lógico rs.
Seu Aroeira levantou, vou acordar aqueles dois vagal falou, Luciano veio já lindo de macacão tb, começaram a conversar lá do Baile, Sexta feira eu vou disse Beto, Preá nunca vai mesmo, fica aqui com o mlk, vou tranquilo, tava é bom disse Luciano, quebrei duas rapariga, eita irmão disse Beto, chega me deu vontade de ter ido agora tb, e eu aqui em casa só na tv e dormindo, tá bom Beto gargalhou Luciano, te conheço safado, tu sozinho aqui com o mlk, durmindo, fiquei vermelho, Beto riu e disse, adianta as coisas que der bebê, perder hora da escola te quebro a cara, chegou das aulas fazer a janta e mais nada, eu que te pegue em tanque de roupa de noite igual era na outra casa prá tu ver cinto estalar nas carnes, enche um potão de cuscuz prá Preá e Luciano comerem lá no trampo, fica chato Aroeira comer e eles não esses dorminhocos, põe bastante, Murilo esganado come tb, tá animado prá escola nova perguntou-me Luciano, tou respondi, num vai tar, mulekada, bagunça disse Beto, é tudo que o safado quer, não teja na oficina as 06.05 não olhando sério prá mim, aula é até às seis, vou chegar na oficina em cinco minutos como, falei, corre, voa mas se vira, num vamos chegar atrasados na missa não disse o chato mais sério ainda, toda primeira Segunda do mês, Beto mandava rezar missa prá Seu Jurandir que tinha ensinado a profissão prá Ele, Cunha seu Amigo e Dona Lindaura que tinha sido amiga e dona da pensão lá na São Bento, Luciano pôs na lista a sua Lindinalva, Lindinha como ele a chamava sempre, era bonito ver aqueles cinco na missa, a safadeza sumia daqueles rostos, Beto se ajoelhava assim que chegava, não levantava nem quando o Padre mandava, vida dele era toda pecado me dizia, Luciano chorava sempre, o bonitão não tinha religião mas conhecia as almas, tinha sido alimentado, vestido por elas um dia numa tal Barbacena lá nas Gerais, tinha uma fé inabalável nas Santas Almas como ele dizia sempre, Seu Aroeira, Claudionor e Preá tb ficavam sérios o tempo todo da missa, no dia seguinte tudo voltava ao normal, os assuntos, maior parte eu não escutava, Beto me mandava ir ver tv, eram de safadezas sempre.
E foi todo mundo trabalhar, fiquei sozinho como sempre, serviço não me faltava, Beto mandou fazer costela com batatas pro almoço, já tinha tirado do congelador logo cedo a carne, passei pano na casa toda, lavei o alpendre, arrumei as camas todas, pus a carne no fogo, minha Deusa prá cantar na vitrola e fui brincar de lavar roupas no tanque, dia de Segunda feira só toalhas tinha mais de dez prá lavar,
Fui prá cozinha depois, sentei prá tomar um copo de café, tava cansado de verdade, coloquei os temperos na panela do feijão e da carne, era cedo prá fazer o arroz ainda, arroz prá Beto tinha que tar quentinho, senão danado brigava, fui passar a roupa pros dois irem prá missa, Luciano qualquer roupa que eu passasse tava bom prá Ele, Beto não, tinha que ser calça social azul marinho ou preta e camisa de manga comprida clara, o sapato preto tinha que tar brilhando sempre, danado era exigente com roupas tb, lá fui eu deixar os sapatos tinindo depois das roupas prontas mas dava gosto ver depois, ninguém na rua diria que Beto e Luciano eram técnicos de oficina, pareciam uns Doutor os dois todo alinhado pelas ruas, as moças da vida falavam prá eles, Sears tá em promoção, nós tb, tamo indo prá missa suas safadas diziam eles, eu ria com aquelas muié da rua.
Beto, Luciano e Preá chegaram prá almoçar, tava temperando salada, comida toda fresquinha, farofa de cuscuz, tudo como Beto gostava, eu tava morto de cansado, Beto dizia que eu era é molenga, falta de surra, eu bem queria ter o pique dele mas não tinha não, ficava cansado de verdade.
