anjos inocentes 35

Não …não ..por favor não vai embora, eu não tenho culpa ….pai…pai…volta pai …não vai…fica …por favor….. PAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

—filho ..acorde filho.
—MÃE!! – eu disse assustado ao despertar.
—filho, você estava tendo um pesadelo de-novo, esta tudo bem meu querido, eu estou aqui com você agora – minha mãe disse me abraçando.
—eu sinto falta dele mãe, faz ele voltar.
—eu também sinto meu filho, dói demais, más temos que superar, hoje vai fazer quatorze dias que ele se foi, ele não vai mais voltar.
—é tudo minha culpa mãe – eu disse chorando – se eu não fosse assim nada disto teria acontecido, meu pai ainda estaria vivo, ele morreu por minha causa.
—você não pode se sentir assim filho, não foi sua culpa, eu já te disse um monte de vês que o seu pai morreu por estar dirigindo bêbado, ele estava correndo demais e perdeu o controle do carro, você precisa aceitar e parar de ficar se culpando meu querido, para de pensar nisto, você precisa ser forte por mim.
—obrigado por mãe, por ficar ao meu lado e não ficar me culpando igual o meu irmão faz comigo – eu disse chorando em seu colo.
—o meu filho, não fique assim, não se culpe, o seu irmão te ama, ele esta sofrendo e não sabe o que esta fazendo, com o tempo ele vai ver que esta errado e vai te pedir perdão arrependido, agora levante, passa uma agua neste rosto e toma o seu café, daqui a pouco já é hora de você ir para escola.
Hoje também seria o primeiro dia de escola, não queria ir, não queria nem sair de casa, más minha mãe disse que temos que tocar a vida, eu levantei, fiz xixi, escovei os meus dentes, olhei no espelho e meu rosto estava molhado com as lagrimas, passei uma agua e enxuguei com a toalha, me sentei à mesa para tomar o meu café.
—acho que vou ter que arrumar um trabalho agora né mãe?
—não se preocupe com isso agora meu filho, eu estou trabalhando e dou conta de sustentar nós dois, a casa é nossa, então da para manter as despesas.
—mesmo assim eu vou conseguir um emprego mãe, vou começar a procurar alguma coisa para fazer, é minha obrigação te ajudar.
—Júlioooooooooooo.
—o Thiago esta te chamando filho.
—estou indo mãe, tchau – eu disse e dei um abraço e um beijo nela.

≠≠≠≠

—bom dia pai, bom dia mãe – eu disse ao encontra-los na cozinha.
—bom dia filhão, esta preparado para o primeiro dia de escola?
—estou sim pai, obrigado.
—lembre se do que conversamos filho, se algum coleguinha vier fazer bullying com você por ser gay, denuncie a direção da escola, nada de sair brigando, qualquer coisa nos ligue que viemos para resolver – minha mãe disse.
—isso não vai acontecer mãe, podem ir trabalhar tranquilos.
Sai caminhando rumo a escola, como a casa do meu namora …quer dizer, do Júlio, fica no caminho, eu o chamei, não é costume eu fazer isto, más como agora estamos juntos e depois da tragédia que aconteceu eu decidi chama-lo.
—Júliooooooooooooo.
—oi Thiago, vamos?
—e o beijinho? – a mãe do Júlio disse a ele.
—más eu já te dei um beijo mãe, más se quiser eu beijo de-novo – o Júlio disse e deu um beijo no rosto de sua mãe.
—ai que gostoso filho, más eu quero ver você dar um beijinho no seu menino ai – ela disse e eu fiquei vermelhinho de vergonha.
—MÃÃÃEEE!! – ele disse.
—que foi? Vocês são namorados ou não são?
—aff … – ele disse e me deu um selinho sutil seguido de um belo sorriso, foi bom, pois depois do que aconteceu eu não o via sorrindo, acho que a sua mãe sabia que isso o faria sorrir.
—cuida bem do meu filho Thiago, fica de olho nele, avisa o Guilherme e o Gustavo também, ele não esta muito bem ainda com tudo isso que aconteceu, qualquer coisa vocês me liguem no numero que eu dei para vocês.
—MÃÃÃEEE!! EU ESTOU BEM.
—pode deixar dona irene, eu vou cuidar muito bem dele.
—até você Thiago?
—não fique assim Júlio, a sua mãe esta apenas preocupada com você, ela ti ama e por isso se preocupa.
—tá …ta bom, vamos logo então.

Fomos caminhando até chegar à nossa famosa esquina onde esperaríamos o Guilherme, agora com uma bela novidade, o Gustavo iria vim junto com ele. Esperamos mais um pouco e logo avistamos o Guilherme puxando o Gustavo pelo braço, o Gustavo parecia um daqueles burros empacado kkkk no bom sentido kkkk.

≠≠≠≠

—vem logo Gustavo, assim vamos chegar atrasados no nosso primeiro dia de aula – Guilherme dizia enquanto me puxava pelo braço.

Eu estava com muito medo da nova escola, como eu seria recebido, eu nunca na minha vida tinha estudado em um a escola publica.

