# #

O velho Washington

1513 palavras | 2 |4.91
Por

Um homem feminino começa a trabalhar como taxista, o que pode dar errado?

Não é comum um jovem trabalhar como taxista, pelo menos é o que muitos dizem, mas eu estava perdido na vida e então me veio uma oportunidade de trabalho que eu não podia recusar. Eu tinha 20 anos quando um taxista, pai de um grande amigo meu, ofereceu que eu trabalhasse para ele em seu taxi já que ele estava já muito velho e indisposto a continuar trabalhando. Eu nunca pensei em trabalhar como taxista, mas estando desempregado e sem a menor ideia do que fazer da vida eu prontamente aceitei a inesperada oportunidade. Eu já tive vontade de desistir no primeiro dia, por ansiedade, trabalhar como taxista exige que você tenha uma mínima vontade de conversar ou jogar papo fora e eu sempre fui muito tímido e preferi sempre pelo silencio. Foi na primeira vez que estacionei o taxi no ponto de taxistas que me dei conta da diferença entre eu e os outros taxistas. Estavam todos reunidos, conversando alto, rindo, contando histórias (muitos falsas histórias) e eu instantaneamente me senti deslocado e sozinho, decidi nem sair do carro, peguei o livro pronto para situações como essa e comecei a folheia-lo. 15 minutos depois ouço alguém bater na janela do carro, percebo um senhor negro do lado de fora, um taxista. Ao abrir a janela o carro é invadido pelo cheiro de tabaco que este senhor taxista exala, me dirijo a ele.

– Olá, boa tarde.
– Eai moleque, não quer conhecer os outros taxistas?
– Quero sim (mentira), só estava terminando de ler um livro.
– Livro? Porra moleque, ta perdendo a resenha, vem logo.

O senhor abre a porta do carro e me puxa pra fora como se fosse um velho amigo meu, percebo então que ele é bem baixinho, extremamente feio, tem um corpo que pode ser chamado de esquelético e parece ser muito velho (ele já não deveria ter se aposentado?). Ele me apresenta a roda de taxistas e tento ao máximo parecer completamente hétero e não parecer minimamente tímido, os homens me perguntam o porquê de eu ser taxista, qual time eu torço, se tenho namorada, se jogo futebol. Aprendo então que o nome do senhor que me trouxe ao grupo era Washington e ele era uma figura lendária da região, todos o conheciam, todos gostavam dele, e até agradeci internamente por ele ter me tirado de dentro de taxi, já que seria um sofrimento ter vindo por conta própria.

Ao longo das semanas fui me enturmando mais com os taxistas e com Washington especialmente, ele pegava no meu pé na frente dos outros taxistas, me chamava de ”livrinho” pra tirar sarro do meu hábito ou brincava com outros sobre a minha quietude, eu nunca o zoava de volta. Eu já estava acostumado em ser zoado por ser quieto, além do mais, esse tipo de brincadeira acabou me fazendo interagir com os outros taxistas e criar amizades com o grupo, algo muito necessário nesse ramo de trabalho. Uma coisa que notei foi o quanto os taxistas contam histórias, algumas delas são reais, mas a maioria é falsa. Não demorou muito pra chover histórias de como um taxista comeu tal mulher gostosa e outro taxista comeu uma ”novinha” que deu mole (Washington, especialmente), é difícil acreditar nisso quando todos aqueles homens eram feios de doer, velhos e mal cuidados, mas é claro que fingi acreditar em tudo. Outra comum ”brincadeira” era a de comparar o tamanho do pau (só na palavra, é claro), a maioria dizia que tinha um pau acima da média (uns 16cm), outros exageravam um pouco mais (18cm), alguns tinham a cara de pau de dizer que tinha um pau muito grande (22cm), mas o maior mentiroso era o Washington que na frente de todos anunciou que tinha um pau de aproximadamente 28cm. Todos ficaram em silêncio após a fala de Washington, eu não aguentei e comecei a rir de sua fala e falei em voz alta “Que velho mentiroso”. Depois de meu ataque de risos, percebi que todos olhavam pra mim incrédulos e percebi um Washington furioso (nunca o tinha visto assim), ele tremia de raiva incontrolável, quando me levantei para dizer algo, Washington foi embora em passos rápidos e pesados até seu carro. O grupo começou a dispersar, e um dos taxistas veio até mim e disse em um tom de repreensão:

– Olha garoto, você não pode falar que um taxista tá mentindo não, muito menos pro Washington, por que você não vai na casa dele pedir desculpas? Ele mora atrás daquele campinho de futebol perto do horto, número 34.

