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A senhoria

5977 palavras | 3 |4.56
Por

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Nota do Autor: Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real, é mera coincidência.
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Junho 2022
Sandra vocalizava gemidos de um prazer que não estava sentindo.
O homem debaixo dela ficava parado e tinha dificuldades em manter o pau dele dentro da boceta, no enquanto Joel, o que estava por cima, tinha maior liberdade de movimento e aproveitava disto dando fortes estocadas no cu dela.
– Corta!- disse Samuel, o diretor, que também filmava a cena.
– Pausa para reidratar.- acrescentou Samuel.
– Samuel. Não dá para parar toda hora! Eu não quero atrasar meus compromissos.- protestou Sandra.
– Prometo que è a última!- respondeu, conciliante o diretor.
Ele também sabia que a Sandra tinha razão: tinham-se atrasado demais para o início da gravação e não por culpa dela.
Depois de um rápido break seguiu somente Joel, que continuou sodomizando Sandra, já que o outro ator estava meio murcho.
A cena fluiu muito melhor e logo Joel avisou que estava prestes a gozar.
Mudaram de posição e Sandra ficou de joelhos esperando que ele gozasse na sua cara.
Sandra recebeu uma boa quantidade de porra em sua bonita cara, com os dedos a recolheu, a colocou na sua boca, a engoliu com expressão de sapeca e fez um tchauzinho com a mão.
– E, corta!-
Sandra pulou e correu para o banheiro antes dos outros, e logo entrou debaixo do chuveiro.
Joel a seguiu e tentou entrar também no box.
– Sai pra lá!- enxotou-o Sandra.
– Ué! Não vamos fazer uma cena de atrás dos bastidores?-
– Não tenho tempo para isto! Fica para e próxima, se você não se atrasar de novo!-
Joel se retirou e foi mijar no vaso.
Sandra era muito gostosa, mas muito séria e profissional: era inútil tentar discutir com ela.
Sandra vestiu-se às pressas e olhou a hora no celular: estava atrasadíssima, a meia hora que ela tinha reservado para o almoço já tinha ido pro espaço.
Pegou um Uber e comeu, aí mesmo, um Clube Social e tomou uma garrafinha de água, que ela mantinha na bolsa, para emergências.
Chegou no motel onde tinha encontro com um cliente, encima da hora.
– Bom dia, meu amor.- disse para o homem que mal conhecia, entrando no quarto.
Olhou-o com paixão e tascou-lhe um beijo caprichado na boca.
Tirou a roupa em uma espécie de strip-tease, e depois caiu de joelhos na frente dele chupando-lhe o pau.
Quando obteve a ereção que desejava, desenrolou com a boca um preservativo no pau dele, deitou o homem na cama e começou a cavalga-lo, com o pau enxertado em sua boceta, usando toda sua maestria.
Depois de um pouco, fez uma pergunta que todos seu clientes esperavam, já que ela se apelidava de “Rainha do Anal”:
– Amor, você quer comer meu cuzinho?-
– Claro!- foi a resposta do homem.
Ele se colocou de ladinho, e disse:
– Vem, meu macho, vem comer meu cuzinho.- e acrescentou, não obstante o pau dele fosse a metade do tamanho daquele do Joel:
– Vai devagar, no início, para não me machucar com tua ferramenta.-
O homem não resistiu cinco minutos no cu dela.
Sandra abraçou-o e beijou-o apaixonadamente.
– Nossa! Você sabe como agradar uma mulher! Ainda estou arrepiada pelo prazer.- mentiu descaradamente, Sandra.
Foram para banheira de hidromassagem, para relaxar e, como bom cavalheiro ele ofereceu-lhe um espumante, não da melhor qualidade, notou Sandra.
Antes de despedir-se, três horas depois, Sandra conseguiu arrancar dele outros dois gozos.
Depois de deixar, discretamente, quatro notas de cem reais no criado-mudo, o homem saiu da suite, pisando nas nuvens e com o ego nas estrelas.
Sandra tomou um Uber para perto de casa, parou em um pequeno supermercado fazer umas compras.
Foi para o prédio onde morava, subiu de elevador para o décimo-primero piso entrou na sua kitinete, arrancou o sapato e respirou aliviada.
“Por hoje chega!”, pensou, depois lembrou que ainda tinha um compromisso às 19:30, mas era aqui mesmo em casa.
E o compromisso era como Sandra Silva, e não como Sandra Bull, como era conhecida quando atriz pornô e garota de programa.
Tomou um banho, vestiu um moletom, esquentou um quiche no microonda, e comeu-o, tomando um vinho branco e assistindo a televisão, sem muita atenção.
Às 19:30 exatas tocou o interfone.
