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Jogo Feminino rs. E o Novo Ano chegou

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Chegamos na minha mãe, no caminho do ponto de ônibus até em casa, era tudo festa, nas casas todo mundo reunido e ficariam assim até terça esperando a chegada do novo ano, povo festeiro o do bairro.
Em casa também estavam todos animados, família toda daqui e de São Paulo já lá estavam, as mulher na cozinha, homens assando carne e virando todas no quintal e a mulekada na farra total no quintal e na rua, me juntei à eles lógico, na nossa rua de terra, brincadeiras não faltavam, até adultos participavam da corrida de sacos, de quem pulava mais alto sobre a corda levantada, era muito bom.
Meu pai e o mano que morava com ele agora não tinham chegado ainda, chegaram depois, Renato de novo estava com eles, Beto e Luciano vieram até a rua dar risadas com a gente nas brincadeiras, depois a vizinha Alzirinha chegou e entrou em casa com dois sacos cheios de roupas de mulher, todo ano ela fazia a coleta com as colegas lá da Santa Casa onde trabalhava, da rua ouvia-se as risadas da mulherada lá dentro decidindo quem iria vestir o que, no dia seguinte o campo estaria cheio de mulheres assistindo o jogo, não perdiam por nada.
Beto mandou eu entrar prá almoçar, eram bem umas 4 hs já, Luciano ficou na rua com os vizinhos, fiz o pratão dele e o meu, meu Tio veio com um espetão de carne, jogou em cima do prato dele a carne toda, ficamos comendo sentados na soleira da porta os dois, danado ficava toda hora colocando carne no meu prato.
Se pôr mais carne aqui vou dar pros cachorros disse à ele, dá danado respondeu, dá que em casa amanhã te meto na goela um pernil inteiro, depois porrada de sobremesa, que doce é esse tal porrada disse à ele, conheço não, vai rapazinho, vai zuando com minha cara respondeu, esse doce que sei fazer muito bem tu num vai gostar muito não.
Acabamos de almoçar, levei os pratos pra dentro, quer doce perguntei, traz safado respondeu, mas só uma colherzinha, vou cair na cerva agora com o povo, peguei doce de tronco de mamoeiro, trouxe pra ele, esperei ele comer, valeu lek, espera a comida esfriar na barriga, toma banho e vai pra tv ou fica aqui do meu lado, rua por hj chega, já já escurece, dez hs no máximo, camaaaaaaa e sem inhehen.
Fiquei lá rindo com as conversas deles na churrasqueira, era só palhaçada, depois fui tomar banho, fila prá banho ali era grande, muita gente em casa.
Sai do banho, coloquei roupa, tavam os homens tudo junto na cachaçada, meu pai e Renato junto, fui lá com eles, e ae lekão, preparado pra nova vida me perguntou Renato, que nova vida parceiro disse Beto entrando na conversa, uai, ano novo vida nova falou Renato, aqui tem trouxa não rapaz Beto falou à ele, come lek e vai pra dentro me disse Beto, e tu que venha pra cá sem minha ordem, entrei, ficamos no chão da sala eu e a primaiada vendo tv e brincando de jogo de palavras.
Hora foi passando, minha tia veio, jogou um acolchoadão no chão, umas almofadas, eu e os primos de São Paulo dormiamos sempre assim, era farra dia e noite, os adultos homens só entravam pra dormir quando a gente levantava ou quando algum ficava meio altinho da cana.
Já tava dormindo quase, Beto veio, se inclinou, passou a mão na minha cabeça, dorme com Deus rapazinho, descansa, amanhã vai tios, primos, tias, até a mãe vai acho conhecer nossa casa, vai ter trabalho safado e voltou lá pras cachaças.
Levantei cedo, ali ninguém dormia direito, era um primo pentelhando outro, dia tava clareando ainda, lá fora Beto e a turma tavam jogando dominó e baralho.
Logo Luciano, Beto e outros entraram pra dar um coxilo, jogo era as nove horas, fiz o café, minha mãe gostava do meu café, sentei e fiquei tomando e comendo panetone.
Logo povo foi se achegando, gente dormiu até nos carros como sempre, era todo mundo comendo, as moças da área começavam a chegar pra maquiar as donzelas rs, sim, homaiada tinha direito a batom, blush e tudooooo.
Pra alegria das mocinhas, os bonitões começaram a levantar, café tá forte lek me perguntou Beto, mais ou menos respondi, então faz um bule lá bem forte pra mim, tou precisando, teus tios vão querer também.
Fiz um reforçado, mulherada já se acabando de rir com suas vítimas, Luciano foi o primeiro, parecia uma espanhola gigante voltando da feira, linda, Beto tava bonito de vestidinho e lenço na cabeça, ri que bato tua cabeça na parede lá em casa, até teus miolos voar falou prá mim.
Depois chegou Seu Aroeira, Miguel e Claudionor, não ia perder isso por nada disse Miguel, a cigana já tinha me falado que naquela casa só tinha mocinhas, te mostro a mocinha já já disse Luciano, a farra ia ser boa.
E o jogo rolou animado com as donzelas mais caindo que correndo, era vestido e saia rasgada pra tudo que é lado, na torcida mais mulher do que homem, como acontecia todo ano, as mocinhas do bairro tudo querendo virar sapatão e agarrar aquelas Muié musculosas rs.
Almoçamos todos lá na Mãe e fomos tudo embora de carro, dois carros prumas quinze pessoas, era um aperto só mas cismaram de ir lá conhecer onde a gente se escondia, fomos oras, uma farra danada.
A primaiada e tios gostaram da casa, do quintal, do pomar, os primos e primas se acabaram no pebolim que eu nem havia estreado ainda, era ruim demais eu naquilo, Beto e Luciano ficaram de me ensinar mas cadê tempo rs
Ficaram em casa a tarde toda, comendo tortas, bebendo e contando causos da família, minha tia, mulher do meu tio que era eu todo, ou eu era ele disse que por ela os natais e réveillons seriam todos ali, mais espaço tinha e mais banheiros também, foram embora à noitinha, Aurivania e Alberto já tinham chegado, violão debaixo do braço e um cacho de bananas também, minha tia depois da meia noite do dia seguinte ia vir pra casa disse antes de partir, ela e quem mais da família quisesse.
