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Eu e Beto e todo mundo no Baile, dia de pagamento e farra, bom demais

5131 palavras | 12 |4.39
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Acordei antes de Beto, fiquei sentindo sua respiração, o pernão em mim, fazia muito tempo não que eu o conhecia mas foi tanta coisa que aconteceu, parecia que eu conhecia meu chato desde sempre.
Ele acordou depois, tá acordado bebê, não levantou pq me perguntou, quis te acordar não respondi, bom dia Nego, bom dia disse-me Ele, virou meu rosto pra Ele, carinha de carente é essa bebê, quer mais perguntou-me rindo, tava pensando aqui em quando a gente se conheceu só isso, respondi.
Menino bom meu bebê disse Ele, foi foda, praticamente te peguei na marra na outra casa, tu com um medo danado daquele imundo e eu te meti a piroca depois do cinema assim mesmo, tb lembro de nós lek, só não falo mas lembro de tudo, já passamos muita coisa juntos bebê mas não me arrependo de nada não, nem eu, lhe falei, ele alisou minha cabeça, meu safadinho que adoro falou, quer ir pra oficina de manhã ou de tarde hj, é dia de pagamento hoje, se quiser ir de tarde, te pago tuas porcarias na pastelaria, bom ser dia de pagamento eu disse, tá precisando comprar umas coisas pra cá mesmo, então blz disse Ele, a tardinha nós já compra, bora levantar.
Foi tomar banho, eu pra cozinha como sempre, fiz nosso café, Luciano tava no quarto ouvindo Zé Beto no rádio, da cozinha eu ouvia, joga água nesse vagabundo e ria sozinho.
Beto veio, bateu na porta de Luciano prá ele levantar, se sentou prá tomar café, sentei com Ele, vê se lembra de comprar as coisas prá fazer teu pão de pimenta hj bebê, tou com vontade, lembro sim eu disse.
Foram pro trabalho depois, eu corri prá deixar tudo em ordem já que de tarde eu ia tar na oficina.
Depois do almoço segui com Beto e Luciano, tava movimentada a Oficina, chegando gente pra solicitar consertos aos montes, graças à Deus lek, movimento voltou a aumentar, tava uma calmaria só, preciso voltar a fazer minhas extras, pagar Seu. Manoel rápido e tb não deixar faltar nada lá em casa pra gente me disse Beto depois, eu percebia lógico que ele não tava tendo serviço extra pra fazer fora do expediente mas não falava nada, ele não comentava, eu tb quieto ficava.
Claudionor chegou da rua, já pus nossas cartas no Correio lek me disse, que cartas perguntou Beto, inda bem que Claudionor soube se sair bem, duas cartas que o lek escreveu pra mim respondeu, dele era uma só, a outra foi pra Dona Alexandrina Sena da Silva, Dona Xanda, mãe de Beto, não sabia endereço mas no NE era só escrever Procurará, as pessoas iam nos correios ver se tinha correspondência para elas, tinha demorado bem umas duas hs para escrever aquela longa carta, era estranho escrever prá uma pessoa que a gente não conhece, escrevi com o coração, foi uma folha dupla de papel almaço escrita frente e verso nas duas, falando à Ela quem era Beto agora, o filho que ela não via há tantos anos e que nunca tinha perdido o amor que tinha por ela e pela família, se Beto soubesse disso me matava de pancadas mas me atrevi e escrevi, quem sabe notícias dele escritas por uma pessoa estranha não amolecia o coração daquela sofrida mãe, estava nas mãos de Deus agora, eu que não ia ficar vendo aquele sofrer que meu Nego carregava sem ao menos tentar fazer algo.
E Murilo chegou com os envelopes de pagamento, a farra do povo ia ser boa nessa Sexta feira, até eu recebi, Luciano me deu os prometidos 60 cruzeiros mensais, Beto tinha me pago o de Janeiro em dezembro adiantado, dei tudo prá minha Mãe, esse era o primeiro dinheiro que eu via neste ano, ia lá pra Da Vinci, pro sisal do tapete de Seu Manoel, ia continuar pobre do mesmo jeito, nem ligava, não precisava de dinheiro prá nada, se precisasse Beto me dava, danado de pão duro não tinha nada não.