“Ótimo! Este pessoal é pontual.”, pensou Sandra, que prezava muito esta qualidade.
Pelo vídeo, Sandra viu os dois rapazes, deu as indicações e destravou a porta.
Poucos instantes depois lá estavam eles, tocando à porta.
Tinha um rapaz mais jovem, de uns vinte e poucos anos, que ela sabia chamar-se Fernando e o outro de uns trinta ou quarenta anos, que apresentou-se como Plínio.
Sandra os fez sentar no sofá, enquanto ela sentava na alta banqueta que ficava na frente da bancada, onde ela costumava jantar.
– Então rapazes, vocês querem alugar a quitinete 904?-
– Sim senhora.- respondeu o mais jovem.
– Bom. As condições são estas: 950.00 Reais de aluguel, três alugueres de depósito de caução, condomínio e IPTU por sua conta.-
– È caro! Não podemos negociar?- rebateu o mais velho.
– Não. Asseguro-lhes que, aqui em Sampa, vocês não vão achar nada de muito mais barato, a não ser que seja um muquifo. Levem em conta que aqui estamos perto do metrô, o prédio é bom, tem garagem, lavanderia, piscina e academia.-
– Não dá para negociar?- insistiu o Plínio, que começava a ficar antipático à Sandra.
Desde o início ele a estava encarando de um jeito esquisito, e isto a incomodava, no enquanto sentia uma simpatia, injustificável pelo Fernando que não tinha praticamente dito palavra desde que entrara.
– Não!- respondeu, simplesmente, Sandra.
– Podemos, ao menos, ver o apartamento?-
– Claro, podemos ir. Levem em conta que è igualzinho a este aqui, que è o 1104.-
Sandra levantou-se e foi até o armarinho de parede, onde guardava as chaves dos apartamentos que alugava, e pegou a chave do 904.
Fazendo isto, ela percebeu o olhar lascivo do Plínio que fitava sua bunda.
Ela já estava acostumada com isto, mas tinha algo neste rapaz que a incomodava.
Pensou que ia arranjar alguma desculpa, para não alugar o apartamento.
E ia que ter que ser desculpa mesmo, porque o Fernando tinha todos os papeis em regra.
Na mensagem marcando o encontro, o Fernando tinha anexado cópia de seus documentos e do holerite, que atestava que ele era servidor da polícia civil do Estado de São Paulo.
Tinha, também, já avisado que era sua intenção dividir o apartamento com um colega seu.
Saíram do apartamento, e desceram dois andares pelo elevador.
Entraram no apartamento, que estava impecável.
Estava vago há uma semana, pois raramente as kitinetes da Sandra ficavam sem alugar por muito tempo, mas ela era muito minuciosa nas vistorias, e só aceitava a devolução do imóvel em perfeito estado.
– Bom é isso aí!- disse Sandra, saindo do apartamento, após a rápida visita.
– Levem em conta que já tem gente interessada, e vocês são os segundos da fila. Caso vocês queiram alugar, eu posso confirmar para vocês até depois de amanhã.- mentiu Sandra, já preparando a desculpa para pular fora.
– Eu gostei.- disse Fernando, quebrando o silêncio que tinha mantido até o momento.
Já o Plínio surpreendeu todos com uma pergunta:
– Vem cá, você não é a Sandra Bull?-
Sandra olhou torto para ele e respondeu em tom áspero:
– Isto não vem ao caso! Agora, se os senhores me dão licença, eu vou me retirar. Vocês já sabem o caminho para saída. Boa noite.-
– Vem cá, Sandra Bull, eu sou o maior fã seu. Me dá pelo menos um beijo.-
– Por favor retirem-se!-
– Vamos embora, Plínio! Boa noite, senhora Sandra, desculpe qualquer coisa.- tentou mediar Fernando.
Plínio, porém, que parecia descontrolado, seguiu com seu comportamento inadequado.
– Ah, não se faça de santinha, que você é uma vadia.- e passou, de leve, a mão na bunda dela.
Sandra estava mais do que acostumada com estes comportamentos, nada cavalheirescos, por parte de certos homens, e por isto carregava sempre um tubinho de spray de pimenta na bolsa.
Por experiência sabia que uma boa borrifada nos olhos e um chute nos bagos deixavam o agressor mansinho, mas não era o caso agora.
– Vadia é a mamãezinha! Repito pela última vez. Vão embora, antes que a situação piore para vocês.-
Plínio acertou-lhe uma bofetada, mais simbólica do que realmente forte.
– Deixa minha mãe fora disto, sua puta.-
– Agora tu tá ferrado, além de importunação sexual, agressão física.-
– É a palavra de um policial contra a de uma puta.-
– É a palavra de um policial, contra a de uma cidadã, outro policial, e as câmaras de segurança.- blefou Sandra, já que não tinha câmara instalada naquele corredor.
