GÊNESIS – Parte I – O Início

Conto ficcional e fantasioso, se desprenda da realidade e aproveite a narrativa.

No princípio havia somente trevas…
Deus decidiu então iniciar sua criação, de um clarão surgiu o sol, trazendo luz para iluminar a forma plana e circular que seria a terra. Moldou-a em variados relevos, separando a terra das águas ao derredor. Plantas surgiram na superfície e nas profundezas das águas para dar vida ao lugar. Protegendo a terra, fixou um enorme domo, o firmamento, o embelezando com pequenas estrelas. As estrelas eram ofuscadas pelo sol, então Deus decidiu criar a noite, iluminada também pela lua.
Mas algo faltava… havia vida, mas era estática, e sem expressão, nada que se parecesse com Deus. Decidiu então criar os animais, seres capazes de se movimentar pela terra e pelos mares, explorando, sobrevivendo e evoluindo. Tantos e tantos foram surgindo, um de cada tipo. Deus deu a eles objetivos simples: comer para sobreviver, respirar e procurar meios para se abrigar de perigos naturais da terra. Tudo estava tão bonito e diversificado, quadrúpedes, bípedes, dos mais variados tamanhos. Mesmo assim Deus ainda sentia que faltava algo mais parecido com ele, um ser não só meramente racional, mas pensante e inteligente. Do barro da terra o moldou, bípede, mamífero, moderadamente peludo, pele morena clara, cabelos negros, olhos castanhos claros, alto, musculoso do tipo parrudo e sadio… um homem perfeito, nasceu então, Adão.
Deus explica a Adão quem era e onde estava, além de esclarecê-lo de que era o único ser ali que poderia se comunicar diretamente com ele. Adão demonstra entender e aceitar sua condição, sentia-se privilegiado de ser a única espécie a interagir verbalmente com Deus. Logo Adão e Deus naturalmente tornaram-se grandes amigos, passavam dias e dias explorando a terra. Deus ficava ansioso para ver a reação de Adão a cada criação sua. Ensinou-lhe a função das partes do seu corpo, boca, olhos, ouvidos, nariz, membros, e partes excretoras, ânus e pênis. A Adão foi dada a responsabilidade de nomear cada tipo de animal, plantas e frutos como quisesse. Como era feito de matéria, acabava por se cansar, repousando durante a noite e caminhando de dia. Porém, certo dia Deus percebe que Adão já não andava com o mesmo entusiasmo de sempre, já não se animava tanto à novas descobertas, muito menos a nomeá-las.
– (Deus) O que o perturba querido Adão?
– (Adão) Deus… por que criastes somente um ser de cada espécie?
– (Deus) Porque não queria que todos fossem iguais.
– (Adão) Entendo…, mas mesmo com toda essa diversidade… eu me sinto só.
Ao dar discernimento e compreensão da própria existência ao ser humano, Deus não pensara que ele um dia acabaria por sentir-se exatamente como ele mesmo se sentiu antes da criação de tudo. Com todo o leque de sentimentos, também havia a solidão. Mesmo estando sempre presente para Adão, Deus entendia que sua criação precisava interagir com um semelhante.
Naquele dia ao anoitecer, Adão adormeceu e Deus tirou uma das suas costelas, envolvendo-a em barro para duplicá-lo. Da forma-base do corpo, foi-se diferenciando características para que o novo humano não ficasse idêntico ao outro: voz diferente, pele mais clara, cabelos dourados, poucos pelos, olhos da cor dos céus, um pouco mais baixo e magro que Adão e com um pênis um pouco menor. O novo ser ficou deitado ao lado do seu irmão, que ao amanhecer, deparou-se com a coisa mais bela que já havia visto, ainda deitado de olhos fechados.
– (Deus) Como quer chamá-lo?
Adão olha admirando toda sua beleza, seu corpo esguio musculoso, peitoral, braços, pernas, pênis, ele era perfeito.
– (Adão) Ivo.