Ficaram tudo lá fora bebericando e papeando, eu dentro de casa, ajeitando as comidas e os sofás pro povo dormir depois.
Beto me chamou pra ir lá fora, estavam conversando ele e Alberto sobre uma mesa gigante que Beto queria que ele fizesse pra por sob o toldo no meio do pomar, perguntou como eu achava melhor pra fazer, dei minha idéia, gostaram, voltei pra dentro, Claudionor caiu na gargalhada, tavam há uma hora quebrando a cabeça, ai vem o lek, num minuto resolve tudo, te falo mlk, em Beto tu manda caraio, sifudê Beto disse à ele.
Tava na cozinha temperando o carneiro pro dia seguinte, Seu Aroeira queria cozido desta vez, Beto entrou, é lek, adianta o máximo aqui pra não se estrepar amanhã, já falei, quero tudo na lenha, vê se não deita muito tarde, a danada tá aqui louca por comida dançando na cueca, vou te dar trabalho quando eu ir pra cama, casa com visitas mas não falei nada, nem adiantava, o Nego quando queria dava seu jeito e conseguia, sabia que na madruga eu ia ter seção de cinema mudo, como ele chamava os chamego sem barulho.
Carnes todas temperadas, massa dos pão de ló no forno, fui lá pra fora, Preá chegou com Leuzinha, tinha ido buscar ela na barca, danada tava bonita de vestido azul, irmão dele veio junto.
Ficamos tudo lá fora, Alberto começou a tocar violão, tocava bonito o danado, ensinaram à ele no orfanato, Seu Aroeira era o mais animado, tava cheio dos conhacão na cabeça já, pedia uma música, outra, os crooner eram Aurivania, Leuzinha e Claudionor, por enquanto, logo até Seu Aroeira ia cantar e cantar bonito, era uma caixa de surpresas aquele Homem e nesse dia iria nos contar muitas no que ia ser quase um jogo de verdades.
Fui lá dentro tirar os pão de ló do forno, quer ajuda me perguntou Beto, depois que esfriar a massa quero, agora não respondi.
Voltei lá com eles, irmão do Preá tava começando a se soltar cantando a música daquele homem que tinha ido tão novo no início do ano, até eu era fã, gostava daqueles terno safari que ele usava com aquelas cores escandalosas.
Querida, o seu erro você vai pagar, confesso que não posso mais lhe aconselhar, Luciano adorava aquela música e resolveu duetar com ele, o povo independente de cachaça estava feliz, se sentia até um perfume no ar, eu do lado do Beto olhei pra Ele todo sorridente, logo ele que quase sempre era tão sério, felicidade tem xero pensei, bateu uma tristezinha rápida em mim, parecia que eu sentia o galope dum cavalo preto, chifrudo, que vinha correndo em nossa direção pra mostrar que a infelicidade tinha xero também, cheiro muito ruim.
Levantei, fui fazer os rocamboles, Beto me seguiu, que foi bebê perguntou, nada não disse à Ele, como nada rapazinho, do nada tu ficou triste de repente, te conheço me disse, teu Beto tá aqui porra, confia neu, põe um sorriso nesse rostinho de novo, quero te comer triste mais tarde não, eu ri, isso lek, te gosto assim rindo, abriu as latas pra mim dos doces, quando for enrolar os rocamboles me chama, nada de tristeza hj senão te meto uma marretada na cabeça, falou e saiu lá pra fora.
Tava preparando o recheio, encharcado a massa com a água dos pêssegos e ouvindo, a deusa da minha rua tem os olhos onde a lua, agora era Seu Aroeira e Leuzinha duetando, noite ia ser animada disse pra mim mesmo.
Chamei Beto pra segurar as pontas dos rocamboles pra mim, prendi nos panos de prato, ia pra fora com ele, hora do banho, comer e cama bebê me disse, pow, quero ficar com vcs eu falei, tu que sabe rapaz respondeu, na madruga me chamegando tu vai ter trampo, amanhã fogão a lenha dia inteiro te aguardando, vai ter trampo, não quero saber de inhehen que tá cansado não, se reclamar vou te meter a cabeça no caldeirão da vaca atolada fervendo, pra engrossar o caldo me disse rindo, eu caí na gargalhada, Beto nesse quesito era igual Miguel, uma imaginação danada.
Antes de voltar com ele lá pra fora perguntei, e Anan, que fim levou, sumiu?, se juntou com uma doida ae, foi morar na Vila Socó com ela, é grandinho, sabe o que faz, nem dei palpite respondeu-me, Anan, a mulher e os quatro filhos, seriam vítimas do grande incêndio dez anos depois, saíram do barraco em que viviam pra fugir do fogo e mergulharam na água, que já estava encharcada de petróleo, gasolina e afins, foram nas palavras de meus dois irmãos bombeiros, o outro quis ser bombeiro tb, cozidos vivos, uma desgraça para não esquecer.
Lá fora mal sentei ouvi, tou sentindo xero de doce saindo da boca de Claudionor, meia horinha tá durinho te trago lhe falei, pqp, vá tratar desses vermes falou Preá à ele, pra que Claudionor respondeu, me fazem é bem, caiu todo mundo na gargalhada.
Leuzinha tava no meu mundo caiu e me fez ficar assim, vc conseguiu e agora diz que tem pena de mim, danada tinha um vozeirão pra música de fossa, dava gosto ouvir, Preá olhava pra ela encantado, nem piscava, olha lek, é igual tua Deusa me falou, a beleza que canta, Luciano gargalhou alto, agora pegou pesado Preá, Leuzinha que me desculpe mas a Deusa do mlk tem pra ninguém não, aquela mineira abaianada é desenhada por Deus, Muié bonita da porra.
Peguei uns tira gosto pra por na mesa, um pedaço gigante de rocambole pro Claudionor, as meninas correram pra dentro, bora comer senão o danado engole tudo disseram, fiz três hj falei, com esse ae meu bonitão me falou Aurivania, melhor confiar não.
