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Os brigões que se amavam secretamente

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Olá, na época eu tinha 16 anos, 1.70 de altura, sou loiro e tenho olhos esverdeados. Estudo o segundo ano colegial no turno vespertino, de um colégio tradicional de minha cidade, desde a 5ª série.

Tenho um bom relacionamento com a maioria dos colegas, menos com Lucas, 1.72 de altura, também de 16 anos, pele clara, cabelos lisos, caído nos olhos, meu colega de classe. Para falar melhor: meu calo desde a 6ª série, quando ele passou a estudar na minha sala.

Lucas implicava comigo o tempo todo. Era uma raiva que ele sentia de mim que eu não entendia a razão e agente acabava sempre trocando socos.

Devo confessar que inicialmente eu senti uma atração por ele, com o tempo terminei esfriando. Esqueci de dizer: sou gay, mas na escola sou o maior machão. Ainda sou virgem. Nunca fiz sexo com outro garoto, muito menos com meninas. Nem tenho namorada.

Bem, voltando a Lucas. Ele sempre me encantou, mas é um cara que mete medo. Suas atitudes são violentas, só andava brigando com todos e como já disse, implicava muito comigo.

O fim deste relacionamento agressivo de Lucas comigo tinha seus dias contados e eu não sabia. Tudo aconteceu durante um ensaio de uma peça teatral que eu ia participar, fazendo o papel de um soldado que, em batalha, precisa dar forças ao seu companheiro que iria morrer por causa de um ferimento e ele tinha que ficar com o companheiro até o último suspiro dele.

O professor começou a chamar os alunos e distribuiu os papeis que cada um ia desempenhar no palco. Para minha surpresa, o companheiro que eu ia acalentar era justamente Lucas, o garoto que me enchia a paciência o tempo todo e também o único garoto que eu sentia uma grande atração sexual.

Eu fiquei sem saber o que dizer. Não esbocei nenhuma reação contrária a escolha do professor para não criar um clima de desarmonia. Mas, adorei a idéia.

Um a um dos alunos iniciaram uma apresentação numa espécie de ensaio. Chegou a hora de eu contracenar com Lucas, que tinha que lutar com outro soldado inimigo e, nesta luta, Lucas seria atingido por uma bala e caia. E eu, seu companheiro, tinha que me abaixar, pegá-lo nos braços e dizer palavras de conforto antes que ele morresse.

Lucas foi logo dizendo, mas que azar, justamente com este bacalhau aí eu tenho que atuar, professor! O professor o mandou calar e Lucas ainda disse que ia sob protesto.

Então, chegou nossa vez e eu estava todo sem jeito. Sentia prazer em estar pela primeira vez tão perto dele. Mas, não era com Lucas e sim com a personagem que Lucas assumira. Eu sabia que depois da cena, não teria outra oportunidade de abraçá-lo de novo.

Então, demos inicio à cena. Lucas, durante a batalha foi atingido por uma bala e caiu. Eu corri até próximo a ele, ajoelhei e, com a minha mão esquerda, segurei a cabeça dele e falei o meu texto. Em seguida ele morreu. – O professor pediu mais emoção de minha parte e tivemos que repetir a cena.

Repetimos a cena. Quando Lucas caiu agonizante, eu corri em sua direção, sentei-me no chão bem próximo a cabeça dele, levantei a cabeça dele até atingir a altura do meu peito, abraçando-o, falei o texto como se tivesse mesmo acontecendo o fato. Aí, naquele momento da atuação eu tinha que abraçá-lo e falar a conclusão do texto. E fiz tudo com um prazer imenso.

Aproximei meu rosto até encostar no rosto liso e lindo dele. Eu podia sentir o cheiro do shampoo emanando dos seus cabelos lisos e caídos na testa e, numa encenação que não estava no roteiro, eu o beijei na testa com muita ternura, chorando e falando o texto com muita emoção.

