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Eu e Beto, na Oficina e em casa, sempre juntinhos

2718 palavras | 9 |4.25
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E a noite de Terça com meu Beto foi maravilhosa como sempre, tratei meu Amor feito um Rei que era, nós não durmimos, desmaiamos, tava tentando escapar da perna dele de manhã bem cedinho, Miguel estava em casa e gostava de comer cuscuz com carne ensopada, ia fazer um ensopado fresquinho pra ele, acordei Beto sem querer, ele olhou no relógio, quer levantar tão cedo pq bebê perguntou, vou cozinhar carne que Miguel gosta com cuscuz respondi, deu um tapinha na minha bunda, tá paparicando esse safado demais me disse mas vai lá, tb quero cuscuz com carne hj, eu vou dormir mais um pouco, tou cansado nem sei pq completou rindo.
Cheguei na cozinha, todo mundo dormindo tanto dentro de casa quanto na casa só fundo, coloquei água pra esquentar, pus frutas e água no quintal pros passarinhos e borboletas, depois coloquei a carne prá cozinhar, fiz café, cuscuz, uns sanduíches de requeijão, tomei um copão de café, fui pro tanque lavar umas roupas.
Primeiro a sair lá dos fundos foi Claudionor, bom dia me disse, bom dia respondi e disse, tou cozinhando carne prá comerem com cuscuz, se quiser já já tá pronto, ui se quero falou ele mas agora quero mesmo é uma canecona do teu café, entrei, peguei prá Ele e trouxe pro alpendre, continuei lavando os panos e as roupas, ele ficou acocorado perto de mim tomando café e fumando seu Arizona, danado como sempre tava sem camisa, só de schort, o pinto mesmo mole as vezes saia pra fora do schort, era safadeza dele não, minhocão todo mundo em casa dizia que ele tinha, fino e comprido, Luciano quando queria azucrinar ele falava, vai enfiar teu minhocão nos zelador de prédio seu safado, ele ficava brabo, era magrelo Claudionor mas capoeirista forte, levantava qq coisa por mais pesada que fosse e todo mundo falava que um zelador de olho verde lá dum prédio da Martim Afonso era mulher dele, eu conhecia o tal zelador, quando eu trabalhava ia sempre naquele prédio, era um moço bonito mas de cara sempre triste, muitos dos patrulheiros mirins e office boys ali do Centro volta e meia iam atras dele ou do dinheirinho dele, mas esses assuntos Claudionor nunca falava comigo, me tratava sempre com respeito, zelo, pra ele eu era tipo um irmão mais novo.
Ele já tinha tomado a caneca de café toda, perguntei se queria mais, tomo com o cuscuz depois me respondeu, entramos, pus sal na carne, depois ele sentou, enchi um pratão pra Ele, bixo era magro mas comia feito um gigante e graças à Deus naquela casa igual era em minha Mãe tinha miséria pra comida não, Beto gostava das panelas sempre cheias, já passei muita fome na vida bebê, sempre me dizia, agora quero é fartura, como diz nossa Mãe, em casa que sai muita comida, nunca falta.
Senta um pouco lek me falou Claudionor, sentei com ele, tomei outro copo de café, vai comer não me perguntou, comi sanduíche logo cedo respondi, ele olhou no relógio, Beto é muito folgado contigo me disse, uma hora dessa tu ralando aqui e ele dormindo ainda, ele trabalha o dia inteiro lá com vcs, tem que descansar eu disse, e tu mlk, tu acha que cuidar desse casarão é o que, parquinho de diversão continuou ele, Beto folga muito contigo, devia ajudar tb nem que fosse passando um pano no chão da casa, eu ri, Beto sabe fazer essas coisas não lhe falei, ele riu tb, Claudionor não era bonito mas quando ria ficava, agora os cabelos dele eram lindos, tudo enroladinho igual de preto só que lisos, tá na hora de tu escrever pra minha mãinha de novo ele disse depois, se quiser pode ser hj mesmo respondi, vou comprar envelope ai com Dona Guilhermina disse ele, compra dois eu lhe falei, há muito tempo eu pensava em escrever uma carta, nem sei se deveria mas ia escrever sem Beto saber, era pra Mãe dele, eu ia tentar o que ele já tinha desistido, devia isso à meu Nego, ele merecia.
Prato dele terminou, enchi de novo, nem perguntei se queria, Claudionor tinha uma fome eterna, depois ia comer bolo tb que eu sabia, Luciano levantou, bom dia nos falou, tem casa não vagabundo disse à Claudionor, tenho respondeu Claudionor rindo mas lá num tem o mlk pra fazer esses rango bom, manda ele pra lá que não piso aqui nunca mais, é fanchona de zelador Luciano falou rindo, fala isso pro Beto mas põe uma máscara de ferro nessa cara safada antes, ia tomar banho já completou mas esse xerinho de carne tá me puxando prá mesa tb, sentou, servi ele, se não servisse ele ia derramar molho de carne e cuscuz na toalha toda, os dois ‘manos’ eram uns desastrados na hora de comer, muitas vezes na vida quando eu via aqueles Homens e Mulheres Elegantes comendo com quatro, seis talheres eu me lembraria deles com muita saudade, aqueles colherão cheios de comida entrando em suas bocas, eu não sabia comer de colher mas aquela turma queria saber de garfo não, furava a boca dizia Beto.
