#

A vida sexual de uma BBW – Orfã

1918 palavras | 3 |4.79
Por

Se estão habituados a que os meus contos tenham sexo, e muitas orgias, por favor não leiam este. Sexo não tem nada, apenas muito amor.

Se estão habituados a que os meus contos tenham sexo, e muitas orgias, por favor não leiam este. Sexo não tem nada, apenas muito amor.
Passei nesta ultima semana os dias mais tristes e melancólicos que tive desde que o Luciano faleceu. Na semana passada perdi, os meus pilares de sempre, os meus pais. Poderão dizer, mas isto é um sitio para ela vir escrever sobre os pais falecidos? Pois não sei, não sei que responder. Apenas vos posso dizer que eles liam os meus contos que eu aqui publicava. Eu escrevo, eles liam e depois telefonavam-me a dizer se tinham gostado ou não. Recebi muitas críticas deles, não pensem que por ser filha deles eles não me deixavam de dizer do que gostavam ou do que não gostavam.
Que pais espetaculares eu tenho. Souberam deixar-me crescer, educando-me, mas nunca me influenciaram para eu ser como eles queriam que eu fosse. Apenas me deixaram eu ser eu própria. Sei que nem sempre fui boa filha, eu sei disso meus amores, mas sei que mesmo assim, quando eu voltava para casa a precisar do vosso apoio, nunca moo negaram… nem o vosso carinho nem o vosso amor.
Lembram-se quando eu voltava da escola a chorar, a dizer que nunca mais queria lá voltar, porque me chamavam de vaca mamalhuda, baleia e coisas piores, e vocês ouviam-me, davam-me carinho. Pai, eu soube anos mais tarde, que tu chegas-te a perder o teu trabalho, porque discutes-te com um homem teu patrão, porque o filho dele ofendia-me na escola. Soube que para poderes ganhar o mesmo dinheiro, tiveste que arranjar dois empregos, saias de noite, e voltavas de noite , e que ias ao meu quarto, dar-me um beijo na testa enquanto eu dormia, e me aconchegavas os cobertores. Mãe, eu sei que trabalhavas mais horas na fábrica, para me comprares as roupas mais bonitas… ou o gira discos, por causa dele trabalhas-te um Inverno inteiro, fazendo horas. Sei como ficavas contente quando vinhas cá a casa… vinhas… porra que palavras tão cruel… quem me dera escrever vens, e não vinhas. Mas quando te sentas no sofá da sala e olhas e ali vês o gira discos, e eu coloco um disco para nós duas ouvirmos, baixinho enquanto falamos. Dizes que sou uma sentimentalona que maior que as minhas mamas, só o meu coração… mãe só sou assim, porque te tenho como exemplo, tento copiar-te o melhor que posso.
Pais…sei que não deve ter sido fácil, a vossa filha aparecer em casa, grávida, aos 16 anos de mão dada com um rapaz de 19, que vocês mal conheciam. O Luciano ia borradinho de medo, LOL.
Mas nem nesse dia, vocês tiveram uma palavra azeda para mim. Só me perguntavam se eu estava bem, se precisava de alguma coisa…bem se precisávamos, pois eu e o Lu, éramos duas crianças ainda.
Quando anos mais tarde me falaram desse dia, o pai disse-me isto:

– Filha, como poderia eu estar zangado, se eu naquele dia ganhei um filho e dois netos?