Se teu Avô quiser te dar algum dinheiro não pegue me disse Beto em seguida, pode falar que eu que não deixo, devo muito à Seu Manoel, tem nem cabimento ele ainda dar dinheiro pra ti, entendeu? Lógico que entendi Beto, respondi, acho bom disse Ele, nós que deve pra ele, uma hora acabo com essa conta.
Bem que seu Manoel queria me dar um dinheirinho mesmo, veio depois com trintão pra mim, agradeci mas não peguei, ah esse Beto disse Ele, sei que tem dedo dele nessa história mas dou valor, safado gosta das coisas certa, outra hora te dou escondido me disse piscando o olho, ele nem vai precisar saber né, eu ri e disse, precisa não Seu Manoel, obrigado mesmo assim.
Quase acabando o expediente Edvaldo parou o fusquinha na porta, desceu Ele e Wantuil todo fardado, danado já era bonito, de farda do Exército e coturno então, tava um Deus Grego, sabia que ele estava servindo mas nunca tinha visto o safado à caráter, eita que Wantuil tá parecendo gente disse Beto, Wantuil riu com aquele sorriso moreno perfeito, é, tempo passa disse Edvaldo, tá parecendo mais irmão que filho agora, mora comigo agora lá naquele aperto, mas e ae sumido continuou Beto, que contas de novo, as coisas acalmaram respondeu Edvaldo, preciso comemorar, quebrar uma donzela, vim te chamar pra nós bailar hoje, olha que vontade até tenho mas deixar o mlk sozinho deixo não, hj é dia de pagamento, vai todo mundo pro Baile, uai, leve ele pow disse Edvaldo, melhor não falou Beto, amanhã tem trampo em casa, fazer a mesa do quintal, danado tem que tar de pé cedo, cozinhar pro povo todo, num é que nem nós não, de virar dia e noite sem dormir, ah Beto vamos insistiu Edvaldo, os mé é por minha conta, duas hs Wantuil leva vcs em casa, ae lek me perguntou Beto, guenta o tranco, com certeza respondi, Carnaval tava chegando, baile ia tremer com certeza pensei, queria rir vendo os doidos lá, blz então falou Edvaldo, nove hs passo lá e pego vcs, ok Beto respondeu acrescentando, mas espera pow, já tamos quase fechando, bora tomar umas na pastelaria, só vou na Cruzeiro pegar umas coisas pra casa e vamos tudo tar lá, Beto e Edvaldo entraram na oficina, eu e Wantuil ficamos na porta olhando o carro, e ae mulekão me disse o sem vergonha, já pensou eu tirando essa farda sem nada por baixo, só prá vc, eu ri, danado não mudava nunca, tou falando sério pow, olha pra ele como fica quando te vê, tenho culpa não disse rindo, é meu Pau que quer te por prá ver estrelas, fica segredo nosso caraio, inda bem que o pai dele e Beto chegaram, bora lek me disse Beto, bom que Edvaldo veio, nós já enche o carro de coisa, vão lá disse Wantuil, nós vamos andando, logo ali, quando vcs derem a volta na praça, nós já tamos lá dentro enchendo o carrinho, entra no carro lek me disse Beto, mal sabia Wantuil a cisma que Beto tinha com Ele, meu Nego tinha 28 anos mas cabeça de 60, sabia das coisas, pegava os pensamentos no ar parecia, era vivido Seu Alberto Oliveira da Silva, enganar Ele era trabalho difícil, entrei no carro com eles, Wantuil foi andando ou melhor desfilando pela Praça, rapaz bonito da porra era o danado, chegou antes de nós lógico, a Cruzeiro era a 50 metros só dá Oficina.
Compramos tudo que precisava, carro ficou lá na porta mesmo, a Pastelaria era do outro lado da rua, já tava todo mundo lá, até Murilo ia em dia de pagamento, as Antarctica corriam à solta, Rabo de Porco não parava um minuto de servir nossa mesa, ficamos lá até sete e meia, depois fomos pra casa, Edvaldo e o filho iam voltar as nove pra pegar a gente, a casa hj ia ficar vazia, todo mundo no Baile.