Beto levantou, veio até a cozinha pelado, deu bom dia e entrou no banheiro nosso pra tomar banho, aff, mlk é corajoso lhe disse Claudionor antes de ele entrar pro banho, Beto riu com a cabeça pra fora do banheiro, tem que ser com jeitinho meu parceiro, com jeitinho tudo se encaixa, tava bem humorado meu Beto nesta manhã, em outros dias ele mandaria Claudionor prá casa do caralho.
Levantei, coloquei um macacão limpo e cueca pro Beto na porta do banheiro, voltei pra mesa, ele saiu depois todo lindo de cabelo molhado do banho, o perfume do Alma de Flores preencheu a cozinha toda, sabonete de viado disse Claudionor, tu tá é doido pra sentar no viado né falou Beto rindo, foi lá pra frente, gritou prá Miguel acordar, vai perder a hora vagabundoooooooo.
Se sentou depois, servi Ele, Claudionor agora já tava se acabando no bolo de chocolate e no de banana, Miguel veio, se sentou tb, ai que vontade de ser rico disse pra nós, hj era um dia que eu queria ficar só deitado e comendo, com o lek fazendo massagem em minhas costas, esqueceu da parte do dentista depois nego safado Beto falou, ah Beto continuou Miguel, tu anda muito violento, nós tem que dividir o pão o Padre, vai tu e o Padre pra casa do caraio Beto disse cortando o assunto.
Todo mundo já tinha comido, se arruma lek Beto me disse, tá escalado pra oficina hj, de tarde tu faz o que falta, troquei a roupa, saímos tudo junto, no caminho Beto comentou que íamos na mãe à tardinha, fechou falou Claudionor, eu tb vou, já tinha combinado com Inseto de ir lá hj, num sei que deu nele que quer pq quer conhecer a véia, minha mãe num era véia nada, tinha 46 anos, mas tratava todo mundo feito filho, todo mundo chamava ela de véia, é bom que ela conheça ele mesmo disse Beto, é ela quem vai decidir se ele continua pisando em casa ou não, a vida de Inseto ninguém sabia mas ia mudar da água pro vinho naquela noite de Quarta Feira, ele ia achar a flor que apagaria as dores que ele trazia no olhar, o destino ia juntar os dois.
A manhã correu tranquila, seu Manoel cheio de carinho por mim como sempre, as palhaçadas da turma em meio ao serviço de sempre, antes do almoço Beto mandou Preá, Seu Aroeira e Claudionor dispensarem a marmita, tinha um panelão de carne e cuscuz lá em casa e nós íamos jantar na Mãe como dizia Ele.
Fomos prá casa todos juntos, eu e os cinco mosqueteiros como eram chamados lá no Baile, comeram à vontade, Beto tomou banho depois, no quarto me disse, vê se descansa agora de tarde, chegar lá na Mãe todo bonito como ela gosta de te ver.
Voltaram pra Oficina, arrumei a bagunça, fiz um macarrão de forno pra levar pra véia e meus irmãos, um bandejão gigante, minha Mãe adorava mas não sabia fazer.
Chegaram à tardinha, os cinco enfiados no Corcel vermelho do Inseto que tinha ido lá na Oficina esperar eles saírem, Inseto todo elegante mesmo de calça jeans e tênis, era bonito aquele Homem estranho, assaltante de caminhão e doce ao mesmo tempo, não era mulato nem moreno, tinha um amorenado forte como se tivesse sempre bronzeado, alto, magro e bem musculoso, uns cabelos castanhos claros meio crespos, só os olhos que carregavam uma tristeza que parecia não ter fim, separei roupa pro Beto, ele se trocou, tirou o correntão, pôs no meu pescoço, comigo tu pode usar disse, sozinho os malaco te dão um gogó na primeira esquina.
Fomos os quatro no carro do Inseto, minha mãe na alegria de sempre mesmo com meu ‘pai’ perdido por aquela BA, Claudionor apresentou Inseto à ela, enquanto ela foi preparar o jantar e esquentar o macarrão Beto resolveu ir pro Compadre tomar umas cervejas e saber os zunzunzun que corriam, fui tb.
No Bar o assunto ainda era Juvenal, ninguém entendia o que tinha acontecido com aquele Homem tão ‘distinto’ e querido ali na região, os homi confundiram ele com cachorro do mangue tá na cara, são muito parecidos uns diziam, mas e Epidio junto outros falavam, o assunto continuava, Inseto, Claudionor e Beto nada diziam, só ouviam, e teu Pai me perguntou o Compadre, volta da BA quando, não sei respondi, sei lá continuou ele, nosso bairro tá muito estranho, um chefe de família morto igual bandido, um rapaz que não fazia mal a uma mosca tb, aquele rapaz educado amigo do Compadre junto, teu pai lá pros fim de mundo, nossas pescarias acabaram, tá tudo muito esquisito, ô Compadre disse Beto, pescaria é só marcar que nós vamos, tou com saudades lá do rio tb.
Voltamos pra casa, os três trazendo cervejas na mão, Dona Olindina tava no portão, bora jantar com nós convidou Beto, tem até macarrão de forno que o pestinha aqui fez, já jantei disse Ela mas vou lá tomar um café depois.