Comeram o rocambole as duas, se animaram, Alberto acelerou os toques, essa garota é papo firme é papo firme, começaram a dançar e cantar em pé, gritaram lá na rua, ô de casa, Beto foi ver quem era, entrou com Dona Guilhermina e o marido Seu Orlando, vizinhos do lado, desculpem nossa invasão disse Ela, mas tamos sozinhos lá em casa, vcs aqui tão animados, resolvemos nos convidar pra entrar, estavam com um garrafão de vinho e uma bandeja de torta salgada na mão, se apresentaram todo mundo, esse meninão aqui conheço faz tempo disse alisando minha cabeça Dona Guilhermina, fui por a torta na mesa lá dentro, Beto me seguiu, segurou meu braço bem forte, tá andando em casa de vizinho mlk? Com ordem de quem?
Tá doendo meu braço falei, responde ou quebro ele, conheço ela pq vinha comprar papel sulfite ae na casa dela quando eu trabalhava, é gráfica clandestina ae, vende mais barato, olho dele subia e descia, quando via que tava errado ficava assim, mas não pediu desculpa não, voltamos lá pra fora, fui sentar perto do casal e do Luciano, tava todo mundo num papo animado, Alberto descansava os dedos um pouco depois continuava, Dona Guilhermina pediu licença pra convidar Rosa, fica sozinha lá, marido trabalha a noite disse Ela, opa, pode chamar, casa é nossa disse Beto, ela foi, conhecia essa Rosa só de oi, eu na janela ela na porta, um dava oi pro outro todo dia, moça bonita demais, lembrava a Rosemary cantora, até pra ir na porta usava salto, voltaram as duas, Dona Guilhermina apresentou Rosa, todo dia nós troca um oi né rapazinho falou pra mim, hj podemos conversar de verdade, quantos anos vc tem? 14 respondi, novinho de tudo disse ela rindo, eu sou veia, 26 já, os solteiros e Beto tudo de olho estirado pra danada, era linda mesmo.
Vânia entrou, trouxe copos e rocambole pra Rosa e os outros que queriam, Seu Aroeira disse ao Alberto, agora quem vai cantar sou eu, Solamente una Vez, essa moça bonita me inspirou, me lembrou minha Lolô e começou a soltar o vozeirão, tava meio alto já ele mas se via que cantou com o coração, bateram palmas, ê Aroeira veio, quem é essa Lolô perguntou o irmão do Preá, meu único amor na vida respondeu, já faz mais de trinta anos isso, já tava aqui há dezoito anos quando ela chegou fugida da Guerra, eita Seu Aroeira, que ano Sr veio pra cá perguntou Leuzinha, 25 respondeu, cruz credo, quantos anos Sr tem continuou Leuzinha, 65 inté março respondeu ele, cai aqui com 17 anos, era outro mundo né disse Seu Orlando entrando na conversa, tou com 59, peguei esse outro mundo também, onde foi parar Lolô perguntou Claudionor , fugiu da tua feiúra foi? Seu Aroeira riu, chegou aqui pra ser puta a judia, agora é a Dona do putero em cima do Galo de Ouro, Madame Sarah o nome, de vez em quando vou lá tomar um café com bolo de mel, amizade morreu não, eita mundo doido disse o mano do Preá, quem não conhece Madame Sarah nessa zona, pois é, por ela eu matava naquele tempo, passado falou Seu Aroeira, passado.
Dona Guilhermina e o marido começaram a cantar Chão de Estrelas e bem, povo aplaudiu.
Ê seu Aroeira, tanto tempo aqui, nem família tem mais lá né perguntou Aurivania, tenho respondeu, Mãe, Pai e tudo, mlk sabe das minhas coisas, ele que escreve as cartas pra mim, sou letrado não, bem véinho seus pais né ela continuou, Mãe tem 76, Pai 85, cruz credo falou Rosa à ele, Sr nasceu, sua mãe tinha onze anos, dez pra onze respondeu ele, era pataxó, pai caçou ela no riacho tava com nove anos, que jeito de falar Seu Aroeira continuou Rosa, caçou, é bixo sua mãe?
Naquele tempo, começo do século, rapaz pobre só casava assim, as indiazinhas iam pescar, pegar ervas, os homem laçava, amarrava e levava pra casa pra mãe ensinar a virar branca, ae quando vertia o sangue, os rapaz começavam a emprenhar elas, meu Pai era dos maior caçador de índia e índio naquelas Arapiraca daquele tempo, péra ae disse Beto, e os índio pra que era, pra comer Seu Aroeira respondeu, ô Aroeira, tem mulheres aqui disse Luciano, cê besta Rapaz, comer que eu falo era cozido, assado, eu sei que o Sr tá brincando falou Rosa, quer assustar a gente, brincando é falou Seu Aroeira, o lek que pergunte numa carta como se tempera um indiozinho, cê lê depois a resposta.
Povo sabe de nada, falam tanto de índio comer gente, vai ver aprenderam com nós os brancos continuou, fome endoida qualquer um, num era só em casa não, vinha é gente de longe encomendar, comprar ‘carne’, tinha nada pra comer não, na seca de 15 mesmo num se achava um carcará, um péba, uma rolinha pra comer, acabaram com tudo, salvação era os índios, só não podia ser pataxó, não sou canibal pra comer meus irmãos dizia minha mãe, agora xavante, tupinambá, guarani se.lascavam, os véio carne era doce demais, agora da idade do lek ae pra baixo, assadinho parecia carne de paca quando eu chupava os ossinhos, era ruim não.
Dona Guilhermina se benzeu, valha-me Deus, cruz credo seu Aroeira disse Vânia, Sr já foi canibal?
Era criancinha eu menina, ou comia ou morria, quando meu pai sumia dois, três dias na mata e voltava com um, dois, até mais bixinhos daqueles, casa ficava uma alegria só.
Eu sei que o Sr está brincando Rosa falou, sei lá disse Beto, Aroeira já contou essas histórias pra gente com detalhes muito piores, hj até suavizou mas povo antigo tinha umas coisas esquisitas mesmo, meu avô falava pra gente nas fogueiras a noite que nas casas antigas lá de Mossoró, quando construíam sangravam um preto e colocavam nas paredes pra dar liga.
Ave Maria, disse Alberto, pula essa Pai senão não durmo hj, se Aroeira te contar do índio rapaz já que quis enganar o pai dele e fugiu, ae tu num dorme nunca mais, Seu Aroeira tá zoando com nós eu falei, amanhã ele conta de novo pra .mInha tia quando ela chegar, aquela ali vai é morrer de rir, ela adora esses causos.