Beto e Luciano foram tomar banho, Preá sentou na mesa e ficou esperando, saíram do banho, Beto me chamou no quarto, lá vem bronca pensei, que nada, ele viu a roupa passadinha na cama, cueca, meia, sapato brilhando no chão, mlk danado tenho disse-me alisando meu queixo, obrigado safado, tudo no jeitinho que teu Homem gosta, Aroeira inda vem me falar de porra de rabo de tatu, ele que guarde prá mãe dele isso, vamos comer, tou morto de fome só de sentir o cheirinho saindo das panelas.
Fiz o prato pros tres direto das panelas, tá faltando bandeja e tigela nessa casa prá por as comidas na mesa mlk disse Beto, eu nem ligava, o Nego era assim mesmo, na frente dos outros Ele gostava de mostrar quem mandava, não deu tempo de arrumar a mesa Patrão, respondi, pois durma cedo e levante mais cedo rapazinho, prá fazer tua obrigação direito, aiai pensei, ruim era Beto me deixar dormir cedo, a vitamina dele ele segurava, demorava e muito prá sair rs.
Sentei prá comer com eles, pus pouca comida prá mim, prá não dar moleza de ir prá escola depois, isso rapaz disse Beto, com esse pouco de comida tu num guenta o trampo de casa não sem vergonha, nem respondi, comida tava é boa, os três se acabaram mas eu comida só guentava muito se fosse doce, adorava doces, ae me acabava mas fazia tempo que Beto tinha cortado meus doces, volta e meia eu fazia era pudim de leite condensado, Ele gostava tb e eu matava minha vontade.
Acabamos de almoçar, Luciano foi dar um coxilo no tapete da sala, Preá foi lá prá casa dele descansar um pouco tb, Beto tinha uma geladeira prá consertar nem descansou, voltou prá Oficina mas passou a cartilha antes, deixe a chave lá na Oficina rapazinho prá não perder, nada de conversinha com os mlks mais velhos na Escola hen, 06.05 te espero na porta lá, atrasa um minuto prá tu ver, até ri, como vou chegar lá em 5 minutos Beto, tem como não, lhe disse, duas quadrinhas curtas garotão, dá de sobra falou Ele, se contar a praça prá atravessar é três continuei, o xato bateu de leve na mesa dizendo, dou ordem prá cumprir bebê, cê que sabe se quer dormir quente depois da missa, me beijou a testa, rango como sempre tá delícia meu teimoso, só faltou a comida posta direito na mesa, ah Beto xato, elogiava e reclamava ao mesmo tempo, Ele saiu, ajeitei a cozinha, logo Luciano levantou do chão da sala, chamou Preá e saíram tb, fui tomar meu banho, primeiro dia de aula, ia todo xerozinho lógico.
Liguei a tv enquanto me vestia e colocava as coisas na moxila, só se falava daquela ponte há dias já que enfim tava sendo inaugurada lá na Guanabara ligando o RJ à Niterói, uma chatice só.
Fechei a casa, saí, inda faltava mais de meia hora pro início das aulas mas primeiro dia era bom chegar cedo, tinha que procurar meu nome nas listas prá saber qual era minha sala, antes de sair olhei no espelho de novo, eu tava é bonito com aquele uniforme novo,
A porta da Gráfica tava fechada, Dona Guilhermina devia tar almoçando lá atrás, atravessei a rua, Branca de Neve tava sentado na poltrona véia e toda rasgada dele comendo direto da marmita, eita que meu cozinheiro tá pitel me disse rindo com aqueles dentão branco feito neve, servido? obrigado falei, almocei quase agora, boa aula garotão falou, segui meu caminho, eram duas quadras só até a Oficina.
Assim que virei na São Francisco, tinha um bar que vivia cheio de homens jogando bilhar, dominó etc, nunca tinha entrado nele, conhecia ninguém mas tinha um Sr lá que eu lembrava, sempre que passava ali com Beto ele tava lá dentro, lembrava pq quase sempre ele tava vestido só com sunga, devia morar por ali aquele safado, danado era um coroa apessoado, loirão sempre queimado de praia, grisalho já, parecia ter uns 45 anos ou mais, um bolo grande dentro da sunga, devia ter pintão igual Beto pensei comigo, nunca ninguém dali falou comigo, povo ali sabia que eu morava na casa dos mosqueteiros, respeitavam aqueles cinco mas nesse dia acho que pq estava sozinho, ele desceu prá calçada, ouvi um homem falando, o menino é lá dos mosqueteiros Wilsão, ele deu de ombros, grandão, quase