Pois o meu pai era…porra É assim. A vida foi madrasta para ele. Os pais dele morreram era ele menino. Foi criado por uma tia, que apenas o acolheu por obrigação e fazer ele trabalhar. Mesmo assim, ele tratava toda a gente como se as conhece-se desde á anos. As pessoas mais idosas diziam que o pai dele era a mesma coisa, nem sabem o orgulho que ele tinha quando falavam isso.
Conheceu a minha mãe na escola primária. Ela vinha de famílias mais abastadas, e o meu pai disse que quando a viu pela primeira vez, ela lhe parecia um anjo caído do céu.
A minha mãe conta-me que quando ela falava para ele, ele ou ficava gago, ou ia-se embora. Ela pensava sinceramente que ele era maluco, LOL. Ela dizia…que rapaz mais estranho…
Era apenas timidez. É que nos anos 60, as classes sociais, eram bastante diferentes, e o meu pai tinha mesmo em menino trabalhar para comer. Ia a escola de manhã e de tarde até altas horas da noite trabalhava num restaurante, lavando loiça… servindo a mesa, arranjando comida… e ainda ia estudar depois. Mas ele dizia que bastava ver a minha mãe ao longe, para o cansaço lhe passar logo. Bem o que é certo, é que ele perdeu a timidez, começou a namorar a minha mãe, que já gostava dele, e casaram, e cá estou eu, LOL.
Não foi fácil o namoro deles, a família da minha mãe. Não é que não gostassem do meu pai, mas queriam que a filha casa-se ou namora-se com alguém que tivesse uma vida mais estável, e o meu pai até cumprir o serviço militar, em Angola, trabalhava sim, mas ordenado era pequeno. Depois e que ele começou a estudar novamente e arranjou um trabalho melhor.
Eu nasci quando eles estavam casados havia 5 anos. Bem não vou aqui descrever como foi a minha vida toda. Apenas direi que os meus pais, aceitaram o facto de terem uma filha ninfomaníaca, pois eu nunca lhes escondo as minhas aventuras sexuais. A única vez que eles se zangaram comigo, foi após a morte do Luciano, eu ter 3 filhos para criar e me ter tornado escrava sexual de um homem. Aí sim, o meu pai teve uma conversa comigo na presença da minha mãe, uma conversa daquelas duras, como se diz por cá em Portugal, um abre olhos.
Disse-me uma coisa que na altura me magoou, mas depois vim a reconhecer que teve que ser dita:

– Lex, eu não crie uma filha, para ela andar a foder com um gajo, e que este a controla a vida dela. Preferiria que tivesses nascido morta.

A minha mãe conta-me que nessa noite, foi a única noite que ele não dormiu com ela, passou a noite, a beber, sentado no escuro, na cozinha.
Bem essa frase, mudou a minha vida, não sei onde estaria hoje, se ele não a tivesse dito. Hoje sou mãe de mais dois filhos…outro a caminho., tenho um marido que amo, e sei que sou amada por ele. Tenho uma família que eu adoro, amigas que são como minhas irmãs, tenho o meu próprio negócio, sou uma mulher independente. Tenho sorte. Eu sei. Sim eles sabiam que eu fodo com os meus filhos, que eu fodo com o meu neto, com as minhas amigas. Que se eu quero fazer sexo seja com quem for, geralmente tenho a sorte de foder com essa pessoa. De passarmos bons momentos a dois…três… quatro… eles sabiam. Só diziam para eu ter cuidado… o meu pai diz que sou assim e me aceitam, que disfrute da vida.
A três semanas, o meu mundo desabou, quando chego a casa do trabalho, vou ver os meninos, e o Tiago, estava na sala, á minha espera, com uma cara séria. Sei que aquela cara, só aparece quando ele tem algo complicado para me falar.
Olhei para ele e perguntei-lhe:

– Tiago… é alguém da nossa família?
– Sim, meu amor, é.
– Quem?
– A tua mãe… tem cancro no pâncreas. Meu amor… nada se pode fazer.
– Tiago…a minha mãe… tenho de ir ter com ela…a outras opiniões…
– Lex… tenho um pedido dela, e do teu pai. Quando chegar… quando chegar…bem quando ela achar que… ela quer ver-te. Mas até lá, ela diz que vai … vai passar os últimos dias com o teu pai…só os dois… pede-te por favor que a respeites. Não lhe telefones… deixa-a viver estes dias como ela quiser, ela pediu-me.