Descemos as compras rapidinho, eles foram embora, enquanto eu guardava as coisas ouvia o sermão do Beto, nem ligava, tava acostumado já, pq não entrou pra oficina comigo, ficou lá fora com o reco pq sem vergonha, era sempre parecido o sermão do Nego comigo mas eu tinha que ficar sério, se risse me arriscava a levar um tabefe, acabei as coisas, Luciano e a turma chegaram também, fui passar a roupa dos dois, depois tomei meu banho, Beto entrou no quarto, comportadinho lá na tua mesa hen bebê fique, quero saber de tu sapeando com o reco pelo baile não, se deitou na cama, ficou olhando eu me vestindo, põe camisa branca bebê, tu fica o bixo de camisa branca e calça azul, todo mundo olha, eu ri, e desde quando tu gosta que olhem pra mim Nego perguntei, faz tempo num bato em ninguém, quero que ao menos um olhe pra mim partir prá cima, oxi Beto, quer ir pro baile brigar é eu disse, ele riu, tou zuando bebê mas me agrada, põe camisa branca, minha piroca sobe só de olhar, fiquei vermelho todo, isso meu lekinho, endoida o Pai desde já, na volta te arregaço e sem inhehen, levantou-se e foi tomar o banho dele.
Fiquei assistindo os Inocentes na tv do quarto enquanto ele se arrumava, vestiu a cueca e disse, olha pro teu Homem pow, vê como ele tá, olhei, o pirocào tava em brasa guardado na cueca azul marinho, o danado gostava de me fazer ficar vermelho e eu querendo ou não, ficava mesmo.
Acabou de se arrumar, o mais lindo do baile com certeza, calça azul clara e camisa branca tb, endoidava qq um ou uma meu Beto.
Luciano foi na frente com o pessoal, eu e Beto ficamos esperando Edvaldo na porta, chegaram, Wantuil de camisa branca tb toda aberta em cima mostrando o peitoral e os pelos descoloridos, danado gostava de mostrar a beleza que tinha.
Chegamos no bar embaixo do Baile, todo mundo veio cumprimentar Beto, andava sumido Ele ali da área, povo gostava dele e o respeitava tb, o punhos de aço, mão de ferro, quebra nariz, era conhecido de todos ali, não procurava briga, fugia delas mas se algum insistisse, se lascava nas mãos dele que tão carinhosas eram lá em casa comigo.
Tomaram bem umas dez cervejas, Wantuil me ofereceu uma batida que tava tomando, o olho do Beto me dizia, toma pra tu ver, subimos, ah, a cigana acabou de entrar, me disse, que tu vai dar o cu hj safado disse Beto interrompendo Miguel, dou não que dói falou Miguel com voz fina, a escadaria inteira caiu na gargalhada, ah Miguel, aquele mulato lindo animava até velório.
Luciano já tinha guardado minha mesa quando chegou, Edvaldo já entrou pegando uma moça pra dançar, Wantuil sentou na mesa comigo, Beto antes de ir lá pro canto no fim do bar falou pra Wantuil, uai, esse corpão todo a mostra, pega uma garota e vai dançar caralho, vou depois Wantuil respondeu, vou tomar outra batida e fazer companhia aqui pro teu mlk um pouquinho, respeito é bom pros dentes, tou falando pros dois disse Beto e foi lá pro fundo.
Cara chato esse Beto disse Wantuil prá mim, cisma comigo, fico com mais vontade ainda de enfiar minha língua na tua orelha, peladão em cima de ti, eu dei risada, para com isso eu falei, vamos mudar de assunto, e Willians, Wanderley como estão, tão bem respondeu, capaz de amanhã nós tar tudo na tua casa, eles vem cedinho prá nossa amanhã, naquele aperto já entram querendo sair disse rindo, o véio tá procurando um ap de dois quartos, ae sim, cabe nós tudo mas voltando ao assunto, olha pra mim, esse moreno bronzeado, soldado, um belo pau, te dá vontade não, não, respondi, era um tesouro seu Wantuil mas não era meu Beto, era só aquele chato que eu queria.
Tem vontade sim continuou ele, mas o medo não deixa, vou te catar uma hora lek, tu vai ver o tempo que perdeu se fazendo de difícil, vou dar uma volta no salão, depois volto, quer ir, não eu disse, vou ficar aqui vendo o movimento sentado mesmo, se levantou, o jeans claro apertado dele marcava um pintão enorme e grosso, cruz credo pensei, é quase do tamanho da piroca do Nego mas Beto escondia, Wantuil fazia questão de mostrar, acho que dae que vinha a cisma do Beto com ele.