– Agora, se me derem licença, eu tenho mais o que fazer. Passar bem!- completou Sandra já pegando o elevador, no enquanto o Fernando tinha que segurar o colega para que não partisse para a agressão física.
Sandra entrou no seu apartamento, guardou a chave, foi para a cama e dormiu como um anjinho.
Ela não estava nem um pouco abalada com os acontecimentos desta noite, pois a vida já deixara-a calejada há tempo.
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Sandra nascera em janeiro de 1982, em uma pequena vila no interior da Bahia.
A mãe era uma jovem prostituta e o pai um desconhecido, provavelmente um cliente.
Não obstante a carência de uma família propriamente dita, Sandra gozou de uma infância relativamente tranqüila.
Inteligente e observadora, logo sobressaiu-se na escola, deixando seus professores esperançosos respeito o seu futuro.
O primeiro grande acidente de percurso de sua vida foi quando tinha 11 anos, e sua mãe amasiou-se com um homem.
Logo o padrasto começou a infernizar a vida da Sandra, com abusos físicos e sexuais, sendo que sua mãe fingia-se cega, para não estragar sua relação com o homem.
Não deu outra: aos catorze anos Sandra engravidou.
Demorou alguns meses, mas quando descobriu-se o acontecimento, quem foi enxotada de casa foi a Sandra.
Conseguiu uma carona com um caminheiro, em troca de favores sexuais, e foi para em uma vila no interior do Espírito Santo.
Lá foi acolhida, em um sítio, por um casal de origem alemã: os Schlutz.
Não obstante estivessem casados já há quinze anos, eles nunca tinham tido o tão desejado filho.
Fizeram então um acordo com a Sandra: ela ficaria no sítio durante o restante da gravidez, o parto ia ser feito aí mesmo por uma velha parteira de confiança, o filho ou filha ia ser registrado como Schulz, a Sandra ia receber um dinheiro, e ia embora.
O parto foi bastante difícil e como conseqüência a Sandra ficou estéril, mas o menino nasceu saudável.
Sandra, que nem tinha leite, foi embora uma semana depois do parto, tendo visto o bebê umas pouquíssimas vezes, e sem nem saber o nome com o qual ia ser registrado.
O dinheiro recebido, que no início parecia-lhe muito, acabou cedo, e Sandra começou a prostitui-se em bordeis do interior, que fechavam o olho ao fato dela ser de menor.
Como prostituta fazia um discreto sucesso, pois ela não regulava nada para os clientes, e logo começou a ganhar a alcunha de “Rainha do Anal”.
Em 2000, quando completou os dezoito anos, decidiu virar de página e viajou para São Paulo, querendo parar de prostituir-se.
Chegou a ser contratada, como vendedora, em uma loja, com carteira assinada e tudo mais.
Porém logo deu-se conta que, com um salário mínimo e sem outros apoios, não ia conseguir sobreviver nesta cidade.
Achou a oportunidade, então, de arredondar o salário, participando a filmes pornô.
Já que precisava de dinheiro, e não tinha nenhuma frescura, começou a fazer filmes do filão animal, contracenando com cães, cavalos e porcos.
Em 2001, veio a saber que na Espanha tinha bastante oportunidades para prostitutas brasileiras.
Largou o emprego, pegou um avião, conseguiu entrar na Espanha e começou a prostituir-se nos bordeis do sul do pais.
Comeu o pão que o diabo amassou, fugiu inúmeras vezes da polícia de imigração, mas teve sucesso.
Muito popular entre os clientes, começou a ganhar bastante dinheiro, que conseguiu guardar, reduzindo ao mínimo seus gastos.
Conseguiu, também, a residência que dava-lhe uma maior autonomia e maior possibilidade de ganhar dinheiro.
Recomeçou também a fazer filmes pornô, agora na ótica de alavancar sua carreira de prostituta, graças à maior visibilidade alcançada.
Em 2007, Sandra, já bem popular, conheceu, como cliente, o Sandoval.
Sandoval era um empreendedor mineiro, que atuava bastante em São Paulo no ramo da construção civil, e estava passando férias na Espanha.
Casualmente ele conversou com ela da sua mais nova empreitada.
Ele estava lançando um empreendimento imobiliário na zona norte de São Paulo.
Era uma torre única de treze andares, e mais de cem unidades, exclusivamente kitinetes.
Sandra, que tinha sofrido na pele a dificuldade e o preço do alugueis em Sampa, viu uma ótima oportunidade de negócio, especialmente porque o Sandoval ia aceitar o pagamento diretamente em Euro, em uma conta que ele tinha na Suíça.