Custou-me tanto, mas tanto… quase que vou á loucura. Mas respeitei a vontade dela. No dia antes de morrer, chamou-me a mim. Fui a voar, para a casa deles. O carro não andava…voava. Cheguei, estavam eles na sala, de mão dada. Eu ia a chorar. Quando me viu, ela sorriu e disse:

– Desculpa… mas teve de ser assim, minha gordinha. Agora vem chorar para o meu colo. A mãe trata de ti.

Juro que voltei a ter 6 ou 7 anos, quando eu chorava ao colo dela, e ela me entrelaçava os dedos dela nos meus cabelos e eu os meus dedos nos dela. Eu perguntei porque ela não chamou também os netos e a restante família.

– Lex… não quero despedidas. Quero que se lembrem de mim, como sempre fui. Não vale a pena verem-me assim, doente.
– Esse maldito cancro… odeio… odeio…
– Não digas isso filha… ainda bem que sou eu a ter cancro…se fosses tu ou os meus netos… ou os meus bisnetos…isso sim seria uma tortura para mim.

Choramos os três agarradinhos. Depois ela foi, com o meu pai fazerem o jantar, um caldo de beldroegas, a minha comida favorita. Jantámos, rimos, falamos de histórias do passado… de histórias do presente… e eles foram-se deitar, já de madrugada.
Acordei no dia seguinte, no meu quarto de solteira, com o meu pai a fazer-me festas na testa, e eu acordo e ele diz-me:

– Já descansou minha filha… ela partiu a dormir abraçada a mim.

Bem chorei, porque ela merece cada lágrima que eu derramo ao pensar nela. Aliás, todos choramos, menos os meu pai. Telefonei para a família, vieram todos, fizemos o funeral á minha mãe, foi cremada, e espalhamos as cinzas dela, debaixo de uma azinheira velha, no campo, onde o meu pai fez um coração com o nome dela e o dele, quando ela ali lhe contou que estava grávida de mim. A mesma azinheira onde ele lhe pediu namoro, e a pediu em casamento.
O meu pai não chorou, e quando deitamos aas cinzas ao vento, ele apenas disse:

– Meu amor, em breve voarei ao teu lado.

Eu fiquei mais uns dias com ele, tentei convencer ele a vir para a minha casa, mas ele recusou. Eu notava que de dia para dia, ele estava mais triste. saia de manhã e ia para debaixo da azinheira, e voltava a noite. Um dia estava eu em casa, a espera dele para jantar, e ele não voltou. O funeral da minha mãe havia sido a 4 dias. Fui com um amigo dele, e meu claro, a procura dele. Vi ele sentado debaixo da azinheira, não se mexia…nem quando chamei o nome dele. Cheguei perto dele…estava a sorrir…a mão dele parecia que estava de mão dada com a de alguém…sabem estava assim meio fechada meio aberta. Tinha um acarta para mim, no bolso. è particular essa carta, só eu a li e depois li-a para a família toda. Só posso revelar que ele na carta escreveu, a pedir desculpas a nós, mas tinha de ir ter com o amor da vida dele.

Os admistradores deste site se quiserem publicar ou não, eu compreendo a vossa decisão, seja ela qual for. Mas desabafei. E tentei mostrar o meu amor por eles.

Mãe , Pai… um dia quando os encontrar de novo… amo-vos.

Avalie esse conto:
PéssimoRuimMédioBomExcelente
(Média: 4,79 de 24 votos)

Por #
Comente e avalie para incentivar o autor

3 Comentários

Talvez precise aguardar o comentario ser aprovado
Proibido numeros de celular, ofensas e textos repetitivos
  • Responder Ana Moreira ID:grlebg49j

    Muito triste mas muito belo!
    Não há muito a dizer!

  • Responder Nando ID:1gt1rormoia

    Tentar ler o teu lado mais humano o teu lado bom o teu lado carinhoso e carent mostra o quanto es real a vida ensina a ser fortes nem.sempre da maneira mais facil mas hoje mostrast duas coisas que tas carent Ms tbem que es corajosa para t.expor parabens e forca

    • Escritor mistério ID:5vaq00tfi9

      Nando, agradeço do fundo do coração as tuas palavras. 💋