Por hj quero saber de causos maís não, vamos beber e cantar que é melhor disse Aurivania e foi buscar champanhe batida com pêssego pras mulheres.
Lek, banho e cama me disse Beto depois, vou não respondi, tá tão bom aqui, 03.25 são rapaz, vai, tava longe dele, não fui, se tivesse do lado dele tinha ido, beliscão do Beto doia até a alma, tá bom disse pra mim, cê manda rapazinho, depois nós tem um particular, já sabia que o sermão ia ser bravo depois.
Voltaram pras músicas, se animou todo mundo de novo, portão tava encostado só, entrou Edvaldo e seu filho mais velho, Wantuil o nome dele, danado bonito demais, dava dois do Pai, pareciam é serem irmãos, pai baixinho, filho devia ter 1,90 por ae, era braço, perna, tudo grande e forte.
Fui buscar mais copos e comida pra eles, Beto foi atrás, chegando lá, teu lugar é do meu lado safado, me falou, quanto a tu me desobedecer na frente de todo mundo, na hora de dormir, tu vai ver o que te espera.
Baile acabou, Miguel veio pra dormir em casa já, Wantuil me chamou pra ir jogar pebolim, ele não sabe jogar ainda Beto falou à ele, eu ensino uai Wantuil respondeu.
Ele pegou uma cerveja pra ele e dois copos antes de entrarmos, lek não bebê Beto avisou à ele, ah, ano novo, um copo de cerveja mata ele não Wantuil respondeu, bebe lek Beto disse pra mim, depois tu vai engolir o casco.
Esse Wantuil era abusado, chegamos no pebolim, danado tava com uma camiseta toda meia que rasgada mostrando o peitão, uma calça toda apertada e cheia de buracos também, tirou a camiseta, jogou numa cadeira, eita peito de homem tinha já, todo peludo, os pelos tudo descolorido, chega me deu foi calor, ficou ensinando como era pra mim, encostou atrás de mim pra explicar como pegar na maçaneta do jogo pra lançar as bolinhas, encostou encoxando e apertando de verdade, se Beto entrasse ali agora, as porradas que ele tanto dizia iam virar realidade.
Ficamos brincando e conversando, diz ae lekão, que praia tu frequenta me perguntou, quem sou eu pra frequentar praia pensei antes de responder, difícil eu ir em praia disse pra ele, ué pq me perguntou, saio sozinho ainda não respondi, eita, vai dizer que teu véio novo desse jeito te cria igual velho é continuou ele, isso vai mudar, teu pai e o meu tão na maior amizade, tu vai começar a ir na praia sempre lek, vou eu, tu e meus irmãos, nós se encontra lá ou eu te busco aqui, ruim Beto deixar pensei e fiquei quieto, ele ficou virando a cerveja no gargalo, Beto entrou, e ae, tá conseguindo ganhar do grandão me perguntou, nada eu falei, nem consigo atirar as bolas direito.
Wantuil falou à ele, olha, tou combinando com teu filho aqui da gente, eu, ele e meus manos ir à praia sempre agora, vou vir buscar ele ou nós se encontra lá blz, depois penso nisso Beto respondeu à ele, tá bom, amanhã cê me fala ae nós já vamos na quarta Wantuil continuou.
Eita que tou é lascado com Beto hj pensei, Wantuil é abusado demais, da boa noite pro povo lek, banho e cama e pra já, dei boa noite pra Wantuil e todo mundo e me recolhi já pensando, Beto entrou no quarto, mesmo se tiver acordado, finjo que tou dormindo, bronca hj é pesada.
Deitei depois do banho pensando, eita mulekão bonito esse moço, parece desenhado, dormi rapidinho, acordei nem sei se era dia já ou noite, com Beto deitando só de cueca, acordou rapazinho, agora é nossa horinha de conversar me disse, tou com sono respondi.
Ah, bateu soninho agora sem vergonha, mandei vir dormir cedo, pq não veio?
Fiquei quieto, não tinha resposta, tava com o olho bravo em cima de mim, hj o rapazinho me desobedeceu em tudo continuou, quer me explicar pq? Ou prefere umas palmadas, vamos Sr sabe tudo, tou aguardando resposta, apertou meu rosto com força, tá doendo falei, meu braço já tava tremendo, para de tremer safado, tu num tava o banbanban lá fora, que que mudou?
Desculpa eu disse, fácil né, apronta, pede desculpa e pronto continuou ele, eu devia era te dar uns socos bem dados agora mlk, pra tu nunca mais esquecer quem manda, eu quero dormir Beto, cê vai dormir safado, mas depois que cumprir tua obrigação com teu macho e para de tremer essa porra de braço caraio, quando foi que tu já apanhou nesta casa pra tar com medo, porra safado, gosto de te assustar não mas hj tu passou dos limites, já te falei mil vezes, mandei dormir, dorme porra, agora tu tá lascado, sem dormir, fazendo comida o dia inteiro e vai dar gostoso pro pai sim, já tinha te avisado, vou passar último dia do ano sem gozar não, tá bom respondi, do grandalhão do Edvaldo nós conversamos depois, mlk é homem e safado, notei de cara, sei bem que ele quer na praia contigo, o mesmo que tu vai me dar agora safado, pro teu bem já corta as conversas com ele de cara, entendeu né? Entendi respondi.
Tirou meu schort, queria dormir um pouquinho eu disse, pois é lek, devia ter vindo quando mandei, cabeça não pensou, corpinho vai pagar agora, vou tentar ser rápido, não tá merecendo mas vou tentar.
Me pôs deitado de lado, nem tirou a cueca, só abaixou, jogou a perna em cima de mim, me segurou o ombro com a mão esquerda, senti a coisa encostando no burakinho, casa tá cheia, nem um pio teu quero ouvir, forçou a piroca, ela entrou me rasgando, tá doendo Nego eu disse baixinho, relaxa pra não doer mais que o necessário safado ele respondeu e foi me bombando sem dó nem piedade.
Puxei a ponta do travesseiro pra boca, fiquei quietinho mordendo ela, tinha percebido já que ele não tava só fazendo sexo, junto tava me dando o castigo merecido, Beto não precisava de mão nem braço pra corrigir meus erros, ele tinha outros métodos, sabia punir e sentir prazer ao mesmo tempo, aquela coisa grande e grossa indo e vindo dentro de mim sem saliva, sem creme sem nada, tava me rasgando até o fundo, eu sentia algo saindo dentro de mim, sabia que era sangue, ele sabia também e continuou até ter seu prazer merecido, o corretivo foi bem aplicado e enfim ele gozou, gemendo bem baixinho em meu ouvido, despejou o leite que eu já conhecia tão bem o calor e o sabor, dentro do que era seu.