Ela comprou, na planta, seis unidades, que viraram oito, até o prédio ficar pronto, em 2012.
Sandra começou a alugar as kitinetes, através da intermediação do Claudinor, um corretor independente da capital.
Com o tempo Sandra começou a dar-se conta que o Claudinor estava passando-lhe a perna.
Preparou então sua volta para o Brasil.
A estratégia era a mesma que utilizara na Espanha, filmes pornô para apoiar a atividade de prostituta.
Voltou a São Paulo em 2017, e tudo deu certo: o Claudinor foi obrigado a devolver-lhe o dinheiro desviado, até o último centavo, e a carreira dela deslanchou também na sua pátria.
Não obstante já tivesse 35 anos, estava perfeitamente conservada, e fez um grande sucesso, com os fãs que faziam fila para obter seus favores sexuais, não obstante seu cachê, não propriamente popular.
Tinha decidido limitar seus programas a dois por dia no máximo, e administrar pessoalmente seus imóveis.
Eram, agora, dez unidades, nove para aluguel, e um para moradia, sendo que estava negociando a compra de mais uma kitinete, sempre no mesmo prédio.
Ela decidira concentrar tudo no mesmo lugar, seguindo a filosofia que o olho do dono engorda o gado, mesmo correndo o risco de quebrar todos os ovos na mesma cesta.
Estava também pensando diminuir, aos poucos, sua atividade como prostituta e principalmente no pornô, pois aos quarenta anos já estava começando a cansar.
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O dia seguinte do pequeno acidente, Sandra acordou cedo, como de costume, e foi exercitar-se na academia do prédio.
Ela tinha de cuidar bem de seu corpo, que ainda era seu principal meio de sustentação.
Depois de voltar para seu apartamento, e realizar os afazeres domésticos, saiu para seu primeiro programa.
Pegou um Uber e dirigiu-se para um motel de luxo.
Lá fez feliz um executivo de meia idade, que insistiu para convida-la para almoçar aí mesmo.
À tarde foi para o segundo programa, em um outro motel e, pelas seis da tarde, estava de volta na sua casa.
Era sexta-feira e evitava de fazer programas ou filmes no fim de semana, portanto estaria livre até segunda-feira.
Tomou um bom banho, vestiu o seu querido moletom, e sentou-se no computador para por em dia o controle financeiro.
Por causa da visita dos possíveis clientes, o dia anterior tinha pulado esta etapa, e ela não queria acumular este trabalho.
Extremamente organizada, ela fazia um controle minucioso de suas receitas, e também armazenava todos os dados relativos às locações.
Estava descarregando do celular os dados do Fernando, que ia armazenar na pasta das locações não finalizadas, quando notou algo na CNH dele que a fez estremecer.
O sobrenome do Fernando era Schlutz, o nome dos pais coincidia com o casal que a abrigara, e até a data de nascimento era próxima à do seu tão sofrido parto: Fernando era seu filho.
Ficou longos momentos fitando o documento na tela do computador, depois tomou uma resolução.
Pegou o celular e ligou para o Fernando.
– Boa noite Fernando, sou a Sandra.-
Fernando, que tinha acabado de chegar do plantão diurno para esquálida pensão em que morava, desde que chegara em Sampa, respondeu:
– Boa noite, senhora Sandra. Peço desculpas pelo acontecido ontem. Plínio é um bom rapaz, mas às vezes se deixa levar.-
– Esquece o de ontem, estou mais do que acostumada com estas coisas. Obviamente não quero mais ver o teu colega nem pintado, mas você parece um rapaz tão direito. Por que não aluga você sozinho a kitinete?-
– Dona Sandra, não vou mentir: eu gostei bastante da kitinete. Mas não posso bancar o aluguel sozinho.-
– Eu gostei de você. Vem aqui, amanhã à noite que a gente conversa. Tenho certeza que vamos chegar a um acordo.-
– Não posso, dona Sandra, amanhã à noite è meu turno.-
– Então vem agora. Te asseguro que você não vai perder a viagem!-
Estas palavras conseguiram convencer o rapaz que, depois de desligado o celular, ficou sentado na cama, pensando.
Extremamente introvertido e tímido, especialmente com as mulheres, era o exato oposto do seu colega Plínio, que além de casado na sua cidade, Andradina, paquerava todas as mulheres que passavam-lhe por perto.
Aquela mulher, porém, tinha mexido com ele: parecera-lhe um concentrado de sensualidade, além de manifestar uma braveza e força interior fora do comum.
Tomou um banho, perfumou-se, e foi de Uber para o encontro daquela que estava convertendo-se na mulher de seus sonhos.