Fiquei desesperado, eu tinha estragado tudo em menos de 1 mês? Comecei a me xingar mentalmente enquanto dirigia até a casa do velho Washington. Percebi que não sabia nada sobre ele apesar de ser a pessoa com que mais converso, nunca perguntei sobre sua família, filhos e filhas, esposa. Chegando em sua moradia percebo uma casa muito mal cuidada e aparentemente abandonada, mas com certeza era ali já que seu carro estava estacionado na porta. Toquei a campainha e esperei 1 minuto, seu Washington atendeu a porta com uma cerveja na mão e aparentemente não estava mais nervoso comigo. Ele me convidou a entrar e sentei com ele em pequena e vazia cozinha, colocou uma latinha de cerveja na minha frente e passei a toma-la.

– Então seu Washington…
– Minha casa tá uma merda né? Depois que minha Janaina morreu eu já nem passo mais tempo nenhum aqui, esse lugar só traz tristeza.
– Já faz muito tempo? Que ela faleceu?
– 10 anos. 10 anos de tristeza, meus filhos nem ligam pro pai velho taxista, eles acham que eu sou extremamente realizado porque sou famoso na cidade. Isso é mentira porra.

Quando olho pra pia da cozinha percebo uma garrafa de Velho Barreiro já na metade (ele tomou tudo aquilo?), talvez por isso ele esteja falando tão livremente sobre ele mesmo.

– Mas todo mundo gosta do senhor, deve valer alguma coisa.
– Ah é. Todo mundo me respeita né? Ai vem você, filho da puta, e me chama de mentiroso na frente de todo mundo.
– Me desculpe seu Washington, não quis desrespeitar o senhor.
– E pensar que eu te ajudei em moleque? Tu não ia falar com ninguém até hoje se não fosse por mim, seu viadinho.

Me assustei com as palavras do velho taxista, nunca o vi sendo desrespeitoso com ninguém, nem ao menos falar palavrão, sua cara estampada de ódio e desprezo.

– Sabe o quanto você ia ser zoado se não fosse por mim?
– Eu agradeço por você ter me ajudado e peço desculpas por ter te desrespeitado, eu devo muito ao senhor.
– Deve mesmo, deve muito, mas deve principalmente por me chamar de mentiroso.
– Poxa seu Washington, todo mundo mente naquela roda, principalmente sobre você sabe o que.
– Você ainda ta me chamando de mentiroso?
– Eu to chamando todos de mentirosos.

Ao terminar de falar, seu Washington se levanta bruscamente, com uma cara séria, e anda até o centro da cozinha. Ele faz um gesto com a mão como quem quer dizer ”venha aqui”, eu me levanto e vou até ele com mais curiosidade do que medo.

– Você vai pedir desculpas.
– Eu já pedi desculpas seu Washington.
– Não ”livrinho”, você pediu desculpas por me desrespeitar, não por ter me chamado de mentiroso.
– Mas você estava mentin-

Antes de terminar a palavra, seu Washington coloca a mão na minha cabeça e me força a ajoelhar diante dele, eu não resisti pois não vi agressividade ou violência em seu ato, mas quando de joelhos percebi que estava na altura de sua virilha, e então a ideia do que viria a acontecer surgiu em minha mente e junto dela o desespero e a ansiedade (ansiosidade?).

– Você vai pedir desculpas, entendeu? Você não tem escolha. ( O disse enquanto tirava o cinto)
– Seu Washington, isso não pode acontecer, eu nunca…
– Nunca viu um pau? Nunca colocou um pau na boca seu nerd?

Washington então abaixou sua calça e um maciço pedaço de carne preta saltou pra fora como se tivesse vida, acertou meu olho com muita força, percebi então que aquela pica enorme nem mesmo estava dura, ainda mole ela parecia monstruosa. Fiquei sem reação, minhas mãos estavam apoiadas em meus joelhos, enquanto meus olhos estavam focados no que estava na minha frente. Não era possível chamar aquilo de pau, mais se assemelhava a um tronco, extremamente grosso e longo, mesmo mole, uma veia enorme do tamanho de uma caneta bic se estendia no centro do tronco, eu estava sem palavras.

– Cadê as suas desculpas moleque?

Continua?

Avalie esse conto:
PéssimoRuimMédioBomExcelente
(Média: 4,91 de 11 votos)

Por # #
Comente e avalie para incentivar o autor

2 Comentários

Talvez precise aguardar o comentario ser aprovado
Proibido numeros de celular, ofensas e textos repetitivos
  • Responder Xytter ID:41igtnnp49k

    Cara continua.
    Tá se um homem que precisa de um viado dedicado pra dar uma felicidade pra ele.

  • Responder Gordopassivo ID:5vaq00tfi9

    Ajoelhou vais ter que rezar. Claro que deve continuar a contar o resto.