Saiu de dentro de mim, puxou a cueca de volta pra cima, abriu a porta do quarto devagarinho, olhou pra fora, só tá Miguel no sofá, sono que antes do meio dia não acaba, vamos pro banheiro, me lavar e te dar um trato com o chuveirinho até o sangue parar de sair, hj não tenho desculpa pra pedir não bebê, eu tirei teu sangue sabendo muito bem o que tava fazendo.
Ligou o chuveiro, se lavou, pegou o chuveirinho e ficou com ele morninho me banhando o burakinho por bastante tempo, enfim o sangue estancou e voltamos pro quarto.
Cicatrização boa tem meu lekinho, graças à Deus, me falou, colocou uma samba canção e ficou de pé, não precisava dizer nada ele, sabia que tava esperando eu trocar os lençóis pra ele enfim dormir, meu Beto odiava sujeira.
Pus lençóis limpos, troquei as fronhas, ele deitou de bruços, põe cuequinha e bermuda escura bebê, vai que pingue algumas gotinhas ainda durante o dia, coloquei, deita e faz cafuné no teu Pai inté ele dormir, cê me aborreceu muito de noite lek, não gosto de dormir chateado, fico de mal humor o dia inteiro depois, tu sabe e quem acaba pagando o pato é vc, manda essa chatiação minha pra casa do caraio.
Deitei, fiquei xamegando os cabelos e o costão dele, sou novo ainda Papai, perdão, eu vou aprender tudo falei baixinho à ele, sei que vai meu bebê, já aprendeu bastante coisa me respondeu, tua sorte é que te gosto muito filhote, com outros no passado, com uma aula só já tinham aprendido tudo, os mais teimosinhos, teu doce Beto quebrava o braço em dois lugares e pronto, nunca mais queriam me contrariar, fiquei quietinho, tenha medo não bebê continuou, tu nunca vai passar por isso, me conheço, sei do teu respeito por mim, na lábia e na piroca com paciência vou te ensinando a vida como ela é.
Continuei chamegando ele, já falei que sou teu hj lhe disse, tinha falado inda não meu safadinho, agora Papai dorme sossegado, meu lekinho é um bom menino, sempre dá um jeito de deixar o Pai feliz.
Ele tava quase dormindo já, conhecia meu Beto, as carnes dele relaxavam quando o sono vinha, os músculos do corpo amoleciam, o rosto ficava igual rosto de menino, a braveza e a cara séria iam não sei pra onde.
Pegou minha mão, beijou, vai cuidar da tua casa meu menino, teu pai vai morrer por umas horas, quando levantar quero teu café gostoso, capricha no cuscuz pra mim, o filhão Alberto tb tá viciado nele, deixa faltar nada pras tuas visitas não, vou ter o melhor ano novo da minha vida hj, sei que meu lekinho vai me proporcionar isso, confio em ti rapaz, vai lá, deixa as coisas duras que eu corto quando levantar ou pede pra outro fazer, força o bracinho não, esquece que sou teu não, disse pra ele antes de levantar, esqueço nunca meu safado, sei quem escolhi pra cuidar de mim, vai lá, põe camiseta apertada não.
Sai do quarto, Miguel roncava no sofá, tadinho, tinha vida fácil aquele mulato lindo não, era trampo dia e noite igual Beto as vezes tinha tb, bem, hj e amanhã pelo menos, vai ter vida de rei disse pra mim mesmo, vou paparicar esse safado.
Cheguei na cozinha, uma bagunça só, hj tou lascado disse à mim mesmo, inda bem que mais tarde Aurivania e Leuzinha levantam e vão me ajudar.
Coloquei bastante água pra ferver, abri a porta do alpendre pra entrar ar, seu Aroeira tava sozinho sentado no degrauzinho lá da casa dele, sem camisa, schortão com os botão de cima aberto, o garrafão de vinho e um copo do lado, fui dar bom dia pertinho à ele pra não acordar ninguém, nem deitou hj Seu Aroeira perguntei, não meu mlk respondeu, Aroeira tá velho demais pra perder tempo dormindo, as conversas de hj me deixaram com saudades dos tempos de menino, de moço, tou aqui revivendo.
E tu rapaz, deitou tardão já tá de pé me disse, vou fazer os rango, seu carneiro na lenha, água tá no fogo pro cuscuz e café, já já nós toma respondi, ê Beto varado de sorte me disse, te tira o coro em dia de farra, tá lá dormindo, acaba te perdendo pra outro o danado.
Perde não Seu Aroeira, eu adoro o Beto disse pra ele, tu é novinho menino, nessa idade pensa que sabe tudo, conhece bixo homem inda não, uma hora pinta um fanchona atrevido, adeus Beto, por falta de aviso não é lek, eu vivo falando isso à ele, fiquei pensando, eu deixar meu Beto, só se um dia ele cansar e me mandar pra cucuia, homem gosta de mlk novo é só pra diversão Seu Aroeira, Beto sempre me ensina essas coisas, pra cuidar igual ele faz ninguém quer não, depende do mlk novo meu rapaz, num é todo lek que faz o que tu faz não, em todos meus anos de vida, em lugar nenhum que trabalhei, vi uns macacão tão limpos, iguais aos de Beto e Assis, sou só eu que falo não lek, na oficina todo mundo comenta, até os fregueses que vão lá, fora todo o resto que tu faz nessas duas casas aqui, Beto que continue pensando que só ele quer cuidar de ti, Miguel cuida, Claudionor cuida, Murilo é casado e mesmo assim cuidaria também e muitos outros por ae, tu tem viço em tudo lek, macho gosta de mlk assim, até eu véio já, cuido, ele que continue dando mole, vou lavar seus macacão também falei, custa nada, se num aumentar tua carga lava sim lek, agradeço, é bonito demais um macacão sem mancha de óleo e graxa, deve dar gosto usar, num vê que Beto e Assis inté em comércios vão com ele, vai pensando que aqueles dois andavam de uniforme pela rua antes de tu aparecer, vá pensando, Claudionor e eu tamos vendo um doidinho ae que quer sair de casa e vir pra cá, se for um por cento do que tu é já tou no lucro, mas duvido, já começa sendo fêmea pra dois de uma vez, se vê que criação boa num teve, esse se vir, vai levar pancada e muita pra virar gente.