Quando ela abriu a porta, ele ficou ligeiramente decepcionado por encontra-la com o mesmo moletom do dia anterior.
Porém o sorriso franco dela e os dois beijinhos, no lugar do aperto de mão impessoal do dia anterior, o reconfortaram.
– Boa noite, dona Sandra, a senhora está bem?-
– Boa noite Fernando. Por favor me chama só Sandra, e nada de “senhora” comigo. Te pareço tão velha?-
– Em absoluto d…, Sandra.-
– Assim está melhor! Bom se você quiser podemos falar da locação…- disse Sandra.
Fernando surpreendeu-se que, em menos de cinco minutos, consegui alugar o apartamento pela metade do preço, e ainda mobiliado, com a única condição de não dividir a moradia com ninguém.
Sandra sentou-se ao computador e, em outros cinco minutos, o contrato já estava impresso e assinado.
– Agora que já fechamos o negócio, acho que podemos brindar. Um vinho?- disse Sandra, pegando da geladeira uma garrafa de vinho branco e da cristaleira duas taças.
– Não obrigado, não precisa se preocupar.-
– Você é abstêmio, ou tua religião te proíbe de beber?-
– Não, não é isto.- respondeu, quase gaguejando, o rapaz.
– Então não vai fazer esta desfeita com uma dama, deixando ela beber sozinha.-
– Está certo … Sandra.-
Sandra serviu duas taças, e fez um brinde.
Fernando pude apreciar o vinho, que era de ótima qualidade.
– Mas me conta de você, Fernando. De onde você vem?-
Fernando confirmou que nascera na pequena vila, onde havia o sítio que Sandra bem conhecia.
Fernando informou-lhe, também, que seus pais tinham falecido o ano anterior, a poucos meses de intervalo entre eles.
Sandra teve assim a certeza que somente ela estava ciente do segredo, dado que a parteira já era bastante velha vinte e cinco anos atrás.
Ia contar para o Fernando? Estava propensa a não faze-lo.
Primeiro porque era bem provável que ele não acreditasse nela, e segundo porque não via uma válida razão para faze-lo, agora que ele ia morar bem embaixo de sua asa.
Sandra convidou Fernando para jantar.
Já que a cozinha não era seu forte, Sandra esquentou uma lasanha congelada no microondas, que comeram, sempre tomando vinho.
Depois da janta, passaram para o whisky, e foi a vez da Sandra falar de sua vida.
Ela contou tudo, só omitindo a gravidez e o período passado no sítio dos Schlutz.
Ela notou que ele ficou bastante impressionado, com os filmes que ela fizera em São Paulo, antes de ir para Espanha.
– Mas, não é ruim fazer sexo com os bichos?-
– Olha, vou te dizer que tem homem que é pior.- respondeu, Sandra com toda sinceridade.
Começaram a conversar de vários assuntos, e Fernando surpreendeu-se pela vasta cultura geral de sua anfitriã.
De fato, Sandra sabia que tem muito homem que não gosta de mulher burra, portanto dedicava seu fim de semana a estudar e atualizar-se, para poder sustentar uma conversa à altura.
A um certo ponto Fernando, que parecia não agüentar muito a bebida, capotou.
Sandra tentou chamar o rapaz, mas ele estava totalmente apagado.
Então ela foi para seu quarto, pegou do armário um edredom e um travesseiro que ela tinha de reserva.
Tirou o sapato do Fernando, ajeitou-o melhor no sofá e cobriu-o.
Na hora de voltar para seu quarto, não resistiu à tentação. e deu um beijo na testa dele.
Raramente Sandra tomava destilados, e esta garrafa de scotch, fora presente de um cliente seu.
Dado que era de ótima qualidade tinha esperanças que o dia seguinte não ia ser tão terrível para seu filho.
Quanto à ela, tinha mais bebericado do que outra coisa, e sentia-se ótima.
Foi dormir feliz, sentindo que finalmente tinha uma pessoa para quem ela podia extravasar o imenso carinho, represado em todos estes anos: isto era amor.
Acordou mais tarde do que o costume e decidiu pular a academia.
Afinal de contas era sábado, dia em que ela evitava de fazer programas ou filmes, e queria aproveitar ao máximo para ficar perto do seu filho.
Tomou um rápido banho, vestiu um roupão e foi para sala/cozinha para preparar o café da manhã para eles.
Resolveu caprichar e fritar uns ovos.
O cheiro da comida despertou Fernando.
No início não entendeu onde estava, depois lembrou da noite anterior, passada conversando e bebendo.
– Bom dia, Fernando. Dormiu bem?- perguntou Sandra, que percebera que tinha a acordado.
