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anjos inocentes 34

2661 palavras | 2 |4.10
Por

Era um pouco mais de cinco horas da manhã e eu estava igual um zumbi andando pela casa sem sono, coloquei a agua no fogo e preparei um café, meus pais estavam para acordar, me sentei à mesa e fiquei a espera-los.

—bom dia pai – eu disse más meu pai não me respondeu, ele ainda estava muito bravo comigo.
—por que a mãe ainda não se levantou?
—ela vai ficar em casa até o próximo final de semana filho, ela vai ficar de olho em você, sábado eu vou te levar para ficar com seu irmão.
—você não pode fazer isso comigo pai, eu tenho meus amigos aqui, minha escola, eu não vou embora.
—já esta decidido Júlio, você procurou por isto.
—eu não vou embora, e se o senhor insistir eu fujo de casa, por que não pode me aceitar? Eu não estou fazendo nada de errado, eu gosto do Thiago.
—CALA A BOCA JULIO, VOCE QUER FUGIR DE CASA? VAI, A PORTA ESTA ABERTA, MÁS SE VOCE FOR NÃO VOLTE NUNCA MAIS, EU NÃO VOU FICAR ME MATANDO DE TRABALHAR PARA FICAR SUSTENTANDO VIADO.

Eu não aguentei e me desabei no chão chorando, meu pai por um momento me olhou, tive a impressão que ele ficou com dó, más se mantinha firme em sua decisão.
—meu deus, de-novo essa gritaria, há essas horas – minha mãe disse ao chegar à cozinha toda descabelada por ter acabado de acordar.
—mãe! O meu pai quer me mandar embora, não deixa ele fazer isto comigo.
—filho, vai pro seu quarto – minha mãe disse.
—más mã…………….
—VAI LOGO JULIO, OU VOU TE DAR OUTRA SURRA – meu pai disse bravo.

Fui pisando forte no chão de raiva, lá do meu quarto eu ouço a minha mãe conversando com o meu pai sobre mim.

—ele precisa ir sim irene, se ele ficar aqui só vai piorar as coisas, não temos como impedir esse menino de se encontrar com o filho do Francisco.
—más Antônio, se ele nasceu assim, não temos como fazer ele mudar de ideia, infelizmente ele vai continuar correndo atrás de garotos do mesmo jeito, se não for com o filho do Francisco vai ser com qualquer outro, independente de onde ele estiver.
—quanto desgosto meu deus …ele sempre foi um bom menino irene, onde foi que nós erramos? Por que ele se perdeu assim deste jeito? – Meu pai disse triste colocando a sua cabeça no colo da minha mãe que afagava os seus cabelos pretos e enrolados, um pouco já grisalhos por causa do tempo.
—o meu bem, eu te entendo, também não queria isto, más temos que aceitar.
—eu não consigo irene, eu quero que ele se case com uma boa mulher, que tenha seus filhos e forme uma família direita.

Tudo estava bem complicado para mim, meu pai não me aceitava, a minha mãe sim, ela parecia que me aceitava …há que ódio eu sentia disto tudo, minha vontade era subir no lugar mais alto e pular lá de cima.
Pelo menos eu ainda tinha o meu celular, eu e o Thiago trocamos muitas mensagens, assim como o Guilherme e o Gustavo também, más pouco eles podiam fazer, eles queriam vim aqui na minha casa, más eu disse que isso só iria piorar as coisas, mais do que já estavam.
O dia custou a se passar, meu pai chegou em casa depois de um longo dia de trabalho, porem hoje ele não estava bêbado, ele foi direto ao banheiro tomar seu banho, voltou e se sentou a mesa, minha mãe o serviu.

—não vai comer não moleque? – ele perguntou para mim sem me olhar nos rosto.
—não estou com fome.
—come filho, você esta desde ontem sem comer, faz mal se não comer alguma coisa.
—por mim pode fazer, talvez se eu morresse seria melhor para vocês – eu disse zangado pra eles.
—o que foi que você disse Júlio?
—é isso mesmo, se o senhor quiser me bater que bate, minha pele ainda tem bastante espaço a ser surrada – eu disse e levantei a camiseta para ele ver as marcas da surra de cinta que ele me deu ontem – eu não me importo com mais nada.
—VAI PRO SEU QUARTO JÁ JULIO OU NÃO RESPONDO POR MIM, ISSO É JEITO DE FALAR COMIGO? – meu pai disse muito bravo.
—por que o senhor tem que ser tão preconceituoso? Os pais dos meus amigos são tão legais e aceitam a orientação dos seus filhos.
—HÁ NÃO ..AGORA VOCE VAI LEVAR OUTRA SURRA – meu pai disse e se levantou, más minha mãe o impediu.
—não vai bater no menino não Antônio, não é através de violência que vamos resolver isto – minha mãe disse a ele – vai filho, vai para seu quarto logo.