—estou com medo meu Guizinho, acho que vou desistir.
—aff …para com isso Gustavo, os alunos lá são legais, chega de fazer manha e vamos logo, olha lá o Júlio nos esperando com o Thiago.

Eles estavam felizes, pelo menos o Thiago estava, o Júlio tentava transparecer que estava, coitado, ele estava abatido pela morte do pai, e o pior é que ele se culpava por isso.

—oi pessoal – eles nos cumprimentaram e os cumprimentamos de volta.
—você parece que esta com medo Gustavo? – Thiago me perguntou, enquanto caminhávamos rumo a minha nova escola.
—claro né, eu nunca estudei aqui.
—eu já falei pra esse teimoso que o pessoal da nossa escola é legal, vocês não imagina o trabalho que foi para fazer ele vim – disse o Guilherme.
—hahaha …não tem como você fugir agora Gustavo, se você não viesse o seu pai iria te trazer amarrado com certeza – disse o Thiago.
—é …não tem jeito mesmo né – eu disse rindo de nervosismo.
—fala alguma coisa Júlio – Guilherme disse a ele tentando anima-lo.
—estou bem pessoal, vamos nos apressar para não chegarmos atrasados no nosso primeiro dia de aula – disse o Júlio cabisbaixo.
Assim que chegamos lá, estava lotado de alunos, devia ter umas duas vezes mais de estudantes que na minha antiga escola, o ambiente parecia ser assustador, tirando alguns que nos olhavam com caras de risos e deboches, alguns até nos chingavam de viadinhos, más os ignorávamos, os outros pareciam ser legais, alguns deles vieram conversar com nós, e também prestar os seus sentimentos ao Júlio e os parabenizar pelo seu namoro com o Thiago, eles estavam sabendo …a fofoca corre mais que noticia ruim.

—oi pessoal, e ai? Há ..você deve ser o Gustavo né?
—sim, sou eu …prazer.
—o prazer é meu, eu me chamo Bruninho …e você Júlio, meus sentimentos pelo seu pai, eu vim dizer que a Bianca quer conversar com você na hora do recreio, ela me mandou dizer que quer se desculpar com você.
—fala para aquela vaca que eu não a desculpo, não quero conversar com ela nunca mais, diz pra ela seguir o seu caminho e eu sigo o meu – Júlio disse muito bravo ao mesmo tempo chateado e indo para a sua sala, Thiago o acompanhou.
—ele parece ter ficado bravo – disse esse menino.
—e você quer o que Bruninho? A Bianca fodeu com a vida deles, por causa dela todos aqui sabem que eles são gays, e pra piorar o Júlio perdeu o pai há poucos dias, e você ainda vem falar isso pra ele! – Guilherme disse meio bravo também.
—calma pessoal, eu vim só dar um recado.
—é ..más você devia ter recusado, “menininho de recados”
—tudo bem , me desculpa, eu vou pra minha sala – ele disse triste e constrangido, fiquei com pena do garoto.
—poxa Guilherme, acho que você pegou pesado com o menino.
—você tem razão Gustavo, na hora do recreio eu vou me desculpar com ele, é que tudo isso me deixa com muita raiva, vamos que o sinal já vai tocar.

Meu primeiro dia na escola nova e publica foi tranquilo, bem melhor do que eu pensava, fiz alguns amigos e amigas lá.

≠≠≠≠

—e ai Gustavo, o que achou da nossa escola?
—foi muito da hora, eu adorei Guilherme, nem se compara aqueles metidinhos a ricos lá da minha – Gustavo disse muito se sentido muito feliz enquanto caminhávamos pela pracinha.
—acho que eu vou voltar embora pessoal, quero ficar sozinho e pensar no meu pai, quero ver o álbum de fotos – disse o Júlio triste.
—por favor Júlio, fique com aqui com nós –eu pedi.
—é Júlio, não vai, não quero te ver sozinho meu amor, eu sei que esta doendo, más sempre estaremos aqui um para o outro – Thiago disse e lhe beijou sem se importar se alguém visse, eu também não resisti e beijei o meu anjinho bem gostoso.
—sabe o que faltou amigos? – Gustavo disse.
—o que? – eu perguntei.
—um beijo com sabor de chocolate – ele disse e riu, nos fazendo rir também, e o mais importante, arrancou um belo sorriso do Júlio.
—vamos comprar o sorvete então – eu disse.
—eu estou fora, parece meio nojento kkk …más se vocês quiserem sorvete vão ter que comprar em outro lugar, eu fiquei sabendo que aquela moça vendedora de sorvetes se mudou para longe e não vem mais vender por aqui – Thiago disse.
—vai por mim Thiago, se você experimentar você vai gostar – Gustavo disse e riu – más é uma pena que ela foi embora, acho que ela devia vender bastante sorvetes por aqui, ela era tão gentil, vamos ter que ir na sorveteria lá do outro lado do bairro.
—JÁ SEI – o Júlio gritou bem alto nos assustando.
—ai Júlio, você quer me matar do coração? – eu disse com minha mão no peito com o grito alto que ele deu próximo a mim.
—vocês me deram uma ótima ideia, vou vender sorvete aqui na pracinha para ajudar a minha mãe, o Júlio disse todo empolgado e feliz, nos fazendo ficar felizes também.

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