anjos inocentes 12

≠≠≠sorvete de chocolate≠≠≠
Os dias foram se passando, e conforme eles passavam o meu namoro com o Gustavo seguia firme e forte, fiquei muito mais intimo da sua família, eu sempre ia lá na casa dele más só quando era convidado, eu preferia assim, faltava pouco para o meu aniversario, o Thiago se afastou da gente, até do Júlio, não conseguimos mais falar com ele apesar de nos vermos todos os dias na escola ou pelas ruas do bairro, más sempre quando a gente tentava puxar conversa ele se esquivava nos ignorando completamente, más pelo menos o nosso segredo estava seguro com ele, ele não contou nada para ninguém, eu tentava entender o por que esse preconceito todo que ele tinha a respeito dos homossexuais, más na minha cabeça isso é coisa que só ele poderia um dia entender.
Hoje era sexta feira, eu tinha acabado de chegar da escola, esquentei a minha comida como sempre, comi, lavei a louça suja e me sentei à mesa com minha mão apoiada no queixo e fiquei a pensar, pensando no Gustavo, pensando no Júlio, pensando no Thiago, pensando na escola, pensando, pensando na minha mãe, enfim, pensando sobre tudo, hoje eu estava com um bom pressentimento…é como se um anjo me dissesse que ia dar tudo certo. A campainha tocou, era Gustavo.
—oi anjinho – eu disse e o abracei puxando para dentro.
—oi meu Guizinho – ele disse e me deu um selinho – trouxe sorvete de chocolate.
—hum! É o meu preferido – eu disse lambendo os lábios.
—assim você me deixa chateado – ele disse se fazendo de coitado.
—porque meu anjinho– eu perguntei manhosamente colocando meus braços sobre seu pescoço ficando cara a cara com ele.
—é que eu achei que eu fosse o seu preferido – ele disse quase encostando seus lábios nos meus.
—nesse caso a gente vai ter que tirar a prova – eu disse e o beijei apaixonadamente.
—espera- ele disse.
—que foi?
—tive uma ideia.
—hã?
Ele foi até a gaveta e pegou uma colher, abriu o pote e deu uma colherada no sorvete e levou na boca, e então veio até a mim e me beijou num beijo intenso e pegajoso com sabor de chocolate.
—há não, de-novo não – disse o Júlio em pé nos olhando rindo.
Quando nos viramos para ele, ele caiu na gargalhada, ele ria como se não houvesse amanhã, a minha boca e boca do Gustavo estava toda lambuzada de sorvete, estávamos parecendo dois palhaços, não aguentamos e rimos junto com ele.
—se quiser tem pra você também Júlio – eu disse e mostrei minha língua marrom de chocolate pra ele.
—eca, que nojo – ele disse rindo.
—o que foi Júlio? Você não quer provar? – Gustavo disse indo com a língua de fora em direção a ele.
—sai – ele disse dando rizada rodeando a mesa.
Eu fui até o armário peguei três copos com algumas talheres e coloquei na mesa, nos sentamos e fomos conversando e rindo enquanto tomávamos sorvete, a alegria era contagiante, pena que só faltava um, más a gente se divertia e riamos muito e foi quando ouvimos duas batidinha de leve na porta, ela estava aberta, quando olhamos vimos o Thiago em pé nos olhando, seu olhar era triste e misterioso. Um minuto de silencio se fez que foi quebrado por ele ao dizer.
—posso? Ele disse pedindo autorização para entrar.
—sim – eu respondi.
Ele veio e se sentou a mesa junto com a gente, ele não falava nada e a todo momento olhava para baixo, eu o Gustavo e o Júlio estávamos pensativos sobre o que ele queria.
—sorvete? Eu ofereci.
—aceito – ele respondeu baixinho.
Me levantei e peguei mais um copo com uma colher e dei a ele que se serviu, ele foi tomando o sorvete sem falar nada, o silencio na mesa era total e as nossas atenções eram focadas nele, nem sorvetes estávamos tomando mais.