É ..as coisas não estavam fáceis para mim, de madrugada a minha barriga doía muito de fome, levantei para procurar alguma coisa a se comer, minha mãe deixou o meu prato pronto de comida na geladeira, era só por no micro-ondas e esquentar, más eu não ia dar o braço a torcer, só tomei um copo de leite gelado mesmo com café de ontem e voltei a dormir, se passou três dias e já era sexta feira, eu sentia muita fraqueza no corpo, talvez fosse por eu não comer quase nada, desde ontem a noite eu comecei a me sentir muito mal, eu sentia frio, más não era frio, era um calafrio que me fazia suar muito que dava a sensação de estar com frio, meu corpo tremia demais, eu sentia minhas roupas e minha cama molhada.

—filho, levante, já esta muito tarde – minha mãe me chamou más eu não a respondi.
—acorde filho – minha mãe me chamou de-novo após alguns minutos, más como não respondi ela veio ver o que estava acontecendo – meu deus menino, você esta queimando em febre.
—estou bem mãe – eu disse bem baixinho com a vos tremendo, assim como o meu corpo também estava.
—você não esta nada bem, vou te levar ao hospital.

Com dificuldades eu levantei, meu corpo pingava suor, minha mãe me levou para debaixo do chuveiro e o ligou para abaixar um pouco a febre, não fiquei pelado na frente dela, eu fiquei com a mesma roupa que eu estava, só depois que eu já estava um pouco melhor eu me troquei sozinho no meu quarto.
Como ela não tinha carro, tivemos que esperar o ônibus no ponto, o único carro que tínhamos era do meu pai, o seu opala ss, ele tinha um ciúmes daquele carro que ninguém o dirigia, nem mesmo a minha mãe.
A minha mãe me levou ao mesmo hospital em que trabalha a mãe do Guilherme, más elas não conversaram muito, pois a mãe do Guilherme ia de uma lado para o outro atendendo os pacientes, e por coincidência quem me atendeu foi o namorado dela, bom …posso dizer que com convicção que é praticamente o padrasto do Guilherme, ele nos conhecia, más não muito, só o víamos poucas vezes, pois ele trabalha muito.

—oi Júlio, e ai amigão – o doutor me cumprimentou ao entrarmos na sala dele.
—oi – eu respondi timidamente.
—vamos ver o que esta acontecendo com você?
—ele esta com bastante febre doutor – disse a minha mãe.

O doutor colocou um termômetro para medir a febre, estava com quase trinta e nove graus, ele disse que estava muito alta, já podia se considerar um risco caso não fosse tratada, ele pôs em uma maca e me colocou para tomar soro.
—certo amigão, agora levante a camiseta por favor, vamos ver como esta esse coraçãozinho, quero examinar os seus batimentos cardíacos – ele disse segurando aquele aparelho estranho e eu vi a minha mãe ficar meio tensa.
—não doutor, não precisa – eu disse.
—há ..que isso amigão, não precisa ficar com vergonha, esse é meu trabalho – ele disse e ele mesmo levantou a minha camiseta, e foi quando ele viu as marcas da surra que levei do meu pai, elas ainda estavam em minha pele.
—o que aconteceu com você garoto? – ele disse.
—eu cai um tombo doutor – eu disse ao ver o desespero da minha mãe, más acho que ele não acreditou.
—certo! …eu estou um pouco por dentro desta situação, a rose me falou sobre isto, e você Júlio, fique aqui amigão, logo eu volto, e a senhora dona irene, pode me acompanhar até o meu escritório, e se possível mande chamar o seu marido também.

Não sei o que aconteceu lá, eu fiquei muito nervoso com tudo isso, não queria colocar os meus pais numa encrenca, eu tive que ficar até o outro dia lá em observação, foi feito alguns exames, por fim, só me encheu de remédios e me mandou embora.
Eu cheguei do hospital já devia ser umas onze horas mais ou menos, eu estava com sono, passar a noite lá no hospital foi horrível, não consegui dormir nem um minuto sequer, eu já estava indo para meu quarto.
—filho, come um pouco primeiro – disse a minha mãe.
—não mãe, eu não quero.
—come sim filho, pelo menos um pouquinho, você ouviu o que o doutor disse, se não comer vai ficar doente de-novo e vai ter que voltar no hospital – disse a minha mãe.
—aff …ta bom – eu disse e comecei a comer enquanto o meu pai me olhava estranho, ele parecia triste.
—pronto, já comi, vou pro meu quarto.

Assim que cheguei no meu quarto eu fiquei a ouvir meus pais de uma pequena fresta que deixei na porta, queria ver se eles falassem alguma coisa de mim.