Entramos, Beto deu dinheiro pros caçulas da casa, correram os dois pro bar buscar Tubaína e doces, não comam doce antes de jantar gritou minha Mãe como se adiantasse alguma coisa.
Estávamos sentados comendo a carne assada recheada que minha mãe tinha feito e outras delícias, eu tava de costas pra porta, não vi, só ouvi minha mãe dizer, chegou na hora minha filha, se sente pra comer com a gente, os olhos de Inseto nasceram naquela hora parecia, a colher ficou parada no ar, dos olhos parecia sair fogo, me virei pra trás, Maria Giló, uns quatro, cinco anos mais velha que eu, amiga e companheira desde que me entendia por gente, tava em pé na porta, rosto paralisado de tudo, dos olhos tb saiam fogo, as tais almas gêmeas existiam e tinham acabado de se encontrar.
E Maria sentou e comeu com a gente, Dona Olindina chegou depois, ficou um pouco lá e se retirou, estava cansada demais nos disse, Beto a levou até a porta da casa dela e voltou.
Maria Giló ficou muito tempo sentada conversando com Inseto na mesa da cozinha enquanto nós todos estávamos na sala vendo tv, Beto disse à Claudionor que o papo na cozinha tava baum mas precisávamos ir embora mesmo que fôssemos de ônibus, Claudionor chamou Inseto e voltamos prá casa com ele, Maria esqueceu Fefé o marido, esqueceu que tinha três filhos pequenos a esperando em casa, morava na rua de trás da minha mas não precisava ir na rua pra chegar na casa do pai onde moravam, tinha um portãozinho nos fundos de minha mãe que dava direto em sua casa, amizade das famílias já vinha de muitos anos, ela entrou no carro e seguiu com a gente, Maria Giló é assim até hj, faz o que quer, quando quer.
Inseto nos deixou em casa, Maria quis entrar pra conhecer onde eu morava, eu era como irmão pra ela, gostou de lá e depois desse dia iria sempre, Inseto sempre junto, eram namorados, Fefé era o esposo, nunca conseguiria viver sem aquela danada, continuariam casados, a fama de corno daquele Santo rapaz se espalharia na família deles e na região toda, ele nunca ligou, amava Maria Giló, para estar com ela cortaria as duas mãos se ela pedisse.
Os dois foram embora, ninguém sabia prá onde, eita que Inseto hj ganhou na esportiva Claudionor disse à Beto rindo, acho que ele se lascou falou Beto, ele não foi dar uma não, a mulher é casada mas algo me diz que os dois caíram na rede um do outro, isso vai acabar em confusão, Beto acertou em cheio, mas não acabou, aquela confusão só acabaria uns vinte anos depois quando Inseto foi assassinado lá no campo onde Beto e Luciano costumavam jogar bola e em meio a confusão aquela história os fariam felizes, muito felizes, eu que o diga, acompanhei tudo.
Vá dormir me disse Beto depois, vou tomar uma aqui e já já deito tb, dei boa noite à Claudionor e fui pra cama, porta do quarto de Luciano tava aberta, ele devia tar pela rua.
Beto se deitou, eu tava quase no soninho já, moça doida Giló hen me disse, não falei nada, conhecia Maria desde que me entendia por gente, de putaria ela não tinha nada, Fefé era o primeiro e único homem na vida dela até aquele dia, dia que ela enfim e Inseto também, descobriram o que era o Amor.
Beto jogou o pernão em mim mas querendo safadeza, conhecia o danado, ficou alisando minha barriga, tá cansado né meu safado me disse, vamos dormir então, de manhã é outro dia, vou comprar as madeiras hj pro filho preto fazer nossa mesa, quem sabe no Domingo eu não chame teu Avô aqui pra inaugurar ela com teu bacalhau, ele deu o toldo, tem que saber que fizemos bom uso dele, se prepara bebê, Aroeira, Preá e Claudionor que vão invernizar ela, quero que tu deixe ela sempre brilhando, igual uma que Coronel Gregório tinha lá na sala dele na minha terra e dizia pra todo mundo que mesa daquela só rico podia ter, se lascou pq a .minha vai ser mais bonita que a dele, eu alisei a mão dele, vai ser sim Nego eu disse, teu Beto num gosta de ser desafiado nunca bebê ele continuou, as coisas tem que ser do meu jeito, inté quando eu durmia nas soleiras no chão e passava uns boy dizendo gracinha e me chutando eu pulava num salto e mostrava pra eles que dentro daquele fudido ali, tinha um Homem que não tinha medo de ninguém, quando eu vejo alguém em calçada sempre lembro de tu Nego eu lhe disse, tu é todo chato pra limpeza, não sei como conseguia dormir, nunca dormia não bebê, virava o rosto pras parede pra ninguém ver e ficava chorando, levei muito pau dos meganha, meus olhos tavam sempre vermelhos, achavam que era maconha os fdp mas passou, hj tou é rico, casa limpa, geladeiras cheias, emprego bom, um mlk gostoso da porra pra cuidar de mim, quero mais o que, encostou a piroca dura em minhas costas rindo e disse, só falta meu gostoso começar a comer cuscuz prá aguentar o tranco, hora que eu começar te pegar a força tu vai ver danado, te torar todo dia, dorme menino malvado, bons sonhos, amanhã tu num escapa de mim não.