Foram instantes de grande emoção para a plateia e mais ainda para mim. Eu o apertava contra meu corpo com tanta ênfase que a interpretação ficou emocionante e, o prazer que senti foi imenso, cheguei ao orgasmo, senti a ejaculação do esperma e não foi pouca.

Meu Deus! Como aquilo foi prazeroso. Desejei que aqueles curtos instantes fossem eternos e curtir como se fosse verdade. Em meio aquele momento inusitado, senti uma carícia em minha perna a altura do joelho. Era Lucas apalpando minha perna, pois a mão dele ficou entre o meu corpo e o corpo dele de tal forma que ninguém podia ver o que estava acontecendo.

Eu percebi que estava havendo uma troca de carícia. Tinha certeza que estava rolando um sentimento por parte de Lucas. Ele apalpava com sutil ternura a minha coxa direita a altura da virilha. Foi maravilhoso.

E, em meio a nossa troca de carinhos camuflados, ouvi a voz do professor dando a cena do ensaio por encerrada.

Ainda tremulo pela emoção e pelo gozo inesperado, levantei com as pernas fracas, e Lucas levantou em seguida. Fiquei meio sem graça e os outros colegas bateram palmas, motivados pelo professor: boa! boa! boa!

Olhei para Lucas e ele olhou para mim discretamente com um olhar de ternura e um brilho nos olhos que jamais havia visto. Seu rosto apresentava um semblante afável, diferente da maneira como ele olhava pra mim durante as aulas. Naquele instante percebi que algo havia acontecido.

Sentei numa das últimas cadeias da fileira do fundo do teatro e Lucas sentou-se mais próximo do palco. E, ao sentar-se, ele olhou para trás em minha direção com um olhar tranquilo, muito diferente de como ele me olhara nos últimos cinco anos de convivência dentre daquela escola.

O ensaio acabou e os alunos foram saindo um a um. Eu fiquei mexendo minha sacola como se estivesse arrumando as coisas até que, finalmente, Lucas levantou-se e caminhou em direção a saída do teatro, onde eu estava.

Meu coração batia intensamente à medida que ele se aproximava. Faltava até saliva em minha boca. Lucas chegou perto de mim e falou.

Lucas:
– Foi legal lá, não foi?

Respondi:
– Foi sim. Você gostou?

Lucas:
– Gostei. E você?

Eu:
– Também.

E ficamos uns segundos calados, até que eu perguntei a ele porque ele brigava comigo. Ele falou que não sabia o motivo, mas que sentia um sentimento por mim e procurava desfazer o sentimento brigando comigo.

Eu:
Quando te abracei lá no palco, cheguei ao orgasmo.

Lucas:
Eu percebi, por isso peguei em sua perna. Também senti muito prazer. Deu vontade de te abraçar também, mas eu estava morto. (risos)

Eu:
Mas, agora estamos vivos.

E daquele dia em diante, passamos a realmente entender os nossos sentimentos com mais clareza. Lucas mudou completamente o comportamento agressivo que ele manifestava na escola para uma pessoa que ficava sempre na dele. Nós não conversávamos dentro da escola, apenas troca de olhares discretos. Passamos a ter uma relação de namorados e trocamos muitas carícias nos nossos encontros.

Um romance lindo entre dois adolescentes homens que jamais a sociedade entenderia e aceitaria. Compartilhamos nosso amor dos 16 até aos 19 anos, quando as imposições da vida acadêmica, nos separou para sempre.

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2 Comentários

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  • Responder Nelson ID:3c793cycoii

    Amigo, que coisa mais linda, fiquei emocionado e outra coisa, “para sempre” é um lugar que não existe, conheço pessoas que ficaram anos sem se ver e se reencontraram. Quem sabe isso não acontece com vocês e se esses tres anos foram bons por que não revivê-los . Aproveita e conta pra gente. Obrigado pelo conto.

  • Responder Anonimo ID:g3jgueym4

    Continua, escreve mais um conto falando sobre oq aconteceu desse dia em adiante ate o dia que vcs se separam. Tb fiquei curioso do motivo desse separao de vcs. Vcs perderam o contato?.