Assim que saiu, Beto já veio todo suado com uma Seven-up pra mim, bebe lek, calor tá demais hj aqui dentro, nem vou perguntar se o bixo te azucrinou as ideias, sei que sim, tou de olho bebê, enquanto tiver na palavra só, finjo ver nada, se encostar a mão no que é meu, perco amizade com o Pai e ele perde uns dentes, deixa disso Nego eu lhe disse, Wantuil é bom rapaz, vá se divertir, tu quase nunca sai de casa, aproveita hoje, tou aqui quietinho e rindo muito, vou lá ele falou, no meio do salão quase já, ele se virou e pôs o dedo no olho, aiai meu Beto, danado não perdia nada mesmo de longe tava de olho no bebê, eu fiquei vendo o movimento, pessoal ficando alterado com as bebidas dançavam muito engraçado, Claudionor veio depois já trançando as pernas, quer beber, comer o que lek perguntou, nada não, obrigado respondi, tomei este refrigerante agora, Beto trouxe, o movimento de entrada diminuiu, fui lá pra escada rir com as artes de Miguel, e ae mlk, como tu tá me perguntou, bem, respondi, e Beto tá te tratando direito, tá sim falei, ah bom, aquele dia fiquei muito chateado com Ele, devia ter deixado tu vir comigo o safado, foi bom eu não vir, me deu. sono logo depois lhe disse, fiquei lá um pouco, depois voltei prá mesa, Luciano veio um pouco na mesa comigo, Branca de Neve tava lá tb, veio na mesa com uma moça tão branca que parecia feita de giz, depois se afastaram, Beto veio de novo agora pingando suor, danado era pé de valsa, tá ensopado Nego eu disse, que que tem, em casa tu me dá banho bebê falou Ele, quer refrigerante, agora não respondi, se der sono faz sinal, nós vai pra casa, aqui tá bom mas na nossa cama vai tar melhor ainda disse rindo, aqui nem xaxado o conjunto toca e lá se foi o danado, eu gostava de ver ele se divertir, eu vivia em casa mas ele tb não saia pra nada quase, era casa oficina, oficina casa, por isso eu não reclamava mais de não ir pra lugar nenhum.
Naquela farra a hora voou, Beto veio, duas e quinze bebê, bora dormir, tou cansadão já e temos que tar de pé cedinho, Edvaldo e o filho tão entranhados com umas moças, vamos na caminhada, três quadrinhas nós tira de letra, vão nanar já disse Miguel quando íamos embora, Beto fez sinal de positivo e fomos.
Na porta Beto já tirou a camisa, peitão dele brilhava de tão suado, mais roupa prá tu lavar bebê disse rindo, como sempre na Casa Rosário ele atravessou pro outro lado, aquele Homão tinha pavor de caixão, morria de medo mesmo eles novos e sem defunto dentro.
Aquele trecho de madrugada era deserto de tudo até em casa, na porta da oficina ele jogou um beijo prá porta de ferro, eu ri, nosso ganha pão bebê, dae sai nosso sustento me disse, logo chegamos em casa, ele já foi largando as roupas pelo chão, sapato e tudo, foi tomar banho, levei as roupas pro tanque, ia tomar banho tb, tava suado do calorão do baile, ele saiu do banho eu entrei, tomei um rapidinho, só pra tirar o suor mesmo, entrei no quarto e deitei de cueca, ele peladão jogou a pernona em mim, tou cansadão bebê, se te por prá mamar vou dormir com a piroca na tua boca, beijou minha nuca, dorme logo senão amanhã tu se lasca com os trampo da casa, já falei que sou teu hj lhe disse, falou agora bebê, esquece que sou teu tb não tá safadinho, bons sonhos Nego, pra ti tb meu bebezinho falou Ele, esquece de meu pão na correria amanhã não, tou cum desejo brabo de comer um inteirinho, se não fizer vou partir tua cara em três pedaços, testa, nariz e boca falei rindo, ele riu tb, fica provocando fica disse e dorme, é ordem, tou mandando sem vergonha, dormimos que nem vimos quando Luciano e Miguel chegaram.