fechava a calçada estreita, desviei dele prá passar pelo meio fio, ele me pegou no braço mas sem apertar, calma princesinha me disse, tá cedo ainda, aula só começa às duas, dois filhos meus estudam lá, soltou a mão do meu braço, alisou o que tinha dentro da sunga, quando é que vai deixar o Papai aqui te levar prá tomar uns sorvetes por ae, o homem que tinha falado com ele antes disse rindo, ê Wilsão, tu é fanchona mesmo, já quer carimbar até o garoto dos Mosqueteiros, eu apressei o passo e fui embora, ouvi ele falando lá atrás de mim, meu nr vc biluco, me aguarde que te pego, fdp pensei no caminho, nem sabia quem era esse homem, lógico que não ia falar nada pro Beto mas com Ele, duvido que aquele homem encostasse a mão em mim.
Cheguei na Oficina prá deixar a chave com o Nego, primeiro que me avistou foi Claudionor, assoviou e disse, eita que o Patrão tá certo, mlk tá uma formosura, filho de bacana parece mesmo, Beto se achegou na porta, vai trabalhar vagabundo disse prá Ele, mas tá uma formosura mesmo meu bebê me disse, duvido que nessa Escola tenha algum mais bonito, tirou dois cruzeiros do bolso e me deu, pro teu lanche disse Ele, tenho seis cruzeiros comigo lhe disse, guarde teus seis prá alguma necessidade lek, usa do meu, Seu Manoel foi chegando já dizendo, eita que neto formoso tenho, meu bem te vi tá bonito demais nessa farda, beijou minha testa, abriu a carteira, já dei grana pro lanche dele falou Beto, num me aperreie Oliveira, pôs 60 conto logo no meu bolso da blusa, é muito patrão falou Beto, já num ajudei na farda nem nos utensílios das aulas respondeu Seu Manoel, pelo menos a merenda do mês todo é obrigação minha dar, agradeci aquele homem que vivia me bajulando, Beto foi até a esquina perto da funerária comigo, nada de conversinha com os mais velhos, 06.05 aqui repetiu, tá bom Beto lhe falei e fui prá nova Escola, no ponto em frente à Cruzeiro descia um monte de meninas e mulekada, uns com o mesmo uniforme meu, outros com o da outra escola do lado que era particular, primeiro dia de aula, mulekada fazía bagunça mesmo.
Segui pela Senador Feijó, em frente do Clube tive aquela sensação de gente olhando prá mim, mesmo de costas, virei, bem perto vi aquele mlk moreno do porão lá da General com o mesmo uniforme meu, tomara que seja da minha classe pensei, de repente nós vira amigos, ele não falou nada, eu tb não, segui os poucos metros que faltavam até às escadarias do colégio.
Era um alvoroço só a barulheira do pessoal procurando as classes nas listas grudadas na parede, a minha era a sala 7 embaixo, vi o garoto bonito do porão subir as escadas, lá em cima era o Colegial, embaixo era tudo ginásio, o rapazinho
do porão num ia ser colega de classe meu não pensei meio triste, num sabia pq, mas gostava dele sem conhecer, tinha uma cara boa o danado.
A bedel tocou o sino, corremos todo mundo prás salas, eu escolhi uma carteira no meio bem na janela, não gostava nunca de sentar em Escola nem na frente nem lá muito atrás onde ficava a turma dos bagunceiros em qq colégio rs.
Achei que não ia ter ninguém conhecido meu ali mas tinha, primeiro que vi foi Dirceu, olha quem tá aqui escondidinho no Centro da cidade falou-me já sentando em cima da minha carteira o folgado, era gente boa o safado mas não gostava de estudar não, era da minha classe o danado lá na outra escola, devia ter repetido de ano tb, morava à metros da escola lá mas vivia faltando às aulas, tinha uns 17 anos mas era todo grandão e bonito o sem vergonha, parecia ter uns dezenove já, negócio dele era namorar as meninas no colégio e chamar os mlks mais novinhos no recreio prá tomar leite lá no fundão da outra escola, bixo era safado de tudo, muitas vezes tinha me chamado prá essas senvergonhices dele rs, lembrei-me do Beto, ai se me visse ali com um grandão sentado quase em cima de mim, eu ia levar uma surra logo no primeiro dia de aula.