—precisamos conversar – ele disse colocando o copo vazio em cima da mesa.
—é, precisamos – eu respondi.
—vocês devem estar com muita raiva de mim.
—raiva não, más estamos muito magoados – eu disse sério.
—sei que não vão me desculpar, eu estou muito arrependido e precisava vim aqui uma ultima vez para pedir perdão.
—não sei Thiago, será que devemos te perdoar?, você nos machucou demais, eu estou muito decepcionado com você.
—eu entendo, afinal quem estragou tudo mesmo fui eu e perdi o que era mais importante na minha vida, a amizade de vocês, me desculpe por eu vim aqui e atrapalhar o dia de vocês, más eu precisava tentar, adeus meus amigos – ele disse se levantando com os olhos cheio d’água.
—ESPERA THIAGO….
Eu disse alto e estiquei a minha mão para segurar a do Gustavo, queria que ele visse que eu e ele nos amávamos, e sem querer esbarrei no copo o derrubando no chão que se quebrou em pedaços.
—DROGA – eu disse catando os cacos com cuidado.
—aqui, o ultimo caco do vaso quebrado – Gustavo disse me entregando um pedaço do copo que caiu no chão.
Nesse momento eu não consegui segurar as lagrimas, eu olhei para o Gustavo e ele olhava para mim, não resisti e o abracei e então o beijei na boca…sim, eu o beijei na frente deles, peguei o Gustavo desprevenido que não esperava esta reação minha, foi um beijo rápido.
—eu amo o Gustavo Thiago, eu o amo demais e ele me ama, estamos apaixonados um pelo outro, nós te perdoamos independente se você vai nos aceitar ou não o meu relacionamento com ele.
—só agora eu percebi o quão idiota e cruel eu fui, deixei o preconceito me dominar, eu não entendia, eu estou muito arrependido e tudo o que eu quero é não perder a amizade de vocês, está doendo demais – o Thiago disse e se ajoelhou no chão e se pôs a chorar muito- por favor me perdoem, por favor.
Pronto…agora uma onda de emoção tomou conta de todo mundo, o Thiago estava acabado ali no chão de joelhos e totalmente humilhado diante de nós, eu me ajoelhei ali junto com ele e os outros também e juntos o abraçamos …ai meu deus do céu, assim o meu coração não vai aguentar, eu pensava comigo mesmo, ele encostou a sua cabeça no meu peito buscando consolo, eu o abracei firme que me abraçou de volta, enquanto éramos abraçados pelo Gustavo e pelo Júlio.
—eu não fui um bom amigo para vocês, me perdoem por todas as coisas horríveis que eu disse, eu não sabia que minhas atitudes e palavras os estavam machucando tanto, eu fui um idiota intolerante e burro– ele disse chorando no meu peito.
—esquece Thiago, já passou, o importante é que você está aqui agora com nós, vamos deixar essas coisas para trás e reconstruir, você é nosso amigo e nunca deixará de ser, a gente te amamos e te perdoamos- eu disse já chorando emotivo.
—obrigado Thiago por nos aceitar – disse o Gustavo.
—obrigado a vocês por serem tão especiais.
Eu me sentia aliviado, me sentia feliz, tudo tinha se resolvido, o Thiago nos aceitou finalmente, agora éramos um quarteto fantástico, melhores amigos para sempre.
—grito de guerra amigos, agora é pra valer- disse o Júlio.
Novamente esticamos os nossos braços colocando uma mão por cima da outra e gritamos o mais alto que conseguimos…UM POR TODOS E TODOS POR UM….
—ai pessoal, que tal a gente ir todo mundo lá pra minha casa e tomar um banho de piscina? Gustavo nos convidou.
Assim fomos, a agua da piscina estava gostosa e refrescante, e enquanto nós nadávamos ela ia levando consigo todas as lagrimas que foram derramadas nessa tarde quente e ensolarada de verão.

Avalie esse conto:

(Média: 4,62 de 13 votos)