– Bom dia, dona Sandra.-
– Só Sandra, lembre-se, Fernando.-
Ele olhou em volta meio confuso e perguntou:
– Não me lembro bem. Eu fui inconveniente ontem à noite?-
– Em absoluto! Você foi um verdadeiro anjo. Simplesmente você adormeceu. Então eu pensei que era melhor você ficar aqui. Afinal de contas este sofá e bem cômodo.-
– Obrigado Sandra.-
– Agora podemos tomar café da manhã, e depois, se você quiser, pode tomar um bom banho. Já separei um jogo de toalhas para você.-
– Obrigado Sandra, você é incrível!-
– Não me faça corar. Simplesmente tento ser uma boa anfitriã.-
– Que é isso! Você é demais!-
Sandra serviu o desjejum e começaram a comer.
– Vou te fazer uma confissão.- disse Sandra, interrompendo o silêncio.
– Pode dizer!-
– Desde que moro aqui, e já faz cinco anos, você é a primeira pessoa que dorme aqui, além de mim, é claro. Assim que, como anfitriã, eu tenho tudo que aprender.-
Fernando notou que Sandra tinha realmente corado e os olhos dela brilhavam.
Era como se a couraça dela tivesse caído e ela estivesse mostrando sua alma.
Fernando estava morrendo de vontade de correr a beijar seus lábios carnudos, mas a timidez o paralisava.
Sandra sacudiu-se de sua momentânea fraqueza, e reassumiu seu tom decidido.
– Mas diga-me, Fernando, você tem compromissos para hoje?-
– Só às sete da noite, quando entro no meu plantão noturno.-
– Então te convido a passar o dia comigo. Prometo que não vou abusar de você.-
– Às ordens, Sandra.- respondeu Fernando, fingindo bater continência.
– Então te ordeno de tomar banho. Afinal de contas ninguém merece ficar ao lado de uma pessoa fedida. Eu já tomei banho, sente só!- e esticou o pescoço, para que ele pudesse apreciar a suave fragrância de seu perfume.
Notando o impacto deste seu gesto, fortemente erótico, em seu filho, ela arrependeu-se no instante, mas já estava feito.
O fato de atiçar os homens era tão comum para ela, que era como se fizesse parte de sua natureza.
Agora que lidava, pela primeira vez na vida, com seu filho não sabia realmente como comportar-se.
Fernando recompus-se rapidamente, não obstante sua vontade fosse de agarrar, aí e naquele momento, aquela mulher e possui-la no sofá.
Foi tomar banho e na saída encontrou Sandra já preparada para sair.
Ela estava vestindo calça jeans, camiseta e tênis, nada de particularmente sexy, mas com uma certa elegância casual.
– Se você não achar ruim, eu vou alugar você hoje, como meu cavaleiro servente. Prometo não abusar de você e te deixar livre antes das sete da noite.-
Desceram na rua e foram a pé em uma grande loja de departamentos, que havia nas vizinhanças.
– Primeiro o trabalho, depois o prazer! Eu me comprometi, contratualmente, a fornecer, até segunda-feira, uma kitinete mobiliada. Então mãos à obra! Aceito tua ajuda.-
Fernando ficou impressionado com a objetividade da Sandra, que em menos de uma hora comprou todo o necessário para a mobiliar a kitinete, incluindo os acessórios de cama e mesa.
Sandra pagou à vista, com cartão de credito, conseguindo um bom desconto, e mandou entregar tudo e montar os móveis na segunda-feira.
Fernando comprometeu-se a receber tudo já que Sandra estaria ocupada.
– Agora que estamos livres, sugiro aproveitar-mos do melhor que pode oferecer esta cidade.-
Foram tomar uma água de coco no parque Ibirapuera, almoçaram numa churrascaria, visitaram a Pinacoteca e passearam na Paulista, sempre conversando muito.
Seis e meia da tarde, despediram-se em uma estação do metrô.
Sandra não agüentou e abraçou forte seu filho:
– Obrigada, Fernando, foi o melhor dia que eu passei em muitos anos.-
Fernando que várias vezes tinha-se segurado, para não beijar os lábios daquela deusa, respondeu:
– Eu que agradeço, Sandra. Para mim também foi um dia inesquecível.-
Aí foi Sandra que não resistiu e beijou a boca de seu filho.
Foi só um selinho, mas pareceu queimar os lábios de ambos.
Sandra correu para a plataforma, para que Fernando não visse as lágrimas em seus olhos.
Nesta noite Sandra custou a dormir.
Virava e revirava na cama, analisando o que sentia pelo Fernando.
Era claro que ele estava apaixonado por ela e, o desejo dele era joga-la em uma cama e possui-la.
Mas ele não fazia menor idéia que ela era sua mãe.