Então meu garoto, foi expulso de lá tb é, com essa cara de santinho todo, não, respondi, só bombei de ano, uai e pq mudou de Escola então, me mudei aqui prá perto respondi, por isso vou estudar aqui, que bom disse Ele, aqui vou ter mais sorte, caprichar no leite condensado que lá tu num quis, levantou-se e já foi xavecar uma moça bonita lá na frente, danado fazía sucesso, era bonitão todo mesmo.
Mal ele foi lá prá frente, vi e fui conversar com duas gêmeas loirinhas que não via há tempos mas conhecia, Flora e Fauna, moravam lá na Pio XII no Saboó, brincávamos muito quando crianças, a mãe de Isaurinha CT era lavadeira, volta e meia ela ia levar roupas pruma portuguesa vizinha delas, enquanto as portuguesas conversavam, eu, elas e os vizinhos ficávamos brincando lá na rua do cemitério, eu era bom de se andar com os mais velhos acho, tudo que é vizinho me chamavam prá ir prá lá e prá cá com eles rs, eu ia lógico, adorava passear.
Legal que tinha gente conhecida ali, quase na hora da aula começar entraram Fatinha e Elcio tb, velhos conhecidos já mas não deu prá conversar, a professora de Geografia, uma moça bonita chamada Doroti entrou, mandou colocarmos as cadernetas da escola na mesa dela e começou a chamada, eu já tava com saudades das aulas, no nome Dirceu, Elcio sussurrou, safado mas deu prá ouvir na sala toda, Dirceu levantou-se, eu mesmo colegas, prazer disse bem alto, todo mundo riu, comportem-se crianças disse a professora tb rindo, se não já passo trabalho prá fazer logo no primeiro dia hen, era boazinha toda a professora.
Primeiro dia de aula acho que em todo colégio era igual, os professores e professoras ficavam mais conversando com a gente, enturmando, fazendo a classe se conhecer.
Às 04.15 tocou o sino pro recreio, era a hora da bagunça geral, 15 minutos só, quem tinha dinheiro corria prá cantina, uma fila que eu até desisti de ir ver o que tinha, sentei na arquibancada da quadra, ficamos tudo conversando, o danado do Dirceu me chamando prá ir conhecer os banheiros da escola, aquele tinha jeito não rs, mal sabia ele que aquela maravilha de leite que ele tanto falava, eu tomava em casa todo dia, de domingo à domingo, Beto chamava de coalho ou vitamina, Elcio perguntou de minha irmã mais velha, era apaixonado por ela o danado mas minha irmã namorava com meu primo desde muito nova, não dava trela pro bonitão não, gente legal demais era Elcio, morenão de sorriso bonito, sempre alegre, os pais tinham um bar restaurante bem em frente ao matadouro, freguês não faltava, danado nem pensava em trabalhar não.
Intervalo era rápido demais, tocou o sino, voltamos prá classe, lá sentada já estava Dona Gracinda à nos esperar, ia ser nossa professora daquela chata matéria, matemática.
Seis em ponto sino tocou, hora de ir prá casa ou ficar lá no pátio do colégio, as aulas noturnas começavam só as 7 horas, eu apressei foi o passo, tinha cinco minutos prá tar lá na Oficina só, Dirceu veio com a conversinha dele da gente ir conhecer o colégio, tenho hora prá chegar em casa respondi e fui embora à mil por hora, correndo quase.
Oficina já tava com a porta arriada, Beto na calçada já com cara de bravo, 06.09 mocinho, mandei tar aqui 06 05, vim correndo respondi rindo, ri safado, repete isso amanhã, vamo ver se tu ri com meu cinto preto estalando na lomba, vamos, se eu chegar atrasado na missa ele estala inda hj, fomos andando rápido prá casa, nem tomei banho, Beto se banhou rápido, entrou no quarto se enxugando, eu já tinha trocado de roupa, tava sentado na cama calçando meu tênis, ele pôs a cueca amarela, ajeitou o negoção dentro, vestiu a calça azul marinho, a camisa azul clara que eu tinha passado colocou aquele bonito cinto preto que doía se usado prá outro fim rs, lindo todo meu Beto, que tá olhando safado me perguntou rindo, tá bonito todo, respondi, ê meu menino desobediente, tamos os dois bonitos então, tu tá um pãozinho de mel me disse, calçou os sapatos pretos, vamos bebê, o pessoal tá tudo pronto lá fora esperando nós, tavam mesmo, até Clemente ia tb, todo mundo ajeitado prá missa.