Beto acordou primeiro, tava acostumado com essa vida de noitadas, me acordou com o pirocào duro da manhã colado em mim, temos que levantar bebê, bom dia, bom dia Nego respondi, Já já chegam Vânia, meu filho preto e o irmão de Preá, nossa obrigação tar com um bom café pronto na mesa prá eles, verdade Nego falei, levantamos, pus água pro café e cuscuz no fogo, o pão que Beto queria era no liquidificador mas não ia ligar com Luciano e Miguel dormindo, era um barulho danado, jeito foi fazer na colher de pau mesmo, num sei se vai ficar bom Beto disse à Ele sentado na mesa esperando o café, faz um só lek ele respondeu, se não ficar bom depois que os vagal acordarem, tu faz mais, café tava pronto, enchi o canecão dele, um copo pra mim, fiquei tomando em pé e fazendo o pão, forno já tava ligado pra assar o danado, quer cuscuz agora perguntei, não bebê, hj quero teu pão de pimenta, bom demais o danado, há dias tou com vontade mas esquecia de mandar tu fazer, eu tb gosto desse pão Nego falei, pus a forma no forno, vinte minutos tá pronto, eu espero disse Beto, fui pra pia, Beto com os olhos colados em mim, que foi Nego perguntei, nada disse Ele, gosto de olhar o que é meu trabalhando pra mim, fazendo meus gosto tudo, tesão danado me dá bebê, eu ri mas fiquei vermelho, hj à noite te quero disse ele, nós faz do jeito mudinho, sem barulho tá, comemorar nossa mesa, tá bom danado respondi.
Pão tava pronto, desenformei, fatiei, Beto já se atracou numa fatia pegando fogo, vai queimar a língua falei, não disse Ele, a língua não posso, como vou chupar meu rabinho depois, aiai Beto, tu hj tá pior que Miguel.
Tá baum demais bebê, faz outra fornada pras visitas, esse é só prá nós dois, pus outra forma pra assar, sentei com ele, tinha ficado bom mesmo, quando tu puder Nego, compra três fôrmas igual essa, maior desperdício de gás assar um de cada vez, se tivesse quatro formas já tinha 4 pães na mesa, Segunda no almoço, nós vamos comprar, sei comprar essas coisas não, tá bom, na Terça já asso quatro de uma vez, Beto tava com vontade mesmo, comeu o pão quase todo, levantou, abraçou meu pescoço, obrigado meu rapazinho, bom demais, que vai fazer no almoço pro pessoal, carne assada recheada e batatas assadas, feijão tem, faço um arrozinho a grega e pronto, todo mundo gosta, qual comida tua que o povo não gosta bebê, sai tudo muito bom dessas mãozinhas tuas.
Quando Vânia e Alberto chegaram, um belo café os esperava na mesa, do jeito que meu Beto gostava, mesa farta, irmão do Preá chegou logo depois, eu doido prá saber o nome de Preá mas ninguém contava, quando eu perguntava Beto respondia, Preá bebê, nome é esse, deixa de ser curioso, os outros vinham com piadas tipo, é nome de cobra, come preá, qq hora eu ia perguntar é prá Murilo, tá lá na ficha de empregado da Oficina, só sei que o baixinho era o cara mais calmo do mundo mas perguntou o nome dele, virava uma fera, eu ria mas a curiosidade sempre ficava.
Depois de tomarem o café, começou o trabalho, hj Miguel e Luciano iam dormir até tarde não, a tal mesa do Cel Gregório tava fazendo um barulho danado, fora a poeira que ficava, era umas serras barulhentas demais mas tava todo mundo ajudando, até o dia seguinte a danada tava pronta.
Depois Beto coberto de pó de madeira me chamou prá ir lá na Marcenaria da Bittencourt com ele e Alberto ver as telas das cadeiras, precisa ele ir não Pai falou Alberto, precisa sim respondeu Beto, danado tem gosto bom prá essas coisas, Claudionor foi junto, precisava andar prá curar a ressaca disse.
E lá fomos nós, Alberto branco de tanto pó, Beto lindo cheio de pó de madeira também, não tinha quem não olhasse aquele corpão coberto de pó, Beto rua, tá vendo lek, teu Beto inté sujo povo olha me disse rindo, dormimos pouco mas o danado tava num bom humor danado, queria tanto aquela mesona no quintal e meu Nego quando queria, conseguia.
A Marcenaria tava a mil, uns quatro rapazes tudo coberto de pó tb, tavam fazendo uma cristaleira, próximo móvel lá pra casa vai ser um desse bebê falou Beto, prá tu encher de copo brilhando.