E, ela que sabia disto: porque tinha vontade de senti-lo dentro de si?
Era uma sensação muito estranha, porque o sexo, para ela, sempre significara estupro ou trabalho, nunca estivera associada ao amor.
De outro lado ela era, de fato, mãe há pouco mais de 24 horas, e nada sabia de sentimentos maternos.
Mas sim! Era indubitável que ela amava aquele rapaz, como era seguro que ele ia, cedo ou tarde, declarar-se.
Aí ele ia querer mais que um amor platônico.
E então, o que fazer?
Adormeceu de madrugada, ainda na dúvida.
De seu lado, Fernando, passou o plantão embasbacado, sem rêmoras morais, mas sim, pensando como e quando ia declarar-se à Sandra.
Pouco estava lixando-se, do preconceito pela profissão dela e diferença de idade.
A Sandra era uma pessoa inteligente, carinhosa, cheia de espírito, e ele amava aquela mulher e ponto!
Decidiu que segunda-feira à noite, quando tinham marcado de encontra-se, oficialmente para realizar a vistoria inicial de locação, ele ia declarar-se.
Domingo Sandra realizou afazeres domésticos e estudou, como era de costume neste dia.
Sentia, porém, muita saudade do Fernando, e teve que segurar-se várias vezes para não chama-lo.
Parecia uma adolescente com seu namoradinho, experiência que, por força das circunstâncias, nunca tinha tido.
A segunda-feira era um dia normal de trabalho para Sandra: um programa de manhã e um à tarde.
Sempre profissional, Sandra esmerou-se no atendimento e os dois clientes saíram satisfeitíssimos.
Finalizando o segundo atendimento Sandra correu para casa, produziu-se e perfumou-se.
No lugar do costumeiro moletom, vestiu um vestido florido com uma curta saia.
Pegou uma garrafa de vinho branco e o computador, e desceu para o nono andar.
Tocou a campainha com o coração disparando.
Quando Fernando abriu a porta, pareceu-lhe o homem mais bonito da face da terra.
Cumprimentaram-se com dois beijinhos, e Sandra entrou dizendo:
– Estou muito grata que você recebeu os móveis. Trouxe um vinho, para brindar à nova locação. Põe na geladeira, porque vamos tomar só depois de terminada a vistoria: trabalho antes, prazer depois.-
A vistoria foi extremamente rápida, pois Sandra já tinha esboçado o documento no domingo.
Sandra sentou na cama, dizendo:
– Pronto já terminamos! Mais tarde subo lá no meu apartamento, imprimo o documento, assinamos e anexamos ao contrato de locação.-
– Está bem.- respondeu Fernando, que sentia-se paralisado.
Não obstante a decisão já tomada no sábado à noite não conseguia dar o primeiro passo.
– A propósito, você nunca entrou no meu quarto senão saberia que você ganha de mim. Lá eu tenho uma cama de solteiro, aqui você tem uma cama de casal, assim que vai poder trazer, para cá, uma garota afortunada.-
Vendo que Fernando continuava paralisado, Sandra jogou a toalha e disse:
– Vem cá, me beija!-
Fernando sentou-se ao lado dela e beijou-a.
Foi Sandra que colocou, prepotentemente, a língua na boca do filho, mas a partir daí foi a língua dele que ditou a dança.
Sandra sentiu-se languida, enquanto as mãos do Fernando a apalpavam por cima da roupa.
A boceta, já encharcada de humores, latejava de desejo, algo inédito para ela.
– Tira a roupa!- implorou Sandra.
Despiram-se, ambos, rapidamente, e os olhos de Sandra viram algo que pareceu-lhe um deus grego, com o pau, já ereto, de proporções perfeitas.
Sandra deitou-se na cama e Fernando deitou encima dela, já procurando, com a ponta do pau, sua boceta.
Penetrou-a sem nenhum preliminar, e não precisava, porque ela estava excitadíssima.
Esta primeira transa não durou muito, mas foi extremamente prazerosa para ambos.
Sandra não perguntou se ele tinha acabado de perder a virgindade, o que era bem provável, porque na realidade não lhe interessava.
Amaram-se a noite inteira e, na madrugada, foi ela que teve a impressão de ter perdido a virgindade, tendo descoberto o prazer de fazer sexo com a pessoa amada.

Epílogo
Dezembro 2022
Sandra terminou o programa, despediu-se do cliente e pediu um Uber, torcendo para que o transito imprevisível da cidade estivesse bom.
E teve sorte!
Pareceu que todos os deuses conspiraram a favor, e ela conseguiu chegar em casa às 18:00 em ponto.
Subiu para o décimo-primero andar e entrou no apartamento.
– Amor, cheguei!- disse, jogando as chaves na mesinha.