Fomos andando rápido pela General, a rua já cheia dos peões e marinheiros de sempre naquelas horas, chegamos no Rubiácea, os Mosqueteiros e Clemente seguiram reto, Beto me puxou pela mão prá irmos pela Rua do Comércio, ele não dizia nada mas eu sabia que era prá eu não passar naquela hospedaria maldita em que eu tinha ficado preso, meu Nego podia ser ignorante como dizia Miguel mas tinha zelo pelo mlk dele, do jeito dele, cuidava.
Chegamos no Valongo, era a igreja preferida de Cunha e Dona Lindaura, por isso Beto mandava rezar as missas ali, eu tb tinha sido batizado nela, bonita demais por dentro e por fora, sentamos, Beto como sempre já se ajoelhou, de cabeça baixa ficava ali rezando ajoelhado até a missa acabar, o Padre logo começou a missa, Igreja lotada como sempre na Missa das Almas, de cara o Padre rezou junto com a igreja toda, o Pai Nosso pelas almas daquele dia e por todas as almas do Joelma, já fazia um mês da tragédia mas aquilo ficou vivo na cabeça da população toda, a TV falava naquela desgraça direto, das vítimas que ainda não tinham nome, dos coitados que morreram presos no elevador, os olhos verdes de Luciano jorravam lágrimas feito água, eu olhava aquele rapaz grandão e lindo que eu conhecia tão bem como Amigo e como Homem tb, de pé, rezando e chorando, a camisa branca encharcada com as lágrimas, parecia um Anjo que ia subir voando pro teto da igreja, era bonito demais aquele Homem, mesmo em lágrimas, no futuro, todas as vezes que eu entrava numa igreja, lá em Portugal, depois em Saint Patrick, Notre Dame e outras em Paris, não era no Cristo que eu pensava, era sempre naquele Gigante Loiro que parecia subindo ao céu em lágrimas, nunca saia da minha cabeça aquela imagem.
Na hora da comunhão Beto sempre alisava minha perna prá eu ir comungar, eu não tinha pecado me dizia sempre em casa, o pecador era Ele, eu só obedecia as coisas que ele queria, eu ia prá fila sozinho, ninguém naquela casa comungava.
Acabou a missa, era noite já, voltamos tudo pela Rua do Comércio, Claudionor mandou a gente esperar um pouco, ele ia na antiga pensão ver se o saco de boxe que Beto e Luciano viviam pedindo, ainda estava lá, quis me levar junto, Beto não deixou, pow Beto, pro homem lá ver que o mlk tá bem, é louco não, foi graças à Ele que nós ficamos sabendo aonde o garoto tinha tado preso, prá onde tinham levado, quem tinha arrebentado o mlk, pois convide o cara prá ir filar a bóia lá em casa qq dia disse Beto, comigo vivo esse teimoso nunca vai pisar naquele trecho maldito.
Claudionor foi e voltou rápido, bixo era serelepe prá andar, tá lá o saco ainda nos disse, primeiro carro que pintar lá em casa, nós vêm buscar, eita que mil almas se salvaram hoje nessa missa, desde ano passado que te cobro isso disse Beto, porra Beto, demoro mas esqueço as coisas não respondeu Claudionor, tou devendo uns pregos pro mlk num é de hoje, dessa semana num passa lek, apertou meu ombro, tapete do Portuga esse mês sai, hum disse Beto prá mim, já tava quase jogando aquela moldura fora, temos muito que conversar hj garotão, me aguarde, caraio Beto, disse Luciano, até dia de missa tu vai perturbar o coitado, perturbo se precisar sim, safado tem que lembrar que cinto não serve só prá segurar calça não, tá bom Beto continuou Luciano, fique tranquilo mulekão, eu tou lá, fomos andando prá casa, agora devagar, as putas tavam num alvoroço só, o cais tava cheio de navios, do jeito que elas gostavam, dólar prá todo lado.