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9 Comentários

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  • Responder Francisco ID:g3jga5oij

    Kd o fim dos sequestrante dos lek?O pai do lek e o restante. Vamos colocar o lek com Luciano junto com Beto.

  • Responder luiz ID:dlns5khrd

    Acho que agora as coisas vao melhorar Lek ja esta todo interessado em Claudionor, sacanagem ele nao fuder com Luciano e o coitado do Miguel tambem merece comer, tem que compartilhar legal, Lek tem que ser a putinha da csa cada dia dorme com um diferente, tantas pessoa ja sairam do conto e que deveria ter tranzado com o lek

  • Responder Bsbe ID:muiqz2m9k

    Será que o milk vai dar pro Claudionor ??

    • Aurelius ID:19p2lvrzj

      Acho que não. Abraços Querido.

    • Bsb novinho ID:muiqz2m9k

      Espero que sim

  • Responder Sla ID:2ql0ptfzj

    Mesmo cansado eu dava pro Beto kkk

    • Aurelius ID:19p2lvrzj

      Rs. Bjão Querido 😍

  • Responder Escritor mistério ID:5vaq00tfi9

    Toc Toc…. Teu paizão chegou… E o sei lekinho ele capou…

  • Responder Escritor mistério ID:5vaq00tfi9

    Toc…. Toc… Teu paizão chegou…