Alberto falou com o Dono e ele nos mostrou um monte de telas pro encosto das cadeiras lá no fundo, não vendo esse material não disse Ele mas gostei de vcs, vejam se tem o que procuram nesse emanharado ae.
É contigo lek, escolha a que achar mais bonita, falou Beto, eita, o lek que decide tudo é falou Alberto, Claudionor com o jeitão dele continuou, mlk que manda em tudo Negão, Beto tá ali só prá pagar as contas, Beto nem disse nada, só riu.
Escolhi a mais simples e barata mas era cheia de quadradinhos, combinava com o quintal, tem gosto apurado teu filho disse o Sr dono de lá à Beto deixando ele mais feliz ainda, adorava ser chamado de meu Pai o safado, nem tinha idade prá isso mas gostava.
Até as colas e taxinhas o Homem nos deu de brinde, Beto pagou e fomos embora, paramos numa pastelaria pequena que tinha ao lado, tomaram duas cervejas, eu um caldo de cana e voltamos prá casa, era bom morar ali, tudo bem perto se achava, a noite era barra pesada como falava Beto mas de dia era o Paraíso, puta, cafetão, malandro, tudo se escondia da luz do dia parecia, as moças que atendiam 24 hs era tudo lá na General, ali dia e noite eram tudo igual mas eu gostava de ouvir as músicas lá dos bares e boates quando por lá passava, era Odair José, Antônio Marcos, Márcio Greick, tudo misturado.
Chegamos em casa, eles foram pro batente eu prá cozinha com Aurivania, ia fazer a carne assada pro pessoal, cadê Leuzinha perguntou-me Vânia, vem hj não, vem falei, Preá foi buscar ela, iam passar na feira de lá também, por isso não chegaram ainda.
Leuzinha chegou depois, os dois carregados de coisas da feira, deixavam tudo lá na nossa cozinha, ninguém cozinhava lá na casinha deles, trouxeram uma melancia monstro, pus prá gelar, depois ia levar prá Beto e os outros comerem geladinha, meu pé lá no fundo já tava com três brotando, tomara que vingassem todas.
Vânia e Leuzinha se enfiaram lá na Gráfica com Dona Guilhermina, num sei que tanto assunto aquelas três tinham, Beto me chamou lá do fundo, vem cá lek ver um negócio comigo, já traz cerveja e copos.
Fui lá, ele queria palpite pros pés da mesa, tava na dúvida se reto ou redondo, falei que se desce pra fazer redondo com uns frisos retos ia ficar Show, isso mlk, marcou golaço disse Beto me abraçando cheio de pó, sai daqui pestinha falou Alberto, tuas ideias só me dão é mais trabalho, xispa, Claudionor caiu na gargalhada dizendo, mlk é quem manda seus pnc, eu fui pra cozinha de novo.
Cheirinho da carne assando já chegava até no quintal, Beto chegou na porta, caraio lek, o cheiro tá matando nós lá fora, quando tirar do forno leva uns tira gosto lá.
Tirei depois, pus o arroz com queijo ralado em cima pra grelhar, levei a carne com pimenta à vinagrete fresquinha prá Eles, a mesa enorme tava tomando forma de mesa agora, sentei um pouco com eles pra descansar as pernas, a carne sumiu em minutos, voltei pra tirar o arroz do forno, Miguel e Luciano levantaram, almoço tá pronto disse à Eles, fiz um bandejão de salada crua, entrou todo mundo prá comer, Vânia e Leuzinha sentindo o cheiro parece, vieram também.
Modéstia a parte, minha comidinha tava é boa, ia ter que fazer janta, sobrava nada não dali.
Mesona grande dessa aqui falou o irmão do Preá pro Beto, prá que fazer outra, é pro mlk se ferrar limpando falou Miguel, Beto è um carrasco, carrasco mas tá todo mundo aqui sujando a casa e comendo o rango do lek, quem vê sabe que o lek num trampa só pra mim não, isso é verdade Pai disse Alberto, um brinde ao mlk.
Comemos, pessoal voltou lá pra mesa, Vânia e Leuzinha foram pintar as unhas uma da outra, Leuzinha botou o disco de Odair José prá tocar, eu vou tirar vc desse lugar encheu a casa e a Conselheiro toda tb, pôs no último volume.