Fernando saiu do quarto já vestido para ir ao plantão noturno.
Beijaram-se e Sandra disse:
– Eu vim correndo do motel. Será que dá tempo para uma rapidinha?-
Fernando consultou o celular e respondeu:
– Até que dá, mas tem que ser rapidinha mesmo.-
– Deixa comigo!-
Sandra empurrou o companheiro até a cama, abaixou-lhe calças e cueca, e caiu de boca no pau dele.
Em instantes conseguiu a ereção que queria.
Aí só tirou as sandálias, desencostou a calcinha e, sem tirar a saia, subiu de joelhos na cama e começou a cavalga-lo furiosamente.
Fernando gemia, no enquanto apalpava os peitos da companheira por cima do vestido.
Em poucos minutos ele gozou, enchendo de porra a boceta de sua amada.
Ela saiu de cima dele, tomando cuidado de não manchar de porra as calças de seu amante.
Ele foi ao banheiro rapidamente, ajeitou-se, deu um beijo de despedida na Sandra, e saiu do apartamento, rumo ao metrô.
Sandra resolveu adiar seu banho, vestiu seu querido moletom, e foi na sala/cozinha comer um lanche e tomar um vinho, enquanto atualizava, no computador, as despesas do dia.
————–
O contrato de aluguel com o Fernando foi rasgado no primeiro dia de locação.
De comum acordo, levaram a cama casal para o décimo-primero andar, e o Fernando mudou-se para o apartamento da Sandra.
Assim sobrava mais um apartamento para alugar, que viraram dois em outubro, quando Sandra conseguiu comprar mais uma unidade.
Sandra até cogitou em parar de fazer programas, mas chegou à conclusão que este dinheiro ia fazer falta, na perspectiva de comprar, no futuro, algumas unidades a mais, para ter mais folga no orçamento.
Desde o início do relacionamento, Fernando insistira para que casassem.
Sandra esteve bastante relutante, alegando o próprio trabalho e a diferença de idade, ambas coisas malquistas pela sociedade.
Fernando rebatera que pouco se importava da opinião dos outros, o que interessava era o amor que os unia.
Sandra nunca contou a verdadeira razão de sua relutância, e era sua intenção de nunca contar.
————–
Tomando seu copo de vinho branco, e ainda sentindo dentro de si o sêmen de seu amante, começou a pensar respeito a insistência do Fernando sobre casar.
Às desculpas dela de ordem moral, ele contrapunha boas razões práticas, como a possibilidade de estender para ela o plano de saúde.
Sandra começou então a questionar a sua verdadeira, e escondida, razão.
Além dela, ninguém em vida, conhecia o segredo, filhos ela não podia ter: então, porque não!
Levantou o copo no ar, em um silencioso brinde: estava decidido.
Amanhã de manhã, quando Fernando chegar do trabalho e entrar na cama, para ama-la, ia comunicar-lhe o tão agoniado sim.
Fim

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3 Comentários

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  • Responder LUIS ID:1db4o9phdgj2

    Excelente. Uma das melhores coisas que li nos últimos meses. Talvez a melhor e não estou falando apenas dos contos eróticos. Parabéns

  • Responder Gilberto ID:830xo5nwqj

    Parabéns pelo seu trabalho, uma excelente história que pode ter continuação

  • Responder Anônima ID:1se799zm

    Excelente Conto!!! E essa vida de atriz pornô e garota de programa é bem realista. É a realidade de muitas por esse mundo a fora. E olha só como é o Destino, colocou mãe e filho frente a frente, no caminho um do outro depois de anos. Após ele já ser um homem feito, formado e sem ele saber de toda a verdade, da sua verdadeira origem. E com uma atração irresistível entre eles. Só acho, que ela deveria ter contado toda a verdade para ele, que ela era a mãe biológica dele antes mesmo de ter um relacionamento com ele, de se envolver sexualmente com ele. E caso ele não acreditasse nela, seria fácil provar que eles eram mãe e filho, um teste/exame de DNA provaria. Daí após ele saber de toda a verdade, caberia a ele a opção de escolha, escolher se queria continuar essa aproximação e essa relação sexual incestuosa entre eles ou não. Eu sei que daí o conto ficaria mais longo, e talvez teria que dividir em várias partes. Eu acho que ela foi desonesta com ele, não contando toda a verdade por inteiro. Talvez essa atração entre eles, tenha vindo da genética entre os dois. E ela se aproveitou disso. Ou talvez não. Mas mesmo assim como eu disse no início, ficou excelente! Uma história sexual irresistível e linda entre eles. Parabéns pelo conto, mesmo sendo ficção ficou maravilhoso, perfeito. Eu Adorei.