Vamos entrar eu disse, fazer nosso café e o cuscuz, Seu Aroeira sentou na mesa, coei o café, abafei o cuscuz, ficamos sentados conversando baixinho pra não acordar o povo.
Levantei, enchi um prato de cuscuz pra ele, comi uns pedaços de torta, ele me olhando com aquela cara esquisita, me dava uma vergonha, precisa ficar vermelho não menino ele falou, essa cara minha é de tesão, véio tem tb, já bronhei muita vez imaginando eu em cima de ti, igual garanhão cobrindo sua égua, mudei de assunto, essas coisas que o senhor falou hj na madruga era tudo brincadeira né perguntei, antes fosse meu menino, infelizmente não é, não falei mais por causa das muié, num aprendi ser homem só com bezerra e cabra não, os índios tb me ensinaram muita coisa, minha véia quando tava a verter sangue, meu pai rasgava os danados na rola que o sangue escorria perna abaixo, eu, único filho homem, me chamava pra aprender, peguei gosto rapidinho, era bom comer os danados crus tb, depois de assadinho ou cozidos, o gosto até melhorava, e quando ele tirava os grãos, quando caçava mais de um dava tempo, ae que negócio ficava no ponto.
Eita seu Aroeira, dá até medo Sr falando assim eu disse, parece tar falando de bixo, pra nós era bixo lek, uns grunhido que nós não entendia nada, minha mãe inté podia entender mais nós não, tb ela só via os danados já mortos, sem cabeça, mãos e pés, das caça quem cuidava era meu pai, ficavam tudo amarrado no cercado das lenhas, bem lá no fundo, longe de casa, nem os grunhidos quando ele amaciava no porrete antes de sangrar ela ouvia não.
Amaciar, que é isso perguntei, os maiorzinho assim perto da tua idade, levavam é muita rola antes de morrer, pra temperar dizia meu Pai, depois fazia igual martelo de carne que tu usa aqui na cozinha, metia porrete do pescoço até os calcanhar pra carne ficar macia, era bom tb pra desossar, os ossinhos já tavam tudo quebrado, eles vivos perguntei, lógico respondeu, sangue correndo nas veias, sabor era bem melhor, senão era igual comer defunto rapaz, os danados gritavam, eita bixo escandaloso é índio, querem morrer não, uma hora te conto do que quis enganar meu Pai, era mais velho que tu já, aquele que Beto falou ao Alberto hj, pai ficou brabo demais com esse, tirou o fato dele pelo rabo com o facão, bixo ainda vivo, esse foi pro céu, sofreu demais o coitado, ele falava mastigando o cuscuz com gosto, pensei, ele que pense que acredito nessa história, ah seu Aroeira, gosta é de assustar o povo esse danado.
Fiquei ajeitando as coisas, adiantando o que dava sem acordar o povo, Seu Aroeira foi lá pra fora, quando olhei, tava lá sozinho com seu garrafão de vinho, agora sentado numa mesinha.
Luciano acordou, veio pra cozinha, bom dia, já acordado meu menino perguntou, levantei faz é tempo já respondi, café tá pronto, eu tava aqui ouvindo as histórias do Seu Aroeira, tá lá fora tomando vinho, nem deitou.
Aroeira é assim mesmo disse Luciano, quando cisma vira é três dias na farra, véio é forte, imagina o danado quando tava novo ainda, aprontou e muito, já me contou coisa de arrepiar.
Sentou pra comer, enchi a canecona de café dele, senta um pouco comigo lek, último dia do ano vai ser pesado pra ti, descansa um pouco, sentei e fiquei tomando café com ele, gostava de tar perto do danado, aquele bonitão nunca reclamava de nada, não dava sermão, pra ele sempre tudo tava bão.
Aroeira deve te falar semvergonhice e muita quando te pega sozinho pra conversar né me perguntou de repente, fala umas coisinhas as vezes respondi mas eu mudo de assunto rápido, ê Aroeira, véio danado, nunca se letrou, mas de tudo sabe um pouco, safado é respeitado aqui na área e fora daqui também disse Luciano, uma vez, nem conhecia Beto nem ninguém, .mlk ainda, morava na rua, as vezes ficava assistindo as rodas da negrada na capoeira, tinha é muitas, cantavam no berimbau: Aroeira é bixo danado, na peixeira e no facão, ninguém pode com ele não, mandou Zé, Tinho e Falcão pro inferno num dia só, foi lá em frente ao Mercadão, num se meta com ele não, tenho certeza que é do nosso Aroeira que tavam falando, bixo véio tem uma força do cabrunco, que Deus o conserve assim.
Eita, gostei da musiquinha falei, de que que tu não gosta mlk me perguntou, de carne respondi rindo, ixi, como pode alguém não gostar de carne ele continuou, tu graças à Deus nunca passou fome lek, senão comia até os índios como Aroeira conta, dia que Beto cismar tu tá lascado se eu não tiver por perto, vai te fazer comer carne de quilo, cuidado, danado tem os métodos, como linguiça, salsicha, é carne tb uai respondi, ele riu, ah danado, tem saída pra tudo meu lek, dia que eu te arrastar ali pra dentro, falou olhando pro quarto dele, quero ver qual saída tu vai inventar, pode escrever danado, vou te pegar e logo, guento mais bronhar só não, fiquei vermelho que meu rosto parecia tar pegando fogo, eu grito é alto disse à Ele, pior que não grita não menino bom, te conheço, tu num tem medo de mim, vai gritar pra que, meu trabalho vai ser só te puxar pra caminha, lá vai ficar mansinho como fica com meu irmão, tu vai ver, alisou meu braço, vai demorar não, tu fica com essas conversas danado, Beto ouve, quem escuta o sermão sou eu disse à ele, escuta não ele falou, vai ser um segredinho nosso, tu sabe todos os meus, vou ter um teu só pra mim também, aliás mudando de assunto, esta semana vou comprar cama de casal, a minha nós põe no quarto de visitas.