Assim como uma vez fizera com Adão, Deus sobra no nariz de Ivo e ele acorda. Adão o dá as boas-vindas à terra, se apresenta falando seu nome e o ensina seu próprio nome. Ivo logo aprende tudo com Adão e Deus, era natural entender sobre sua existência e seu papel como descobridor da criação. Juntos, Adão e Ivo caminhavam pela superfície descobrindo novos lugares, criaturas e frutas, sejam deliciosas ou nem tanto, os irmãos riam e criavam cada vez mais intimidade, andando de mãos dadas e muitas vezes se abraçando e dando carinhos um ao outro.
Após nomearem toda a criação, Deus resolve colocá-los em um lugar fixo para chamar de lar, o Paraíso. Ensinou a Adão e Ivo a fazerem um lugar fixo para passar a noite, ao qual chamou de casa, construída com madeira de várias árvores que formavam paredes e um teto com os galhos e folhas de palmeiras para proteger-lhes da chuva. O tempo passou e Deus foi aparecendo com cada vez menos frequência, decidiu que eles precisavam desenvolver um senso de cuidado um para com o outro, e se uma força onipotente os seguisse toda hora isso nunca aconteceria. Certa noite, para testá-los, Deus envia uma forte tempestade sobre o Paraíso, esfriando muito o ambiente com rajadas de ventos gelados. A casa deles balançava e a cobertura de folhagem deixava escapar respingos da chuva para dentro. Eles se encontravam juntos, não conseguindo dormir, perguntando onde estaria Deus. Eles se deitam e se cobrem com grandes folhas para se abrigarem do frio, Adão instintivamente esfregava as suas mãos pelo seu corpo para criar um pouco de calor, Ivo percebeu e começa a fazer o mesmo.
– (Adão) Eu nunca senti tanto frio em toda minha existência.
– (Ivo) Deixe-me te ajudar um pouco… Ivo esfrega suas mãos nas pernas de Adão, tentando passar algum calor para ele. Adão retribui esfregando as costas e depois o peitoral de Ivo. Em algum momento, Adão percebe que seu braço, encostado no de Ivo, estava mais quente que o outro braço que estava fazendo o trabalho de esfregá-lo.
– (Adão) Nossos corpos emanam calor, não é?
– (Ivo) Sim.
Adão então se coloca deitado acima do corpo de Ivo, colando toda a extensão do peito, abdômen, pênis e pernas, começando a fazer um pouco de vai e vem, esfregando corpo com corpo.
– (Ivo) Isso é… tão bom. Os rostos de Adão e Ivo estavam frente a frente, sentiam a respiração um do outro, em algum momento eles pararam de prestar atenção ao barulho da chuva lá fora, se concentrando neles mesmos e naquele momento que compartilhavam algo especial entre si. Não entendendo muito o porquê, depois de seus rostos já terem se acariciado por um tempo, eles encostaram seus lábios um no lábio do outro, incrementando com leves chupadas nos lábios inferior e superior, vendo que era bom, um tempo depois colocaram a língua de forma a lamber seus lábios, compartilhando o gosto de suas salivas. De olhos fechados, suas línguas entravam um na boca do outro explorando seu interior, Ivo usou seus lábios de forma a chupar a língua de Adão, que logo em seguida fez o mesmo.
– (Adão) Ei, isso é tão bom!
– (Ivo) Sim, é sim!
– (Adão) Como vamos chamar?
– (Ivo) Não sei…
E continuaram fazendo aquele estranho ato e se esfregando por um tempo durante a noite até caírem no sono, abraçados. Deus, do alto do céu, observava tudo, curioso e orgulhoso pela consumação do senso de proteção um com o outro dos seus dois preciosos filhos. Deus olhou para aquele ato que fizeram um com o outro, como um selo de cuidado, um selo de carinho, ele não tinha pensado muito em interação corporal entre eles. Mas ainda faltava algo, algo que concretizasse a ligação que os dois seres deveriam ter. Deus pensou no que dava alegria para Adão e Ivo, o que os movia era a alegria, a empolgação e o prazer de fazer novas descobertas… o PRAZER… e se ele criasse uma maneira de um humano conseguir somente com o próprio corpo, dar prazer ao seu irmão? Assim poderiam ter uma conexão definitiva que os ligasse um com o outro, não só emocionalmente como também fisicamente… Deus estava criando… o SEXO…
[…]
CONTINUA…

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