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Irmã Janice

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Janice nasceu em uma família de classe média, a mais nova de quatro irmãos. Filha de pais enfermeiros, também sonhava em seguir a área da saúde.
Aos dezessete anos foi convidado para ser postulante da congregação da sua região interior de Mato Grosso do Sul. A Santa Casa administrada pela irmãs, onde seus pais trabalhavam, naquele mês também convidou outras seis moças para iniciarem seus estudos religiosos. De começo a idéia de servir a Deus não a agradou muito, seus pais a deixaram livre para sua escolha, mas a curiosidade levou ela a aceitar.
Em casa sendo a caçula era a mais mimada e ao mesmo tempo a brigona, em dois meses já estava morando no convento. Muito curiosa andava por tudo, perguntava de tudo, até se poderia namorar.
Com a faculdade paga pela congregação concluiu seus estudos no curso de enfermagem.
Trabalhou na Santa Casa durante todo o período que esteve lá, sempre foi muito querida por todos os funcionários e pacientes.
Janice era uma pessoa de fácil conversa, tinha muitos amigos e um dia uma das amizades ficou mais íntima, João Maurício seu amigo de longa data e agora colega de trabalho a convidou para tomar um sorvete depois do expediente. A princípio sem ver nada além da amizade concordou.
O local ficava a umas três quadras do hospital, ficaram por lá cerca de duas horas com muita conversa e risadas, pareciam um casal. Quando Janice se deu conta do horário, já deveria estar em casa, pois na manhã seguinte buscaria a Madre Superior no aeroporto da cidade vizinha.
No caminho até em casa Janice percebeu o olhar diferente de João Maurício, ele a pegou pela mão e lhe deu um beijo.
Janice retribui o que deixou João Maurício muito otimista.
Chegando próximo de casa, se despediu com mais um beijo e fez o curto caminho até em casa sozinha, não queria despertar suspeitas, alguém poderia estar olhando pela janela.
No dia seguinte saiu cedo para ir buscar a Madre na cidade vizinha, passou o dia fora, mas em nenhum segundo deixou de pensar em João Maurício, seu beijo ocupava seus pensamentos.
Janice foi aparecer no hospital dois dias depois, louca de vontade de ver João Maurício.
Ele também estava com saudades, sabia do risco de ligar para Janice, pois caso fosse descoberta poderia ser expulsa do convento.
Passaram-se algum tempo, Janice e João Maurício estavam cada vez mais íntimos, tomavam todos os cuidados necessários para não acontecer nenhum imprevisto, ele morava sozinho, o que facilitava seus encontros com Janice. Neste meio tempo Janice se especializou em Administração Hospitalar, o que a deixou com capacidade para se tornar vice-diretora do hospital, era muito respeitada entre todos os que trabalhavam lá, funcionários e irmãs.
Mas como todo lugar sempre tem um FDP, bisbilhotando sua vida, uma funcionária chamada Caroline, começou a observar os olhares entre Janice e José Maurício, pegou vários “lances”. E em busca de tirar vantagem no assunto resolveu investigar.
Durante dois meses não conseguiu ver nada além de olhares, e horário de lanche iguais. Chegou até mesmo a tomar lanche no mesmo horário junto a eles, mas nenhuma palavra ou gesto comprometedor, eles cuidavam para isto não ocorrer.
Caroline foi até o apartamento de uma colega de faculdade para terminar um trabalho, ela estava concluindo o curso de psicologia, chegando lá advinha o que vê? Janice estava chegando, não viu ela, mas estranhou o fato de Janice estar lá, pois não havia nenhum funcionário naquele prédio. Era um prédio pequeno de cinco andares com vários kitnetes. Se não escondeu e observou Janice entrando.
Não conseguir ver em qual entrou, mas perguntou a sua amiga se ela conhecia Janice.
Foi aí que sua amiga disse: “A namorada do João Maurício?”
Ela contou tudo, disse que fazia anos que estavam em um relacionamento e todos no prédio conheciam Janice. Só não sabia que era uma freira.
Mediante a essa valorosa informação agora é só conseguir provas suficientes para entregar Janice para a Madre superiora.
Esperando conseguir melhorar o cargo Caroline se dedicou a isso, cada vez que Janice saia para lanche ela dava um jeitinho de ir no mesmo horário, tentou se fazer de melhor amiga para ver se ouvia algum relato que a ajudasse, mas sempre em vão.
Uma ou outra irmã notava a diferença no humor de Janice, estava mais animada, mais confiante, e até a pele mais bonita.
Certo dia Janice acordou e resolver abrir mão do cargo que conquistou como irmã, foi até uma cidade próxima onde seus pais agora aposentados moravam em um sítio.
Janice contou tudo, como aconteceu, a quanto tempo estava acontecendo, falou como estava feliz ao lado de João Maurício. Destacou os prós e contras do que poderia acontecer. Seus pais a apoiaram, querem a felicidade dela.
Naquela mesmo semana combinou tudo com João Maurício e marcou um horário com a Madre na Sede Provincial para conversarem.
Chegando o dia e hora marcada Janice teve sua longa conversa com a Madre.
A Madre sendo uma pessoa muito querida entendeu sua situação, sabia que Janice era uma mulher com opiniões própria e decidida.
Todo o processo para a saída de Janice da congregação demorou alguns meses, mas naquela mesma semana ela já saiu do convento e foi morar com seu amado.
Por decisão do conselho Provincial Janice e José Maurício não fazem mais parte do quadro funcional do hospital. Eles já imaginavam que isto poderia acontecer.
Janice por ter um grande conhecimento de toda a administração de um hospital, foi convidada para trabalhar em um plano de saúde que presta serviços ao hospital tem a função de enfermeira auditora, e José Maurício conseguiu colocação em um outro hospital da cidade.
O desfecho deste conto já faz mais de cinco anos e o que sei é que estão juntos e felizes até hoje.
Ainda não tem filhos, mas já conseguiram se estabilizar financeiramente e também já tem sua casa.
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Obrigada por ler minhas anotações. Tenho muito pra contar.
Estes são contos reais, caso alguém tenha algum conto de convento pra me contar, pode mandar no meu e-mail: [email protected], não esqueça que tem 2 “a” no Margarida. Se quiser que eu divulgue seu conto, é só avisar no e-mail que posso fazer e dou os devidos créditos.

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3 Comentários

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  • Responder pedro terra ID:1dujxkfw8zbi

    Me parece um relato, uma confissão, mas muito bom. Gostei

  • Responder Margarida ID:xlp014qm

    São contos verdadeiros, sugiro ler os próximos, o que e falta na sua opinião?

  • Responder euuuuuuuuuu ID:7r03uceu42

    para ser ruim tem d melhorar muito kkkkkkk