Levantou, pedi pra ele picar as carnes pra mim, tem que ser lá fora falei, senão acorda o povo, foi só falar Miguel veio da sala, todo estropiado, dormiu de calça e tudo, ah sonhei que tava no padre me confessando nos disse, guarda o sonho e conta pro Beto Luciano falou, nem eu nem o lek quer saber dos teus pecados não, tá doido Assis, Beto me mata, chego no novo ano não, riu e sentou, tasquei um copão de café pra ele, Luciano foi lá fora cortar as carnes.
Tou destruído lek falou Miguel, bebi mais que trabalhei está noite, então vc tá bem acompanhado eu falei, o povo aqui tb tomou todas, Seu Aroeira tá lá fora bebendo até agora, ah Aroeira, isso água na vida nunca tomou ele disse, naquelas veias, só tem cachaça.
Beto tb levantou, enche meu canecão lek, tou necessitado falou, eita, nesta casa num se usa o por favor é disse Miguel entrando na conversa, usamos sim safado respondeu Beto, vou pedir por favor pra quebrar tua cara de pinguço, ah então deixa eu contar o sonho que tive hj me confessando no Padre antes Beto, ae tu quebra é com gosto, quero saber das tuas putarias não safado respondeu Beto.
Eu tava rindo sozinho, só tinha conversa de doido nesta manhã, que quer que eu faça lek perguntou Beto, Assis tá lá fora cortando as carnes, depois tu corta a mandioca pra mim respondi, tá bom, vou me banhar, depois corto disse-me Ele, quer ajuda falou Miguel pra ele antes dele ir ao banheiro, quero sim safado falou Beto, vem passar sabonete na minha piroca, vou não respondeu Miguel, piroca grande gosto não, dói demais, pqp, pai de família, bixo véio, num se dá ao respeito falou Beto, oxi, véio aqui tem tua idade, esqueceu respondeu Miguel, ah, vou é tomar meu banho falou Beto e foi pro banheiro, já fui no quarto pegar schort e cueca pra ele, coloquei na maçaneta da porta, negócio de abrir gaveta pra pegar roupa não era com ele não.
Saiu do banho, jogou o schort que tava no chão, colocou o outro, é muita mordomia falou Miguel, bixo cadeeiro, criado em rua, nem roupa pra vestir quer pegar não, mlk é danado Miguel, isso ae, tirando a teimosia, posso reclamar de nada não disse Beto e sério, isso eu sei continuou Miguel, já tou imaginando os regalos que vou comer hj e amanhã, e tudo na lenha Miguelzinho disse Beto, se prepara, rapazinho hj vai se lascar, bom que dorme cedo, fica ouvindo as putaria de vcs não.
Alberto e Aurivania acordaram tb, põe tua Deusa na vitrola lek, bora animar o barraco mandou Beto.
Com o barulho lá atrás tb levantou todo mundo, Claudionor veio, já se atracou com o rocambole e café, vai ter que fazer mais hj lek me disse Beto, o Formigão destrói tudo, num tem marmelada mais respondi, te vira, pega dindim lá na carteira, pede pra alguém ir comprar, eu vou Claudionor falou, sou eu que como tudo mesmo, precisa pegar dinheiro não lek, já já vou, já trago é uma meia dúzia de latas, vai morrer de diabetes safado disse Beto, morro é feliz Claudionor respondeu.
Seu Aroeira acendeu o fogo, coloquei o carneiro e a vaca atolada já lá, as saladas Aurivania e Leuzinha iam providenciar depois.
Os rangos correram tudo tranquilo, estava tudo pronto e sem correria, tirando os rocamboles que tive de fazer novamente, os músculos do Claudionor eram alimentados por açúcar rs.
Povo ficou tarde toda nas bebidas, comidas e ao som do violão do Alberto, eu ficava lá atrás com eles, ia pra janela da sala um pouco ver o movimento, voltava, vai deitar um pouco Lek, tu tá cansado, acaba não vendo a virada me falou Beto já à noitinha quando eu estava na janela, se eu for não acordo acho, respondi, te chamo me disse ele, lá pelas onze hs, fui deitar um pouco.
Dormi mesmo, e bem, se Beto não me acordasse ia nem ouvir barulho dos rojões, as buzinadas na rua, a sirene dos navios no cais, que hs são Nego lhe perguntei, onze e dez bebê, separei bermuda e camiseta procê, tá na ponta da cama, vou me arrumar já, colocou calça branca nova, bata branca, tênis regata branco, tava lindo de ver lhe disse, alisou minha cabeça, ê mlk, ainda me elogia depois do que te fiz hj, vou mudar bebê, tu vai ver, num é possível que essa ruindade minha não acabe um dia, vai pro banho, só falta tu lá fora, já já vamos pra calçada soltar os rojões.
Me arrumei, entrei o ano de bermuda amarela e camiseta regata azul clarinha, inté estranhei a camiseta, Beto só me queria usando camiseta de manga quando tinha gente em casa, mas eu tava bonitinho rs, o povo gostou.
Lá fora tavam animados, tudo no champagne e nas comilanças, fomos pra calçada, Dona Guilhermina, marido e Rosa se juntaram com a gente, Rosa estava sozinha, marido mal encarado dela estava de serviço, sozinha pq queria, irmão do Preá, Claudionor e Miguel olhavam pra danada babando, tava linda de vestido curto branco e sandália de salto gigante, as buzinadas dos carros aumentaram, as sirenes lá no cais dispararam, os rojões nossos pipocavam na calçada e pela cidade afora pipocavam também, o tenebroso ano tinha chegado, mas não sabíamos se iria ser ruim ou bom, em casa estava uma alegria só, Beto como sempre se isolou no quarto um pouco e saiu de olho inchado de tanto chorar, dias de festa ele parecia voltar em pensamento lá pra terra dele, logo eu saberia a vida dele de cabo a rabo e quando contou-me, falava, falava, parecia que nunca ia parar mais, que falaria até o fim dos séculos, meu quebra ossos, meu boy do tráfico, meu mercador do Carandiru tinha muito pra contar-me, me deixou em choque mas não me escondeu nada, depois desse dia fiquei mais bonzinho ainda pra ele, entendia melhor, como ia do doce ao azedo em instantes, da calmaria pra tempestade em minutos, como dizia a música do falecido, a cruz dele era bastante pesada.