Chegamos em casa, era bem umas nove hs já, minha novela já tinha acabado, fui fazer arroz, dia de missa todo mundo jantava lá em casa, eles ficaram lá fora conversando, coloquei o panelão de costela prá esquentar, Clemente gritou lá atrás, meu mano disse que tua costela tá o bixo garotão, hj me acabo, tava fazendo salada, Luciano entrou prá fazer um caldeirão de caipirinha, prá abrir mais o apetite meu menino bom disse-me beliscando minha barriga, tava lindo hj tu chorando lá na missa lhe disse, parecia um Anjo, ê meninão, tu já me viu chorando demais nessa vida, respondeu-me, queria que tu me visse é tarado de novo, sinto saudades lek, meu mano Beto não fosse tanto ciúmes que tem de ti, nós dois ia cuidar de ti juntos, de boa, danado já me disse mil vezes, se eu morrer, tome conta do meu bebê, deixe ele cair na mão do véio doido nunca, eu não quero meu irmão morto, queria tomar conta sim mas com Ele vivinho aqui com nós, fiquei vermelhinho e quieto, ele riu, eu achava Luciano lindo, tinha gostado de conhecer o danado como Homem que era, eu tava enganado mas nunca em meus pensamentos, nem quando Beto me pegou com aquele cinto preto lá na outra casa e só parou de bater quando eu me mijei todo no chão, eu me imaginava deitado com outro homem a não ser Ele, eu amava meu xatão como se Deus fosse, graças à Deus ali naquela casa eu só recebia broncas, aos kilos, mas nunca tinha levado sequer um tapa do Nego, já conhecia o jeito dele, não dava motivo nenhum.
Luciano foi lá prá fora com a panela de caipirinha, levei gelo e os copos e voltei prá dentro prá arrumar a mesa, já tinha aprendido que naquelas conversas deles eu não tinha que participar, Beto veio, tudo pronto meu teimoso, tudo, respondi, ele piscou o olho, já já nós entra então continuou, jantar, toma teu banho, depois te dou tua vitamina e vamos dormir, de manhãzinha bem cedo quero tar lá no médico, já pedi prá Deus lá na missa prá esse bracinho não dar trabalho prá nós.
Ele voltou lá prá fora, tavam falando do tal garoto de Clemente que tava na pensão com ele mas iam prum cortiço lá na Bittencourt até o fim de semana, Seu Aroeira que tava vendo isso, entraram depois, Beto olhou prá mesa tudo ajeitadinho como Ele gostava, abriu umas cervejas e sentaram, enchi o pratão dele e sentei prá comer tb, tava com fome, tinha almoçado pouco, enchi meu prato, isso sem vergonha disse Beto, agora sim, sabia que cortando as porcarias, tu ia aprender a comer direito, ah vá disse Luciano, larga de perturbar o mlk Beto, tava todo mundo comendo com gosto, até eu tb, depois Claudionor pediu um docinho, não tinha, peguei queijo branco e goiabada, coloquei na mesa, até Beto quis tb, olhou prá mim, põe prá tu tb safado, jantou direito, pode comer teu docinho, deixo.
Voltaram tudo lá prá fora depois, arrumei a bagunça, fui tomar meu banho, dei boa noite à eles e fui deitar, tava quase dormindo, Beto entrou, cara de cansado tava o Nego, jogou calça, camisa, cueca, sapato tudo no chão e deitou peladão do meu lado dizendo, hora da tua vitamina meu rapaz, olhei, a cobra grossa tava empinada sobre o umbigo dele querendo minha boca, hj teve missa Nego falei, ele riu, ah meu malandrinho disse, rezou lá, agora reza aqui, puxou com carinho minha cabeça prá baixo, vamo, mostra pro teu Beto que tu é todo dele, sente o doce dele que tu tanto fala.
Passei a mão alisando suavemente o sacão dele, a piroca, sempre olhando prá ele, ele prá mim, ah mamãe, gemeu ele alisando meu queixo, que que eu fiz prá merecer uma riqueza dessa mamãe, me conta mamãe pq mereço esse menino teimoso e bom, fiquei dando uns beijinhos gostosos nas bolas dele, depois subi beijando a rola toda com carinho, meu Beto gemia gostoso e baixo, ai mamãe, num deixa nunca mais roubarem esse mlk de mim mamãe, num deixa nunca mais eu voltar praquela vida ruim mamãe, ah, eu num sou nada sem minha delícia mamãe, abocanhei a cabeçona rosada, fui descendo, sentindo a gostosura do meu homem preenchendo minha boca toda, ele gemia gostoso, eu tb, sem meu doce Beto eu não era nada, Ele era tudo prá mim, sempre seria meu doce e amado Beto.