—há ..que ódio que eu estou daquele medico – disse o meu pai.
—não fala assim Antônio, ele podia ter te denunciado por bater no nosso filho.
—se tivesse seria melhor do que ter que escutar aquela conversa mole dele, que vontade que me deu de dar umas porradas nele.
—você sempre foi meio esquentado né Antônio! desde quando nós nos conhecemos, e na minha opinião ele não esta errado.
—do que? de permitir as safadezas desses meninos?
—más Antônio! Depois de tudo que nós ouvimos lá, tudo que nós vimos você ainda continua com essas ideias na cabeça?
—eu nunca vou aceitar isso irene, só vou permitir essa servengonhice por que não tem jeito mesmo, meu filho mais velho não o quer lá também, ele tem medo desse traste ser má influencia para meu neto, e ele não esta errado, não vou considerar ele meu filho mais, só vou cuidar dele até os dezoito anos por que é minha obrigação de pai, más depois disto é rua, não quero velo nunca mais, hoje só quero sair e encher muita a cara de tanta raiva que eu estou de tudo isto, vou beber muito pra ver se eu esqueço pelo menos um pouco.

Eu estava sondando meus pais da pequena fresta da porta, quando ouvi não acreditei, ele ia permitir que eu namorasse o Thiago, meu pai disse isto, más ele disse com muita raiva e desgosto, eu pude perceber, sai logo do quarto e fui até ele.
—pai! Você não vai mais me mandar embora? e vai me deixar namor……………..
—e tem outro jeito Júlio? –meu pai disse me interrompendo -Vai logo correr atrás do seu macho, sua bichinha, e se trazer ele aqui eu mato vocês dois de tanto bater, se vai fazer suas safadezas que fazem pra lá, longe das minhas vistas.

Eu não me importei da forma com que ele falou comigo, eu fui lhe dar um abraço feliz, más ele me empurrou me fazendo cair.

—presta bem atenção moleque, eu nunca vou aceitar isso, eu me sinto muito envergonhado com você, más não tenho como te impedir mesmo se eu te matasse de tanto te bater, quanto desgosto, a meu deus, como eu estou decepcionado com você, agora sai logo desta casa antes que eu me arrependa.

Quer saber? Foda-se, o importante é que ele deixou, com o tempo ele vai me aceitar, eu sei que vai, sai correndo rumo à casa do Thiago, mais feliz do que nunca …infelizmente essa foi a ultima vês que eu vi o meu pai vivo.
acordei no meio da noite com uma vontade enorme de fazer xixi, levantei e vi a luz da cozinha acesa, minha mãe estava sentada na cadeira com sua mão apoiada sobre a mesa, ela parecia estar pensativa com um semblante de preocupada, fui rápido ao banheiro e voltei para conversar com ela.
—ainda acordada mãe?
—sim filho, estou preocupada com seu pai.
—ele ainda não voltou?
—não filho, já são quase duas horas da manhã e ele ainda não voltou.
—logo ele chega mãe.
—ele nunca foi de ficar tão tarde da noite assim na rua, estou com um mau pressentimento sobre isto.
—ele deve estar com muita raiva de mim né mãe? Por isso ainda não chegou.
—o meu filho, tenta entender o seu pai, no fundo ele é uma boa pessoa e te ama, pra ele é difícil aceitar que você seja gay, pois ele foi criado numa família muito conservadora, de tempo a ele que tudo vai se resolvendo pouco a pouco.
—eu também amo ele mãe, tenho certeza que como tempo ele vai me aceitar.

Eu conversava com minha mãe, ela parecia me aceitar que eu fosse gay, diferente do meu pai, más ele também vai acabar me aceitando, más o destino sabe ser muito, más muito cruel às vezes, foi quando o telefone tocou.

—ai meu deus, há essas horas da noite o telefone tocando não pode ser bom sinal – minha mãe disse preocupada indo atender.
—alo – ela disse ao atender.
Minha mãe atendeu o telefone e após alguns segundos ela olhou para mim, muitas lagrimas começaram a correr de seus olhos, ela desmaiou caindo ao chão e soltando o telefone que também caiu.

—MÃÃEE ….MÃÃEE – eu disse alto indo acudi-la.
Entrei em desespero, não sabia o que fazer, tentei acorda-la e não conseguia …mãe acorde mãe ..por favor acorde…eu a chamava e nada de ela acordar ..abri a porta aquelas horas da noite e sai que nem um louco gritando por ajuda.

—SOCORROOOOOOOO …SOCORROOOOOOO …ALGUEM AJUDA POR FAVOR.
—o que foi menino, o que aconteceu?
—minha mãe, ajuda ela, ela desmaiou, acho que aconteceu algo muito ruim.
Só bastou essas palavras para aquele vizinho nos ajudar, logo a rua se encheu de gente curiosa de tamanho foi o escândalo que eu fiz.

—mãe, mãe ..o que foi que aconteceu? – perguntei ao vela acordando recobrando a consciência e ficando desesperada.
—fala mãe! Pelo amor de deus, o que houve?
—seu pai morreu Júlio.

Desculpem meus amigos leitores, a pedido do Júlio essa parte da historia eu vou pular, pois foi um momento muito difícil e de grande tristeza …

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2 Comentários

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  • Responder Vitinhovipvp 😎 ID:gqb0tjk09

    Tenso viu!

    Que tragédia

    • gio ID:7121w15ym2

      meu Deus 😢