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7 Comentários

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  • Responder Marcelo Vinicius ID:y8g17rnh

    esse episódio foi bom só não gostei foi da parte de canibalismo, nossa que triste , tadinho dos ín
    dios.

  • Responder Ske ID:muiqz2m9a

    Saudades do ozi! Os contos iniciais sai ótimos, até o Beto era diferente! A salvação do leke será Oxi na vida dele… Quero muito ver o Assis fudendo com ele mais acho que vai acabar com irmandade entre Beto e Assis!

  • Responder Ninguém ID:2ql0ptfzj

    Não deixa vir outro viadinho ir pra lá né Pode ter MT confusão e que o Beto não seja passivo nunca kk

  • Responder Sla ID:2ql0ptfzj

    Amei o Beto pegando ele de jeito kkk que sorte do lek, tomara que ele seja mais obediente com ele em breve
    Sei que ele vai sofrer mas tomara que eles fiquem juntos no final

  • Responder Baby Boy ID:vpdkriql

    Já tô vendo, nem vou ver o próximo 😢 avisa por favor?

    • Francisco ID:g3jga5oij

      Muito bom!!! Continue assim 😃😃😃 e escreva mais e mais

  • Responder Lex 75 ID:5vaq00tfi9

    Pessoal,crescimento para quem sofre com insónia. Comece a ler pega logo no sono.