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11 Comentários

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  • Responder Kelly ID:1dai7ufw41

    Sabe dizer se tem a parte q ele leva a Surra? Eu não lembro se tem,se tiver qual é a parte

  • Responder Luiz ID:3v6otnnr6ic

    A unica forma desse conto ficar bom é Beto aceitar Dividir o moleque com Luciano, isso é sacanagem, luciano ama o moleque e nao tem direito a gozar dentro do moleque tomara que o homem do bar coma o moleque sem beto saber

    • Marcus ID:19p2lvrzj

      Rs.
      Quem sabe né ?

      Postei hj. Boa noite.

  • Responder Ca ID:fi07cbmm4

    Essa história entre Beto e Luciano dividir o lek poderia rolar mesmo

    • Baby boy ID:vpdkriql

      Concordo plenamente

    • Bsb novinho ID:19p1he2d1

      Super apoio o Luciano fuder o milk

    • Marcus ID:19p2lvrzj

      Rs.
      Quem sabe né ?

      Postei hj. Boa noite. Abraço.

  • Responder Luiszz ID:1cmhjj76t726

    Queria um desses. Rsrs
    Quem quiser conversar, tele:
    @luisz199

    • Marcus ID:19p2lvrzj

      Rs. Abraço. Boa noite.

  • Responder Marcelo ID:46kpj3z08r9

    Sempre muito bom, não demore a postar sentimos sua falta.

    • Marcus ID:19p2lvrzj

      Obrigado Querido.

      Postei hj.

      Abraços. Boa noite.