Arrumei a bagunça da cozinha, troquei a toalha da mesa, uma casquinha de pão na toalha Beto já mandava trocar mesmo, tá suja falava, já me adiantei.
Fiquei lá fora com eles depois vendo o serviço de Alberto e o irmão do Preá, os danado eram bons no ofício, tava ficando bonita a mesa, depois chegou Edvaldo, Wantuil, Willians e Wanderlei, perdemos o almoço mas a janta não falou Edvaldo com uma caixa de Antártica gelada nas mãos, Wanderley e os manos foram pro Pebolim, tem rango ainda e dos baum disse Beto pro Edvaldo, comemos marmitão lá em casa já, blz então, meu lek capricha na janta de novo depois, nós podia é assar uma carne hj, comemorar a mesa disse Luciano, pode ser falou Beto, de qq forma lek vai fazer os acompanhamentos e alguém vai buscar as carnes, a que tem aqui prá churrasco não dá.
Foram depois Edvaldo, Claudionor e Luciano buscar as carnes e pão, a noite ia ser animada na casa dos mosqueteiros como o povo ali de perto a chamava.
A tarde foi toda de trabalho, os pés vou deixar pra amanhã cedo falou Alberto, a idéia desse cãozinho foi boa mas dá trabalho fazer, esses frisos são doído de riscar na madeira, Beto apertou meu ombro e respondeu foda-se, adotei filho preto da minha idade quase, pra quê, até Alberto riu.
Tava temperando as carnes sozinho, Beto não gostava de ninguém temperando nada comigo, estragavam a comida dizia Beto, Vânia ficava p da vida, Leuzinha nem ligava, negócio dela era dançar aquele corpão enorme que tinha, Beto entrou, para um pouco ae Lek disse, vá convidar Dona Guilhermina pro churrasco, se a Oficina de rolamentos tiver aberta ainda, chame Branca de Neve tb, um pé lá outro aqui, pega roupa pra mim, vou tomar banho.
Branca de Neve tava lá com a porta semi aberta e o sorrisão de sempre, geralmente dormia lá mesmo, era comum os caminhão do cais pararem ali até de madrugada pra consertar os danados, eita, ô se vou disse ele, a moça do baile tava lá com ele, devia ser namorada de verdade pensei.
Voltei, limpa nada ae atrás não me disse Beto, passa só um pano, amanhã depois que acabar nós dá uma geral, se acabou teus trampo na cozinha já toma teu banho, põe minha bermuda azul e camisa branca, hj tu vai sentir gosto de madeira no meu leite safadinho.
Logo depois Beto acendeu o fogão de lenha, as comidas e salada tava tudo pronto já, ai meu Deus, me tire dessa pobreza, o povo aqui no desfrute e eu ter que ir trabalhar falava Miguel toda hora, eu dava muita risada.
Wantuil e os irmão tavam pingando suor de tanto jogarem pebolim, peguei toalha pra eles, tomaram banho tudo junto no banheiro do alpendre, Dona Guilhermina e Seu Orlando entraram, depois Branca de Neve com a namorada chegaram tb, as carnes tavam assando já, fiz um prato pra Miguel que logo ia trabalhar, esse nego é aleijado não me disse Beto, Nego não invejoso respondeu Miguel, sou moreno jambo tá.
Churrasco correu animado até altas hs, Alberto tava inspirado no violão, o resto batucando nos baldes de alumínio, Dona Guilhermina e as outras fizeram o alpendre de palco, ficaram dançando o tempo todo, uma da Deusa do mlk agora gritou Claudionor já era mais de uma da manhã e começou, quando dia amanhece a moçada esquece que tem que ir embora, viola boa danada diz que não chegou a hora, Claudionor era danado no batuque, acostumado a animar as rodas de capoeira pela cidade afora.
Quando Edvaldo e a mulekada saíram, foram os últimos, já era quase três da manhã, amanhã voltamos disse ele, Vânia, Alberto e Luciano já tinham deitado, Beto tava cansado mas feliz, os olhos brilhavam de tanta bebida que tinha tomado, hj escapo pensei quando deitei mas tava enganado, Beto entrou no quarto depois do banho, pelado com o pirocào voando prá cima dizendo, hj nós é mudinho bebê e sem inhehen, vou meter até despelar a piroca, peladinho e de bruços pro Pai, agora.

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12 Comentários

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  • Responder Francisco ID:g3jga5oij

    Show!! Esses momentos em família, vamos apimentar mais. Aroeira, Luciano e outros não vão mais comer o Lek.

  • Responder L ID:gqb8gxzrb

    Não sei como vim parar em um site como esse mas li toda a história até agora. Vou dar minha review: o conto é ótimo, a escrita é péssima de ruim MAS a história é legal e depois de um tempo descobri que se passa na década de 1970 kkkk quando falava das Mulheres de Areia achava que era de 1993 e ai eu fiquei ué ?? ENFIM o Beto é um homem daquela época, ele pensa como naquela época, namoro entre adolescentes e adultos eram comuns também (conheço um casal que a mulher tinha 14 e o cabra 28 quando eles casaram).
    Off: fique pensando como uma cria de 14 anos cozinha como uma senhora de 20 anos de carreira na cozinha? Enfim amei o conto, a escrita nem atrapalha de tão legal que é!

    • Marcus ID:19p2lvrzj

      Obrigado Querido. Abraços. Boa noite.

  • Responder Daniel Lisboa ID:g3jjxse8l

    Né veado,sei muito bem quem você é,você é Daniel Coimbra,o Homossexual,que vive exaltando a veadagem e estimulando as pessoas a prática da veadagem e espalhar o bicho da goiaba,mas eu John Deere,estou atento!Ahh,veado!Eu te pego!

  • Responder Bsb novinho ID:muiqz2m9k

    Quero ver o lek dando pra outros! Tá na hora de apimentar essa história tem muito cara gostoso do pau grande pra fuder ele

    • Marcus ID:19p2lvrzj

      Pois aguarde. Abraços Querido.

  • Responder Sla ID:1daicwpzrc

    Amei queria ver uma foto do Beto rs

    • Marcus ID:19p2lvrzj

      Quem sabe até ver ao vivo né. Abraços Querido.

  • Responder LOOKING ID:8ef6vikm9j

    Nossa… lobo mal !

  • Responder Fffd ID:xe2s5whl

    Poxa amo seu conto, mas queria ver vc saindo da rotina derrepente mostrar o lado mais safados dos personagens tipo do Luciano mostra ele transando com outros entendo o Beto também

    • Sla ID:1daicwpzrc

      Que idéia tola, o Lek ama o Beto e ta certo em ser só dele

    • Marcus ID:19p2lvrzj

      Se o Lek visse Luciano fazendo poderia contar né. Abraços Querido.